Cadeias Produtivas de Produção Animal

Aula 1

Cadeia Produtiva da Avicultura

Cadeia produtiva da avicultura

Olá, estudante!

Na videoaula faremos uma apresentação da cadeia produtiva da avicultura. A avicultura tem grande importância para o setor agropecuário brasileiro. Em constante evolução, essa atividade tem o objetivo de produzir carne e ovos de qualidade, para suprir a crescente demanda do mercado consumidor interno e externo.

Esses conhecimentos irão contribuir para sua trajetória profissional. Prepare-se para essa jornada de conhecimento! 

Ponto de Partida

A avicultura, ou criação de aves, desempenha um papel importante no setor agrícola brasileiro e é reconhecida como uma das principais atividades do agronegócio nacional. A produção avícola no Brasil é diversificada e abrange não apenas a criação de frangos para corte, mas também a produção de ovos e outras aves, como peru, pato e codorna.

Ao longo dos anos, a avicultura no país passou por significativas transformações, desde seus primórdios marcados pela criação informal de aves até os avanços tecnológicos e a modernização dos sistemas de produção que tornaram o Brasil um dos líderes globais na produção e exportação de carne de aves e ovos. Essa evolução reflete não apenas a importância econômica do setor, mas também seu compromisso com a qualidade dos produtos, o bem-estar animal e a sustentabilidade ambiental.

Bons estudos!

Vamos Começar!

A avicultura é bastante importante para o agronegócio brasileiro, destacando-se pela alta produção de animais de qualidade, sanidade e preço competitivo, consolidando-se como um propulsor essencial da produção animal do país e reconhecida globalmente. Esse método visa principalmente fornecer carnes e ovos através da criação de aves, especialmente frangos, mas também abrange outras espécies como peru, codornas, patos, gansos e avestruzes, destacando-se pela sua relevância econômica, viabilizando sua produção.

A cadeia produtiva de frangos de corte passou por uma significativa modernização ao longo dos anos (Girotto; Avila, 2003), buscando reduzir custos e aumentar a produtividade para atender às demandas competitivas do mercado interno e externo. Isso resultou em uma das cadeias mais organizadas do Brasil, reconhecida por sua produtividade, seu desempenho econômico, seu volume de abate e seu compromisso com a sustentabilidade.

O registro inicial da avicultura no Brasil remonta aos relatos de Pero Vaz de Caminha, descrevendo as primeiras interações dos índios com uma galinha. As primeiras aves introduzidas no país vieram com as caravelas de Pedro Álvares Cabral (ABPA, 2011). Inicialmente, a criação de aves era mestiça e informal, sem um manejo adequado, destinada principalmente à alimentação familiar. Com o crescimento populacional nos séculos XVIII a XIX, a demanda por carne de frango aumentou, levando ao surgimento dos primeiros aviários de forma artesanal. Minas Gerais destacou-se como o maior criadouro de aves devido à intensa atividade de exploração de metais, importando aves da Inglaterra para cruzamento e adaptação ao clima local.

Inicialmente, na implantação da avicultura, as aves eram criadas em espaços controlados, com liberdade de movimento, levando cerca de seis meses para atingir o peso mínimo de abate de 2,5 kg (UBABEF, 2011). Hoje, devido às modernizações, o tempo de engorda foi reduzido para menos de 45 dias (UBABEF, 2012). As melhorias na avicultura incluem avanços em genética, uso de probióticos, sistema de produção integrada, alimentação especializada, controle sanitário e desenvolvimento de vacinas.

Em 2009, a produção brasileira de carne de aves excedeu 11 milhões de toneladas, com aproximadamente um terço destinado à exportação para diversos países ao redor do mundo. Esse crescimento expressivo evidencia a importância e o desenvolvimento da avicultura no Brasil como um dos principais players globais nesse setor. Já em 2016, a produção brasileira de carne de frango ultrapassou 13 milhões de toneladas, consolidando ainda mais a posição do Brasil como o segundo maior produtor mundial. Com isso, esse crescimento substancial reflete não apenas a demanda crescente por carne de frango no mercado interno, mas também a capacidade do Brasil de atender às exigências do mercado internacional, oferecendo produtos de qualidade e competitivos.

A cadeia produtiva de frangos de corte, segundo a Figura 1, é composta por diversos elos, cada um desempenhando um papel fundamental na produção e distribuição dos produtos avícolas. Começando pelo avozeiro, onde as galinhas avós são selecionadas para cruzamento, até o matrizeiro, onde os ovos são originados e incubados. Os pintinhos nascidos são então enviados para os aviários, onde crescem e se desenvolvem até o momento do abate. O frigorífico, ou abatedouro, é responsável por processar os frangos abatidos em diferentes produtos, desde carne resfriada ou congelada, até subprodutos como cortes e embutidos. Por fim, os produtos são distribuídos através de varejistas, que atendem tanto ao mercado interno quanto ao internacional (Araújo et al., 2008).

Pesquisas (desenvolvimento genético) Medicamentos  Milho, soja e outros insumos  Equipamentos  Embalagens  CADEIA AUXILIAR AVOZEIRO MATRIZEIRO INCUBATÓRIO INCUBADORA NASCEDOURO AVIÁRIO RAÇÃO  TRANSPORTE  FRIGORÍFICO  ATACADISTA  VAREJISTA  EXPORTAÇÃO CONSUMIDOR  T1 T2 T3 T4 T5 T6
Figura 1 | Cadeia produtiva de frango de corte. Fonte: Araújo et al. (2008, p. 9).

Siga em Frente...

A cadeia produtiva de ovos apresenta algumas distinções em relação à de frango de corte, envolvendo etapas como incubatório/recriadores, criação das poedeiras nas granjas e processamento dos ovos por empresas especializadas, que os comercializam para varejistas, atacadistas e indústria de ovos.

Apesar de vários animais produzirem ovos, as aves apresentam a maior fonte de ovos utilizados na alimentação humana. A produção de ovos tem duas principais funções: a incubação (que se destina à reprodução de aves de cortes e as de postura), e o consumo (chamado de ovos de mesa).

A cadeia produtiva de ovos apresenta um fluxograma com algumas distinções da cadeia produtiva de frango de corte, conforme exposto na Figura 2. Após o incubatório/recriadores, os animais são destinados aos produtores de ovos para formação do plantel de poedeiras. As granjas criam os pintinhos desde seu primeiro dia de vida até a fase de postura, não sendo comercializadas as poedeiras jovens. Quando é finalizada a fase produtiva das galinhas, elas são enviadas aos abatedouros ou para outros comerciantes. Os processadores de ovos são as empresas responsáveis pelo recebimento e pela preparação dos ovos para comercialização, que podem ser para varejistas, atacadistas e indústria de ovos (estas, muitas vezes, pertencem aos processadores de ovos).

INSUMOS  Ração  Vacinas  Medicamentos  Equipamentos  Instalações   PRODUTORES DE OVOS  PRODUTORES DE AVES  Avozeiros  Matrizes Incubatórios  Recriadores   PROCESSADORES DE OVOS   Supermercados  Feiras, sacolões  Empórios, padarias  VAREJISTA  ATACADISTA  INDÚSTRIA DE OVOS  CONSUMIDOR INDUSTRIAL  Massas alimentícias  Ovos "in natura"   CONSUMIDOR FINAL  Industrializados
Figura 2 | Fluxograma da produção de ovos. Fonte: Amaral (2015, p. 4).

As instalações para criação de frango de corte e aves de postura desempenham um papel importante no desenvolvimento e na saúde dos animais, influenciando diretamente sua produtividade. A escolha do local para implantar os aviários é um passo fundamental, levando em consideração fatores como ventilação adequada e orientação Leste-Oeste para minimizar a exposição direta ao sol. A largura do aviário é determinada pelo clima local, visando proporcionar um ambiente termicamente confortável para as aves, o que influencia também na altura do pé direito do galpão. Já o comprimento da instalação é definido de acordo com a capacidade de alojamento dos animais e o espaço necessário para bebedouros e comedouros, priorizando sempre o bem-estar deles.

O controle da temperatura é outro fator importante, especialmente nas primeiras semanas de vida dos pintinhos, quando ainda não possuem penas e não conseguem regular sua própria temperatura corporal. Manter a temperatura entre 30 °C e 35 °C durante essa fase é essencial para garantir o conforto e a saúde das aves, conforme os pintinhos crescem, a temperatura pode ser reduzida gradualmente, sendo ideal manter entre 23 °C e 24 °C a partir dos 21 dias de idade. Além disso, é importante monitorar e controlar a temperatura da cama aviária, mantendo-a entre 27 °C e 28 °C para garantir o conforto térmico dos animais.

O piso das instalações também requer atenção, devendo ser antiderrapante, impermeável e facilmente lavável para garantir a higiene e o conforto das aves. Quanto ao telhado, é essencial que seja resistente termicamente para proteger as aves das variações climáticas, como telhas cerâmicas ou sapê, além de proporcionar isolamento acústico para minimizar o estresse causado por ruídos externos.

Diante desse cenário, o setor de pesquisa continua a desenvolver técnicas para aprimorar ainda mais a qualidade da carne e dos ovos produzidos na avicultura. Apesar dos avanços, a avicultura enfrenta desafios significativos, incluindo questionamentos sobre a qualidade do produto e preocupações ambientais associadas às atividades avícolas, especialmente em relação à qualidade dos recursos hídricos.

Para lidar com essas preocupações, a União Brasileira de Avicultura (UBABEF) implementou o selo "Brazilian Chicken", que certifica produtores que atendem a rigorosos critérios de qualidade e bem-estar animal, alinhados às expectativas dos consumidores globais. Além disso, o cumprimento das exigências do mercado externo é determinante para a exportação segura e o respeito às normas sanitárias internacionais.

Em suma, a avicultura brasileira enfrenta desafios significativos, mas está continuamente evoluindo para atender às demandas dos consumidores, garantindo a qualidade dos produtos, o bem-estar animal e a sustentabilidade ambiental. O futuro da indústria avícola depende da capacidade de adaptação e inovação para permanecer competitiva e atender às expectativas do mercado global.

 

Vamos Exercitar?

Apesar do sucesso e do crescimento da avicultura no Brasil, há uma série de desafios e questões que precisam ser considerados. Um dos principais problemas enfrentados é a necessidade de garantir a qualidade dos produtos avícolas em todas as etapas da cadeia produtiva. Isso inclui desde a seleção e o manejo das aves até o processamento e a distribuição dos produtos. Além disso, a preocupação com o bem-estar animal tem ganhado cada vez mais destaque, levantando questões sobre as condições de criação e abate das aves.

Outro ponto de preocupação é o impacto ambiental da avicultura, especialmente no que diz respeito ao uso de recursos naturais, como água e terra, e à geração de resíduos e emissões de gases de efeito estufa. O crescimento da produção avícola também pode levar a problemas como a contaminação do solo e da água por produtos químicos utilizados na produção, e enfrentar desafios relacionados à saúde pública, como o risco de transmissão de doenças das aves para os seres humanos.

Saiba Mais

Assista aos vídeos indicados para entender melhor a infraestrutura, os procedimentos de alimentação e os cuidados essenciais na produção de ovos, bem como para aprender sobre o processo de geração de energia por meio de biodigestores, utilizando a cama aviária como matéria-prima para a produção de biogás:

  • Maior granja da Bahia produz 600 mil ovos por dia - Bahia Rural, 2017.
  • Conheça sistema que aproveita os dejetos da avicultura para geração de fertilizantes - Jornal do Campo – TO, 2017.

Referências Bibliográficas

AMARAL, G. et al. Avicultura de postura: estrutura da cadeia produtiva, panorama do setor no Brasil e no mundo e o apoio do BNDES. Agroindústria, BNDES Setorial 43, p. 167-207, 2015. Disponível em: https://web.bndes.gov.br/bib/jspui/bitstream/1408/9579/3/BS%2043%20Avicultura%20de%20postura_estrutura%20da%20cadeia%20produtiva_corrigido_P_BD.pdf. Acesso em: 24 maio 2024. 

ARAÚJO, G. C. et al. Cadeia produtiva da avicultura de corte: avaliação da apropriação de valor bruto nas transações econômicas dos agentes envolvidos. Gestão & Regionalidade, v. 24, n. 72, 2008. Disponível em: http://seer.uscs.edu.br/index.php/revista_gestao/article/viewFile/95/58. Acesso em: 24 maio 2024. 

ABPA - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PROTEÍNA ANIMAL. História da avicultura no Brasil. ABPA, 2011. Disponível em: http://abpa-br.com.br/setores/avicultura. Acesso em: 24 maio 2024. 

ABPA - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PROTEÍNA ANIMAL. Pesquisa comprova a importância do frango e de ovos na alimentação dos brasileiros. Revista Avicultura Brasil, v. 1, p. 1-32, 2012. Disponível em: http://abpa-br.com.br/files/publicacoes/938d713b69d9f25901b1d810f038272b.pdf. Acesso em: 24 maio 2024. 

EMBRAPA - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Qualidade na produção de aves. Embrapa, [S. d.]. Disponível em: https://www.embrapa.br/qualidade-da-carne/carne-de-aves/producao-de-aves. Acesso em: 24 maio 2024. 

GIROTTO, A. F.; AVILA, V. S. Sistema de produção de frangos de corte: aspectos da produção, exportação, consumo e custos de produção e implantação de aviários. Embrapa Suínos e Aves, versão eletrônica, janeiro/2003. Disponível em: http://www.cnpsa.embrapa.br/SP/aves/Importancia-economica.html. Acesso em: 24 maio 2024. 

UBABEF - UNIÃO BRASILEIRA DE AVICULTURA. A saga da avicultura brasileira: como o Brasil se tornou o maior exportador mundial de carne de frango. ABPA, 2011. Disponível em: http://abpa-br.com.br/files/publicacoes/fcc1856de5f036bb47a8a246a0781e26.pdf. Acesso em: 24 maio 2024.

Aula 2

Cadeia Produtiva de Suínos e Ovinos

Cadeia produtiva de suínos e ovinos

Olá, estudante!

A cadeia produtiva da suinocultura inclui desde o produtor de grãos e as fábricas de rações, os transportadores, os abatedouros e frigoríficos até o segmento de equipamentos, medicamentos, distribuição e o consumidor final. Esses conhecimentos irão contribuir na tomada de decisão para melhorar a eficiência da cadeia produtiva da suinocultura. 

Prepare-se para essa jornada de conhecimento!

Ponto de Partida

Estudante, o setor agropecuário brasileiro, especialmente na suinocultura e ovinocultura, destaca-se globalmente pela produção e exportação de carne de alta qualidade. Investimentos em tecnologia e conhecimento impulsionaram o crescimento dessas cadeias produtivas, abrangendo áreas como reprodução, genética e nutrição. No entanto, desafios persistem, como a necessidade de melhorias na qualidade sanitária e na produção de carne ovina. A coordenação eficaz de todos os elos da cadeia produtiva é fundamental para atender às demandas do mercado e garantir o sucesso desses setores.

Bons estudos!

Vamos Começar!

A suinocultura brasileira tem desempenhado um papel fundamental no cenário mundial, destacando-se como o quarto maior produtor e exportador de carne suína, conforme dados da ABCS (2014). Reconhecida internacionalmente por sua qualidade, a indústria suína brasileira tem sido capaz de satisfazer até mesmo os mercados mais exigentes, exportando para mais de 70 países. Nas últimas décadas, houve avanços notáveis nesse setor, tanto em termos tecnológicos quanto em relevância global na produção de carnes.

Esse progresso é evidenciado pelo crescente volume de conhecimento aplicado à suinocultura, abrangendo áreas como reprodução, patologia, genética, nutrição e outros segmentos especializados (ABCS, 2014). Com uma população estimada em cerca de 1 bi de cabeças, os suínos desempenham seu papel não apenas na segurança alimentar, mas também no movimento de bilhões no mercado mundial, sendo a segunda proteína mais consumida globalmente, atrás apenas da pesca (Guimarães et al., 2017).

O início da suinocultura no Brasil remonta a 1532, com a chegada dos primeiros porcos trazidos por Martim Afonso de Souza, desempenhando um papel essencial durante o período colonial ao fornecer alimento e gordura para os colonizadores, além de contribuir para o armazenamento de alimentos. Após a chegada dos primeiros porcos no Brasil, imigrantes de várias regiões, como Alemanha e Itália, introduziram novas técnicas de criação. Isso incluiu o cruzamento de raças locais com raças europeias, resultando em suínos de maior qualidade. O aumento do peso médio das carcaças, de 64 kg para 85 kg, e a redução do tempo de criação trouxeram ganhos significativos aos produtores. Além disso, houve uma diversificação nos sistemas de produção, incluindo unidades como UPL (Unidade Produtora de Leitão), UT (Unidade de Terminação) e SISCAL (Sistema Intensivo de Suínos Criados ao Ar Livre), cada um com suas características específicas de manejo e produção.

A produção de suínos pode ser dividida em extensiva e intensiva, sendo a extensiva definida como extrativista e de subsistência, com pouco controle sobre o manejo e as informações sobre os animais. A classificação da produção suína pode ser feita também com base em diferentes vínculos de produção e modelos de localização. Entre eles, destacam-se os sistemas de cooperação, produção integrada e independente, cada um com suas particularidades em termos de organização e gestão. Além disso, a localização das unidades de produção também desempenha um papel importante, com modelos como ciclo completo, sistema de dois, três ou quatro sítios, cada um com suas características específicas de manejo e produção (ABCS, 2014).

Na cadeia produtiva da suinocultura, diversos atores desempenham papéis fundamentais, desde os produtores de grãos até os consumidores finais, passando por fábricas de rações, agroindústrias de abate e processamento, distribuição e varejo (Guimarães et al., 2017).

Para garantir o sucesso da produção, é essencial o uso de genética adequada, cuidados com a higiene e manejo dos animais ao longo de todas as fases de criação, desde a creche até o abate, além do transporte e processo de abate que devem ser realizados de forma a garantir a qualidade da carne (ABCS, 2014).

Siga em Frente...

A indústria suína atende a importantes segmentos industriais, como a de embutidos e graxarias, que desempenham papéis na transformação dos subprodutos da indústria de carne em produtos como embutidos, sebo e farinhas para ração animal ou adubo (Sebrae, [s. d.]; Correa et al., 2016). Assim, a produção suína não se resume apenas à criação e ao abate dos animais, mas envolve uma cadeia complexa de atividades e processos, visando atender às demandas do mercado e garantir a qualidade dos produtos.

O aumento do consumo de carne suína implica maior exigência quanto ao bem-estar animal e normas sanitárias, a biosseguridade torna-se desafiadora devido às mutações genéticas das doenças animais. Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a cadeia suinícola compreende cinco subsistemas: apoio, produção de matéria-prima, industrialização, comercialização e consumo, todos trabalhando integrados para garantir a qualidade e segurança dos produtos desde a produção até o consumo final.

O apoio inclui o fornecimento de insumos básicos como alimentação e também os agentes envolvidos no transporte dos animais ou produtos; a produção de matéria-prima (agropecuária) é feita por empresas rurais que geram, criam e também engordam os animais para atender às necessidades das indústrias de primeira transformação; a industrialização está dividida em dois tipos, como as indústrias de primeira transformação (que abatem os animais para obter as peças de carne) e as de segunda transformação (que fazem a incorporação da carne a produtos e subprodutos, agregando valor a ela); a comercialização é formada por atacadistas, varejistas, empresas de alimentação coletiva, estabelecimentos como restaurantes, escolas e presídios; e o consumo, que são as pessoas responsáveis pela aquisição, preparo e consumo do produto. Observe mais detalhes da cadeia produtiva de suínos na Figura 1.

GENÉTICA INSUMOS Ração (soja, milho, premix), vacinas, medicamentos, equipamentos e instalações CRIAÇAO DE ANIMAIS Empresas produtoras rurais AGROINDÚSTRIA Abatedouros, frigoríficos INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO Alimentos, processamento de subprodutos (couros, farinhas de carne, de osso e de sangue) VAREJISTA ATACADISTA EXPORTADOR CONSUMIDOR FINAL
Figura 1 | Representação das principais etapas da cadeia produtiva de carne suína. Fonte: Guimarães et al. (2017, p. 91).

A ovinocultura envolve a criação de ovelhas e cordeiros para a comercialização de carne e aproveitamento de subprodutos como couro, lã e leite (Figura 2). Com um ciclo de maturação relativamente curto de 240 dias, essa atividade atrai produtores em busca de retorno rápido. No entanto, a demanda interna por carne ovina no Brasil é desafiada pela baixa produção, refletida pela importação de 2.527 toneladas em 2002, enquanto a Nova Zelândia exportava mais de 340.000 toneladas no mesmo período (Cavalcante et al., 2005).

Assim como na suinocultura, o controle sanitário é essencial devido à exportação global, com ênfase na prevenção e no tratamento de verminoses. Quanto à nutrição, diferentes sistemas são adotados, desde o confinamento em galpões até o pastoreio extensivo, este último dividido entre pastoreio contínuo e rotativo, onde a preocupação com o conforto animal é primordial, incluindo a oferta de sombra proporcionada por árvores.

Insumos Pecuária (produção) Frigorífico Atacado Consumidores Supermercado Açougues Mercado externo Outros Indústria de couro
Figura 2 | Representação das principais etapas da cadeia produtiva de ovinos. Fonte: adaptada de Lucena et al. (2008).

A cadeia produtiva da ovinocultura demanda melhorias em diversas áreas, como condições sanitárias no abate, controle sanitário dos produtos, redução da informalidade e melhoria na qualidade da carne. Iniciativas como o Conselho Regulador do Cordeiro Herval Premium buscam coordenar e garantir a qualidade dos produtos, envolvendo fornecedores, produtores, transportadores e comerciantes (Silveira et al., 2004).

Com perspectivas de crescimento na suinocultura, impulsionadas pela recuperação dos custos e estabilidade política e econômica, e na ovinocultura, devido à dinamização da economia e condições climáticas favoráveis, ambas as cadeias produtivas têm potencial para atender às demandas do mercado e do consumidor.

Vamos Exercitar?

Você já pensou como a logística pode interferir na qualidade da carne suína? A logística é um dos principais gargalos das cadeias produtivas e, para a suinocultura, é um dos fatores que interfere na qualidade da carne após as fases de produção, abate, processamento e embalagem, já que, devido a problemas como rodovias com condições inadequadas, falta de estrutura para escoamento da produção, altas taxas tributárias, pode ser que o produto não chegue ao consumidor nas condições adequadas e com preço competitivo.

Para solucionar esses problemas, que não depende apenas do produtor, mas de esferas governamentais, é preciso que sejam pensadas outras formas viáveis de realizar a chegada da mercadoria ao mercado, como verificar se a refrigeração do transporte consegue ser suficiente para o tempo de deslocamento até o mercado consumidor, se existem rotas alternativas que possam ser mais eficientes, se é possível outro meio de transporte além do rodoviário.

Saiba Mais

Descubra mais sobre as boas práticas na produção de suínos e os perigos da verminose em ovinos. Saiba como essas práticas são essenciais para o sucesso da cadeia produtiva:

Referências Bibliográficas

ABSC - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS CRIADOS DE SUÍNOS. Produção de suínos: teoria e prática. 1. ed. 2014. Disponível em: http://www.abcs.org.br/attachments/-01_Livro_producao_bloq.pdf. Acesso em: 4 jul. 2018.

AMARAL, A. L. et al. Boas práticas de produção de suínos. Concórdia, SC, 2006. Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/443977/boas-praticas-de-producao-de-suinos. Acesso em: 02 jul. 2024. 

CAVALCANTE, A. C. R. et al. Produção de ovinos e caprinos de corte em pastos cultivados sob manejo rotacionado. Circular Técnica Online, v. 31, p. 1-16, 2005. Disponível em:

https://goo.gl/TJJwVb. Acesso em: 5 jul. 2018. 

CORREA, C. M. et al. O papel das graxarias para adoção da logística reversa de açougues no município de Tupã/SP. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE GESTÃO DE PROJETOS, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE, 5., 2016, São Paulo. Anais... São Paulo: Uninove, 2016. Disponível em: <https://singep.org.br/5singep/resultado/566.pdf>. Acesso em: 5 jul. 2018. 

GUIMARÃES, D. et al. Suinocultura: estrutura da cadeia produtiva, panorama do setor no Brasil e no mundo e o apoio do BNDES. Agroindústria | BNDES Setorial 45, p. 85-136, mar. 2017. Disponível em: https://goo.gl/woB45W. Acesso em: 5 jul. 2018. 

SILVEIRA, H. et al. A coordenação na cadeira produtiva da ovinocultura como instrumento para o desenvolvimento regional: o caso da iniciativa local do cordeiro Herval Premium. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL SOBRE DESENVOLVIMENTO REGIONAL, PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO, REGIONAL MESTRADO E DOUTORADO, 2., 2004, Santa Cruz do Sul. Anais [...]. Santa Cruz do Sul: Universidade de Santa Cruz do Sul, 2004. Disponível em: https://goo.gl/nsVh7x. Acesso em: 5 jul. 2018.

TEIXEIRA, M. Controle de verminoses em caprinos e ovinos. Sobral: Embrapa Caprin9s e ovinos, 2015. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/126618/1/cnpc-2015-Controle-de-verminose.pdf. Acesso em: 24 maio 2024.

Aula 3

Cadeia Produtiva de Bovinos de Corte

Cadeia produtiva de bovinos de corte

Olá, estudante!

O Brasil é reconhecidamente marcado pela sua pujante agropecuária, destacando-se como potência produtora de alimentos, sejam grãos ou produtos de origem animal. Apesar desse quadro favorável, o país vem passando por diversas mudanças ao longo dos anos, alterando a estrutura produtiva e a forma como conduz sua produção. Os conhecimentos adquiridos irão contribuir para aumentar a eficiência dessa atividade.

Prepare-se para essa jornada de conhecimento! 

Ponto de Partida

Estudante, a pecuária brasileira tem sido objeto de um progressivo desenvolvimento, fruto da colaboração entre diversos setores da sociedade. Desde instituições de ensino e pesquisa até indústrias e associações de produtores, essa união de esforços tem gerado iniciativas significativas, como o Pacto Sinal Verde para a Carne de Qualidade e o selo Carne Carbono Neutro.

Com números expressivos, o Brasil se posiciona como líder mundial em rebanho bovino e figura como um dos principais consumidores e exportadores de carne bovina. Esse cenário reflete não apenas o potencial econômico do país nesse setor, mas também os esforços empreendidos para promover melhorias na produtividade, na qualidade do produto e na sustentabilidade da atividade pecuária.

Bons estudos!

Vamos Começar!

A pecuária brasileira tem avançado devido à colaboração entre diferentes setores da sociedade, como instituições de ensino, ciência, tecnologia, indústrias e associações de produtores. Essa cooperação resultou em iniciativas significativas, como o Pacto Sinal Verde para a Carne de Qualidade e o selo Carne Carbono Neutro (Embrapa, 2018).

Em 2015, o Brasil foi responsável por 80% da carne consumida internamente, destacando-se como líder mundial em rebanho bovino e como segundo maior consumidor e exportador de carne bovina (Embrapa, 2018). Investimentos contínuos em melhorias e tecnologias têm impulsionado tanto a produtividade quanto a qualidade da carne brasileira, possibilitando a entrada em mais de 150 mercados internacionais.

Para que seja produzida carne bovina de qualidade, é preciso que sejam adotados cuidados no manejo dos animais, desde o seu nascimento até as fases finais, para que seja entregue ao mercado um produto, acima de tudo, que atenda às normas sanitárias. Atualmente, as tecnologias são uma grande aliada para atender às exigências sanitárias e possibilitar maior rentabilidade na comercialização dos produtos.

A cadeia produtiva da bovinocultura de corte é um pilar importante da economia brasileira, como destacado pela Embrapa (2018), representando 3% das exportações e 6% do PIB total do país, movimentando mais de 400 bilhões de reais.

Nas últimas décadas, houve uma transformação significativa nesse setor. Anteriormente, a carne bovina brasileira enfrentava desafios como baixa produtividade, questões sanitárias e pastos degradados. A pesquisa genética desempenhou um papel importante nesse processo, contribuindo para o melhoramento do rebanho por meio de técnicas como fecundação in vitro e seleção de características favoráveis, conforme apontado pela Embrapa (2018).

A cadeia produtiva da bovinocultura de corte pode ser subdivida em três fases: “antes da porteira”, com a produção de insumos; “dentro da propriedade rural”, com a produção de carne; e “depois da porteira”, com a agroindústria e logística, por exemplo, conforme a Figura 1, em processos relacionados à propriedade rural e à agroindústria e, posteriormente, à destinação ao consumidor.

Os aspectos relacionados à produção, ou à propriedade rural, incluem o melhoramento genético, uma das maiores contribuições da ciência para alterar significativamente o cenário da pecuária bovina no país. Por exemplo, a introdução do gado zebu no Brasil Central foi fundamental para a expansão da pecuária nessa região e se tornou a base do rebanho brasileiro, em que outros avanços ocorrem com técnicas de fecundação in vitro, produção de embriões e clonagem (Embrapa, 2018). A pesquisa genética ajuda na seleção de características favoráveis ao rebanho brasileiro, como resistência a doenças e parasitas, maior eficiência, qualidade da carne, adaptação ao clima da região, entre outras.

No Brasil, aproximadamente 95% do rebanho destinado à carne bovina é produzido em pastagens, com uma área total de cerca de 167 milhões de hectares (Embrapa, 2018). Assim, a pastagem é vista como um diferencial competitivo, já que tem um menor custo de produção total e não compete com a alimentação humana. As pastagens também tiveram melhoramento genético, sendo adotadas forrageiras selecionadas, aumentando o desempenho dos animais por proporcionar uma maior nutrição a eles.

Técnicas de manejo visando a melhor produtividade das pastagens e recuperação das áreas degradadas foram um diferencial adotado no manejo de bovinos. Além disso, a pastagem promove um diferencial à carne brasileira, já que não é provinda de animais alimentados com proteína animal, o que pode ser um risco pela associação ao “mal da vaca louca”.

Cadeia produtiva da carne bovina: qualidade desde o melhoramento genético   Boas práticas de produção   Sanidade animal  Nutrição Rastreabilidade Criação Pastagem Bem-estar Melhoramento genético   Transporte  Comercializa  Abate  Processamento  Distribuição  Consumo   Propriedade rural Agroindústria Consumidor
Figura 1 | Ilustração das principais etapas envolvidas na cadeia produtiva bovina. Fonte: Embrapa.

 

Siga em Frente...

O bem-estar animal tornou-se uma prioridade na pecuária brasileira, não apenas para atender às normas de sanidade, mas também para satisfazer as demandas dos consumidores. Conforme destacado pela Embrapa (2018), adotar práticas humanitárias no tratamento dos animais reflete na qualidade do produto e agrega valor de mercado.

Cinco princípios são essenciais para garantir o bem-estar animal: nutricional, ambiental, sanitário, comportamental e psicológico:

  1. Nutricional: não permitir que os animais passem fome, sede ou desnutrição.
  2. Ambiental: não permitir que os animais tenham desconforto provindo de fatores ambientais, como calor e frio.
  3. Sanitário: prezar pela saúde dos animais, deixando-os livres de dor, doenças e injúrias.
  4. Comportamental: permitir que os animais expressem seus comportamentos naturais.
  5. Psicológico: deixar os animais livres de estresse, medo e agressões.

A sanidade animal é igualmente importante, sendo abordada por meio de planejamento, prevenção e controle de doenças. A defesa sanitária brasileira e instituições de pesquisa desempenham um papel fundamental na vigilância e solução de problemas sanitários, como a realização de campanhas de vacinação contra febre aftosa, brucelose e controle de parasitas, como destacado pela Embrapa (2018).

A criação de bovinos engloba todas as etapas relacionadas à propriedade rural, desde os sistemas de criação até o processamento e distribuição da carne. Os sistemas de criação variam conforme as condições regionais e os investimentos do produtor, sendo classificados em extensivo, semiextensivo e intensivo.

No sistema extensivo, os animais são criados em grandes áreas, dependendo do manejo de pastagens para alimentação, enquanto no semiextensivo há suplementação na alimentação dos animais. Já no sistema intensivo, os animais são confinados e são adotadas tecnologias avançadas, como inseminação artificial e manipulação genética. Além disso, é destacada a importância da nutrição adequada para reduzir a idade de abate dos animais, incluindo melhoramento genético de pastagens e suplementação alimentar.

A rastreabilidade animal é enfatizada como uma inovação tecnológica fundamental, permitindo o acompanhamento do produto desde a origem até o consumidor final, garantindo sua qualidade e segurança. Segundo a Embrapa (2018), para as propriedades estão disponíveis sistemas de identificação animal (brincos e bottons, por exemplo), além de programas computacionais que monitoram o desempenho zootécnico e as ocorrências sanitárias do animal. Para a rastreabilidade nos frigoríficos, “são fornecidos sistemas de leitura de dispositivos de identificação nos animais e geração de etiquetas para identificação das carcaças, que, posteriormente, podem ser lidas para gerar etiquetas para os cortes” (Embrapa, 2018), contendo as informações dos animais. Já para os consumidores, é possível ter acesso às informações do produto que será adquirido por meio de aplicativos disponíveis para celulares, por exemplo.

A segunda fase após a produção, a etapa agroindustrial, inclui o transporte dos animais para o abate. Com os avanços nessa cadeia produtiva, foi possível substituir as longas viagens a pé pelas rápidas viagens de caminhão. Isso se reflete no bem-estar dos animais durante o manejo pré-abate, evitando estresse, desgaste e condições adversas. Entretanto, as condições do transporte devem ser adequadas, mantendo higiene, espaço confortável aos animais e adotando cuidados que reduzem os casos de mortes e contusões dos animais durante o deslocamento (Embrapa, 2018).

O abate dos animais já foi um dos gargalos dessa cadeia e passou por muitas alterações nas últimas décadas. Os procedimentos para o abate humanitário contribuem para reduzir o estresse e as dores que o animal possa sentir no momento de sua morte. No abate, devem ser executados procedimentos para que não haja contaminações durante a operação. É nessa etapa que é realizada a inspeção sanitária, evitando que carcaças com alguma alteração sanitária sejam destinadas à comercialização.

O processamento e a distribuição da carne incluem procedimentos como desossa e embalagem a vácuo, que determinam a qualidade final do produto. Os procedimentos de higiene operacional são essenciais em todas as etapas da cadeia produtiva para garantir a qualidade e a segurança alimentar.

Os subprodutos da carne bovina também apresentam uma grande importância para o agronegócio brasileiro e mundial. Nos últimos anos, o aproveitamento dos bovinos é demonstrado com inúmeros produtos que podem ser gerados a partir dos animais. Couro, cortes de carnes, gordura, sangue, ossos, órgãos resultam em produtos que você pode até nem imaginar que tenham componentes advindos de bovinos, como fertilizantes agrícolas, esmaltes, linhas cirúrgicas, filmes radiológicos e muitos outros subprodutos. Nesse sentido, a cadeia produtiva de bovinos fornece seus produtos não apenas para açougues e supermercados, mas também a indústrias para processamento.

A comercialização da carne bovina exige que sejam mantidas em temperatura de resfriamento para evitar o apodrecimento ou a proliferação de microrganismos. É preciso estar atento aos aspectos visuais, ao cheiro e à textura da carne para comprovar que ela está sendo ofertada de forma atraente ao consumidor.

Apesar de ser uma cadeia produtiva complexa, que passou por diversos avanços ao longo dos anos, a bovinocultura de corte, as perspectivas futuras é que essa cadeia continue avançando em tecnologias, manejo e produção. O crescimento populacional projetado para os próximos anos representa um desafio para que o Brasil consiga atender à própria população e exportar uma quantidade significativa de produtos, respeitando as normas sanitárias e produzindo cada vez mais, em menor tempo e com maior qualidade.

Vamos Exercitar?

Os consumidores de produtos bovinos, principalmente de corte, buscam uma boa aparência e palatabilidade na carne. Sendo assim, deve-se prezar produzir com a máxima qualidade, atendendo não somente os aspectos sanitários, mas também as exigências do mercado consumidor que terá preferência por produtos que apresentarem um bom custo versus benefício, não colocando em risco sua saúde por condições inadequadas na produção ou no fornecimento da carne. A qualidade da carne pode ser classificada por:

  • Qualidade visual: influência na escolha do cliente, seja pela atração ou rejeição.
  • Qualidade gustativa: fazem com que o cliente escolha, ou não, novamente o produto.
  • Qualidade nutricional: influenciará a escolha do produto, de acordo com as exigências de uma vida saudável ou de alguma restrição que o cliente tenha.
  • Segurança: aspectos relacionados à higiene e à sanidade dos alimentos, presença de contaminantes ou resíduos que possam levar à ideia de um alimento produzido de forma inadequada.

Saiba Mais

Aprofunde-se nos detalhes da cadeia produtiva da carne bovina no Brasil: aspectos específicos e considerações essenciais para garantir a segurança alimentar. Explore mais sobre o assunto nos artigos recomendados abaixo:

Cadeia produtiva da carne bovina no Brasil, RAMOS, D. G. de S. et al. - Revista Interação Interdisciplinar, v. 1, n. 1, p. 229-244, jan.-jul. 2017. 
Saiba o que é e como surgiu o Mal da Vaca Louca - Canal Rural, 2014. 

Referências Bibliográficas

AGRO2BUSINESS. Guia completo sobre gado de corte no Brasil: da criação ao consumo. Portal Agro, 2023. Acesso: 11 março 2024. Disponível em: https://portal.agro2business.com/gado-de-corte. Acesso em: 26 maio 2024.

CANAL RURAL. Saiba o que é e como surgiu o Mal da Vaca Louca. Canal Rural, 2014. Disponível em: https://www.canalrural.com.br/projetos/saiba-que-como-surgiu-mal-vaca-louca-10357. Acesso em: 26 maio 2024.

CEZAR, I. M. et al. Sistemas de produção de gado de corte no Brasil: uma descrição com ênfase no regime alimentar e no abate. Campo Grande, MS: Embrapa Gado de Corte, 2005. 

EMBRAPA. Qualidade da produção da carne bovina. Embrapa, 2018. Disponível em: https://goo.gl/b7meVd. Acesso em: 26 maio 2024. 

Pecuária Brasil: gestão da informação para uma pecuária de sucesso. Acesso: 11/03/2024. Disponível em: https://sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/pecuaria-brasil-gestao-da-informacao-para-uma-pecuaria-de-sucesso,75f6b9b5e8753810VgnVCM100000d701210aRCRD. Acesso em 02 jul. 2024.

RAMOS, D. G. de S. et al. Cadeia produtiva da carne bovina no Brasil. Revista Interação Interdisciplinar, v. 1, n. 1, p. 229-244, jan.-jul. 2017. Disponível em: https://goo.gl/5BTGyo. Acesso em: 26 maio 2024.

SILVA, P. de M. Bovinocultura. Brasília: Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico - CDT/UnB, 2012.

Aula 4

Cadeia Produtiva de Bovinos de Leite

Cadeia produtiva de bovinos de leite

Olá, estudante!

De uma forma sucinta, a cadeia do leite segue esta estrutura: insumos, produtor, indústria, representante, distribuidor, varejista e consumidor final. Todos os elos dessa cadeia produtiva exibem interação, sendo que, em determinados momentos um ou outro elo possui certa dominância sobre os demais. Os conhecimentos adquiridos irão contribuir na tomada de decisão para reduzir perdas na cadeia produtiva do leite. Prepare-se para essa jornada de conhecimento! 

Ponto de Partida

A cadeia produtiva de bovinos é um pilar essencial no panorama agrícola e econômico, abrangendo desde a criação e o manejo dos animais até o processamento e a distribuição dos produtos. No contexto brasileiro, a pecuária bovina desempenha um papel de destaque, representando uma das principais atividades do agronegócio, com impacto significativo na economia e na sociedade. É relevante compreender os múltiplos aspectos envolvidos nessa cadeia, desde questões genéticas e nutricionais até logísticas e garantia de qualidade dos produtos oferecidos.

O histórico da pecuária no Brasil revela sua evolução ao longo dos anos, com a modernização tornando-se mais evidente a partir da década de 1950. Além disso, a cadeia produtiva do leite, componente essencial desse setor, enfrenta desafios como políticas governamentais, genética animal e adoção de tecnologias para garantir sua eficiência e sustentabilidade.

Bons estudos!

Vamos Começar!

De acordo com Vilela et al. (2017), há relatos de que a pecuária no Brasil surgiu em torno de 1532, quando Martim Afonso de Souza ancorou em São Vicente e desembarcou os primeiros 32 bovinos europeus. Entretanto, a pecuária leiteira não apresentava grande significância até 1870, quando houve a crise do café e favoreceu-se o desenvolvimento da pecuária no país. Muitos avanços foram ocorrendo e, a partir de 1950, a modernização da pecuária foi sendo notada. 

O primeiro marco de organização da produção leiteira data de 1952, quando Getúlio Vargas assinou decreto que aprovava o Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (Riispoa), tornando obrigatória a pasteurização do leite, bem como a inspeção e o carimbo do Serviço de Inspeção Federal (SIF). O decreto de 1952 também introduziu a classificação dos leites em tipos A, B e C conforme as condições sanitárias da ordenha, processamento, comercialização e contagem microbiana. [...] Na década de 1970, todo o leite pasteurizado ganha embalagens descartáveis, o que fez com que consumidores e indústrias ganhassem com a redução das operações de recolhimento e higienização das embalagens retornáveis. [...] Na década de 80 houve um salto expressivo: a produção de leite subiu de 7,9 milhões de toneladas em 1975 para 12 milhões de toneladas em 1985. [...] De 2013 para 2014, a produção de leite bovino cresceu 2,3%, alcançando 35,1 milhões de toneladas. (Vilela et al., 2017, p. 7) 

     A cadeia produtiva do leite é uma das principais atividades econômicas do Brasil, com forte impacto na geração de emprego e renda. Presente em quase todos os municípios brasileiros, envolve mais de um milhão de produtores no campo, além de gerar outros milhões de empregos em segmentos relacionados. Em 2019, o valor bruto da produção primária de leite foi de quase R$ 35 bilhões, posicionando-o como o sétimo maior produto agropecuário nacional. Na indústria de alimentos, o faturamento líquido dos laticínios ultrapassou R$ 70,9 bilhões, ficando atrás apenas dos setores de derivados de carne e beneficiados de café, chá e cereais (Brasil, 2020; ABIA, 2020).

Os números expressivos destacam a importância de um setor em transformação nas últimas duas décadas. A produção de leite aumentou cerca de 80% nesse período, enquanto o número de vacas ordenhadas permaneceu praticamente o mesmo, graças ao aumento da produtividade do rebanho. Houve mudanças significativas na estrutura de produção, incluindo uma redução no número de produtores e uma intensificação dos sistemas de produção.

A adoção de novas tecnologias impulsionou o aumento da produtividade dos animais, da terra e da mão de obra, resultando em uma expansão da escala de produção nas fazendas. Assim, o Brasil se tornou o terceiro maior produtor de leite do mundo, mas ainda possui um grande potencial a ser explorado, especialmente em termos de ganhos de produtividade, visando também se destacar como um dos principais players no mercado global de leite e derivados.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, 2019), o Brasil ocupa o terceiro lugar como maior produtor de leite globalmente, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da Índia. Esse posicionamento foi alcançado através de um crescimento substancial na produção ao longo das últimas décadas. Em 1997, o país produzia 18,7 bilhões de litros de leite. Desde então, a produção tem crescido em média 4% ao ano, atingindo 35,124 bilhões de litros em 2014. Após esse pico, a produção nacional registrou um declínio por três anos consecutivos, sendo revertido somente em 2018, quando a produção voltou a crescer, alcançando a marca de 33,840 bilhões de litros.

O Brasil detém o segundo maior rebanho de vacas ordenhadas do mundo, atrás apenas da Índia (FAO, 2019). Apesar do expressivo crescimento da produção nacional de leite nas últimas décadas, o número de vacas ordenhadas em 2018 foi menor que o rebanho utilizado 22 anos antes, com pouco mais de 17 milhões de animais. Entretanto, essa trajetória de se deu no período mais recente. O rebanho de vacas ordenhadas, com exceção de 2012, cresceu continuamente até 2014, quando passou de 23 milhões de cabeças. Entretanto, a partir de 2015, esses números começaram a reduzir expressivamente, resultando em uma queda superior a 6,6 milhões de vacas ordenhadas entre 2014 e 2018.

Apesar do Brasil figurar entre os primeiros colocados nos rankings mundiais de produção de leite e rebanho de vacas ordenhadas, sua produtividade animal apresenta uma realidade contrastante. De acordo com dados da FAO (2019), o país ocupa a 84ª posição mundial nesse quesito, com uma produtividade cerca de cinco vezes inferior aos líderes do ranking, Israel e Estados Unidos, que ultrapassam a marca de 10 mil litros/vaca por ano.

No entanto, é importante notar que a produtividade animal brasileira tem apresentado avanços nos últimos anos. No período de 1997 a 2018, esse indicador registrou um aumento de 89%, desempenhando um papel fundamental no crescimento da produção nacional de leite, mesmo considerando a redução do rebanho ao longo desse período.

Enquanto a produção nacional de leite cresceu nas últimas décadas, o número de produtores vem caindo de forma expressiva. Segundo as estatísticas oficiais (IBGE, 2019), em 1996, o país contava com mais 1,80 milhão de estabelecimentos rurais que produziam leite. Em 2006 esse número caiu para 1,350 milhão e em 2017, o mais recente levantamento censitário identificou 1,176 milhão de produtores. Um indicativo da saída de mais de 600 mil produtores da atividade leiteira em pouco mais de 20 anos.

O aumento da produção de leite no Brasil, apesar da diminuição do número de produtores, é atribuído ao crescimento da escala de produção por fazenda, que tem se expandido significativamente nos últimos anos. Segundo dados censitários do IBGE (2019), a produção média por fazenda em 1996 era de 29 litros por dia. Esse número aumentou para 78 litros por dia em 2017, representando um crescimento de 172%.

Siga em Frente...

A atividade leiteira no Brasil está em constante transformação, com um aumento expressivo na produção de leite, acompanhado pela redução do número de produtores e vacas ordenhadas. Isso se deve ao crescimento da escala de produção das fazendas e da produtividade dos fatores de produção, como vacas, mão de obra e terra. Apesar de ocupar a terceira posição entre os maiores produtores mundiais de leite, a cadeia produtiva ainda possui um enorme potencial a ser explorado, especialmente no mercado exportador de lácteos, onde o Brasil é predominantemente um importador líquido.

Nos últimos 20 anos, foi necessário importar cerca de 5% da produção nacional para atender à demanda interna, resultando recentemente na entrada de dois bilhões de litros de leite, principalmente da Argentina e do Uruguai. Apesar dos desafios, o Brasil possui vantagens comparativas em relação a outros países exportadores de lácteos, como clima tropical favorável, boa disponibilidade de terras e produção crescente e relativamente mais barata de milho e soja, principais alimentos para vacas. Além disso, o país dispõe de um estoque significativo de tecnologias, cuja incorporação nas fazendas pode ter um grande impacto na melhoria da produtividade e competitividade da produção no campo.

A cadeia produtiva do leite apresenta uma série de fatores que podem influenciar sua produção, tornando essencial a atenção às políticas governamentais voltadas para o setor. Isso inclui a busca por créditos governamentais destinados à produção de leite, redução da tributação e o fortalecimento do cooperativismo. Além disso, é essencial garantir um abastecimento adequado de insumos, assegurando uma nutrição adequada aos animais, acesso a produtos veterinários e promoção do bem-estar animal.

A genética desempenha um papel fundamental, uma vez que determinados animais possuem maior potencial para a produção de leite. Ademais, a adoção de tecnologias que favoreçam a rastreabilidade, o aumento da produtividade e a disponibilidade de equipamentos para o armazenamento do leite também são aspectos a serem considerados.

A cadeia produtiva do leite abrange diversas etapas, que incluem produção, resfriamento, transporte, análise, pasteurização, embalagem, distribuição varejista e chegada ao consumidor final.

O sistema intensivo emerge como a escolha ideal para a produção de leite, destacando-se pela eficiência energética dos animais, o fornecimento adequado de suplementos alimentares e a automatização do processo de ordenha para otimização do tempo e da produtividade. Após a ordenha, é imprescindível o imediato resfriamento do leite, seguido pelo armazenamento em câmaras especialmente projetadas para essa finalidade. Posteriormente, o leite é encaminhado a um laticínio, onde passa por uma série de análises rigorosas e é submetido ao tratamento térmico adequado, antes de ser embalado e distribuído para o varejo, garantindo a qualidade e a segurança do produto.

Vamos Exercitar?

A produção de gado de leite é, provavelmente, uma das atividades que mais exigem comprometimento por parte do produtor no meio rural. Mas além da dedicação, técnica e uma boa gestão, a escolha das raças das vacas-leiteiras também influencia nos resultados do negócio. Escolher o tipo de raça de bovinos de leite adequado é essencial para atender uma série de requisitos, seja as questões climáticas e ambientais da região, a topografia, a finalidade da produção e o sistema de produção que será utilizado. Você já pensou sobre qual é o melhor gado de leite para as condições do Brasil? No Brasil, as raças Holandesa, Jersey e Pardo Suíça são as mais conhecidas e utilizadas atualmente.

Atualmente a raça Holandesa é o melhor gado do mundo para a produção de leite em sistema de confinamento, e é muito utilizada em cruzamento com outras raças visando o melhoramento genético. Uma das raças de gado leiteiro preferidas dos produtores brasileiros, a raça Jersey, é conhecida por ter rusticidade, boa adaptabilidade e uma ótima qualidade do leite. É uma raça de origem europeia e, embora se adapte bem a diversos locais, no Brasil é mais frequente no sul e sudeste brasileiro.

A Pardo Suíça é uma das raças mais antigas que se tem conhecimento. Chegou ao Brasil no início do século XX e tem sua origem no Sudeste da Suíça em 1800 antes de Cristo. Com seu grande porte e sua pelagem que varia de parda clara a cinzenta escura, possui dupla aptidão, ou seja, além de ser utilizada para a produção de leite também pode ser muito lucrativa na produção de carne.

Saiba Mais

Explore o assunto com mais profundidade lendo Cadeia de produção do leite no Brasil: produção primária, de Denis Teixeira da Rocha, Glauco Rodrigues Carvalho e João Cesar de Resende – Circular técnica 123, Agosto 2020, Embrapa. 

Referências Bibliográficas

ABIA. Números do Setor – Faturamento. Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação, 2019.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Valor Bruto da Produção Agropecuária. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Brasília, DF, 2019.

CNA - CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO BRASIL. Pecuária de Leite. 2017. Disponível em: https://goo.gl/T6P6NP.

VILELA, D. et al. A evolução do leite no Brasil em cinco décadas. Revista de Política Agrícola, ano 26, n. 1, p. 5-24, jan.-mar. 2017. Disponível em: https://goo.gl/wReeh4. Acesso em: 26 maio 2024.

Encerramento da Unidade

Cadeias Produtivas de Produção Animal

Cadeias Produtivas de produção animal

Olá, estudante!

A cadeia produtiva da produção animal consiste em uma série de etapas que vão desde a criação dos animais até o consumo final. É uma indústria complexa que envolve desde os produtores, passando pelos frigoríficos, transportadores, distribuidores, até chegar aos estabelecimentos de venda e, finalmente, ao consumidor. É essencial para todo profissional do agronegócio entender as cadeias produtivas do agronegócio, já que são componentes fundamentais dessa estrutura econômica nacional. 

Ponto de Chegada

Estudante, para desenvolver a competência desta Unidade, que consiste em compreender a evolução da produção animal, aspectos ligados a sistemas de produção, qualidade e comercialização dos produtos de origem animal, você deve se familiarizar com as tecnologias e inovações disponíveis que podem contribuir para aumentar a eficiência e a produtividade da produção animal. É necessário entender as características e as etapas da cadeia produtiva animal, assim como os desafios que precisam ser superados.

A cadeia produtiva animal engloba todas as etapas desde a criação e o manejo dos animais até a entrega dos produtos ao consumidor. Esse processo abrange a obtenção de insumos como alimentos, medicamentos e equipamentos, a criação e o cuidado dos animais, o abate, o processamento e a distribuição dos produtos.

Antes que os produtos cheguem aos consumidores finais, eles passam por uma sequência de procedimentos. Inicialmente, os criadores adquirem os animais ou insumos necessários de fornecedores. Em seguida, realizam a criação, o manejo e a alimentação dos animais de forma adequada. Após o período necessário de crescimento ou produção, os animais são abatidos, processados e embalados. Os produtos são então distribuídos para os varejistas e finalmente chegam aos consumidores por meio de lojas ou outros pontos de venda.

Embora cada produto possa ter um processo específico de fabricação e comercialização, é o conjunto desses processos que caracteriza uma cadeia produtiva. A melhoria contínua na gestão é fundamental para reduzir custos, aumentar a produtividade e minimizar o desperdício, com atenção especial à sustentabilidade. Para alcançar esses objetivos, é essencial estabelecer um plano bem elaborado e manter a disciplina em todas as fases do processo produtivo.

É Hora de Praticar!

Analise a problemática apresentada a seguir e utilize o seu conhecimento para propor soluções viáveis baseando-se na competitividade mercadológica e no manejo adequado de produção animal. Seu trabalho de consultoria para a empresa de produção animal iniciou-se pela visita na área de produção 1, que apresentava produção de frangos de corte. Seu foco foi verificar as instalações dessa área e logo você notou que todos os animais, independentemente do estágio de desenvolvimento, eram mantidos em um mesmo local. Essa situação é adequada? Pode influenciar de que forma o produto comercializado?

Além disso, você verificou que os animais estavam agitados e que alguns se apresentavam machucados. Também sentiu que a temperatura estava mais alta do que a ambiente, mas não havia termômetro no local. O que deverá ser analisado para identificar se o conforto térmico está ou não sendo atendido? Por fim, ainda foi possível observar que a cama aviária de serragem não tinha nenhuma utilidade após serem substituídas. Isso pode ser um fator que interfere no lucro da empresa? O que pode ser feito com as camas após serem substituídas? Com as possíveis soluções dessas problemáticas expostas, você será capaz de elaborar um plano de ação que apresente resultados e ainda proporcione uma otimização de processos adotados na produção de frangos da empresa.

Reflita

Quais são os principais desafios enfrentados na cadeia produtiva animal, desde a criação e o manejo dos animais até a distribuição dos produtos?

Como as tecnologias estão sendo aplicadas para aumentar a eficiência e a produtividade na produção animal?

Qual é o papel da sustentabilidade na cadeia produtiva animal e quais são as estratégias adotadas para garantir a produção sustentável de alimentos de origem animal?

Resolução do estudo de caso

A avicultura é um dos segmentos mais relevantes para o agronegócio brasileiro por apresentar uma elevada produção de animais com qualidade, sanidade e com um preço competitivo, que fortalece e consolida essa cadeia produtiva como um importante propulsor da produção animal do país. É bastante provável que você já tenha lido e escutado sobre como a avicultura é uma importante cadeia produtiva da produção animal para o Brasil e o mundo.

Seu trabalho de consultoria para a empresa de produção animal iniciou-se pela visita à área de produção 1, que representa a produção de frangos de corte. Seu foco foi verificar as instalações dessa área e logo você notou que todos os animais, independentemente do estágio de desenvolvimento, eram mantidos em um mesmo local. Essa situação é adequada? Pode influenciar de que forma o produto comercializado?

Primeiramente, você precisa considerar que, de acordo com os elos da cadeia produtiva do frango de corte, existem locais específicos para cada fase do ciclo de produção dos animais. Por exemplo, o incubatório é um local destinado a manter os ovos que serão “chocados”, já no aviário, os animais crescem e engordam até ficarem prontos para o abate. Dessa forma, se a área não apresentar esses locais específicos, você deve sugerir que ocorra essa distinção dos animais de acordo com a sua fase de vida para evitar mortalidades, canibalismo, estresse e outros problemas que um manejo inadequado pode provocar no produto.

Outro aspecto notado em sua visita foi o de que o conforto térmico não aparentava ser o ideal, pois os animais estavam agitados e alguns se apresentavam machucados. O que deverá ser analisado para identificar se o conforto térmico está ou não sendo atendido? Ao observar o aviário, você pode notar se há construções ao redor que estão atuando como uma barreira física de obstrução da ventilação nas instalações de criação dos frangos de cortes. A partir dos 21 dias, a temperatura pode ficar entre 23 °C e 24 °C, o que é considerado uma temperatura de conforto térmico para as aves (Embrapa, 2014).

Sabendo disso, peça para que o responsável da área faça registro da temperatura do aviário para que você tenha como afirmar se estão adequados ou não, já que pelo comportamento das aves é bastante provável que estejam passando por estresse ocasionado pela elevada temperatura. É importante que seja instalado um termômetro ou alguma forma de controle da temperatura para sempre haver o monitoramento correto.

Outro aspecto que você pode observar é o comportamento dos animais, ações de canibalismo, agitação e abertura de asas, agrupamento (em caso de frio) ou dispersão (quando as temperaturas estão altas) refletem algum tipo de estresse que resultam de inadequado desenvolvimento dos animais, que perdem peso e não atingem seu potencial produtivo.

Por fim, em sua visita ainda foi possível observar que as camas aviárias de serragem não tinham nenhuma utilidade após serem substituídas. Isso pode ser um fator que influencia o lucro da empresa? O que pode ser feito com as camas após serem substituídas? Quais medidas podem ser adotadas para otimizar a produção de frangos? A reutilização da cama aviária é uma prática comum na criação de frangos, mas deve-se ter cuidado ao se adotar essa prática para evitar contaminações, caso os animais não estejam sadios. A cama aviária pode ser reutilizada tanto como fornecedora de nutrientes para atividades agrícolas quanto para práticas sustentáveis como matéria-prima para biodigestores que geram energia, possibilitando uma economia no custo fixo do aviário.

Essas são algumas das soluções viáveis que podem ser adotadas para os problemas que foram levantados. Porém, ressalta-se que existem outras soluções que também possibilitarão uma solução adequada, desde que sejam considerados os aspectos que envolvem a garantia da sanidade, bem-estar animal, viabilidade da comercialização e geração de lucros.

Com base nas soluções apresentadas, entregue ao produtor um plano de ação expondo o que foi observado nessa primeira visita e elenque as soluções que você encontrou com base no estudo sobre a cadeia produtiva da avicultura. Nessa primeira etapa, você conseguirá elaborar o plano com as soluções dos problemas e, assim, potencializar a produção em uma cadeia produtiva em questão. Pronto, o plano de ação para a empresa está completo!

Dê o play!

Assimile

A cadeia produtiva animal é um intricado sistema que engloba diversas etapas, desde a criação e o manejo dos animais até a entrega dos produtos aos consumidores. Esse processo não se limita apenas à produção de alimentos de origem animal, mas também abarca aspectos como bem-estar animal, qualidade dos produtos e sustentabilidade.

A Figura 1 representa o processo da cadeia de produção animal, começando pela obtenção dos insumos fundamentais, como alimentos, medicamentos e equipamentos, necessários para o cuidado adequado dos animais. A escolha e manejo dos animais são importantes, pois influenciam diretamente na qualidade e quantidade dos produtos, considerando fatores como nutrição, sanidade e conforto.

Após o crescimento ou a produção dos animais, ocorre o abate ou a colheita dos produtos, seguido pelo processo de processamento e embalagem, visando assegurar a segurança alimentar e a qualidade dos produtos. A distribuição e comercialização dos produtos são etapas essenciais, realizadas por meio de varejistas, até chegar aos consumidores através de lojas, supermercados ou outros canais de venda.

1 Grãos  Compra de insumos, como soja, milho e óleos de produtores selecionados.   2 Fábrica de Rações  Produção de ração de alta qualidade nutricional.   3 Granjas/Produtores Integrados  Os incubatórios e granjas seguem códigos e normas de segurança, qualidade, meio ambiente, direitos humanos, bem-estar animal etc.   4 Abate e Industrialização  Após o abate, a carne é processada e embalada, sendo o processo todo monitorado para garantir a qualidade e a segurança.   5 Centro de Distribuição Extensa rede de  Centros de Distribuição Globais, além de parceiros logísticos com rigoroso controle na estocagem e transporte de produtos.   6 Operações Globais  Exportações para diversos países, além de produção direta em fábricas locais.   7 Varejo  Produtos finais presentes nas redes de mercados, pequenos e médios varejos, empresas restaurantes e atacadistas.   8 Consumidores  Com um amplo portfólio de marcas e produtos convenientes, práticos, saborosos e seguros.
Figura 1 | Cadeia produtiva animal. Fonte: BRF ([s. d.]).

Portanto, compreender a cadeia produtiva animal é fundamental não apenas para os produtores e profissionais do setor, mas também para os consumidores, que se beneficiam de produtos de qualidade e sustentáveis. Ao conhecermos e valorizarmos todas as etapas envolvidas nesse processo, podemos contribuir para uma produção animal mais eficiente, responsável e consciente.

Referências

BRF. Cadeia produtiva: Monitoramento, Controle e Gestão. Bem-estar animal. BRF, [S. d.]. Disponível em: https://www.brf-global.com/sustentabilidade/bem-estar-animal/cadeia-produtiva/. Acesso em: 26 maio 2024.

EMBRAPA - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Qualidade na produção de aves. Embrapa, [S. d.]. Disponível em: https://www.embrapa.br/qualidade-da-carne/carne-de-aves. Acesso em: 31 mar. 2024.

MALAFAIA, G. C. et al. Qualidade da produção da carne bovina. Embrapa, 2018. Disponível em: https://www.embrapa.br/documents/10180/26187851/NT+SIRE+-+Cadeia+da+carne+bovina+-+versao+Malafaia.pdf/8fbf9c24-c4ca-5c4f-fd44-db3496d8016b?version=1.0. Acesso em: 31 mar. 2024.

PEREIRA, M. L. Avicultura: fonte de calor é essencial em período crítico do inverno. Embrapa, 2014. Disponível em:  https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/1908901/avicultura-fonte-de-calor-e-essencial-em-periodo-critico-do-inverno. Acesso em: 31 mar. 2024.

RAMOS, D. G. de S. et al. Cadeia produtiva da carne bovina no Brasil. Revista Interação Interdisciplinar, v. 01, n. 01, p. 229-244, jan.-jul. 2017. Disponível em:  https://publicacoes.unifimes.edu.br/index.php/interacao/article/view/159/145. Acesso em: 31 mar. 2024.

UBABEF - UNIÃO BRASILEIRA DE AVICULTURA. A saga da avicultura brasileira: como o Brasil se tornou o maior exportador mundial de carne de frango. 2011. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/204584/1/final8479.pdf. Acesso em: 31 mar. 2024.

UBABEF - UNIÃO BRASILEIRA DE AVICULTURA.  Pesquisa comprova a importância do frango e de ovos na alimentação dos brasileiros. Revista Avicultura Brasil, v. 1, p. 1-32, 2012. Disponível em: https://www.avisite.com.br/revista/pdfs/revista_edicao54.pdf. Acesso em: 31 mar. 2024.