Crescimento e Desenvolvimento
Aula 1
Conceitos de Crescimento e Desenvolvimento Motor
Conceitos de Crescimento e Desenvolvimento Motor
Olá estudante? Nesta videoaula você irá conhecer sobre os conceitos de crescimento, maturação e desenvolvimento motor. No trabalho docente, você terá a grande responsabilidade de acompanhar o crescimento e desenvolvimento do seus alunos. O olhar biológico também é fundamental para a compreender a complexidade de fatores que envolve a ação docente, principalmente com a cultura corporal.
Vamos em frente?
Ponto de Partida
Nesta videoaula você irá aprender a lançar um olhar diferenciado sobre seu aluno. E claro, para isso, você aprenderá sobre aspectos biológicos que também são fundamentais para atuação do profissional formado em Pedagogia. Afinal, as crianças crescem, não é mesmo?!
Assim, aquele aluno está em sua turma, o seu aluno; ou para você que irá atuar, por exemplo, na Coordenação Pedagógica, na condição de ser Pedagoga(o) de uma escola, você precisar “treinar” o seu olhar para conhecer, analisar cada um dos seus alunos. E para isso, o conhecimento é o grande meio para a construção de um olhar ampliado e diverso. O desenvolvimento físico da criança, por exemplo, é um conjunto de mudanças que se operam como parte de seu processo de crescimento, e devemos compreender esses conceitos fundantes.
Nossa situação reflexiva é a sua atuação profissional. Você atua em uma escola de Educação Infantil privada. E surge uma proposta pedagógica de um projeto integrado com o tema "Crescer e desenvolver, juntos!". A sua responsabilidade é propor e desenvolver encontros de formação para pais, visando proporcionar orientações sobre o crescimento e desenvolvimento de seus filhos, focando, principalmente, as práticas motoras, a cultura corporal. E sua primeira reunião logo chegará...
Assim, ao se aprofundar nos conteúdos sobre o crescimento, maturação e desenvolvimento humano, você será capaz de compreender os fenômenos que acontecem a cada idade e a influência das práticas da cultura corporal, das práticas corporais no desenvolvimento das crianças.
Boa aula!
Vamos Começar!
Todo esse processo tem íntima relação com atividades motoras e físicas, desde a educação infantil no que diz respeito ao trabalho pedagógico intencional, seja nos nossos aspectos físicos, como estatura e massa corporal, ou nos aspectos emocionais como motivação, como também nos aspectos motores, na aprendizagem e controle de movimentos e no desenvolvimento físico-motor.
O tornar-se adulto perpassa pelos processos de crescimento, maturação e desenvolvimento. Assim, todo ser humano adulto viveu esses processos que são influenciados pelas condições do próprio indivíduo e do ambiente em que vive. Dessa maneira, estudar crescimento e desenvolvimento humano permite compreender os processos e todos os fatores que podem influenciá-lo e assim intervir com a atividades motoras da melhor maneira possível e analisar sua influência no crescimento e desenvolvimento.
Siga em Frente...
Mas afinal, o que crescimento, maturação e desenvolvimento significam?
Vamos começar pelo termo crescimento. O crescimento físico é definido como o aumento quantitativo do tamanho do corpo ou de partes específicas. Nos seres humanos, esse crescimento acontece desde a concepção até o final da adolescência ou início dos 20 anos.
Assim, conforme ocorre o crescimento das crianças, elas se tornam mais altas e pesadas devido ao aumento de tecidos magros e gordos e dos próprios órgãos. É importante ressaltar que as mudanças observadas após o período de crescimento recebem outros nomes, por exemplo, o aumento de massa muscular, e não entra na definição de crescimento físico e sim de hipertrofia muscular.
O processo de crescimento físico envolve diversas ações dos mais diversos sistemas do nosso corpo, incluindo o sistema ósseo, muscular, endócrino, adiposo e nervoso. Em nível celular, de maneira geral, as alterações do crescimento ocorrem por três processos celulares: hiperplasia, hipertrofia e agregação.
A hiperplasia é o aumento no número de células que ocorre como resultado da divisão celular (mitose). Já a hipertrofia acontece pelo aumento de unidades funcionais dentro da célula (proteínas e substratos). Por fim, a agregação ocorre pela capacidade das substâncias intercelulares se ligarem às células em redes complexas.
Esses três processos celulares ocorrem durante o crescimento, mas não de forma igual. Sendo que a predominância de um ou outro processo varia de acordo com a idade e o tecido envolvido. Um exemplo disso é do número de células cerebrais, os neurônios, que são estabelecidos na metade da gravidez e, por outro lado, o número de células musculares são estabelecidas após o nascimento. No entanto, tanto o tecido nervoso quando muscular crescem primeiro por hipertrofia
Além disso, o crescimento obedece a uma direção, sendo ela céfalo-caudal e próximo-distal. O crescimento céfalo-caudal significa que crescemos da cabeça em direção aos pés. E próximo-distal é o crescimento do centro do corpo às extremidades.
Assim, pode-se definir crescimento como sendo o aumento quantitativo do corpo todo ou partes específicas dele que ocorre devido a hiperplasia, hipertrofia e agregação de células do nosso sistema.
E a Maturação? A maturação envolve aspectos qualitativos na constituição biológica no que se refere a célula, ao órgão e ao avanço dos sistemas corporais no que diz respeito a sua composição bioquímica (TEEPLO, 1978). Segundo Gallahue; Ozmun; Goodway (2013) maturação refere-se a: mudanças qualitativas, que permitem a progressão até níveis elevados de funcionamento. Assim, podemos dizer que a maturação é o processo para o estado maduro, a qual é determinada geneticamente, ou seja, é inata. No entanto, apesar da maturação ser determinada geneticamente, ela pode ser influenciada pelo ambiente (como alimentação, estilo de vida, uso de drogas e etc.).
A ordem dos acontecimentos no processo de maturação é fixa, sendo que o ritmo pode variar. Um exemplo disto é a progressão do bebê ao sentar-se, ficar de pé e engatinhar. Essa sequência acontece em uma ordem (primeiro o bebê se senta, depois fica de pé e depois anda) de acordo com a idade aproximada, no entanto, entre os bebês essa idade varia dentro de uma amplitude e o tempo que passa em cada fase é diferente entre os bebês. Sendo assim, a sequência desses acontecimentos é fixa, mas o ritmo se altera devido as influências externas como estímulos e aprendizagem (MALINA; BOUCHARD; ODED, 2009). Por isso é de fundamental importância o conhecimento desses processos para a intervenção pedagógica, principalmente na Educação Infantil e na etapa do Ensino Fundamental I, além, é claro, como conhecimento de base para a formação pedagógica, que acompanha e intervém no processo educacional e desenvolvimento das crianças.
Cada um dos nossos sistemas progride para o estado maduro em diferentes momentos da vida. Assim, podemos conhecer sobre a maturação esquelética, sexual, somática e dental. Vejamos cada um destes:
A maturação óssea envolve o processo de ossificação e de crescimento ósseo para atingir a estatura adulta. Assim, o bebê nasce com o esqueleto formado por cartilagens e até a fase adulta ocorre a ossificação (processo em que a cartilagem se torna osso) e na fase adulta, é atingido seu crescimento máximo (MALINA; BOUCHARD; ODED, 2009).
A maturação sexual consiste em um processo contínuo que tem seu início com a diferenciação sexual no período embrionário (pré-natal), passando pela puberdade na adolescência e atingindo a maturidade completa e a fertilidade. Assim, o bebê nasce com as características sexuais primárias (órgão genitais masculinos ou femininos) e na adolescência ocorre o surgimento das características sexuais secundárias (por exemplo: seios e a menarca nas meninas, mudança da voz e aumento do tamanho do pênis nos meninos, e crescimento dos pelos pubianos em ambos). Sendo assim, na puberdade ocorre a maturação do sistema reprodutivo e o crescimento adolescente acelerado (MALINA; BOUCHARD; ODED, 2009).
A maturação somática permite analisar o processo ao estado maduro além das medições do tamanho do corpo, pois só o tamanho do corpo em si não é um indicativo de maturidade. Assim, a maturação somática observa dados longitudinais como o início do estirão de crescimento e a idade no pico de velocidade de crescimento durante o estirão (que seria a idade na taxa máxima de crescimento durante o estirão) (MALINA; BOUCHARD; ODED, 2009).
A maturação dental está relacionada com o processo de dentição, do surgimento dos dentes de leite e dos dentes permanentes. De maneira semelhante a maturação esquelética, a maturação dental utiliza da calcificação dos dentes para sua determinação (MALINA; BOUCHARD; ODED, 2009).
Sendo a maturação considerada um processo ao estado maduro, podemos dizer que maturidade é esse estado maduro. Assim, a maturação ocorre em direção à maturidade. E, a maturidade varia de acordo com o sistema biológico estudado. Com isso, ao estudarmos a maturação óssea, vamos perceber que a maturidade acontece em uma determinada idade que é diferente da maturidade sexual, dental ou somática.
A partir dessas definições podemos destacar que, apesar dos termos crescimento e maturação referirem-se às atividades biológicas, essas atividades são específicas de cada um. No entanto, podemos dizer que o crescimento e a maturação estão intimamente relacionados e devem ser vistos como dinâmicos, uma vez que o produto final é o estado adulto e ambos se movimentam para atingi-lo desde a concepção.
Porém, o ser humano não é formado somente por sua dimensão biológica. Somos seres complexos, desenvolvendo-nos por meio da interação entre indivíduo e ambiente dentro de distintos contextos. Portanto, o conceito de desenvolvimento torna-se mais abrangente ao definir-se como todo processo de evolução humana fundamentada pela interação do indivíduo com o ambiente, englobando desde processos biológicos até processos sócio-históricos e culturais, isto é, um sistema que se estrutura, no mínimo, em uma relação bidirecional (MAGNUSSO; CAIRNS, 1996). Segundo Lawrence e Dodds (1997, p. 293), o desenvolvimento é:
Uma estrutura sistêmica de relações bidirecionais entre níveis verticais e horizontais, ocorrendo em um tempo social e pessoal, sendo as mudanças probabilísticas e manifestadas em padrões de coações coordenadas por meio de níveis do funcionamento humano.
Um ser humano só se desenvolve pela inter-relação dos processos de crescimento, maturação e experiência/aprendizagem, influenciados por fatores internos (hereditariedade, genética e maturação biológica) e por fatores externos (sociedade, alimentação, interação socioafetiva, cultura, aprendizagem, experiências, contexto histórico e vivência).
O princípio do desenvolvimento humano está pautado em uma dinâmica de adaptação do ser humano, que consiste em períodos de desajuste do equilíbrio do organismo para sucessivo período de ajuste. Tal dinâmica é consequência de tensões criadas nos níveis estrutural e funcional do organismo quando vivenciamos situações adversas à manutenção do equilíbrio (ASPESI; DESSEN; CHAGAS, 2008).
Em outras palavras, quando nos deparamos com uma situação em que os sistemas do nosso organismo não são capazes de responder adequadamente, passamos por um período de adaptação, no qual se desenvolvem novos mecanismos que sejam capazes de responder à situação e voltar o organismo à situação de equilíbrio. De acordo com Pikunas (1979), é uma dinâmica na qual as potencialidades do indivíduo se desenrolam para a consolidação de novas habilidades, qualidades, traços ou características referentes ao crescimento, à maturação, aprendizagem e realização.
Uma das formas de classificar o desenvolvimento humano em categorias de acordo com seus diferentes domínios, principalmente para fins didáticos e educacionais, temos: desenvolvimento físico-motor; desenvolvimento cognitivo; desenvolvimento socioafetivo; e desenvolvimento moral.
Ao destacarmos a relevância do trabalho docente com a cultura corporal, com as práticas corporais que se manifestam na escola, destacamos o conceito de desenvolvimento motor. Desenvolvimento motor é definido como a sequência de alterações do comportamento motor ao longo de nossa vida. É o processo contínuo de modificação pelo qual adquirimos padrões de movimento e habilidades motoras que definirão o comportamento motor nas diversas fases da vida. Essas alterações são proporcionadas pela interação de determinados fatores: componente biológico do indivíduo, incluindo maturação, crescimento e genética; necessidade da tarefa; e condições do ambiente (GALLAHUE et al., 2013; MALINA; BOUCHARD; BAR-OR, 2009; GALLAHUE; OZMUN, 2005; HAYWOOD; GETCHELL, 2016).
Vamos Exercitar?
Olá, estudante. Tudo bem? Pronto para sua primeira reunião com os pais dos alunos da Educação Infantil da Escola que você trabalha? Crianças crescem rápido, não é mesmo!!!! Isso assusta aos pais, e a compreensão de conceitos básicos é fundamental para atuar de modo integrado e colaborativo.
Compreender sobre crescimento e desenvolvimento humano te permite entender a variabilidade humano, o status do indivíduo, compará-lo à padrões ou valores normativos, compreender o progresso, fazer um prognóstico, monitorar o processo e interpretar os efeitos da atividade física e desempenho. Assim, crescimento é o aumento quantitativo do corpo todo ou partes específicas dele que ocorre devido a hiperplasia, hipertrofia e agregação de células do nosso sistema. Esse crescimento ocorre no sentido céfalo-caudal e próximo-distal, ou seja, da cabeça aos pés e do centro do corpo às extremidades.
Assim, ao se aprofundar nos conteúdos sobre o crescimento, maturação e desenvolvimento humano, você também consegue destacar a importância, por exemplo, do brincar, da vivência motora, e a influência das práticas da cultura corporal, das práticas corporais no desenvolvimento das crianças.
Saiba Mais
Para aprofundar seus saberes sobre o Desenvolvimento motor na educação infantil, leia e estude o artigo Desenvolvimento motor na educação infantil.
Referências Bibliográficas
ASPESI, C. C.; DESSEN, M. A.; CHAGAS, J. F. A ciência do desenvolvimento humano: uma perspectiva interdisciplinar. In: DESSEN, M. A.; COSTA JÚNIOR, A. S. L. (Eds.). A ciência do desenvolvimento humano: tendências atuais e perspectivas futuras. Porto Alegre: Artmed, 2008.
BEE, H. L.; BOYD D. A criança em desenvolvimento. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.
GALLAHUE, David; OZMUN, John; GOODWAY, Jacqueline. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. Porto Alegre: AMGH, 2013.
HAYWOOD, Kathleen; GETCHEL, Nancy. Desenvolvimento motor ao longo da vida. Porto Alegre: Artmed, 2010.
KREPPNER, K. Social relations and affective development in the first two years in family contexts. In: VALSINER, J.; CONNOLLY, K. J. (Ed.). Handbook of developmental sychology. London: Sage, 2003.
LAWRENCE, J. A; DODDS, A. E. Conceptual transposition, parallelism, and interdisciplinary communication. In: TUDGE, J.; SHANAHAN, M. J.; VALSINER, J. (Orgs.). Comparisons in human development: Understanding time and context. New York: Cambridge University Press, 1997.
MAGNUSSON, D.; CAIRNS, R. Developmental science: Toward a unified framework. In: CAIRNS, R. B.; ELDER, G. H.; COSTELLO, E. J. (Orgs.). Developmental science. New York: Cambridge University Press, 1996.
MALINA, Robert; BOUCHARD, Claude; ODED, Bar-Or. Crescimento, maturação e atividade física. São Paulo: Phorte editora, 2009.
TEEPLE, J. B. Physical Growth and maturation. Motor development: Issues and applications. Princeton: Princeton book, 1978.
Aula 2
Crescimento e Desenvolvimento
Crescimento e Desenvolvimento
Olá, estudante! Nesta videoaula, você terá a oportunidade de construir um olhar sobre o processo de crescimento e desenvolvimento do aluno a partir dos saberes biológicos que implicam desde a fase pré-natal até a fase adulta.
Esses saberes são importantes para sua atuação, de modo ainda mais especial na Educação Infantil, fase em que você terá um papel especial no cuidar e educar crianças de 0 a 5 anos.
Prepare-se e busque sempre relacionar os conteúdos apresentados ao contexto profissional.
Boa aula!
Ponto de Partida
Estudante, você sabe quantos ossos tem no seu corpo? E aqueles bebês que estão em sua sala? Também possem essa mesma quantidade de ossos que você? Os saberes dessa aula são importantes para o olhar que você potencialmente lança sobre seu aluno. Ninguém convive e acompanha mais o crescimento e desenvolvimento de uma criança que o professor. Muitas vezes terá a oportunidade, atuando na etapa da Educação Infantil, de receber aquela criança com alguns meses de vida e ver seu engatinhar, andar, desfraldar, nascer o primeiro dentinho... Todas essas etapas seguem um processo de crescimento, desenvolvimento e maturação corporal. São conhecimentos e princípios gerais que ajudarão na completude da prática docente.
Como docente do projeto da escola de Educação Infantil e integrante do projeto escolar chamado "Crescer e desenvolver, juntos!", você está sempre buscando um olhar diferenciado para o seu aluno. Em sua turma da creche-berçário, você percebe que um de seus alunos perto de completar 9 meses ainda não consegue sentar. E você sabe que essa é uma fase importante para as próximas etapas, como o engatinhar e o andar.
Então, você relata a situação para os demais pares do projeto e marcam uma reunião com os pais do aluno.
A partir dos saberes pedagógicos trabalhados nessa aula, você terá embasamento não somente para identificar com maior clareza essas situações como também orientar as famílias.
Vamos Começar!
Aspectos gerais dos sistemas humanos
Desde a formação embrionária e seu desenvolvimento, o sistema esquelético é formado por um modelo de cartilagem dos ossos. O osso é um tecido vivo, uma forma rígida altamente especializada de tecido conjuntivo que compõe a maior parte do esqueleto e é o principal tecido de sustentação do corpo. Suas principais funções são: dar forma ao corpo; dar suporte para músculos e outros tecidos (conjuntivo, adiposo e outros); fornecer proteção a órgãos vitais; ser depósito de minerais (principalmente cálcio e fósforo), que podem, assim, ser mobilizados ou armazenados pelo organismo; auxilia na formação de células sanguíneas a partir da função da medula óssea; intervém como auxiliar da locomoção.
Mas porque devemos ter tantos cuidados ao segurar e cuidar de nossos bebês? Um bebê nasce com cerca de 300 ossos. No entanto, com o passar do tempo, alguns ossos do crânio se fundem. Assim, o crânio da criança recém-nascida é dividido em uma quantidade maior de ossos, unidos por cartilagem que, com o tempo, vão se solidificando a partir do processo de ossificação.
O esqueleto do corpo é composto de ossos e cartilagens e tem duas partes principais. Uma delas é o esqueleto axial, que consiste nos ossos da cabeça (crânio), do pescoço (vértebras cervicais) e do tronco (costelas, esterno, vértebras e sacro); e o esqueleto apendicular, que consiste nos ossos dos membros, incluindo aqueles que formam os cíngulos do membro superior e do membro inferior.
O crescimento do esqueleto é crucial para a determinação da estatura. A formação do esqueleto ósseo começa por volta da sexta semana de vida intrauterina, persistindo durante a adolescência. Em alguns ossos, o crescimento se estende até aproximadamente os 25 anos, sendo denominado ossificação.
O sistema muscular agora é nosso foco. Você sabia que cerca de metade do peso corporal de um indivíduo é atribuída aos músculos, sendo aproximadamente 600 deles? Esses músculos estão distribuídos entre membros inferiores, tronco, membros superiores e cabeça, incorporando-se às diversas estruturas do corpo, em geral. O movimento humano, independentemente de sua natureza voluntária ou involuntária, é um complexo resultado de uma ampla gama de movimentos musculares. Esses, por sua vez, segregam-se em três categorias fundamentais: estriado esquelético, cardíaco e liso, permitindo, assim, uma classificação dos músculos com base nas células e na estrutura histológica.
A primeira função primordial do tecido muscular é a produção de movimentos corporais. Essa capacidade é essencial para movimentos amplos, como caminhar e correr, bem como para atividades mais específicas, como segurar um objeto, ou realizar movimentos coordenados, como digitar ou acenar com a cabeça. A harmonia entre músculos esqueléticos, ossos e articulações é essencial para essas ações coordenadas.
Além disso, o tecido muscular contribui significativamente para a estabilização das posições corporais. As contrações dos músculos esqueléticos desempenham um papel crucial na estabilização das articulações, permitindo que o corpo se mantenha em pé ou em outras posições, como sentado. Músculos posturais, por exemplo, estão constantemente contraídos para manter a cabeça ereta ou sustentar a postura durante atividades diárias.
Outra função importante é o envolvimento do tecido muscular no armazenamento e na movimentação de estruturas como esfíncteres, que desempenham um papel crucial no controle do fluxo de substâncias em órgãos ocos. Esse processo permite o armazenamento temporário de alimentos no estômago, armazenamento de urina na bexiga urinária e regula o fluxo sanguíneo por meio das contrações do músculo cardíaco e do músculo liso nos vasos sanguíneos.
O sistema endócrino é composto por glândulas endócrinas que produzem e/ou secretam produtos químicos denominados hormônios. Esses são secretados no líquido intersticial que fica em volta das células, logo, os hormônios se difundem para os capilares sanguíneos e através do sangue são transportados por todo nosso corpo até alcançar as células-alvo, que têm receptores específicos que se ligam aos hormônios específicos e desencadeiam uma resposta biológica.
A regulação da secreção dos hormônios é controlada por sinalização do sistema nervoso, por alterações químicas no sangue e por outros hormônios. Portanto, quando uma glândula endócrina é estimulada, ela secreta o hormônio, aumentando a sua concentração na corrente sanguínea; quando há ausência de estimulação da glândula endócrina, os níveis hormonais diminuem. As glândulas endócrinas – glândula hipófise, glândula tireoide, glândulas paratireoides, glândulas suprarrenais e a glândula pineal – ficam distribuídas em nosso corpo. Porém, existem órgãos e tecidos endócrinos secretores de hormônios, a saber: hipotálamo, pâncreas, ovários, testículos, timo, rins, estômago, fígado, intestino delgado, pele, coração, tecido adiposo e placenta.
E o sistema nervoso, tão importante para os processos de aprendizagem? A importância do sistema nervoso se dá em razão de esse sistema controlar e ordenar as funções do nosso corpo humano. Perceba que, quando acontece um estímulo, o nosso sistema nervoso responde de alguma forma. O tecido nervoso é formado pelos neurônios e pelas células gliais, que ocupam os espaços entre os neurônios, com funções de sustentação e revestimento, além de modular as atividades neuronais e de defesa. No sistema nervoso, a unidade morfofuncional é o neurônio. Neurônios são células extremamente excitáveis, que se comunicam entre si ou com células efetuadoras. Apesar de ser de alta complexidade, os neurônios são divididos em três tipos: aferente e eferente, órgão efetuador e de associação.
O neurônio do tipo aferente tem a função de levar as informações (modificações no ambiente externo para o meio interno) ao sistema nervoso central; o eferente leva o impulso elétrico para o órgão efetuador, que pode ser um músculo ou uma glândula; o de associação realiza a conexão entre os neurônios, sendo eles de maior quantidade no ser humano, pois permitem desenvolver as funções psíquicas.
O sistema nervoso é dividido em parte central, que corresponde ao sistema nervoso central, e parte periférica, que corresponde ao sistema nervoso periférico, além de uma divisão autônoma em duas partes: a simpática e a parassimpática. Existem neurônios de tamanhos variados, alguns propagando impulsos em curtas distâncias no sistema nervoso central (SNC), enquanto outros, os maiores do corpo, estendem-se por longas distâncias. Os impulsos nervosos percorrem essas extensões a velocidades que variam de 0,5 a 130 m/segundo.
Para ressaltar, Vigotsky (2009), em sua obra Imaginação e criação na infância, descreve que o desenvolvimento da criança está relacionado a uma apropriação da cultura, levando-nos a compreender o aspecto social do indivíduo, que, a partir de suas vivências, carrega consigo um aprendizado histórico-social que influi em seu processo de imaginação e, consequentemente, em seu processo de criação na infância. Esse autor ainda destaca a plasticidade do organismo, que é capaz de armazenar suas experiências e transformá-las.
Para Vigotsky (2010), a educação é a modificação de comportamentos hereditários e a transmissão de novas reações, e essas ações responsivas do organismo necessitam de um estímulo qualquer, que são captados através do sistema nervoso e devolvidos em forma de reação.
Siga em Frente...
Análise maturacional
A maturidade é um processo operacional, pois não pode ser mensurado ou observado de maneira direta. Esse processo varia de indivíduo para indivíduo no que diz respeito ao estado de maturidade atingido para determinada idade em relação a quando os eventos maturacionais acontecem (timing) e na duração do processo como um todo. As mudanças que fazem parte do processo maturacional, como alterações morfológicas, alterações das proporções de composição corporal dos distintos tecidos, como muscular, ósseo e adiposo, e alterações funcionais dos sistemas do organismo influenciam o desempenho motor.
Comumente, os métodos mais utilizados para avaliar a maturação biológica são: maturação esquelética, sexual e somática. Esses três indicadores se correlacionam razoavelmente entre si.
A partir dos indicadores da maturidade esquelética, podemos obter três informações que nos auxiliam a compreender o estado maturacional de um indivíduo em determinado período da vida: a) aparência dos centros ósseos visíveis em radiografias, ou seja, é possível verificar a substituição da cartilagem por tecido ósseo; b) definição e caracterização do formato do osso, demonstrando um aspecto gradual de tecido ósseo adulto; c) união das epífises com suas respectivas diáfises. O método Greulich-Pyle consiste em comparar radiografias da mão e do punho com radiografias-padrão, de acordo com a idade cronológica. Assim, a idade esquelética da criança é a idade identificada na radiografia-padrão.
A avaliação da maturidade sexual baseia-se nas caraterísticas sexuais secundárias, ou seja, no desenvolvimento dos seios e na menarca em meninas; e no desenvolvimento dos órgãos genitais (pênis e testículos) nos meninos; e aparecimento dos pelos púbicos tanto nas meninas como nos meninos. No entanto, a avaliação da maturidade sexual por meio das características secundárias se torna limitada, uma vez que se restringe à fase puberal do crescimento e da maturidade.
A maturação somática pode ser utilizada como um indicador da maturidade biológica, baseando-se no pressuposto de que alterações na velocidade de crescimento e de outras medidas corporais refletem no progresso maturacional. Durante o estirão de crescimento que ocorre na adolescência, é verificada uma aceleração do crescimento em meninas, por volta dos 9 ou 10 anos de idade, atingindo um pico por volta dos 12 anos e cessando por volta dos 16 anos. Por outro lado, em meninos, a aceleração inicia por volta dos 10 ou 11 anos, com pico por volta dos 14 anos, cessando por volta dos 18 anos. Ao analisar a evolução da estatura, é possível verificar uma curva de crescimento da altura, que possui vários parâmetros capazes de fornecer informações sobre o estirão e um indicador de maturidade somática. Assim, um dos indicadores de maturidade somática derivados desses parâmetros é a idade do pico de velocidade de crescimento em estatura (PVC).
A maturação dental é verificada na idade de surgimento dos dentes de leite e dos dentes permanentes, similar à avaliação esquelética. É realizado um raio-X de sete dentes em um quadrante da boca e eles são avaliados de acordo com critérios comuns a um dente conforme seus estágios específicos. São atribuídas pontuações para cada estágio, e a soma dos pontos estima uma indicação para a maturidade dental (MALINA; BOUCHARD; BAR-OR, 2009). De maneira geral, os indicadores de maturidade somática, sexual e esquelética relacionam-se positivamente entre si, ou seja, quando a criança está avançada em algum indicador, ela se encontra avançada nos outros também. No entanto, a maturidade dental não se relaciona de maneira positiva com esses indicadores, tornando-a independente deles.
Desenvolvimento das capacidades físicas
Como as crianças correm, não é mesmo? Lembra-se de seu recreio escolar: correria, pular corda, brincar com elástico... Todas essas ações pressupõem a capacidade física e motora para realizá-las, para seu aprendizado.
Capacidade motora refere-se ao potencial físico, qualidades inatas que determinado indivíduo apresenta para desenvolver uma habilidade motora, que, por sua vez, é uma forma de movimento específico voluntário, aprendido e orientado para um objetivo específico. Cada pessoa possui capacidades motoras diferentes, que potencializam ou limitam suas possibilidades de tornar-se
habilidosa na execução de alguma tarefa motora. O modelo tradicionalmente utilizado é o proposto por Gundalach (1968), que as divide em capacidades condicionantes e capacidades coordenativas. As capacidades motoras condicionantes são determinadas por componentes da eficiência do metabolismo energético, ou seja, processos que conduzem à obtenção e à transformação de energia nos músculos e sistemas orgânicos: a força, a resistência, a velocidade, flexibilidade. As capacidades coordenativas referem-se aos processos de condução nervosa responsáveis por organizar, regular e controlar o movimento, considerando desde processos da elaboração da informação até de controle da execução desenvolvidos por meio de analisadores táteis, visuais, acústicos, estático-dinâmicos e cinestésicos, constituindo-se, portanto, como base para o aprendizado, a execução e o domínio das ações motoras, como o ritmo, a diferenciação sensorial e a coordenação motora.
Vamos Exercitar?
Estudante, a orientação das famílias a partir do olhar docente que cuida, acompanha e educa é sempre fundamental. Em muitas realidades, principalmente em comunidades mais carentes, o professor passa a cumprir um papel ainda mais importante, e a orientação dos pais por esse profissional se torna essencial.
Nós aprendemos que cada criança se desenvolve em seu ritmo, em seu tempo. Todas elas possuem um desenvolvimento único, que é resultado de questões genéticas e também de fatores externos.
Nessa dimensão dos fatores externos, entra muito a atuação pedagógica, pois é nossa função a organização e sistematização das práticas pedagógicas, do ambiente de ensino e da construção da rotina escolar. Como exposto em nossa situação para análise, você faz parte do projeto escolar "Crescer e desenvolver, juntos!" e você está sempre buscando um olhar diferenciado para o seu aluno.
Em sua turma da creche-berçário, você percebe que um de seus alunos perto de completar 9 meses ainda não consegue sentar. Com orientação e apoio dos demais colegas, vocês marcam uma reunião com os pais. Essa reunião possui um papel importante na orientação aos pais. Muitas vezes, as crianças passam o período do dia todo na escola, e o olhar do professor que cuida e educa deve ser construído a partir de muitas lentes teóricas. Nessa reunião, vocês explicam sobre a maturação, abordando que cada criança possui um ritmo diferente, mas alguns pontos são sinais importantes que devem ser considerados. Nessa fase de 8 para 9 meses, a maturação do sistema esquelético e até mesmo do sistema nervoso já possibilita à criança o controle de tronco, e sentar seria uma tarefa a ser demonstrada pela criança.
Uma das orientações possíveis é quanto ao fator externo, ou seja, a estimulação. Os pais precisam ser orientados sobre como a estimulação é fundamental para o desenvolvimento e a maturação da criança. Essa situação pode ser apenas a falta de estimulação. ou de organização do ambiente para isso, e as famílias também precisam saber seu papel. E muitas vezes a orientação pedagógica ajuda nesse processo. A busca por ajuda especializada, como a pediatria, também é uma orientação importante, até porque a ausência de algum comportamento esperado pode indicar múltiplas situações.
Saiba Mais
Para saber mais sobre a temática que relaciona desenvolvimento humano e aspectos educacionais, acesso o seguinte livro: Desenvolvimento humano: intervenções neuromotoras e educacionais de Henrique e Silva (2021).
Referências Bibliográficas
GUNDLACH, H. Systembeziehungen korperlichen fahigkeiten un fertikeiten. Theorie un Praxis der Korperkultur, v. 17, n. 2, 1969.
HAYWOOD, K.; GETCHEL, N. Desenvolvimento motor ao longo da vida. Porto Alegre: Artmed, 2010.
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2023.
VAN DE GRAAFF, K. M. Anatomia humana. Barueri: Manole, 2013.
VIGOTSKY, L. S. Imaginação e criação na infância. São Paulo: Ática , 2009.
VIGOTSKY, L. S. Psicologia pedagógica. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.
Aula 3
Crescimento e Desenvolvimento de Zero a Cinco Anos
Crescimento e Desenvolvimento de Zero a Cinco Anos
Olá, estudante! Nesta videoaula, você aprenderá sobre as principais características do desenvolvimento motor humano em cada uma das seguintes fases da vida, de modo especial na primeira infância, destacando as fases reflexivas e rudimentares.
Esse conhecimento é importante para construir ambientes e práticas pedagógicas que estimulem o desenvolvimento motor, permitindo, assim, uma intervenção pedagógica que contemple o corpo e movimento de modo especial nos primeiros anos de vida.
Boa aula!
Ponto de Partida
Estudante, é de fundamental importância um bom acompanhamento do desenvolvimento motor da criança, principalmente nos primeiros anos de vida, como a primeira infância, que vai de zero a cinco anos. Isso possibilita, por exemplo, o diagnóstico de doenças motoras em estágios iniciais, o que pode facilitar o tratamento e torná-lo muito mais rápido. Lembrando que um bom desenvolvimento motor repercute na vida futura da criança, nos aspectos sociais, intelectuais e culturais.
Na escola de Educação Infantil onde você atua, existe o projeto "Crescer e desenvolver, juntos!" com o objetivo de buscar conhecimentos e oferecer apoio aos alunos, pais e demais colegas da comunidade escolar quanto aos conhecimentos que envolvem o crescimento e desenvolvimento dos alunos, debatendo as dimensões corporais e motoras.
Após uma reunião do projeto, busca-se focar nos estímulos e na criação de ambientes e materiais pedagógicos voltados para as crianças que estão nas fases reflexivas e rudimentares do desenvolvimento motor. Portanto, é importante saber as características específicas de cada uma dessas fases e como propor a melhoria da ação pedagógica de todos os professores da escola.
Boa aula!
Vamos Começar!
Um importante conceito para avançarmos em nossos estudos é o de comportamento motor, que está ligado ao domínio psicomotor, o qual abarca os processos de mudanças físicas e fisiológicas na estrutura do organismo e no funcionamento neuromuscular, no qual o movimento "é resultado de processos mediados cognitivamente em centros superiores (córtex cerebral), de atividades reflexas em centros inferiores do cérebro ou de respostas automáticas do sistema nervoso central." (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013, p. 31). Esse conceito de domínios do comportamento foi sistematizado com o intuito de estabelecer um esquema de classificação do comportamento como facilitador do processo educacional.
Um conceito importante nesse contexto teórico é o de aprendizagem motora, processo pelo qual adquirimos a capacidade de solução de problemas motores. Como resultado, produzem-se alterações consistentes no comportamento motor a partir da relação entre experiência vivenciada, educação e treinamento com processos biológicos do indivíduo. A aprendizagem implica uma sequência de esforços conscientes para elaboração, execução, avaliação e modificações de ações motoras a cada tentativa de solucionar os problemas (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013; TANI, 2008). Portanto, estudante, como você pode perceber, a aprendizagem do movimento deve ser algo pensado e estruturado em suas práticas pedagógicas, principalmente nos contextos da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental, etapas em que você poderá atuar mais diretamente com a dimensão do corpo e do movimento, e também com o componente Educação Física.
Uma série organizada de movimentos relacionados, como levantamento do braço, abdução da perna ou flexão do quadril, determina um padrão de movimento. Em outras palavras, é o desempenho de um movimento isolado. Quando esses movimentos isolados de dois ou mais segmentos corporais combinam-se, eles formam um padrão de movimento fundamental, por exemplo, correr, saltar ou girar. O grau de precisão, exatidão, controle e eficiência no qual se realiza um padrão de movimento fundamental é chamado de habilidade de movimento (GALLAHUE; OZMUN, 2005).
Habilidade de movimento considera as características do movimento visíveis a olho nu. Por isso a importância de você conseguir identificar em uma atividade, como brincadeira de pular corda ou lançar uma bola para o colega, se aquele aluno possui habilidade para aquela tarefa motora.
Gallahue e Ozmun (2005) enfatizam o produto do desenvolvimento motor, levando em consideração: a função da tarefa nas três categorias unidimensionais de movimento – estabilidade, locomoção e manipulação; e as fases de desenvolvimento proposto por seu modelo teórico – fase motora reflexa, rudimentar, fundamental e especializada.
O Modelo teórico de Gallahue (1982) foi formulado a partir do método dedutivo, portanto ele integra fatos existentes e responde a hipóteses estáveis por meio de evidências empíricas que se relacionam com o tema estudado. Quando experimentalmente testadas, produzem resultados que apoiam e sustentam a teoria. Esse modelo serve para caracterizar o fenômeno do desenvolvimento motor, porém não consiste em uma teoria abrangente, é um instrumento heurístico, um modelo conceitual que fornece orientações gerais sobre o comportamento motor (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013). Veja a figura seguir.
Fonte: adaptada de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013, [s. p.]).
A areia introduzida na ampulheta representa a substância da vida, que é proveniente da biologia individual, da hereditariedade e também do ambiente. Destacamos para você que o ambiente não é condição predeterminada, ou seja, pode oferecer uma quantidade ilimitada de areia ao indivíduo. As ampulhetas devem ser visualizadas como multidimensionais, pois têm largura, altura e profundidade, trabalhando no espaço e no tempo. Os pilares dela se manifestam em torno de domínios motor, cognitivo e socioafetivo, considerando, dessa forma, a interação de uma ampla variedade de fatores (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013).
Gallahue afirma que determinados comportamentos motores de um indivíduo podem se encontrar em uma fase de desenvolvimento motor, enquanto outros encontram-se em outra fase distinta, portanto pode-se afirmar que "é um processo descontínuo que ocorre dentro de um sistema auto-organizado." (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013, p. 68). Alguns fatores podem aparecer no sentido das restrições do movimento:
- Restrições estruturais do indivíduo: estrutura corporal do indivíduo, como altura, peso e massa muscular.
- Restrições funcionais do indivíduo: função comportamental, como medo, motivação, experiência, atenção e foco.
- Restrições do ambiente: temperatura, luminosidade, umidade, altitude, gravidade, tipo de superfícies, costumes, cultura, contexto socioeconômico e contexto político.
- Restrições da tarefa: regras, objetivos da tarefa e equipamentos.
Siga em Frente...
Fase motora reflexiva
A fase motora reflexiva ocorre desde o ventre materno e vai até os quatro meses de vida. A fase motora reflexiva é o estágio inicial do desenvolvimento motor, no qual os movimentos são reflexos involuntários e controlados subcorticalmente. Tais movimentos não são aprendidos; são as primeiras manifestações de movimentação humana e são reações originadas por alterações na pressão, na visão, nos sons ou por estímulos táteis.
Os movimentos reflexos podem ser classificados em: reflexos primitivos, que são aqueles mecanismos de sobrevivência primitivos associados à obtenção de alimento e proteção, como movimentos de fixação, sucção, reflexo de galant ou preensão palmar; e reflexos posturais, que fazem lembrar movimentos voluntários e, automaticamente, fornecem ao indivíduo a manutenção de uma postura ereta em relação ao seu ambiente, por exemplo, reflexo de levantamento, marcha reflexa, reflexo de amortecimento ou reflexo corretivo do pescoço.
A fase do movimento reflexo apresenta dois subestágios: o estágio de codificação de informações e o estágio de decodificação de informações. No estágio de codificação de informações, os centros cerebrais inferiores provocam reações involuntárias a variados estímulos, que servem como recurso de coletar informações, buscar nutrição e proteção por meio dos movimentos reflexos. Essas informações são coletadas e armazenadas no córtex cerebral em desenvolvimento.
Se no estágio de codificação as reações apareciam como resposta a estímulos sensoriais, ou seja, a atividade era sensório-motora, agora, no estágio de decodificação, a resposta aparece pelo processamento dos estímulos sensoriais associados às informações armazenadas, que definem a atividade perceptivo-motora. Essa capacidade de processamento de informações direciona para a próxima fase, na qual, com o desenvolvimento dos centros cerebrais secundários, as reações provocadas pelos centros inferiores são gradualmente substituídas pela atividade dos movimentos voluntários controlados pela área motora do córtex cerebral.
Fase motora rudimentar
A fase motora rudimentar é marcada pelos primeiros movimentos voluntários e se estende dos primeiros meses de vida até os dois anos, quando a criança já responde aos estímulos de forma espontânea e já domina suas ações e movimentos. Portanto, é caracterizada pelo aparecimento de movimentos voluntários básicos necessários para a sobrevivência, chamados de rudimentares. Habilidades de movimento rudimentares podem ser: controle de cabeça, do pescoço e do tronco; alcançar agarrar e soltar; arrastar-se, engatinhar ou caminhar.
O processo de desenvolvimento durante a fase rudimentar distingue-se em duas subfases progressivas: estágio de inibição de reflexos e estágio de pré-controle.
a. Estágio de inibição de reflexos
O desenvolvimento do córtex cerebral, somado às mudanças de determinadas restrições do ambiente, resulta na inibição gradual dos movimentos reflexos, os quais são substituídos por movimentos voluntários. Os movimentos dessa fase são descontrolados e grosseiros, pois, apesar de serem voluntários, o sistema neuromuscular ainda não está desenvolvido o bastante para refinar o movimento e determinar precisão e controle, encontrando-se em um estado rudimentar de desenvolvimento.
b. Estágio de pré-controle
Essa fase é marcada pelo refinamento e pela rápida aquisição de novas habilidades de movimentos rudimentares. O desenvolvimento cognitivo, sensorial, neuromotor e perceptivo do ser humano acompanha e encoraja o nível de precisão e controle dos movimentos rudimentares.
Portanto, estudante, existe a grande necessidade de organizar e proporcionar um ambiente estruturado na educação das crianças, principalmente na educação infantil, repleto de estímulos e experiências que potencializem o desenvolvimento de habilidades motoras de forma a conseguir realizar movimentos de locomoção, manipular objetos, explorar o ambiente, conhecer sensações e ter estabilidade em movimentos fundamentais, bem como adquirir novas habilidades motoras e aprimorá-las conforme o ciclo de seu desenvolvimento. Sobre as atividades organizadas, Rodrigues et al. (2013, p. 50) afirmam que
devem ser organizadas de forma a garantir que habilidades motoras sejam adquiridas e refinadas de acordo com o esperado para a idade da criança. Portanto, atividades organizadas [...] devem ser estruturadas para garantir que o desenvolvimento pleno seja alcançado, considerando as necessidades e competências motoras esperadas nos respectivos períodos desenvolvimentais.
Vamos Exercitar?
No projeto "Crescer e desenvolver, juntos!", a escola está sempre criando uma intervenção pedagógica de qualidade e olhando para seus alunos em toda sua complexidade. As dimensões motoras são fundamentais, principalmente nos dois anos primeiros de vida.
Após debaterem sobre a importância do desenvolvimento motor na Educação Infantil, chega-se à conclusão de que é necessário dividir o ensino de habilidades a partir de critérios definidos por faixas etárias com seus respectivos objetivos, levando em consideração as características essenciais das crianças. Assim, de zero a dois anos, é elencada a importância de desenvolver e fortalecer a atuação docente nas atividades para estimular e promover um ambiente rico para o estágio de codificação e decodificação de informações; e a partir do primeiro ano é estimulado o desenvolvimento de habilidades de movimento rudimentar do bebê.
A primeira infância é a fase em que a criança se encontra mais receptiva aos estímulos ambientais, e o desenvolvimento das habilidades motoras se dá de modo muito rápido e ainda mais destacado, em que os marcos motores aparecem com o controle de cabeça, o rolar, o arrastar e, mais tarde, o sentar, o engatinhar e a marcha no final do primeiro ano. Na etapa rudimentar, por exemplo, a criança se movimenta o tempo todo e também responde aos estímulos de forma espontânea, além de dominar suas ações e sus movimentos, possuindo um grande potencial de exploração do ambiente. Logo, o ambiente deve ser o mais favorável possível aos estímulos de diferentes aspectos motores.
Saiba Mais
Qual é o papel do professor no desenvolvimento motor de uma criança? Vamos focar justamente na etapa em que o profissional formado em Pedagogia atua: a Educação Infantil. Então, leia o artigo a seguir: O papel do professor no desenvolvimento motor da criança de 0 a 24 meses de Borks (2017).
Referências Bibliográficas
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. 3. ed. São Paulo, SP: Phorte, 2005.
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C; GOODWAY, J. D. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.
GALLAHUE, D. Understanding motor development. New York: John Wiley & Sons, 1982.
RODRIGUES, D. et al. Desenvolvimento motor e crescimento somático de crianças com diferentes contextos no ensino infantil. Motriz, Rio Claro, suplemento, v. 19, n. 3, 2013.
TANI, G. Abordagem desenvolvimentista: 20 anos depois. Revista da Educação Física/UEM, Maringá, v. 19, n. 3, 3. trim. 2008. pp. 313-331.
Aula 4
Crescimento e Desenvolvimento de 6 a 14 Anos
Crescimento e Desenvolvimento de 6 a 14 Anos
Olá, estudante! Nesta videoaula, você aprenderá sobre as principais características do desenvolvimento motor nas fases fundamentais e especializadas, assim como alguns processos de avaliação do desenvolvimento motor.
Contemplando desde ainda a primeira infância e indo até a fase da adolescência, esse conteúdo possibilita reconhecer a importância das fases anteriores bem desenvolvidas e da presença das dimensões do cultura corporal, além das práticas corporais nos conteúdos da educação básica.
Boa aula!
Ponto de Partida
O projeto "Crescer e desenvolver, juntos!" tornou-se uma referência em sua escola de compromisso pedagógico e orientação aos pais. Assim, muitos pais chegam à escola procurando vaga para seus filhos tendo como referência o olhar de cuidado e a educação ampliada.
A professora Viviane, que atua no P5 da Educação Infantil, realiza um trabalho fundamental para o processo de transição para os anos inicias do Ensino Fundamental, seja nos aspectos educacionais dos saberes específicos para essa etapa, seja nas dimensões sociais, afetivas e motoras.
Em sua turma, com alunos de cinco e seis anos, ela se preocupa com a realização de circuitos motores, jogos e brincadeiras. Nessa etapa etária, quais devem ser os principais aspectos enfocados pela professora em seu trabalho pedagógico?
Boa aula!
Vamos Começar!
Fase motora fundamental
Padrões de movimento fundamentais são reações a diversos estímulos desempenhados com controle motor e competência, os quais se aperfeiçoam gradualmente por meio do estímulo do aprendizado e geram crescente controle para a execução de movimentos discretos, em série e contínuos. A fase motora fundamental ocorre dos dois aos sete anos de idade. Segundo Clarke e Metcalfe (2002), as habilidades de movimentos fundamentais são o campo base da montanha do desenvolvimento motor que leva à plenitude das habilidades motoras.
A fase motora fundamental corresponde a um período de exploração e experimentação das capacidades do corpo. Durante esse período, descobrimos como desempenhar uma ampla variedade de movimentos estabilizadores, locomotores e manipulativos, com uma sequência de aprendizado do mais simples para o mais complexo, explorando, inicialmente, os movimentos isoladamente e, depois, de modo combinado.
A aquisição de uma habilidade fundamental passa por três estágios: inicial, elementar emergente e proficiente.
a) Estágio Inicial (dois a três anos)
Tal estágio corresponde às primeiras tentativas direcionadas para o objetivo de executar um movimento fundamental. Esses movimentos, durante esse estágio, caracterizaram-se por imperfeições técnicas, elementos que faltam ou que se apresentam em uma sequência imprópria, apresentando o uso limitado ou exagerado do corpo e fluxo rítmico, e da coordenação deficientes.
b) Estágio elementar emergente (quatro a cinco anos)
Neste estágio, a execução do movimento apresenta maior controle e melhor coordenação a partir do aprimoramento da sincronização de elementos temporais e espaciais que fazem parte
dele. Apesar dessas melhoras, ainda requerem um maior refinamento. Apresentam certos elementos restritos ou exagerados na execução. Muitas pessoas, sendo elas adultas ou crianças, não aperfeiçoam determinados padrões de movimento para o próximo estágio e não
vão além do estágio elementar.
c) Estágio proficiente (seis a sete anos)
O estágio proficiente é quando a execução dos movimentos fundamentais se torna madura por apresentar-se mecanicamente eficiente, coordenada e controlada. Para se alcançar esse estágio, o aprendizado é essencial, sendo que um ambiente rico e estimulante é capaz de potencializar o alcance da maturidade de uma ampla variedade de padrões de movimentos fundamentais.
Você deve estar pensando: "então, quer dizer que um padrão de movimento fundamental, quando alcança o estágio proficiente, atinge a execução perfeita". Apesar de ser mecanicamente eficiente, coordenado e controlado, por meio da prática contínua, ambiente estimulante, encorajamento e instrução, o desempenho do padrão de movimento torna-se cada vez mais eficiente, melhorando em termos os componentes do produto-distância, rapidez, quantidade e precisão (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013).
Siga em Frente...
Fase motora especializada
Essa fase é o resultado da fase anterior, pois, a partir da maturidade dos movimentos, eles se tornam uma ferramenta que, conscientemente, aplicaremos em atividades motoras de maior complexidade, em distintos contextos de nossas vidas. É um período em que as habilidades de movimento são progressivamente refinadas, combinadas e pensadas para serem aplicadas em
situações de crescente exigência e múltiplos contextos, que ocorre de sete a 14 anos de idade. A fase motora especializada compõe-se de três estágios: estágio transitório, estágio de aplicação e estágio de utilização ao longo da vida.
a) Estágio de transição (sete a dez anos)
Durante esse estágio, exploram-se a combinação e a aplicação de habilidades fundamentais em formas mais específicas e complexas, por exemplo, brincadeiras, jogos e situações de vida diária.
Essas habilidades, nesse estágio, apresentam-se com forma, precisão e controle mais refinados do que no estágio anterior.
b) Estágio de aplicação (11 a 13 anos)
A característica dessa fase é a capacidade do indivíduo de tomar decisões de aprendizado e participação em atividades motoras fundamentadas em fatores da tarefa, individuais e ambientais. A crescente sofisticação cognitiva, associada a uma ampliada base de experiências, faz o indivíduo ser capaz de perceber como os fatores inerentes à tarefa, a si mesmo e ao ambiente aumentam ou inibem a probabilidade de sucesso e satisfação.
c) Estágio de utilização ao longo da vida (14 anos e acima)
Esse é o estágio auge do processo de desenvolvimento motor. É caracterizado pelo uso de todo o repertório motor adquirido ao longo de toda sua vida. "Interesses, competências e escolhas feitas na fase anterior são adquiridos, e, mais tarde, refinados e aplicados a atividades cotidianas, recreativas e esportivas ao longo da vida." (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013, p. 74)
Nessas etapas aqui estudadas, que vão desde a primeira infância até a fase da adolescência, associadas ao desenvolvimento cognitivo, perceptivo e socioafetivo, o desenvolvimento na capacidade individual de explorar as potencialidades motoras do corpo, tendo como base os movimentos rudimentares adquiridos até então. Para uma criança cognitiva e fisicamente normal, a progressão de um estágio a outro de maneira sequencial sofre influência tanto da maturação quanto da experiência.
O contexto, as condições ambientais, as oportunidades de prática e a instrução são essenciais para o desenvolvimento de padrões proficientes de movimentos fundamentais (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013). "O processo de desenvolvimento motor ocorre em ambientes sociais de brincadeiras, jogos, atividades físicas e esportes e, portanto, é influenciado pelo ambiente cultural do indivíduo." (GALLAHUE; OZMUN, 2005, p. 414).
Já na fase da adolescência, há rápidas mudanças de ordem física, maturacional, cognitiva, psicológica, socioafetiva e moral, as quais marcam a transição da infância para a idade adulta. Sofisticação cognitiva crescente e a base ampliada de experiências durante a adolescência tornam o indivíduo capaz de atingir o estágio de aplicação e o de utilização ao longo da vida da fase motora especializada.
Avaliação das habilidades motoras fundamentais
O período da infância compreende a fase inicial, dos dois aos seis anos de idade, e a fase final, dos seis aos dez anos de idade aproximadamente (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013). De acordo como o modelo teórico de Gallahue (1982), por volta dos dois aos seis anos, a criança melhora o controle das habilidades manipulativas e locomotoras, realizando a partir delas uma infinidade de ações independentes.
Com isso, essa fase inicial da infância é um período de muitas experiências de uma variedade de tarefas motoras, sendo que a aquisição de competências das habilidades motoras fundamentais é a tarefa de desenvolvimento mais importante nessa fase. As habilidades motoras fundamentais adquiridas nessa fase são a base para o desenvolvimento e refinamento de outros movimentos e combinações de movimento (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013; MALINA; BOUCHARD; BAR-OR, 2009).
A partir dos seis anos de idade, uma criança dentro das condições de normalidade apresenta a estrutura neurológica, anatômica e fisiológica, assim como os sistemas cognitivo e perceptivo suficientemente desenvolvidos para progredir da fase de habilidades motoras fundamentais para a fase motora especializada. Diante disso, a partir dessa idade, é comum começar o envolvimento com determinadas práticas esportivas, marcando, assim, o início da fase motora especializada (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013).
A adolescência é definida como o período de transição entre a infância e a idade adulta, o qual envolve mudanças biológica, socioemocionais e cognitivas. A sofisticação cognitiva e a base ampliada de experiências durante a adolescência tornam o indivíduo capaz de progredir entre os estágios da fase motora especializada (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013; MALINA; BOUCHARD; BAR-OR, 2009).
Com isso, a realização de testes para a identificação dos estágios motores e de capacidades motoras é importante para identificar se o aluno está se desenvolvendo de acordo com seu crescimento, desenvolvimento e a maturação.
Existem diversos testes que podem ser realizados para identificar os padrões de movimento de crianças e adolescentes, e também medir suas capacidades motoras.
A Educação Física e os profissionais que trabalham com a psicomotricidade possuem uma grande expertise para essa tarefa de avaliação motora. Para conhecimento, trazemos um teste que pode ser aplicado com mais facilidade.
Sequência de desenvolvimento das habilidades motoras fundamentais
É utilizado para descrever os padrões típicos das habilidades específicas de manipulação e locomoção de crianças. As avaliações são rápidas, desenvolvimentais, válidas e confiáveis. A avaliação consiste em uma análise do movimento e comparação a uma figura padrão, contendo entre quatro e cinco estágios. Dentre os movimentos de manipulação, são analisados o arremesso, a pegada, o chute, o voleio e a rebatida. Os movimentos de locomoção são: corrida, galope, skipping, salto horizontal e saltitar.
As avaliações podem ser feitas observando o movimento do corpo inteiro (sequência do corpo inteiro) ou por segmentos do corpo, como braços, tronco ou pernas (sequência dos componentes). Diante disso, o indivíduo pode se encontrar no estágio inicial para os movimentos do tronco e estágio emergente para os movimentos dos braços, por exemplo (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013).
Na figura a seguir, são demonstrados o chute como exemplo de movimento manipulativo e a corrida como exemplo de movimento de locomoção.
Assim, após análise do movimento e sua comparação com as imagens da figura apresentada, os movimentos podem ser classificados em estágios, sendo que o estágio 1 é o estágio inicial; os estágios de 2 a 4 podem ser classificados como emergentes; e o último é o proficiente, que se refere a uma mecânica eficiente na realização do movimento. Esse teste pode ser realizado com o auxílio de uma câmera de vídeo e ser visto diversas vezes e por diferentes avaliadores (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013).
Vamos Exercitar?
Estudante, no projeto "Crescer e desenvolver, juntos!", a escola está sempre inovando e dando suporte pedagógico aos seus professores. A capacitação constante e o estudo coletivo de situações problemas e de casos reais na escola ajudam no processo de fortalecimento das práticas escolares.
Em sua turma de P5, a professora Viviane possui uma atenção e um olhar capacitado para essa importante fase de transição, seja nas etapas da Educação Básica (da Educação Infantil para os anos iniciais do Ensino Fundamental), seja na transição da fase motora fundamental para a fase motora especializada. Os alunos estão, dentro da fase fundamental, entre os estágio elementares emergentes (quatro e cinco anos) e o estágio proficiente (seis e sete anos).
Compreendendo a importância de seu trabalho pedagógico no aspecto motor, a professora Viviane até mesmo pessoas adultas ou crianças chegam a não aperfeiçoar determinados padrões de movimento para o próximo estágio e não vão além do estágio elementar. Assim, o desenvolvimento motor não ocorre de modo natural, como um código genético, ele precisa de um ambiente externo que propicie seu desenvolvimento.
É esse o papel fundamental da atuação docente, para que seus alunos possam construir padrões de movimentos como maior controle e melhor coordenação, a partir do aprimoramento da sincronização de elementos temporais e espaciais que fazem parte dele. Assim, a execução dos movimentos fundamentais se torna madura por apresentar-se mecanicamente eficiente, coordenada e controlada.
O ambiente de aprendizado deve ser rico e estimulante, sendo capaz de potencializar o alcance da maturidade de uma ampla variedade de padrões de movimentos fundamentais.
Saiba Mais
O artigo a seguir destaca a importância do trabalho focado no desenvolvimento motor, no conhecimento da aplicação de atividades que explorem o movimento considerando o aspecto das fases e estágios, adequando-as às necessidades de aprendizagem das crianças na pré-escola.
Atividades motora no ensino de educação infantil de Silva e Freitas (2022)
Referências Bibliográficas
CLARK, J. E.; METCALFE, J. S. (2002). The mountain of motor development: A metaphor. In: J. E. CLARK, J. E.; HUMPHREY, J. H. (Eds.). Motor development: Research and reviews, v . II (163-190). Reston, Va: NASPE.
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. 3. ed. São Paulo, SP: Phorte, 2005.
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C; GOODWAY, J. D. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.
GALLAHUE, D. Understanding motor development. New York: John Wiley & Sons, 1982.
MALINA, R. M.; BOUCHARD, C.; BAR-OR, O. Crescimento, maturação e atividade física. São Paulo: Phorte, 2009.
Encerramento da Unidade
Crescimento e Desenvolvimento
Videoaula de Encerramento
Olá, estudante! Nesta videoaula, você compreenderá os aspectos biológicos, genéticos e ambientais que impactam no desenvolvimento corporal e no aspecto motor. A escola é um dos mais importantes espaços para o desenvolvimento motor dos alunos.
Os conhecimentos sobre os aspectos do desenvolvimento, do crescimento e da maturação, assim como as fases motoras dos estudantes, ampliam e enriquecem o olhar cultural com a dimensão biológica.
Na função docente e pedagógica, conhecer essas bases conceituais é se apropriar de saberes que realmente orientam e fundamentam a prática docente no planejamento e desenvolvimento de atividades que envolvem a cultura motora e os conteúdos da Educação Física na escola.
Prepare-se para essa jornada de conhecimento. Vamos lá!
Ponto de Chegada
Estudante, o crescimento físico refere-se ao aumento quantitativo do tamanho do corpo ou de partes específicas, ocorrendo desde a concepção até a adolescência. Envolve a hiperplasia (aumento no número de células), hipertrofia (aumento das células) e agregação (ligação de substâncias intercelulares) celulares. Esse processo é influenciado pela idade e pelo tecido envolvido, seguindo uma direção céfalo-caudal e próximo-distal.
A maturação, por sua vez, envolve aspectos qualitativos na constituição biológica, como mudanças nos sistemas corporais e na composição bioquímica. É determinada geneticamente, mas pode ser influenciada pelo ambiente. A ordem dos eventos de maturação é fixa, embora o ritmo possa variar, sendo influenciado por estímulos e aprendizagem.
O desenvolvimento humano é um processo complexo que envolve interações entre o indivíduo e o ambiente, abrangendo desde processos biológicos até socioculturais. Esse processo é caracterizado por períodos de desajuste seguidos por períodos de ajuste, resultando em novas habilidades e características. As potencialidades do indivíduo se desdobram para a consolidação de habilidades, traços e características relacionadas ao crescimento, à maturação, à aprendizagem e à realização.
Os diferentes domínios do desenvolvimento humano incluem o físico-motor, cognitivo, socioafetivo e moral. O desenvolvimento motor, em particular, refere-se à sequência de mudanças no comportamento motor ao longo da vida, influenciado por fatores biológicos, necessidades da tarefa e ambiente.
O crescimento é o aumento quantitativo do corpo ou de partes específicas, enquanto a maturação é o desenvolvimento qualitativo determinado geneticamente, mas influenciado pelo ambiente. O desenvolvimento humano é um processo amplo que abrange interações entre o indivíduo e o ambiente, manifestando-se em diferentes domínios, como o físico-motor.
Os conhecimentos sobre aspectos fisiológicos é fundamental para completar os olhares e saberes sobre os alunos. O sistema esquelético, formado a partir da cartilagem embrionária, consiste em tecido ósseo vivo, desempenhando funções essenciais como sustentação, proteção de órgãos vitais, armazenamento de minerais e produção de células sanguíneas. O crânio de um recém-nascido possui uma quantidade maior de ossos unidos por cartilagem que se solidificam ao longo do tempo por ossificação. O esqueleto humano é dividido em esqueleto axial, composto por ossos da cabeça, pescoço e tronco, e esqueleto apendicular, constituído pelos ossos dos membros. O sistema muscular, composto por aproximadamente 600 músculos, desempenha papéis cruciais na produção de movimentos corporais, na estabilização de posições e no armazenamento de substâncias. Existem três categorias fundamentais de músculos: estriado esquelético, cardíaco e liso.
O sistema endócrino, composto por glândulas endócrinas que secretam hormônios, regula funções corporais através da sinalização hormonal. As glândulas endócrinas, distribuídas pelo corpo, juntamente com órgãos e tecidos, secretam hormônios que desencadeiam respostas biológicas específicas.
O sistema nervoso, controlador das funções corporais, é formado por neurônios que transmitem impulsos nervosos. Dividido em sistema nervoso central e periférico, além das divisões simpática e parassimpática, é responsável pela percepção de estímulos e resposta do organismo.
O desenvolvimento infantil está relacionado à apropriação da cultura e às experiências vivenciadas, influenciando o processo de imaginação e criação na infância. Nesse processo de desenvolvimento corporal e do movimento, as fases de desenvolvimento motor são base para atuação docente.
A aprendizagem motora é um processo pelo qual adquirimos a capacidade de resolver problemas motores, resultando em mudanças consistentes no comportamento motor, influenciadas pela experiência, pela educação e pelo treinamento, juntamente com processos biológicos individuais. Esse processo implica esforços conscientes para elaborar, executar, avaliar e modificar ações motoras ao tentar solucionar problemas. A aprendizagem do movimento deve ser estruturada nas práticas pedagógicas, especialmente na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, em que a dimensão do corpo e do movimento é central.
Os padrões de movimento, como levantar o braço ou saltar, são combinações de movimentos isolados de diferentes segmentos corporais, formando padrões de movimento fundamentais, como correr ou girar. A qualidade com que esses padrões de movimento são executados é chamada de habilidade motora, visível a olho nu. Identificar habilidades motoras é crucial para avaliar se um aluno possui aptidão para determinada tarefa motora.
Como professores, devemos sempre considerar as fases de desenvolvimento propostas em seu modelo teórico. Esse modelo, derivado de evidências empíricas, caracteriza o desenvolvimento motor como multidimensional, influenciado por uma variedade de fatores.
Gallahue (s.d.) descreve as fases desenvolvimento motor. A fase motora reflexa é caracterizada por movimentos involuntários controlados subcorticalmente. A fase motora rudimentar é marcada pelo surgimento dos primeiros movimentos voluntários básicos necessários para a sobrevivência. Essas fases são progressivas, envolvendo a inibição de reflexos e o pré-controle motor.
A fase motora fundamental, que ocorre dos dois aos sete anos de idade, é caracterizada pela aquisição e pelo aprimoramento gradual de padrões de movimento fundamentais em resposta a diversos estímulos. Esses padrões, desenvolvidos com controle motor e competência, capacitam a execução de movimentos discretos, em série e contínuos, seguindo uma sequência de aprendizado do simples para o complexo e sendo a base do desenvolvimento motor, essenciais para a plenitude das habilidades motoras.
Durante a fase motora fundamental, a criança explora e experimenta suas capacidades motoras, aprendendo a desempenhar uma ampla variedade de movimentos estabilizadores, locomotores e manipulativos. Esse processo ocorre em três estágios: inicial, elementar emergente e proficiente. No estágio inicial, há a exploração inicial dos movimentos isolados; no estágio elementar emergente, ocorre a combinação e o aperfeiçoamento desses movimentos; e no estágio proficiente, a habilidade é executada com fluidez e precisão.
Após a fase motora fundamental, segue-se para a fase motora especializada, que ocorre dos sete aos 14 anos de idade. Nessa fase, as habilidades de movimento adquiridas anteriormente são refinadas e aplicadas conscientemente em atividades motoras de maior complexidade e em diversos contextos da vida. A fase motora especializada é composta por três estágios: estágio transitório, estágio de aplicação e estágio de utilização ao longo da vida.
Bons estudos!
É Hora de Praticar!
Em uma escola de Educação Infantil, uma pedagoga percebe que alguns alunos, especialmente com idades de idades entre quatro e cinco anos, estão apresentando dificuldades no desenvolvimento motor fundamental. Observa-se que muitas crianças têm dificuldades em realizar movimentos básicos, como correr, pular e lançar objetos, essenciais para sua interação e participação nas atividades cotidianas da escola e para o seu desenvolvimento global.
Para abordar essa questão, a pedagoga propõe a criação de um projeto que envolva um conjunto de atividades focadas no conteúdo de jogos e brincadeiras, que visam estimular o desenvolvimento motor na fase fundamental. Ela reconhece a importância dessas atividades para promover o desenvolvimento físico, cognitivo e social das crianças.
Reflita
- Qual a importância dos conhecimentos biológicos sobre o crescimento e desenvolvimento das crianças, principalmente na atuação na Educação Infantil?
- Qual o papel da escola e da educação escolar na construção de uma base cultural de movimento que possibilite a construção de um ambiente rico para o desenvolvimento motor dos alunos?
- Como podemos utilizar as bases conceituais e procedimentais das etapas do desenvolvimentos motor na construção de propostas pedagógicas de intervenção sobre o corpo e o movimento?
Resolução do estudo de caso
Estudante, como você sugeriria intervenções pedagógicas no contexto descrito? Realmente, não há um único caminho a ser seguido. No entanto, o conhecimento sobre os processos do desenvolvimento motor podem ser fundamentais nessa intervenção. Cada realidade e cada dimensão cultural do movimento podem apontar caminhos diferentes. Assim, a estrutura do projeto pode consistir em:
Circuito de obstáculos: A professora monta um circuito na sala de aula, com obstáculos simples, como almofadas, cadeiras e cones. As crianças são incentivadas a percorrer o circuito pulando, correndo, rastejando e desviando dos obstáculos.
Jogo de arremesso: Organiza-se um jogo de arremesso de bola em alvos fixados na parede. As crianças praticam lançar a bola em diferentes alturas e distâncias, desenvolvendo coordenação motora e precisão nos movimentos.
Dança livre: A professora seleciona músicas animadas e convida as crianças a dançarem livremente pela sala, explorando diferentes ritmos e movimentos corporais, como saltos, giros e movimentos de braços e pernas.
A atuação docente desempenha um papel crucial no desenvolvimento motor na Educação Infantil. A pedagoga não apenas planeja e organiza atividades adequadas ao nível de desenvolvimento das crianças, mas também observa individualmente cada aluno, identificando suas necessidades específicas e oferecendo apoio e estímulo personalizados. Além disso, ela cria um ambiente seguro e encorajador onde as crianças se sentem motivadas a explorar e experimentar novos movimentos, construindo, assim, uma base sólida para seu desenvolvimento motor futuro.
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Referências
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GALLAHUE, D.; OSMUN, J.; GOODWAY J. D. Compreendendo o desenvolvimento motor. 7. ed. Grupo A, 2013. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788580551815/pageid/0. Acesso em: 21 de mar. 2024.
HENRIQUE, A. L. et al. Estimulação do desenvolvimento neuropsicomotor. São Paulo: Atheneu, 2019. E-book. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 24 mar. 2024.
MORAIS, E. A. Desenvolvimento neuropsicomotor e aprendizagem. São Paulo: Contentus, 2020. E-book. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 24 mar. 2024.