Tipos de Produção Científica

Aula 1

A Escrita Científica

A escrita científica

Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender conteúdos importantes para a sua formação profissional. Vamos assisti-la? 
 

Ponto de Partida

Olá, estudante!

A realização de uma pesquisa científica é um processo que compreende algumas etapas fundamentais para o seu bom desenvolvimento e para que haja confiabilidade. A pesquisa pode ser de cunho teórico ou prático; o imprescindível é que ela empregue o método científico na sua produção. Outro critério importante a ser observado são as fontes utilizadas como referências na construção da pesquisa. Assim, a busca pelas fontes bibliográficas ou documentais disponíveis sobre o assunto é de grande valia para o pesquisador.

Vamos pensar de uma maneira mais prática, para que você consiga aliar esses elementos indispensáveis da pesquisa e consiga também pensar na melhor forma de utilizá-los. Pense que você está buscando fontes de referência para a construção do seu trabalho de conclusão de curso (TCC). Essa fonte (seja um artigo, livro, capítulo de livro) precisa estar de acordo com o assunto que você pretende desenvolver. Busque um artigo científico em uma plataforma de pesquisa confiável (utilize como base a plataforma da Scielo, Pepsic, Google Scholar, Web os Science ou o Banco de Teses e Dissertações da Capes) e faça uma resenha sobre ele, se atentando para os elementos que constituem a elaboração da resenha e pensando na posterior utilização dela no seu TCC. Bons estudos!

Vamos Começar!

Para a investigação de um objeto de pesquisa podemos utilizar diferentes fontes de investigação, como a bibliográfica, a de campo ou a de laboratório. A investigação bibliográfica é aquela realizada a partir de livros, artigos científicos, teses, dissertações (Marconi; Lakatos, 2024). Contudo, precisamos nos atentar para as diferenças existentes entre o levantamento bibliográfico e a revisão bibliográfica, que precisam ser realizados em pesquisas de qualquer natureza. Vamos nos aprofundar nessas questões para que essas diferenças fiquem bem demarcadas. Vamos falar também da pesquisa documental, do resumo e da resenha, que são importantes produções no âmbito acadêmico. Elas nos auxiliam em nossos estudos e na elaboração de nossas pesquisas.  

Pesquisa bibliográfica

A pesquisa bibliográfica é uma atividade fundamental no processo de produção de conhecimento científico. Ela envolve coleta, seleção e análise de fontes bibliográficas relevantes para um determinado tema de estudo. Uma pesquisa bibliográfica bem realizada é crucial para a fundamentação teórica de trabalhos acadêmicos, como monografias, dissertações e teses; ela é útil também para pesquisas em áreas profissionais (Marconi; Lakatos, 2024). Por meio da pesquisa bibliográfica, os pesquisadores buscam obter uma compreensão aprofundada do estado atual do conhecimento sobre um assunto específico, identificando lacunas na literatura existente e fundamentando teoricamente suas investigações.

Ao realizar uma pesquisa bibliográfica, é importante utilizar uma variedade de fontes e abordagens, a fim de garantir a abrangência e a profundidade para a compreensão do tema em questão. Dessa forma, o pesquisador não vai restringir a sua pesquisa a um único autor ou transformar o seu trabalho em uma sequência de citações diretas, mesmo que elas façam sentido naquele momento. O material bibliográfico precisa ser explorado de uma maneira que o autor da pesquisa consiga articular as ideias e construir um texto analítico e reflexivo a respeito do assunto em questão, e não apenas realize um trabalho descritivo (Lima, 2004).

Além disso, é fundamental estar atento às últimas publicações e aos avanços recentes na área de estudo, a fim de garantir que a pesquisa esteja atualizada e contextualizada dentro do estado da arte. As fontes da pesquisa bibliográfica são chamadas de fontes secundárias, pois constituem-se de dados coletados por outras pessoas (Marconi; Lakatos, 2024). Assim, a pesquisa bibliográfica é um tipo de estudo que busca consultar amplas bases de dados, sobretudo indexadores de artigos científicos e livros-textos, cujo objetivo é buscar saber o quanto um problema já foi estudado e o quão significativo é a sua evidência.

Podemos compreender algumas fases da pesquisa bibliográfica ou seguir alguns passos para a sua realização:

  1. Definição clara do tema: é fundamental delimitar com precisão o tema de pesquisa. Quanto mais específico para o seu tópico, mais fácil será encontrar fontes relevantes.
  2. Palavras-chave: identifique as palavras-chave relacionadas ao seu assunto. Essas palavras-chave serão usadas para as pesquisas em catálogos de bibliotecas e bases de dados acadêmicos.
  3. Identificação das fontes: é necessário identificar as principais fontes de informação, tais como livros, artigos científicos, teses, dissertações, relatórios técnicos, entre outros, que sejam relevantes para o tema em questão.
  4. Seleção criteriosa: deve-se realizar uma seleção criteriosa das fontes mais relevantes e confiáveis, levando em consideração a sua qualidade, atualidade e relevância.
  5. Análise dos resumos: ao revisar os resultados da pesquisa, examine os resumos das fontes para determinar se eles são pertinentes ao seu assunto.
  6. Leia os textos completos: depois de identificar fontes relevantes, leia os textos completos para obter uma compreensão aprofundada do conteúdo.
  7. Organização e síntese: é essencial organizar e sintetizar as informações coletadas de forma clara e objetiva, destacando os principais pontos relevantes e as contribuições de cada fonte para o tema de pesquisa.
  8. Referenciação adequada: é imprescindível realizar a referência bibliográfica correta de todas as fontes utilizadas, obedecendo às normas de citação e referência obrigatórias na área de estudo.

Levantamento bibliográfico

O levantamento bibliográfico é fundamental para todo tipo de pesquisa acadêmica e científica, pois consiste na busca, seleção e coleta de fontes de informação relevantes sobre um determinado tema de estudo. Esse processo ajuda a identificar os principais trabalhos, artigos, relatórios e outros tipos de materiais que contribuem para a pesquisa. Um levantamento bibliográfico abrangente fornece uma base sólida para o desenvolvimento de uma pesquisa original; por isso, é fundamental acessar plataformas confiáveis de busca.

Precisamos nos atentar para o fato de que não é possível acessar ou coletar tudo o que já foi publicado sobre um determinado assunto quando estamos realizando uma pesquisa. Por isso, devemos deixar bem demarcado o recorte realizado pelo estudo, os autores que serão utilizados como referência e a perspectiva teórica que irá orientar o estudo. Dessa forma o leitor consegue acompanhar o raciocínio desenvolvido pelo pesquisador no momento de elaboração da pesquisa e fica mais coerente acompanhar o caminho trilhado na construção do conhecimento.

Revisão bibliográfica

A fase de revisão bibliográfica é comumente confundida com a fase do levantamento bibliográfico, mas precisamos ter claras as suas diferenças. A revisão é a fase de leitura, o momento de aprofundamento do pesquisador em relação ao tema em questão. Não é possível escrevermos sobre algo que não conhecemos ou sobre algum assunto que não dominamos; assim, a leitura é essencial para conhecermos de maneira aprofundada o tema da pesquisa, a fim de podermos falar com propriedade sobre ele.

Essa etapa da construção do conhecimento também está presente em todas as pesquisas científicas, visto que é por meio dela que se buscará construir a base teórica da pesquisa. Precisamos nos lembrar que a revisão bibliográfica é um processo contínuo; dessa forma, é necessário continuar atualizando-a à medida que a pesquisa progride e as novas fontes são publicadas. A revisão bibliográfica bem elaborada não apenas oferece um embasamento teórico consistente para a pesquisa, mas também ajuda a identificar as perspectivas promissoras para futuras investigações e contribui para o desenvolvimento do conhecimento em determinada área.

Diante disso, é possível admitir que, em geral, as pesquisas são também pesquisas bibliográficas, visto que não se pode desenvolver uma boa pesquisa sem os elementos citados anteriormente. No entanto, isso não significa que não se pode realizar ‘somente uma pesquisa bibliográfica’ em uma investigação. Não significa que o pesquisador produzirá mais do mesmo ou apenas reproduzirá conhecimentos que já estão dados. A pesquisa bibliográfica oferece meios para que sejam exploradas áreas que ainda carecem de análise, permite que sejam levantadas novas hipóteses e novos questionamentos, o que favorece um novo enfoque sobre o problema e soluções inovadoras (Marconi; Lakatos, 2024).

Pesquisa documental

A pesquisa documental é particularmente útil para a realização de estudos históricos, estudos sociais, análises de políticas públicas, análises de conteúdo e outras investigações que dependem da análise de fontes de documentos escritos ou audiovisuais. Ela fornece uma compreensão aprofundada e contextualizada de eventos, processos e questões relevantes em diversas áreas do conhecimento. A pesquisa documental é um tipo de investigação que envolve a coleta e análise de documentos escritos, imagens, gravações de áudio, vídeos e outros materiais que possam fornecer informações relevantes sobre um tema específico. Esses documentos incluem registros oficiais, relatórios, correspondências, leis, regulamentos, jornais, revistas, fotografias, filmes, entre outros tipos de fontes primárias e secundárias (Marconi; Lakatos, 2024).

As fontes primárias são aquelas coletadas diretamente pelo pesquisador; as secundárias foram coletadas/produzidas por outra pessoa. É importante notar que a pesquisa documental requer habilidades de pesquisa e análise, bem como acesso a uma variedade de fontes de documentos. Além disso, a interpretação adequada dos documentos exige um entendimento profundo do contexto em que foram produzidos e das limitações inerentes aos dados documentais. Ao realizar uma pesquisa documental, é importante estar atento para as seguintes questões:

  1. Definição clara do objetivo: estabelecer claramente os objetivos e questões de pesquisa que orientarão a coleta e análise dos documentos relevantes.
  2. Identificação das fontes e coleta dos dados: identificar as fontes potenciais de documentos pertinentes ao assunto da pesquisa, incluindo arquivos, bibliotecas, instituições governamentais, museus, meios de comunicação, entre outros. É importante verificar a disponibilidade e acessibilidade desses documentos para garantir que você tenha acesso a eles.
  3. Análise e interpretação dos documentos: analisar criticamente o conteúdo dos documentos encontrados, identificando padrões, tendências, contradições e lacunas de informação que possam ajudar a responder às questões de pesquisa.
  4. Triangulação de fontes: procurar utilizar uma variedade de fontes documentais para corroborar e complementar os dados obtidos, garantindo a validade e a confiabilidade das conclusões tiradas da pesquisa documental.
  5. Citações e referências: citar corretamente todas as fontes utilizadas e fornecer as referências de acordo com as normas da ABNT.

Siga em Frente...

Resumo, resenha e recensão

A habilidade de escrita é fundamental ao pesquisador e a qualquer profissional. Saber escrever bem é uma das premissas para uma boa comunicação. É impreterível que o bom leitor e o bom escritor compreendam que um texto não é um apanhado de frases que soam bem quando lidas de forma conjunta. É preciso haver conexão entre as partes do texto, que elas estejam ligadas, conversem entre si e indiquem uma direção bem definida ao leitor. É preciso compreender que o texto é uma unidade e o que o define não é a sua extensão, mas sim o seu significado. Assim, praticar a leitura e a escrita é um bom começo para que essas habilidades sejam desenvolvidas. Resumos, resenhas e recensões são bons exemplos de como é possível praticar; trata-se de produções que são solicitadas no meio acadêmico e no nosso cotidiano (Medeiros, 2000; Marconi, Lakatos, 2024).

Resumo

O resumo é a sintetização objetiva do conteúdo de um texto original, apresentando apenas os pontos principais e as principais ideias do autor. Um resumo é mais curto que o texto original e deve transmitir de forma clara e concisa o contexto, os objetivos, as principais descobertas e conclusões do texto original. Para escrever um resumo eficaz, é importante identificar as principais ideias do texto, omitir detalhes menos relevantes e manter a precisão e a fidelidade ao conteúdo original. A ABNT NBR 6028 (2021, p. 1) define como os resumos devem ser apresentados, fazendo a diferenciação entre resumo indicativo e resumo informativo.

  • Resumo indicativo: trabalho que indica os pontos principais do documento sem apresentar detalhamentos, como dados qualitativos e quantitativos, e que, de modo geral, não dispensa a consulta ao original.
  • Resumo informativo: trabalho que informa finalidades, metodologia, resultados e conclusões do documento, de tal forma que possa, inclusive, dispensar a consulta ao original.

Em relação à extensão, a norma estabelece que é indicado que os resumos tenham entre “150 a 500 palavras nos trabalhos acadêmicos e relatórios técnicos e/ou científicos; 100 a 250 palavras nos artigos de periódicos; 50 a 100 palavras nos documentos não contemplados nas alíneas anteriores” (Abnt, 2021, p. 2). Se o resumo não fizer parte de um documento (um artigo ou um TCC, por exemplo), ele deve ser precedido pela referência do texto a que se refere. Ao resumir, o autor deve usar preferencialmente a terceira pessoa e as palavras-chave devem ser apresentadas logo abaixo do texto, grafadas em letras minúsculas, separadas entre si por ponto e vírgula e finalizadas com ponto. Veja a seguir o exemplo de um resumo.

RESUMO: Os conteúdos escolares, independente da etapa de ensino a que se destinam, quando ministrados de forma plena e não fragmentada, possibilitam a formação do sujeito omnilateral. Além de formar o sujeito omnilateral, cabe também ao professor motivar seus alunos durante as aulas para que eles vejam os conteúdos de forma interessante e próximas à sua realidade. O presente estudo teve como objetivo refletir acerca da ação docente exercida durante a realização do estágio obrigatório em docência no curso de Doutorado em Educação de uma universidade do norte do Paraná. Teve também como objetivo refletir acerca da percepção da motivação apresentada pelos alunos matriculados na disciplina em que o estágio foi exercido. As reflexões contidas no presente estudo foram feitas à luz dos pressupostos teóricos do Materialismo Histórico e Dialético, da Teoria da Autodeterminação e também dos relatos feitos pela turma em que o estágio foi realizado.

 

PALAVRAS-CHAVE: Estágio. Docência. Materialismo histórico. Motivação.

Quadro 1 | Exemplo de resumo. Fonte: Mariano, Franco e Oliveira (2021, 361).

Resenha e recensão

Segundo a ABNT (2021, p. 1), a resenha é a “análise do conteúdo de um documento, objeto, fato ou evento”, a recensão é a “análise crítica, descritiva e/ou comparativa, geralmente elaborada por especialista”. A resenha e a recensão podem ser entendidas como uma análise crítica e avaliativa de um livro, artigo, filme ou qualquer outra obra. Geralmente incluem uma síntese do conteúdo, juntamente com uma avaliação subjetiva do trabalho. Podem ser abordados vários aspectos da obra, incluindo a estrutura, o estilo de escrita, os pontos fortes e fracos, as contribuições para o campo, as questões levantadas e a relevância do trabalho em relação a outros textos ou obras relacionadas.

Ao escrever uma resenha ou uma recensão, é importante fornecer um resumo do conteúdo do texto, seguida de uma análise crítica que destaca os méritos da obra. É essencial fundamentar as avaliações e os argumentos em evidências concretas retiradas do texto original ou de outras fontes relevantes. A ABNT NBR 6028 (2021) destaca que a resenha e a recensão não estão sujeitas a limite de palavras, não devem ser elaboradas em tópicos, não devem ser elaboradas pelo autor do texto ou objeto que é foco da análise e devem ser precedidas pela referência quando forem publicadas separadas destes.

Na escrita do resumo, da resenha e da recensão, é importante que o texto escrito seja claro, conciso, coeso e coerente. Um texto claro é aquele que é fácil de ser compreendido ou entendido. O texto conciso é aquele resumido ao essencial, sintetizado em poucas palavras, preciso, sucinto. A coesão se refere ao uso correto dos aspectos gramaticais, conectando os elementos do um texto, deixando-o claro e compreensível. Por fim, o texto coerente é aquele que é lógico. Todas essas características precisam ser observadas na escrita de um bom texto acadêmico, de qualquer tipo. É indispensável o leitor compreender a mensagem a ser transmitida pelo autor do texto. O Quadro 2 a seguir apresenta o exemplo de uma resenha:

Referência Bibliográfica

ANDRADE, Mário de. Querida Henriqueta: cartas de Mário de Andrade a Henriqueta Lisboa. Rio de Janeiro: José Olympio, 1991. 214 p.

Informações sobre o autor

Já foram publicadas cartas de Mário de Andrade a Manuel Bandeira, a Oneyda Alvarenga (Mário de Andrade: um pouco), a Carlos Drumond de Andrade (A lição do amigo) e Anita Malfatti. Em todas elas, é possível verificar a surpreendente revelação da personalidade de Mário de Andrade, seus conhecimentos, suas preocupações, sua dedicação à arte, o entusiasmo com que tratava os escritores iniciantes.

Gênero da obra

Em Querida Henriqueta, reunião de cartas de Mário à poetisa Henriqueta Lisboa, Mário é tão generoso quanto o fora em A lição do amigo, tão competente quanto o fora nas cartas à Manuel Bandeira. A exposição é sempre franca, os temas abordados variados e a profundidade e o valor humano notáveis. Para alguns, as cartas de Mário, em seu conjunto, estão no mesmo nível que suas criações literárias.

Resumo

É possível ver nas cartas o interesse de Mário pela motivação dos iniciantes analisando com dedicação e competência tudo que lhe chegava às mãos. Há em seu comportamento o sentido quase de missão estética. As recomendações são as mais variadas: ora sugere alterações, ora a supressão, ora o cuidado com o ritmo, ora com as manifestações de conteúdo cultural. Não é o mestre que fala, mas o amigo. Não é o professor, mas o artista experiente, que sabe o que diz e por que o diz, que tem consciência de tudo o que fala, que leva o trabalho artístico muito a sério. As considerações são, no entanto, apenas de ordem técnica. Mário de Andrade, por sua argúcia crítica, penetra na análise psicológica. Assim, examina os retratos feitos por diversos artistas, como Portinari, Anita Malfatti, Lasar Segall. Segundo ele, Segall ter-se-ia fixado em seu lado obscuro, quase oculto, malévolo de sua personalidade. A relação angustiada do autor de Macunaíma consigo mesmo aparece nas cartas a Henriqueta Lisboa. Da mesma forma, aparecem o problema do remorso e da culpa, o cansaço diante da propaganda pessoal, do prestígio, da notoriedade, da polêmica. Não silencia sequer a análise das relações com a família. Aqui, não é a imagem de Mário revolucionário e exuberante que apresenta. Não. Também não há lamentações: tudo é exposto com extrema lucidez quanto às virtudes e defeitos. Mário abre o coração numa confidência de quem acredita na amiga e nas relações humanas.

Apreciação

As cartas foram escritas de 1939 a 1945, quando Mário veio a falecer. E são mais do que uma fonte de informação ou depósito de ideias estéticas: são um retrato de seu autor, com suas angústia e expansões de alegria, de emoção e de rigidez comportamental.

Recomendações

A obra é indicada para todos os que se interessam pela obra de Mário e sua poética, e alunos dos cursos de Educação Artística e Letras.

Quadro 2 | Exemplo de resenha. Fonte: Medeiros (2000, p. 143).

Vamos Exercitar?

Agora que já conhecemos as características de uma pesquisa bibliográfica e uma pesquisa documental, compreendemos a diferença entre levantamento bibliográfico e revisão bibliográfica, bem como as diferenças entre resumo e resenha, é hora de retomarmos nossa situação inicial. Você está buscando fontes de referência para a construção do seu trabalho de conclusão de curso (TCC). Você acessou uma plataforma como a Scielo e encontrou um artigo científico que foi publicado no ano de 2022 com o assunto que você pretende trabalhar. Agora você precisa elaborar uma resenha sobre esse artigo, para posteriormente utilizá-la no seu TCC.

Você precisa se atentar para os elementos que são indispensáveis na elaboração de um texto acadêmico e científico: clareza, coerência, concisão e coesão. Também é indispensável se atentar para o fato de que as frases não são um emaranhado de palavras juntas, elas precisam fazer sentido e, como um todo, passar uma ideia geral para o leitor do texto, para que ele compreenda a mensagem que se deseja transmitir.

Saiba Mais

  1. As pesquisas bibliográfica e documental são relevantes na construção do conhecimento e no entendimento da realidade em que nos encontramos inseridos. Para que isso seja possível, o pesquisador precisa compreender e dominar a maneira de condução e de realização dessas pesquisas. Para saber mais sobre esse assunto, leia o capítulo 2 “Pesquisa Bibliográfica”, p. 44-75, do livro Metodologia do Trabalho Científico, de Marina de Andrade Marconi e Eva Maria Lakatos.
  2. A resenha e o resumo são produções importantes utilizadas para a construção do conhecimento. Eles permitem a elaboração de um comentário crítico sobre um documento, um texto, um filme ou um objeto de estudo. Para que você se familiarize com esse tipo de produção, leia a resenha do livro “Urgências e emergências em saúde: perspectivas de profissionais e usuários ”, escrita por Claudia Abbês Baêta Neves.

 

Referências Bibliográficas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6028: Informação e documentação – Resumo, resenha e recensão – Apresentação. 2ª ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2021.

CRIVELARO, Lana Paula; CRIVELARO, Lara Andréa; MIOTOO, Luciana Bernardo. Guia prático de monografias, dissertações e teses: Elaboração e apresentação. 5ª ed. Campinas: Editora Alínea, 2011.

LIMA, Manolita Correia. Monografia: a engenharia da produção acadêmica. São Paulo: Saraiva, 2004.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do trabalho científico: projetos de pesquisa, pesquisa bibliográfica, teses de doutorado, dissertações de mestrado, trabalhos de conclusão de curso. 9ª ed. São Paulo: Atlas, 2024.

MARIANO, Maria Luzia Silva; FRANCO, Sandra Aparecida Pires; OLIVEIRA, Katya Luciane de. Estágio em docência no curso de Doutorado em educação: relatos de experiência. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 1, p. 361-375, jan./mar. 2021.

MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2000.

SANTOS, Vanice dos; CANDELORO, Rosana. Trabalhos acadêmicos: uma orientação para a pesquisa e normas técnicas. Porto Alegre: Age, 2006.

Aula 2

O Projeto de Pesquisa

O projeto de pesquisa

Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender conteúdos importantes para a sua formação profissional. Vamos assisti-la? 
 

Ponto de Partida

Olá, estudante!

Você já deve ter feito perguntas como “por quê?” e “como?” muitas vezes na vida. Essa é uma facilidade especialmente das crianças. Nós nascemos curiosos para saber a origem das coisas e a causas dos fenômenos que observamos. A curiosidade é uma das características elementares do ser humano, o qual encontrou muitas formas de sanar suas dúvidas; uma dessas formas é a utilização do método científico para chegar à resposta de um questionamento. Para a construção, estruturação e aplicação do método científico no desenvolvimento da pesquisa, o pesquisador precisa elaborar o projeto de pesquisa como etapa anterior. É a respeito dele que vamos falar.

Pensemos na seguinte situação: você precisa elaborar o projeto de pesquisa para o seu TCC. É um dos requisitos para a conclusão do curso. No entanto, você ainda está sem inspiração em relação ao que trabalhar. Conversando com alguns professores, eles o orientaram a pensar inicialmente em um assunto que você goste e em como esse assunto poderia ficar mais específico. Depois, você precisa ter um questionamento para esse assunto, que seja interessante não somente para você. Se possível, você deve pensar em uma hipótese. Vamos conhecer mais sobre o projeto de pesquisa para poder executar essa tarefa?! Bons estudos!

Vamos Começar!

A ciência e a tecnologia estão presentes em nossa vida cotidiana em diversos segmentos. Por trás de toda construção desses artefatos ou conhecimentos, estão as perguntas; elas são muito importantes porque configuram a motivação do cientista para iniciar uma investigação. Toda pesquisa deve conter um problema a ser tratado ou uma pergunta como fio condutor. Tais problemas ou perguntas possuem fontes diversas: podem surgir a partir de conversa com familiares, de uma reflexão individual, de uma conversa com colegas de faculdade ou trabalho. Porém, há uma série de adaptações a serem feitas para que essa curiosidade inicial se torne uma pergunta científica que possibilite o desenvolvimento de uma pesquisa.

No desenvolvimento da pesquisa, há a formulação inicial do problema, a elaboração do projeto de pesquisa, a criação de um modelo de análise, a coleta e análise de dados e a comunicação dos resultados. Saber conduzir uma boa pesquisa é essencial tanto para a produção de conhecimento básico, quanto para a produção de conhecimento aplicado, financiados por empresas ou governos. O conhecimento dessas etapas e desses procedimentos que envolvem todo o método científico não só possibilitará o desenvolvimento de uma boa pesquisa, mas também exercitará o seu pensamento crítico.

O que é o projeto de pesquisa?

O projeto de pesquisa pode ser entendido como um planejamento que vai organizar o desenvolvimento da pesquisa. É um documento elaborado para direcionar, nortear o desenvolvimento da pesquisa. Realizar uma pesquisa sem a elaboração de um projeto é algo que se torna inviável, visto que isso pode tornar o estudo confuso e muitas vezes sem a fundamentação adequada devido a atividades desenvolvidas de maneira improvisada. A falta de planejamento pode prejudicar tanto a condução da pesquisa quanto os resultados obtidos e a confiabilidade do estudo (Crivelaro; Crivelaro; Miotto, 2011).

De acordo com Crivelaro, Crivelaro e Miotto (2011, p. 25), podemos entender o projeto de pesquisa como “um conjunto de perguntas: O que fazer? Por que fazer? Para que fazer? Onde fazer? Como, com que, quanto e quando fazer? Com quanto fazer? Como pagar? Quem vai fazer?”. Essas perguntas servem como norte, como orientação, para a construção das etapas específicas que precisam ser contempladas no desenvolvimento do projeto. Contudo, antes de pensarmos na estrutura em termos de organização, precisamos pensar em três elementos fundamentais: o tema, o problema e as hipóteses.

Tema – o assunto da pesquisa

A escolha do tema é de suma importância; é o momento em que escolhemos o assunto que vamos abordar ao longo da pesquisa. Essa escolha está ligada a muitas condições, como interesse pessoal, necessidade profissional, exigência acadêmica, relevância na atualidade, etc. Independente da escolha, é necessário que exista material bibliográfico disponível para consulta a fim de que o pesquisador realize seu levantamento bibliográfico e sua revisão bibliográfica. Procurar fontes que contenham o assunto em questão é imprescindível para agregar maior conhecimento sobre o assunto e compreender os avanços obtidos em relação a ele (Marconi; Lakatos, 2024).

Existe também a necessidade de delimitação do tema a ser pesquisado. O que isso quer dizer? O assunto precisa ser específico, bem demarcado, bem explicado e bem planejado, para que seja possível por em prática. Diversos estudos não alcançam seus objetivos porque não conseguem delimitar com quem a pesquisa será realizada, onde, quando, em quanto tempo, etc.

Problema – as perguntas da pesquisa

Ao desenvolver uma pesquisa, o pesquisador tem em si alguma inquietação, dúvida ou problema que almeja sanar. A pergunta da pesquisa é justamente essa incerteza que o pesquisador possui sobre determinado assunto e que o encoraja a desenvolver uma investigação, mas é um equívoco pensar que o produto de toda investigação é a solução dessa pergunta. Na verdade, mesmo quando é possível produzir respostas satisfatórias a uma dada pergunta (e nem sempre é possível), outras questões surgem decorrentes da investigação, além da existência própria daquelas que tangenciam a pesquisa e sequer foram tratadas.

Um pesquisador iniciante pode e deve revisar a literatura sobre determinado tema, a fim de encontrar questões abertas. Ele deve procurar ter um certo domínio sobre a literatura do campo de estudo em que almeja começar uma investigação. O pesquisador deve ter um escopo bem definido, caso contrário, poderá se perder tentando responder mais questões do que lhe seriam pertinentes. Mesmo que problemas secundários sejam interessantes, é importante focar em uma questão específica a fim de conseguir se dedicar a ela e entregar resultados relevantes.

É necessário pensar também se a pergunta da pesquisa é algo interessante e relevante para a ciência e para o meio acadêmico e não somente para o pesquisador. Além disso, a ética é indispensável, de modo que a pergunta não cause risco de vida para os participantes, nem uma completa invasão de suas privacidades. Por fim, nem sempre é preciso inovar em ciência, mas com uma questão bem delimitada, é possível e desejável a produção de novas informações. A questão não precisa ser completamente original, mas novas informações sobre o assunto constituem um resultado esperado de boas pesquisas.

As hipóteses da pesquisa

Uma vez elaborada a questão de pesquisa, pode ser necessária a elaboração de hipóteses a serem testadas; elas darão uma resposta quanto ao problema colocado pelo pesquisador. As hipóteses são uma espécie de diretriz da pesquisa, elas indicam o que o pesquisador está buscando ou o que está tentando comprovar. Assim, elas são tentativas prévias de explicação do fenômeno analisado e devem ser formuladas de forma clara e concisa. A hipótese não deve ser confundida com pressuposto teórico, uma vez que, no decorrer da pesquisa, ela pode ser descartada ou validada. A hipótese é sempre provisória e provável.

Uma hipótese é diferente de uma afirmação, pois o pesquisador não tem plena certeza de sua comprovação. Assim, a hipótese pode ser entendida como aquilo que o pesquisador acha que vai encontrar com o desenvolvimento da pesquisa. As fontes comuns para formulação de hipóteses são as teorias, generalizações empíricas sobre o problema de pesquisa e estudos revisados, mas elas também podem surgir em campos de estudo pouco explorados. Um erro grave ao elaborar hipóteses se faz quando o pesquisador não revê a literatura do campo de estudo e formula hipóteses que já foram significativamente aceitas ou descartadas por outros estudos.

Segundo Marconi e Lakatos (2024), as hipóteses se dividem em duas categorias: hipóteses básicas e hipóteses secundárias. As hipóteses básicas são aquelas escolhidas pelo pesquisador e que respondem ao problema diretamente. Por sua vez, as hipóteses secundárias indicam respostas complementares ou outras possibilidades de resposta para o problema em questão. Além dessa classificação, há outras maneiras de classificar hipóteses mais gerais que variam de acordo com o objetivo da pesquisa como: hipóteses de pesquisa, hipóteses nulas, hipóteses alternativas e hipóteses estatísticas. As hipóteses de pesquisa podem ser entendidas como proposições acerca das possíveis relações entre duas ou mais variáveis.

Siga em Frente...

Estruturação do projeto de pesquisa

Nós já sabemos que o projeto de pesquisa é um planejamento que deve apresentar de forma detalhada como o trabalho será realizado. Independentemente da abordagem teórica a ser utilizada no estudo, a pesquisa deve ser compreendida como um processo que pretende apresentar um resultado. A pesquisa científica é uma forma de produzir o conhecimento científico dentro de um processo constituído por etapas que precisam ser atendidas no seu desenvolvimento. A elaboração e apresentação do documento é realizada com base na ABNT NBR 15287 (2011).

Etapas específicas do projeto de pesquisa

  • Tema – qual assunto pretendo tratar?
  • Problema – qual dificuldade teórica ou prática pretendo solucionar?
  • Hipótese – que suposição pretendo explicar?
  • Objetivo – o que eu pretendo alcançar?
  • Metodologia – como eu pretendo alcançar?
  • Levantamento bibliográfico – quais materiais pretendo utilizar?
  • Cronograma – em quanto tempo pretendo desenvolver essa pesquisa?
  • Possíveis custos – terei custos para a realização das pesquisas? Quais?

Formatação do projeto de pesquisa

Para a montagem e apresentação do projeto de pesquisa, deve-se seguir a norma 15287 (2011) da ABNT. Devem ser contemplados os elementos pré-textuais, aqueles que antecedem o texto do trabalho, apresentando informações que ajudam sua identificação, manuseio e utilização. Os elementos textuais que são compostos pelo corpo do trabalho, introdução, desenvolvimento e conclusão. Por fim, os elementos pós-textuais que são materiais complementares, que tem por finalidade documentar ou melhor esclarecer o texto. Vamos acompanhar a seguir cada um desses elementos.

Figura 1 | Estrutura do projeto de pesquisa. Fonte: adaptada de ABNT NBR 15287 (2011).

Vamos pensar agora de maneira mais detalhada nesses elementos que precisam ser contemplados na elaboração de um projeto de pesquisa. É importante ressaltar que não existe um padrão único, mas os itens apresentados precisam estar presentes.

Figura 2 | Exemplo dos elementos a serem contemplados no projeto de pesquisa. Fonte: adaptada de Crivelaro; Crivelaro; Miotto (2011).

Vamos Exercitar?

É hora de retomarmos a nossa situação inicial. Você está concluindo seu curso de graduação, e como uma das etapas obrigatórias, você precisa elaborar um projeto para depois realizar o seu TCC. Precisamos pensar em um tema, um problema e uma hipótese. Nesse passo, é importante pensar que o tema não pode ser muito abrangente, caso contrário, você pode correr o risco de não conseguir trabalhar todos os elementos que você se propôs. O problema é a pergunta da sua pesquisa, aquela que lhe causa curiosidade. A hipótese é o que você acha que vai encontrar.

Vamos pensar no seguinte exemplo: na área da educação/psicologia é possível trabalhar com a motivação para aprender. Tema: Motivação de alunos do ensino médio do estado de Minas Gerais para aprender. Problema: Os alunos do 3º ano apresentam motivação intrínseca para aprender? Hipótese: Parte-se da hipótese de que os alunos serão desmotivados. A partir daí, as outras etapas do projeto podem ser desenvolvidas. Com esse exemplo, você pode pensar em muitos outros temas, problemas e hipóteses para pesquisa.

Saiba Mais

Compreender o que é o projeto de pesquisa, qual é a sua estrutura e como ele deve ser formatado é fundamental para o desenvolvimento de um bom trabalho e consequentemente para o desenvolvimento de uma boa pesquisa. Assim, é necessário que você domine esses tópicos. Para isso, leia o capítulo 4, “Projeto de pesquisa e relatório de pesquisa”, p. 112-145, do livro Metodologia do trabalho científico, de Marina de Andrade Marconi e Eva Maria Lakatos.

 

 

Referências Bibliográficas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15287: Informação e documentação – Projeto de pesquisa – Apresentação. 2ª ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2011.

CRIVELARO, Lana Paula; CRIVELARO, Lara Andréa; MIOTTO, Luciana Bernardo. Guia prático de monografias, dissertações e teses: Elaboração e apresentação. 5ª ed. Campinas: Editora Alínea, 2011.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do trabalho científico: projetos de pesquisa, pesquisa bibliográfica, teses de doutorado, dissertações de mestrado, trabalhos de conclusão de curso. 9ª ed. São Paulo: Atlas, 2024.

SANTOS, Vanice dos; CANDELORO, Rosana. Trabalhos acadêmicos: uma orientação para a pesquisa e normas técnicas. Porto Alegre: Age, 2006.

Aula 3

Escrever e Publicar: Como Levar a Ciência para as Pessoas?

Escrever e publicar: como levar a ciência para as pessoas?

Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender conteúdos importantes para a sua formação profissional. Vamos assisti-la? 
 

Ponto de Partida

Olá, estudante!

A informação científica é um recurso valioso para o desenvolvimento da sociedade em seus diversos setores: acadêmico, industrial, governamental, empresarial, etc. Conhecer os meios de publicação científica, a estrutura e os formatos dos textos científicos é fundamental para que se possa produzir ciência. Também é necessário conhecer as tecnologias que trouxeram muitas ferramentas positivas para o desenvolvimento das pesquisas científicas e para a comunicação dos resultados.

Vamos pensar na seguinte situação: em uma indústria química, o departamento de marketing quis verificar o efeito da propaganda na venda de álcool em gel. Após o desenvolvimento da pesquisa, verificou-se que os resultados foram positivos nas vendas dos produtos. Posteriormente, o pesquisador inicia o processo de publicação dos resultados. Para isso, ele resolve fazer uma busca nas revistas científicas mais relevantes disponíveis na internet sobre a temática do estudo. Qual o principal critério que o pesquisador deve observar na hora de escolher uma revista a fim de alcançar esse objetivo? Bons estudos!

Vamos Começar!

A publicação científica ocorre quando os pesquisadores buscam tornar os resultados das suas pesquisas acessíveis a outros pesquisadores.  A divulgação dos resultados da investigação é uma etapa muito importante da pesquisa e pode ser expressa por diversas formas de publicação. A publicação científica faz parte de um ramo mais amplo denominado de comunicação científica, que envolve diferentes formas de comunicação dos resultados (formais, informais, escritos, verbais) e que, por sua vez, se insere no contexto mais amplo da investigação científica.

A comunicação científica envolve diversos atores da sociedade, como acadêmicos (responsáveis pela investigação), universidades (instituições que possuem os recursos e ambientes necessário para a investigação), financiadores (órgãos do governo ou agências que financiam bolsas e materiais da pesquisa), editores (gerem o controle de qualidade, produção e distribuição do conhecimento), bibliotecários (fazem a gestão da informação e sua preservação) e a população geral (todos nós que somos indiretamente e diretamente beneficiados com a pesquisa).

Os formatos mais comuns de publicação são: artigo técnico e/ou científico, artigo original, artigo de revisão, comunicações e cartas ao editor. Vamos acompanhar, a seguir, a definição de cada uma dessas publicações:

Artigo técnico e/ou científicoParte de uma publicação, com autoria declarada, de natureza técnica e/ou científica.

Artigo original

 

Parte de uma publicação que apresenta temas ou abordagens originais.

Artigo de revisão

 

Parte de uma publicação que resume, analisa e discute informações já publicadas.

Comunicações

 

Apresentações resumidas, que compõem uma síntese geral e podem ser feitas enquanto a pesquisa está em desenvolvimento.

Carta ao editor

 

São expressões de opinião sobre um artigo publicado na revista que constitui um tema em discussão na comunidade científica.

Quadro 1 | Definição das publicações. Fonte: adaptada de ABNT NBR 6022 (2018).

Siga em Frente...

Artigo científico

Dada a conclusão de uma pesquisa, o que se espera é que os resultados obtidos sejam divulgados. O objetivo da publicação de um trabalho científico é compartilhar as ideias encontradas, os fatos e os novos conhecimentos com outros pesquisadores, ampliando assim o conhecimento e a visão de mundo disponível em uma determinada área, e possibilitando o aumento do financiamento naquele setor. Embora reduzidos em tamanho, os artigos científicos são estudos completos, pois apresentam os resultados das pesquisas. Segundo Marconi e Lakatos (2024, p. 90), “os artigos científicos, por serem completos, permitem ao leitor, mediante a descrição da metodologia empregada, do processamento utilizado e dos resultados obtidos, repetir a experiência”.

Dessa forma, podemos entender que os artigos científicos são textos que relatam experiências desenvolvidas pelos pesquisadores, em diferentes áreas do saber e de diferentes maneiras. Ou, ainda, podem ser entendidos como textos que buscaram referências relevantes para uma determinada área. “Um artigo científico visa tanto ao comunicar quanto ao compartilhar com a comunidade científica o processo e o resultado de alguma investigação” (Santos; Candeloro, 2006, p. 41). Normalmente, essas pesquisas são publicadas em revistas científicas especializadas naquela área do conhecimento.

A publicação de um artigo científico passa por diversas etapas; em geral, percorre a seguinte ordem: seleção da revista, submissão do artigo, avaliação inicial do editor para verificar se o artigo atende às diretrizes da revista. Em caso positivo, o artigo passa pelo peer-review (revisão por pares), em que dois pesquisadores da área vão avaliar o artigo no tocante ao conteúdo, a fim de verificar a sua relevância para então aceitar o artigo para publicação, solicitar alguma reformulação ou rejeitar o artigo. Algumas revistas solicitam que o artigo seja traduzido para uma língua estrangeira, em geral o Inglês ou Espanhol, o que pode gerar custos para a publicação.

O processo de publicação é frequentemente demorado e raramente decorre em menos de seis meses entre a submissão e a aceitação para publicação. Em muitos casos, as revistas mencionam a data de submissão e a de aceitação quando o artigo é publicado. Além disso, é cada vez mais comum a disponibilização digital do artigo, ao invés da publicação impressa. Todo esse processo, embora seja moroso, é necessário para que se assegure a qualidade dos trabalhos publicados e a relevância dos periódicos (revistas) no meio acadêmico e científico.

O processo de peer-review pode identificar más posturas na pesquisa científica. A pressão para a publicação tem ficado cada vez maior. É necessário que o autor pense na qualidade do seu trabalho, pois isso pode afetar sua reputação acadêmica. Fraudes, plágios, conflitos de interesse não divulgados, manipulação de dados, submissões simultâneas de um mesmo artigo em duas revistas, duplicação de artigos, pode marcar de forma negativa a imagem dos pesquisadores. O plágio destaca-se por ser considerado uma das piores posturas no âmbito da publicação científica. É preciso que o artigo a ser publicado seja original.

Se o artigo for aceito ou publicado, é importante conhecer, de preferência antes da submissão, o fator de impacto das revistas. O fator de impacto é um meio de avaliar a qualidade e relevância das revistas. Esse impacto da publicação pode ser avaliado por meio de indicadores bibliométricos, para avaliação dos autores, que se baseiam no número de citações do artigo. Esses indicadores bibliométricos permitem saber, por exemplo, quais são os autores mais citados em uma área científica específica e quais revistas têm o maior impacto em uma determinada área.

Também é possível consultar o Qualis da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O Qualis Capes funciona como uma ferramenta de avaliação de programas de pós-graduação do Brasil e oferece uma classificação dos periódicos que retratam a produção intelectual desses programas. Os indicadores categorizam a qualidade do periódico e vão de A1 (mais elevado) até C (com peso zero). Para saber a classificação de um periódico, na Plataforma Sucupira, é possível consultar pelo International Standard Serial Number (ISSN), pelo título do periódico, por classificação ou área de avaliação.

Observadas essas questões, precisamos pensar na estrutura do artigo científico, ou seja, na maneira como ele será organizado e formatado para sua posterior apresentação ou apreciação pelos pares da revista. Assim, é imprescindível que estrutura e conteúdo sejam observados e contemplados no momento de elaboração de um trabalho científico, pois os dois elementos são partes fundamentais na construção de uma pesquisa científica. Vamos olhar de uma maneira mais detalhada para a estrutura do artigo científico.

Estrutura do artigo

Cada etapa da pesquisa possui uma série de critérios e procedimentos a serem seguidos. É necessário compreender a estrutura de um artigo que geralmente passa por introdução, metodologia, resultados e discussão. A norma da ABNT que trata do artigo científico é a NBR 6022 (2018). A norma apresenta os princípios gerais para a elaboração e apresentação do trabalho. Porém, antes de olharmos especificamente para esses elementos, precisamos nos atentar para o fato de que, quando vamos submeter o artigo à aprovação de uma revista, o autor deve seguir as normas editoriais adotadas pela revista.

Isso se deve ao fato de não existir uma obrigatoriedade na adoção da ABNT para a normatização dos trabalhos acadêmicos. Dessa forma, as revistas e até mesmo as universidades podem adotar normas próprias para a padronização dos trabalhos científicos. Assim, outras normas podem ser empregadas pelas revistas, como a American Psychological Association (APA) ou a Vancouver. Feita essa observação, vamos compreender como se dá a estrutura do artigo, que é composta por elementos pré-textuais, elementos textuais e elementos pós-textuais.

Elementos pré-textuais

Elementos textuais

Elementos pós-textuais

Obrigatórios

Opcionais

  • Título no idioma do documento
  • Autor(es)
  • Resumo no idioma do documento – conforme a NBR 6028
  • Datas de submissão e aprovação do artigo

 

  • Título em outro idioma
  • Resumo em outro idioma
  • Identificação e disponibilidade

 

  • Introdução
  • Desenvolvimento (justificativa; objetivos; hipóteses e variáveis)
  • Resultados e discussão
  • Conclusão

 

 

  • Referências (NBR 6023) – Obrigatório
  • Glossário – Opcional
  • Apêndice – Opcional
  • Anexos – Opcional
  • Agradecimentos – Opcional

 

Quadro 2 | Elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais de um artigo. Fonte: adaptado de ABNT NBR 6022 (2018).

Quando se coletam dados para a pesquisa, é preciso explicar ao leitor como isso foi feito. Os dados coletados podem ser apresentados em forma de texto, tabela ou gráficos.

Em relação ao formato, a ABNT (2018, p. 6) recomenda “fonte em tamanho 12 e espaçamento simples, padronizados para todo o artigo. As citações com mais de três linhas, paginação, notas, legendas e fontes das ilustrações e tabelas devem ser em tamanho menor e uniforme”. Precisamos nos atentar para o fato de que essas orientações são estruturais. Isso quer dizer que o desenvolvimento do conteúdo do artigo, a maneira como as seções serão articuladas é de total responsabilidade do pesquisador. Os critérios adotados em uma escrita acadêmica (como: coesão, coerência, objetividade e clareza) precisam ser observados no momento de construção do texto para que ele faça sentido e seja aprovado no momento de avaliação da revista.

A ciência como atividade humana é profundamente afetada pelas demandas e relações de uma época. A publicação científica deve ser vista como parte do processo de desenvolvimento da pesquisa. Como a ciência nos beneficia coletivamente, não se podem esconder os resultados de uma pesquisa: é necessário divulgá-los para que, assim, tragam inúmeros retornos práticos à sociedade como um todo.

Eventos acadêmicos

Divulgar o trabalho em um evento é muito importante para qualquer pesquisador; é uma oportunidade de ter seus estudos debatidos e conhecidos, o que enriquece sua produção. Da mesma forma, participar de eventos científicos é parte essencial da vida acadêmica, pois é possível conhecer outros pesquisadores, ter contato com novas metodologias e ampliar sua visão a respeito do tema que está sendo debatido. Um evento científico, como qualquer outro tipo de evento, é um encontro, uma reunião na qual as pessoas têm a chance de compartilhar interesses, descobertas, estudos, conhecimentos, além de ser uma oportunidade de divulgar e de encontrar novidades.

Existem diferentes tipos de eventos, diferentes modalidades, formas de inscrição e abrangência. Os eventos podem ser realizados de maneira presencial ou online, tendo a mesma validade. Dependendo do tipo do evento, os participantes podem se inscrever como ouvintes, como apresentadores de trabalhos e, em algumas situações, até mesmo como coordenadores de mesas de trabalho. Isso depende da finalidade do evento e da forma como ele foi planejado para acontecer. Os trabalhos a ser apresentados podem ser resumos, resumos expandidos ou trabalhos completos; cada evento também determina o tipo de produção que vai receber.

Assim como acontece com os artigos enviados para periódicos, os trabalhos enviados para eventos acadêmicos passam por uma avaliação, a fim de verificar sua relevância e sua aderência ao tema do evento. Se forem aceitos, em dia e horário definidos pela comissão organizadora, o trabalho deve ser apresentado para que o participante receba seu certificado. Normalmente, esses eventos geram publicações dos trabalhos que foram apresentados ao longo do evento. São os anais do evento.

Os anais de um evento são a coletânea de artigos ou resumos apresentados; trata-se de uma das partes mais importantes que ficará registrada. É uma publicação reconhecida, que recebe um número de registro, validando a sua credibilidade. Os eventos podem ter abrangência internacional, nacional, regional ou local, e podem ser de diferentes tipos, como: congressos, convenções, conferências, palestras, jornadas, encontros, feiras, etc.

 

Vamos Exercitar?

É hora de retomarmos a nossa situação inicial. O departamento de marketing de uma indústria química quis verificar o efeito da propaganda na venda de álcool em gel. Como os resultados após a realização da pesquisa foram positivos, o pesquisador iniciou o processo de publicação dos resultados buscando os periódicos mais relevantes na área. Qual o principal critério que o pesquisador deve observar na hora de escolher uma revista a fim de alcançar esse objetivo?

Após a conclusão da pesquisa, o pesquisador iniciou o processo de publicação dos seus resultados. Ele resolve buscar na internet as revistas mais relevantes no tema do artigo em questão. Para avaliar a relevância da revista, é possível verificar o fator de impacto ou o Qualis divulgado pela Capes. Em geral, esse fator de impacto é um índice gerado a partir da avaliação dos autores já publicados e a quantidade de citações dos artigos publicados. Além disso, há critérios, como a submissão dos artigos à revisão por pares, que devem ser observados na hora de escolher uma revista que preze pela qualidade do conteúdo publicado.

Saiba Mais

  1. A apresentação oral também é uma das partes que compõe um trabalho acadêmico, seja em um evento, na conclusão de um curso de graduação ou pós-graduação. É uma etapa que exige preparo por parte do apresentador, para que ele se sinta seguro e consiga transmitir a mensagem aos ouvintes. Para saber mais sobre a preparação para uma apresentação oral, leia o texto “Professor dá dicas sobre como preparar apresentações científicas”, de João Gabriel Palhares e Kharen Stecca.
  2. Um artigo científico é uma produção textual considerada bastante confiável no meio acadêmico. Isso porque seu processo de elaboração deve ser bastante rigoroso do ponto de vista científico. Para isso, o processo de condução da pesquisa e a escrita precisam seguir alguns passos. Para compreender mais sobre o assunto, leia o artigo: “Dez passos para produzir artigo científico de sucesso”, de Maurício Gomes Pereira.

 

Referências Bibliográficas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6022: Informação e documentação – Artigo em publicação periódica técnica e/ou científica – Apresentação. 2ª ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2018.

CRIVELARO, Lana Paula; CRIVELARO, Lara Andréa; MIOTTO, Luciana Bernardo. Guia prático de monografias, dissertações e teses: Elaboração e apresentação. 5ª ed. Campinas: Editora Alínea, 2011.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do trabalho científico: projetos de pesquisa, pesquisa bibliográfica, teses de doutorado, dissertações de mestrado, trabalhos de conclusão de curso. 9ª ed. São Paulo: Atlas, 2024.

SANTOS, Vanice dos; CANDELORO, Rosana. Trabalhos acadêmicos: uma orientação para a pesquisa e normas técnicas. Porto Alegre: Age, 2006.

SCHEIBEL, Maria Fani; VAISZ, Marinice Langaro. Artigo científico: percorrendo caminhos para sua elaboração. Canoas: Editora da Ulbra, 2006.

Aula 4

A Ética na Realização das Pesquisas

A ética na realização das pesquisas

Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender conteúdos importantes para a sua formação profissional. Vamos assisti-la? 

 

Ponto de Partida

Olá, estudante!

Em algum momento, você já se questionou sobre as possíveis consequências éticas do uso de animais na pesquisa científica, ou mesmo sobre os experimentos nazistas com seres humanos? Com base nesses exemplos, é possível que você tenha considerado que a ciência poderia estar isenta de princípios éticos; ao menos é o que algumas pessoas defendem. Na corrida não apenas por um entendimento profundo sobre doenças emergentes, mas também pelo desenvolvimento de medicamentos e vacinas, certos protocolos éticos desempenham sua importância na investigação científica. Além disso, a ética, enquanto campo de investigação, tem conseguido acompanhar a ciência com o objetivo de enriquecê-la ao estudar seus potenciais problemas éticos.

Vamos refletir sobre a seguinte questão: um grupo de cientistas está investigando um tratamento que se mostra muito promissor para a doença de Alzheimer. Eles estão realizando ensaios clínicos com pacientes que apresentam a doença (por meio de sorteios, alguns recebem o medicamento e outros recebem o placebo). A pesquisa é apresentada como tendo grande potencial para a área da saúde, mas, em determinado momento, um dos integrantes da pesquisa altera o sorteio do estudo, dando o medicamento para a esposa de um amigo que apresenta o Alzheimer. De que forma a atitude desse pesquisador pode ser interpretada? Bons estudos!

Vamos Começar!

Será que a ciência é um “tudo vale”, em que reflexões sobre a ética e a saúde dos indivíduos ou animais de laboratórios não são consideradas? Será que a ética representa um empecilho para o desenvolvimento pleno da ciência? Até que ponto devemos estar cientes da importância dos postulados éticos que norteiam a pesquisa científica? Na corrida não apenas por um entendimento profundo sobre o surgimento de novas doenças, mas também pelo desenvolvimento de medicamentos e vacinas, certos protocolos éticos desempenham sua importância na investigação científica. Além disso, a ética, enquanto campo de investigação, tem conseguido acompanhar a ciência com o objetivo de enriquecê-la ao estudar seus potenciais problemas éticos.

Aqui vale a pena trazermos a definição de ética e moral para compreendermos a diferença entre os dois conceitos e como o conceito de ética se aplica no desenvolvimento de pesquisas científicas. Segundo o dicionário online da língua portuguesa Michaelis (2023), a moral é algo “relativo às regras de conduta e aos costumes estabelecidos e admitidos em determinada sociedade”. Dessa forma, entendemos que a moral diz respeito a um sistema de valores, regras e princípios que rege o comportamento das pessoas pertencentes a um determinado grupo. A moral deve ser considerada dentro de um contexto (tempo e espaço), sendo o sujeito moral aquele que age de acordo com as regras determinadas pelo grupo a que pertence.

Por sua vez, a ética pode ser definida como o

Ramo da filosofia que tem por objetivo refletir sobre a essência dos princípios, valores e problemas fundamentais da moral, tais como a finalidade e o sentido da vida humana, a natureza do bem e do mal, os fundamentos da obrigação e do dever, tendo como base as normas consideradas universalmente válidas e que norteiam o comportamento humano (Michaelis, 2023).

A ética, portanto, pode ser entendida como um conjunto de princípios, normas, deveres e valores que regem a relação de uma pessoa, um grupo, de uma organização ou de uma comunidade com o mundo. O sujeito ético é aquele que age e faz escolhas dentro de um sistema de valores pessoais e considerando as normas de um grupo. Dada essa diferenciação, precisamos compreender que são conceitos que se relacionam dentro dos contextos nos quais estão inseridos. Vamos pensar nas questões éticas atreladas às pesquisas científicas.

Ética e ciência

A ética é o princípio norteador da investigação científica, contribuindo não apenas para a elaboração de pesquisas mais bem executadas, mas também para que os cientistas mantenham um elevado nível de responsabilidade com seus projetos. Sem ética, a ciência provavelmente estaria fadada ao fracasso, pois a preocupação coletiva com a integridade dos indivíduos, com o manuseio dos dados da pesquisa e com a imparcialidade na realização da pesquisa seria substituída pelo interesse individual. A preocupação com a verdade daria cada vez mais espaço para a necessidade de ganho financeiro elevado. Portanto, uma pesquisa desprovida de princípios éticos não pode ser considerada uma ciência.

A atitude ética na investigação científica representa o cuidado que os pesquisadores devem ter ao elaborarem seus projetos de pesquisa, pois existem órgãos reguladores que avaliam as consequências sobre certos tipos de estudos que usam animais e seres humanos. Dessa forma, estudos que possam causar algum tipo de impacto negativo aos participantes geralmente não são aprovados, especialmente por conta de experiências relatadas anteriormente em investigações psicológicas. Um exemplo é o famoso experimento de aprisionamento de Stanford, cujo objetivo era analisar o comportamento humano numa sociedade na qual os indivíduos eram apenas definidos pelo grupo. Esse experimento teve que ser interrompido bem antes de sua conclusão porque os voluntários começaram a usar formas de tratamento abusivas com outros participantes, como violência física e verbal.

A orientação ética na pesquisa científica destaca que o cientista também deve ter cuidado durante a coleta de dados, de modo a evitar possíveis contaminações e/ou enviesamento cognitivo, pois poderiam prejudicar a qualidade do trabalho. Resultados obtidos de forma duvidosa levam ao desperdício de recursos essenciais, às vezes, dinheiro público, que poderiam ser usados em pesquisas mais bem projetadas e sem nenhum tipo de direcionamento/manipulação. Por essa mesma razão, a replicação de estudos é vista como uma tarefa fundamental para identificar o risco de contaminação e enviesamento nos resultados de um estudo individual. A replicabilidade desses estudos permite ao pesquisador ter certeza de que os resultados não se devem ao acaso ou a fatores externos que possam ter interferido neles.

Um cientista deve ser orientado pelos riscos que uma pesquisa malfeita pode trazer a longo prazo, principalmente em uma sociedade com recursos escassos que esteja passando pelo enfrentamento de crises econômicas ou pandemias. A ética revela o nível de responsabilidade do cientista com sua produção intelectual, de modo que negligenciá-la só contribuirá para a justificação ideológica de corte orçamentário da pesquisa científica. Pelo menos, é o pretexto mais frequentemente utilizado por governos anticientíficos, pois não enxergam a ciência como um investimento vital para o progresso social, mas como um gasto desnecessário, sob a desculpa do suposto excesso de fraudes, vieses cognitivos e erros ao longo da história da ciência.

Siga em Frente...

Cuidados éticos para a realização de uma pesquisa

A ética científica é um enfoque multidisciplinar que, em conjunto com a ciência, busca avaliar a plausibilidade da adoção de certos princípios éticos e normas sociais. Além de campos como a Antropologia, a Psicologia, a Sociologia ou a História, a ética também estuda a ciência, especialmente, as normas éticas que vigoram na comunidade científica. Ela estuda ainda o impacto ético de certos estudos que são feitos com animais e seres humanos. Além disso, a ética está interessada no comportamento inadequado durante o desenvolvimento de uma pesquisa, principalmente na motivação do cientista em fraudar resultados.

Entre os diversos problemas éticos que advêm da atividade científica, três merecem atenção: a questão do consentimento dos voluntários para o desenvolvimento de uma pesquisa, o problema da preservação de identidade e integridade e, por último, a relação entre voluntários e pesquisadores no decorrer da investigação científica. Na regulação dessas relações, atuam os comitês de ética em pesquisas, que avaliam a viabilidade das pesquisas com o intuito de defender a integridade e dignidade dos participantes da pesquisa, bem como de contribuir com o seu desenvolvimento dentro dos padrões éticos (Ministério da Defesa, 2023).

As pesquisas realizadas com seres humanos devem ser submetidas para avaliação na plataforma Brasil e atender à Resolução CNS nº 466/2012, seguindo a todos os requisitos nela dispostos a fim de que a pesquisa seja aprovada para a sua realização. Em relação às pesquisas realizadas com animas, os projetos devem ser submetidos ao Comitê de Ética no Uso de Animais (CEUA - INCA) e comissão de biossegurança, e atender ao que está disposto na Lei 11.794, de 08 de outubro de 2008, que estabelece o procedimento para uso científico de animais (Ministério da Defesa, 2023).

Os voluntários da pesquisa

Uma pesquisa nunca pode ser realizada sem o consentimento de quem dela vai participar. O consentimento dos voluntários é imprescindível e refere-se à autorização prévia de uso de certos dados dos participantes na pesquisa científica. De outro modo, uma pesquisa que utiliza de forma indevida dados de seus voluntários sem o consentimento necessário está violando princípios éticos e, consequentemente, prejudicando a qualidade da pesquisa.

É de grande importância também o pesquisador ressaltar a voluntariedade da participação, não sendo o participante obrigado a participar. É preciso ficar claro que não haverá nenhum tipo de prejuízo, remuneração ou custo aos participantes e que eles podem se sentir à vontade para desistir da participação a qualquer momento do processo da pesquisa. Antes da participação, é solicitado que os participantes assinem um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) onde constam todas as informações sobre a pesquisa e esclarecimentos necessários (Baptista; Campos, 2016).

Preservação da identidade e integridade

O anonimato dos participantes deve sempre ser preservado, a menos que haja uma autorização para a divulgação de sua identidade. Assim, é necessário se atentar à proteção de informações sensíveis dos participantes de um estudo. Também se refere ao princípio de que os participantes devem estar cientes dos riscos envolvidos no estudo do qual serão voluntários, seja de ordem física ou psicológica – nesse caso, é importante deixar claros os possíveis riscos trazidos aos voluntários ao se submeterem ao estudo.

O sigilo das respostas obtidas também deve ser garantido aos participantes. Mesmo que a pesquisa seja publicada, e esse é objetivo da realização de pesquisas, não se deve identificar o grupo que participou do estudo divulgando nome da cidade, da instituição ou qualquer outra informação que permita a identificação dos participantes (Baptista; Campos, 2016).

A relação entre voluntários e pesquisadores

O problema mais evidente no tocante à relação entre os voluntários e os pesquisadores é a possível manipulação do comportamento dos voluntários de acordo com a intenção do cientista de obter um resultado específico em um estudo clínico. Por exemplo, um voluntário poderia agir de acordo com as expectativas do pesquisador ao ser submetido a um teste clínico para investigar a eficácia de algum fármaco. Isso consequentemente enviesaria os resultados, prejudicando a qualidade da evidência. O voluntário poderia dizer que, ao ingerir o fármaco testado, ele conseguiu obter os melhores benefícios à saúde, mesmo que o relato, de fato, não seja verdade.

Portanto, durante a condução de testes clínicos ou outros tipos de pesquisas, é necessário que os voluntários sejam selecionados de forma aleatória (randomizados), é necessário também que exista uma amostragem significativa para ser representativa e, mais ainda, que existam grupos de controle de placebo (no caso de testes clínicos). Isso é importante para identificar sobre a eficácia do resultado obtido, se o fármaco pode ser considerado estatisticamente significativo quando comparado ao grupo que tomou placebo, por exemplo.

Ética com os dados da pesquisa

A ética também está relacionada à forma como o trabalho científico é produzido e apresentado na hora da avaliação pelos pares, de modo que plágios, manipulações de dados estatísticos e falsificações não são tolerados quando descobertos pelos revisores. Um trabalho científico orientado eticamente é original, com dados normalmente refletindo as consequências reais do estudo. De fato, podem ocorrer casos em que os revisores independentes encontram falhas, mas um cientista que preza pela ética buscará corrigir o trabalho que apresentar problemas. Também é possível a violação dessas condutas éticas durante a investigação científica, mas quando isso acontece, os pesquisadores são punidos.

Quando um cientista é denunciado por fraude, uma comissão de ética pode ser convocada para analisar o caso, podendo ocorrer até a perda da titulação acadêmica do pesquisador. Em outras situações, dependendo do nível da ocorrência, a retratação pública do próprio cientista pode ser vista como suficiente em um caso não intencional de erro na elaboração de sua pesquisa. Órgãos regulatórios também contribuem para analisar de que forma os animais usados em experimentos estão sendo tratados, de modo que a violência e o sofrimento não são toleráveis no ato da pesquisa científica. A violação das normas éticas de proteção animal pode levar ao encerramento da investigação científica e o autor poderá responder a processo por conta dessa violação, além, é claro, do possível impedimento no exercício de futuras pesquisas.

Finalmente, os cientistas adotam abertamente um conjunto de princípios éticos em comunidade, também chamados de ethos da ciência, primeiramente percebido e estudado pelo sociólogo da ciência Robert K. Merton (1968), que consistem em universalidade, desinteresse, ceticismo coletivo, comunismo epistêmico e originalidade. Observe no Quadro 1 a seguir o significado desses princípios.

Universalidade

Refere-se ao fato de a ciência poder ser praticada por qualquer pessoa, independentemente de sua etnia ou localização geográfica.

Desinteresse

Refere-se à necessidade de os anseios coletivos estarem acima dos interesses individuais/privados.

Ceticismo Coletivo (ceticismo científico)

Refere-se à dúvida metódica, em que hipóteses e teorias são sujeitas à crítica responsável pela comunidade científica.

Comunismo epistêmico

Refere-se à noção de que a ciência é uma propriedade de todos, acessível a todos, independente da situação socioeconômica

Originalidade

Refere-se ao estímulo à produção de novas pesquisas e teorias.

Quadro 1 | Princípios éticos para a realização das pesquisas (ethos da ciência). Fonte: elaborado pela autora.

Vamos Exercitar?

Você se lembra da nossa situação inicial? Agora que já compreendemos os aspectos éticos que envolvem a realização de uma pesquisa, é hora de pensar no grupo de pesquisadores que está investigando um tratamento muito promissor para a doença de Alzheimer. Entretanto, em determinado momento, um dos integrantes da pesquisa altera o sorteio do estudo, dando o medicamento para a esposa de um amigo que participa dos testes. Como a atitude desse pesquisador pode ser interpretada? 

O pesquisador foi antiético. A pesquisa em questão foi desenhada de forma randomizada, para garantir que todos os participantes tenham a mesma possibilidade de tratamento ou não com o medicamento em teste. Um dos princípios na avaliação de um estudo é o mascaramento dos participantes que vão integrar a amostra, justamente para que não haja a possibilidade de manipulação dos resultados. Quando o pesquisador dá o medicamento para um participante especificamente, ele está quebrando uma das características de confiabilidade do estudo, o que pode gerar um viés no momento de interpretação dos resultados. Como o estudo é experimental, o pesquisador também pode estar dando ao participante a falsa esperança de cura, pois ainda estão sendo buscadas as evidências de validade do medicamento.   

Saiba Mais

  1. Observar os critérios éticos para a realização das pesquisas é fundamental para que os resultados obtidos sejam confiáveis e relevantes. “A pesquisa envolvendo seres humanos é a pesquisa que, individual ou coletivamente, tenha como participante o ser humano, em sua totalidade ou partes dele, e o envolva de forma direta ou indireta, incluindo o manejo de seus dados, informações ou materiais biológicos” (Ministério da Defesa, 2023). Para compreender melhor os dispositivos da Resolução CNS nº 466/2012, acesse o documento disponível no site do governo.
  2. A ética na realização das pesquisas é uma premissa para a confiabilidade dos experimentos dela decorrentes. Para isso, é fundamental também se atentar para a integridade física e psicológica dos participantes da pesquisa. Não foi o que aconteceu no experimento de aprisionamento ocorrido na Universidade De Stanford em 1971. Para se aprofundar nesse tema, ouça o episódio “A maldade humana e o experimento de Stanford” do podcast “Mundo Freak Confidencial”, publicado em fevereiro de 2021.

Referências Bibliográficas

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. 3ª ed. São Paulo: Moderna, 2003.

BAPTISTA, Makilim Nunes; CAMPOS, Dinael Corrêa de. Metodologias de Pesquisa em ciências: análises quantitativas e qualitativas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ltc, 2016.

MERTON, Robert. Sociologia: teoria e estrutura. São Paulo: Editora Mestre Jou, 1968.

MICHAELIS. Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 2023. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/. Acesso em: 8 out. 2023.

MINISTÉRIO DA DEFESA. Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/HFA). 2023. Disponível em: https://www.gov.br/hfa/pt-br/ensino-e-pesquisa/comite-de-etica-em-pesquisa-cep-hfa-1/comite-de-etica-em-pesquisa-cep-hfa. Acesso em: 30 out. 2023.

Encerramento da Unidade

Tipos de Produção Científica

Videoaula de Encerramento

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Ponto de Chegada

Olá, estudante! Para desenvolver a competência desta unidade, que é “conhecer o desenvolvimento e a estrutura de um projeto de pesquisa e seus fundamentos práticos, observando as questões éticas para o desenvolvimento das pesquisas científicas”, você deve primeiramente ter em mente o que é uma pesquisa bibliográfica e uma pesquisa documental, bem como a forma de se construir um resumo e uma resenha. Depois, é preciso saber o que é e como estruturar um projeto de pesquisa com base nas normas da ABNT. É necessário pensar na publicação/divulgação dos resultados das pesquisas por meio da publicação de artigos científicos ou da participação em eventos acadêmicos. Em todos esses processos, é preciso observar as questões éticas que são interligadas a eles.

Ao conduzir pesquisas, é essencial manter altos padrões de ética para garantir a integridade e o respeito pelos participantes, bem como para preservar a confiabilidade e a validade dos resultados. Porém, a ética não deve estar presente somente quando a pesquisa envolve seres vivos. Se você realizar uma pesquisa bibliográfica ou documental, por exemplo, a ética também precisa estar presente, no sentido de que você não cometerá plágio, ou seja, fará corretamente as citações e referências no seu texto, dando os devidos créditos aos autores que tomar como base.

Ou, então, você não vai manipular os dados e resultados encontrados nas pesquisas que você está utilizando como base para que eles estejam de acordo com a sua visão de mundo. A ética precisa estar presente nas nossas ações cotidianas, no nosso ambiente de trabalho, no ambiente familiar, educacional, etc. Enquanto pesquisadores, precisamos nos conscientizar da nossa responsabilidade social. Isso significa que é necessário reconhecer a responsabilidade social da pesquisa, buscando contribuir de forma significativa para o avanço do conhecimento e o bem-estar da sociedade como um todo.

Nessa perspectiva, a ética deve estar presente em nossa prática desde o momento de elaboração do nosso projeto de pesquisa, na aplicação, na coleta e análise de dados e posteriormente na divulgação dos resultados. Ela desempenha um papel fundamental em todas as fases do planejamento e da construção da pesquisa. Não promove apenas a integridade acadêmica, mas também protege os direitos e o bem-estar dos participantes, bem como do público em geral.

Seguindo a ética, o pesquisador construirá um estudo confiável, baseado em princípios e evidências; seus resultados poderão servir de base para outros estudos. Por isso, é relevante a participação do pesquisador em diferentes tipos de eventos acadêmicos e o envio de artigos para a publicação em periódicos que sejam referência na área. Participar de eventos acadêmicos é uma oportunidade valiosa para expandir o conhecimento, estabelecer conexões com outros profissionais e pesquisadores, compartilhar suas próprias pesquisas e descobertas, além de se manter atualizado sobre as tendências e avanços em sua área de estudo.

A publicação de artigos científicos é uma maneira fundamental de contribuir para o avanço do conhecimento em sua área de estudo e de compartilhar suas descobertas e pesquisas com a comunidade acadêmica e científica. É necessário buscar garantir a qualidade e a relevância do seu trabalho; assim, você aumenta as chances de publicar seus artigos em revistas científicas respeitáveis. Outra questão a ser observada são os possíveis custos das publicações ou das participações em eventos. A maioria dos eventos cobra uma taxa de inscrição. Quanto aos periódicos, normalmente não há taxa para o envio e avaliação; o que muitas vezes é cobrado é a tradução do artigo para uma língua estrangeira. Isso precisa ser feito pelo tradutor indicado pela revista, que é certificado naquela língua e fará um trabalho de qualidade.

Contudo, até chegar à etapa de publicação, todas as outras precisam ser observadas e atendidas. Elas visam à qualidade e relevância das produções.

Reflita

A partir da discussão apresentada, reflita sobre os seguintes questionamentos:

  • O projeto de pesquisa de fato nos auxilia no planejamento de nossas pesquisas?
  • É realmente necessário nos atermos aos aspectos éticos na realização de uma pesquisa? Ou a ética atrasa o progresso científico?

É Hora de Praticar!

Pesquisas envolvendo seres humanos são uma parte essencial da ciência e da pesquisa em muitas áreas. Ao conduzir pesquisas com seres humanos, é crucial garantir que os participantes sejam tratados com respeito, dignidade e consideração pelos seus direitos e bem-estar. É importante seguir diretrizes éticas e protocolos rigorosos para proteger os participantes durante todo o processo de pesquisa. Alguns pontos são indispensáveis para a condução da pesquisa, como: o consentimento dos participantes, a confidencialidade, a imparcialidade e a minimização dos riscos. Não se pode esquecer também que a pesquisa só pode ser desenvolvida após a aprovação no comitê de ética em pesquisa.

Vamos analisar um artigo científico que divulga os resultados de uma pesquisa realizada com seres humanos:

INÁCIO, A. L. M.; MARIANO, M. L. S.; BZUNECK, J. A. Evidências de validade da escala de motivação de professores para o trabalho. Revista Portuguesa De Educação, v. 36, n. 2, 2023.

Depois de ler todo o artigo, volte no tópico 2 – Método, na página 5, e se atente para como os autores descrevem os participantes da pesquisa, os instrumentos utilizados para coletar os dados, como a análise dos dados foi feita e quais foram os procedimentos adotados para a condução da pesquisa. Procure fazer anotações de pontos que você considerar importantes.

Agora, responda aos seguintes questionamentos:

  • A pesquisa tem um referencial bibliográfico sólido que embasa a sua construção?
  • A pesquisa analisada partiu de princípios éticos na sua realização?
  • É possível verificar se, antes do desenvolvimento da pesquisa, houve a avaliação de algum comitê de ética em pesquisa?

Bons estudos!

 

Reflita

Após a análise do artigo indicado, quais aprendizados você obteve para o desenvolvimento da sua pesquisa?

Resolução do estudo de caso

O artigo deixa bem delimitado, logo na introdução, o referencial teórico utilizado na construção da pesquisa. Os autores trabalham com a motivação de professores para o trabalho e tomam como base a teoria da autodeterminação. Para situar o leitor, os autores apresentam as bases e os pressupostos dessa teoria.

Quando se analisa a parte específica do método do artigo em questão, em que os autores descrevem os sujeitos da pesquisa, os instrumentos, a análise dos dados e os procedimentos, é possível perceber o detalhamento das informações, o que oportuniza ao leitor de fato compreender o conteúdo abordado. Os participantes são descritos em termos de gênero, idade, instituição em que trabalham, e região de proveniência. Nenhum desses dados permite a identificação dos participantes.

Os instrumentos são descritos a fim de que o leitor compreenda quais dados foram coletados e para que haja a compreensão da estruturação e validação da escala de motivação do professor para o trabalho. Também fica evidente que não é possível identificar os participantes da pesquisa. No quesito análise dos dados, os autores apresentam os softwares utilizados para as análises estatísticas.

Por fim, nos procedimentos, os autores apontam os procedimentos éticos que foram adotados em conformidade com a Resolução 510/2016. Também é disponibilizado ao leitor o número de aprovação no comitê de ética em pesquisa, que pode ser verificado na Plataforma Brasil

 

 

Dê o play!

Assimile

Vamos analisar a figura a seguir e procurar pensar em como os princípios éticos estão ligados ao desenvolvimento de todos os tipos de produção científica em todas as suas fases de elaboração.

Fonte: elaborada pela autora.

Referências

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. 3ª ed. São Paulo: Moderna, 2003.

BAPTISTA, Makilim Nunes; CAMPOS, Dinael Corrêa de. Metodologias de Pesquisa em ciências: análises quantitativas e qualitativas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ltc, 2016.

MINISTÉRIO DA DEFESA. Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/HFA). 2023. Disponível em: https://www.gov.br/hfa/pt-br/ensino-e-pesquisa/comite-de-etica-em-pesquisa-cep-hfa-1/comite-de-etica-em-pesquisa-cep-hfa. Acesso em: 30 out. 2023.