Administração e Planejamento e a relação com o Serviço Social

Aula 1

Metodologias de intervenção

Metodologias de intervenção

Olá, estudante!
Não é novidade para você que a cada novo encontro haverá avanços na consolidação dos saberes afetos ao tema desta disciplina. Nesta videoaula, será consolidada a importância do planejamento estratégico para a prática do assistente social, do modo que este é fundamental para um agir qualificado. Lembre-se: planejar é organizar uma ação, antevendo os riscos, prevendo situações e minimizando vulnerabilidades e otimizando resultados. É fundamental que seu pensar esteja imbuído de criatividade e resolutividade, focando na intencionalidade e baseando-se no projeto ético-político da profissão, propondo-se a resolver as demandas impostas pela sociedade.

Ponto de Partida

Nesta aula, você revisará em que consiste o ato de planejar com estratégia e compreenderá a relação do ato de planejar com o projeto ético-político do Serviço Social, perceberá que a definição da metodologia faz parte de um projeto de intervenção pautada na teleologia e entenderá a importância da reunião do acervo teórico, técnico e metodológico na construção de um fazer comprometido com a transformação social.

O que compete à categoria profissional de assistente social foge do improviso, da prática tarefeira e rotineira, rompe com o conservadorismo e permanece caminhando em busca do protagonismo e da emancipação do sujeito e de práticas que sejam criativas, interventivas e que se aproximem de ações de resolutividade às demandas impostas pela sociedade.

O capitalismo encontra meios de se repaginar, cria mecanismos de atenuar seus impactos sobre a questão social e, igualmente, o assistente social precisa mais do que nunca pensar em novas estratégias de resposta aos novos problemas que surgem. Atender às demandas da sociedade requer um profissional que se atualize, busque qualificação constante e esteja ciente das suas competências e habilidades profissionais, o que é um desafio continuado e indispensável.

Assim, venha se desafiar a esse novo momento!

Vamos Começar!

Independentemente da área de atuação do assistente social e do seu fazer profissional, é possível afirmar que o planejamento se constitui como um dos primeiros instrumentos da ação dele.

Planejar tem relação com o que se quer fazer, religando-se a uma ação futura, pois é a partir da definição do que se almeja que se traça uma metodologia. Planejamento, assim, tem estreitamento direto com o método, o caminho metodológico, que nada mais é que o passo a passo, a trilha escolhida para chegar ao objetivo final.

Se considerado o que a área da administração enquanto ciência relata, o que se encontra é o fato de que o ato de planejar é muito antigo e que compõe o ato de administrar como um todo. O processo completo da administração consiste em planejar, organizar, dirigir e controlar, com a finalidade de alcançar um fim proposto (Chiavenato, 2021).

O planejar, assim, é o ato de prever, ou seja, projetar uma imagem, um cálculo futuro, separar provisionamentos, a fim de escolher e delimitar recursos e definir o melhor meio de utilizá-los, a fim de maximizar lucros e eficiência (Giovanella, 1991).

Da mesma forma, a estratégia é antiquíssima e já estava presente na vida dos homens desde a era das cavernas. Com a necessidade de se alimentar, o homem da caverna saía do seu conforto para caçar e daí valia-se da estratégia: pensar de que maneira poderia ter sucesso na sua empreitada – e o sucesso, neste caso, significaria retornar são e salvo e com a comida em mãos de volta para a caverna.

Strátegos é uma palavra de origem grega que chegou a ser sinônimo do posicionamento do general frente a um exército e, posteriormente, ganhou outro sentido, como a conotação das competências e habilidades disponibilizadas pelo líder e comandante da tropa (Chiavenato, 2004). Isto dito, é importante compreender que deste contexto precede o pensamento estratégico. Para melhor esclarecer, observe o esquema da Figura 1.

A imagem é um diagrama que representa a base do pensamento estratégico, composto por três elementos principais: Missão, Visão e Intenção. Estes elementos estão conectados através de setas e descrições que explicam suas relações e funções. No topo do diagrama, no centro superior, dentro de uma elipse oval em cor marrom está o Elemento Central: Base do Pensamento Estratégico. A partir do elemento central, saem três setas que levam a outros três elementos: Missão: Localizada no canto inferior esquerdo, dentro de um oval preto com o texto descritivo abaixo: "Consiste do propósito e razão de ser". Visão: Localizada no canto inferior direito, dentro de um oval preto, com o texto descritivo abaixo: "É o objetivo em si. Onde se quer chegar. O que se almeja". Intenção: localizada no centro inferior, dentro de um oval preto, com o texto explicativo acima: "A intenção estratégica é o pensamento intencional para se articular a missão e a visão".
Figura 1 | Pensamento estratégico

Siga em Frente...

Voltando para a atuação do assistente social, o planejamento e a administração se relacionam diretamente com os instrumentos do serviço social, ou seja, o planejamento em serviço social relaciona-se com a teleologia, que quer dizer a intencionalidade da profissão, a qual, por sua vez, está imbricada com o projeto ético-político (PEP) da profissão. O PEP se configura como uma projeção coletiva da categoria como um todo e define os anseios da profissão, os princípios norteadores e os valores éticos. Assim, a construção dele consiste em 

(...) um conjunto de componentes que necessita se articular: são valores, saberes, e escolhas teóricas, práticas, ideológicas, políticas, éticas, normatizações acerca de direitos e deveres, recursos políticos organizativos, processos de debate, investigação, interlocução crítica com o movimento da sociedade, da qual a profissão é parte e expressão. (Yazbeck, 2004, p. 12) 

Destrinchando o conceito, o termo “projeto ético-político” se dá pelo seguinte fato:

  • Projeto: refere-se ao ideário, à construção ideológica da profissão e ao que se anseia.
  • Político: refere-se no sentido mais amplo a organização da polis, portanto diz respeito à dinâmica geral da atividade cotidiana, à sua organização e às relações de poder que emergem desta forma de estruturação das cidades.
  • Ético: refere-se aos valores escolhidos para nortear a ação profissional.

A intencionalidade do assistente social está no compromisso social estabelecido com um agir mediante a racionalidade a intenção de solucionar os problemas e, a intenção de reduzir riscos e incertezas e evitar a todo custo uma prática improvisada e irrefletida.

A administração no serviço social consiste na organização de recursos disponíveis para o fazer profissional, e não deve ser confundida com neutralidade, como ressalta Paro (2006), ao afirmar que os recursos são elementos conceituais e materiais e que atingem duas dimensões distintas: da produção social e da reprodução social. Embora abstrata em teoria, a administração, sinônimo de gestão, ao se concretizar, estabelece uma relação entre os fins e os meios (Gurgel; Souza Filho, 2016).

Planejar, portanto, tem relação com o objetivo e a intencionalidade da ação, sendo o objetivo entendido como em que lugar se quer chegar, com maior clareza e definição: 

[...] expressar as novas tendências e condições emergentes no processo social, subsidiando a construção de respostas profissionais sólidas e antecipatórias ante as particularidades da “questão social” no atual estágio da acumulação capitalista. Este é um dos quesitos para assegurar a atualidade da profissão, condição de sua necessidade social, ou seja, da continuidade de sua reprodução na esfera do mercado capitalista de trabalho e de alargamento de seu espaço ocupacional. (Iamamoto, 2015, p. 170) 

Ressignificadas as bases teóricas e metodológicas do sérico social, passam a ser a reflexão-ação, buscando a visão crítica da realidade. O novo currículo de serviço social passa a exigir pesquisas e uma sustentação teórica e metodológica que suporte o engajamento com a transformação social desejada.

Há marcos políticos que delimitaram e fortaleceram o PEP do assistente social. Para Abramides et al. (2006), são eles:

  • A luta contra a ditadura. 
  • A amplitude dos movimentos sociais a partir de 1980.
  • A mudança do perfil socioeconômico dos alunos dos cursos de serviço social, que passou a ser não mais de mulheres abastadas, incluindo a população de classe média e de classes mais empobrecidas.
  • A participação de militantes políticos e sociais.

Sendo assim, a formação se posiciona por três dimensões distintas: teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa.

Faz-se necessário esclarecer que, para intervir na sociedade, é necessário entender a realidade. Esse entendimento da realidade enquanto totalidade e a compreensão crítica sobre ela representam a apreensão da totalidade de modo a possibilitar o enfrentamento das situações cotidianas e o embate das expressões da questão social.

Como referência, vale afirmar que há uma dualidade de dimensões do planejamento do serviço social, uma sendo relativa aos instrumentos e às técnicas e à apreensão do arcabouço teórico e metodológico, e a outra dimensão de caráter estratégico, relacionada à capacidade de mediação, de articulação, de contornar dissensos e facilitá-los.

Vamos Exercitar?

Você é convidado a imaginar que é assistente social do Centro de Atendimento Socioeducativo (CASE) da unidade Camaçari/BA. Ele recebe adolescentes dentro da faixa compreendida entre 12 e 18 anos. Localizado no Bairro de Tancredo Neves, em Salvador, tem como medida aplicada a internação provisória e a internação de sentenciados de jovens que cometeram ato infracional.

As unidades de atendimento socioeducativo devem receber os jovens que cumprem medida socioeducativa, objetivando a garantia dos seus direitos e a sua integridade física. Como assistente social, você deverá assegurar que o adolescente cumpra a medida socioeducativa com integridade e respeito.

O seu fazer profissional será voltado ao atendimento diretamente ao adolescente e à sua família. O que seria a aplicação do planejamento estratégico e participativo no seu dia a dia de trabalho? Analisando os conteúdos aprendidos, como o projeto ético-político, a intencionalidade e o planejamento estratégico, que tipo de resolutividade você poderia desenvolver?

A intencionalidade tem relação direta com a teleologia, que se configura enquanto objetivo do agir profissional. Teleologia, para Guerra (2022, p. 24), é “a capacidade que os homens e as mulheres detêm de projetarem, pelo movimento da sua consciência, a sua intenção, antes mesmo de a realizarem”. Neste caso, ela é um trabalho que, muitas vezes, vai na contramão do senso comum, o qual acredita que “bandido bom é bandido morto”. A intenção do assistente social é, principalmente, possibilitar ao adolescente a reconstrução de sua vida longe dos delitos, fortalecer a identidade do indivíduo e orientá-lo quanto à possibilidade de uma vida concreta na perspectiva cidadã. 

Para o planejamento, o assistente social precisa se antecipar e escolher as ferramentas pensando na intencionalidade. Para Athayde (2005), se queremos possibilitar uma vida longe do crime, precisamos proporcionar aos jovens: atividades educativas, fortalecimento de sua autoestima, estímulo ao seu desenvolvimento, afastamento do passado e auxílio para vislumbrar um futuro diferente.

Planejar também é se instrumentalizar, reunindo, lendo e dominando toda a legislação pertinente à área de atuação. Neste contexto, o principal documento jurídico é o Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº 8.069/90 – e o Código de Ética do Assistente Social.

Comprometido com o projeto ético-político da profissão, seu agir profissional deve pensar em trabalhar a autonomia do adolescente e fornecer meios para que ele possa trilhar passos rumo à criação de oportunidade e possibilidades. Fuja das atividades tarefeiras, como preencher formulários, marcações, agendamentos etc.

Assim, para desenvolver um projeto de intervenção personalizado de ação socioeducativa e de forma interventiva, criativa e resolutiva, você pensou em uma ciranda de leitura, baseada em livros que discutam valores éticos, mas que, ao mesmo tempo, trabalha as questões do racismo, do empreendedorismo, da superação e, principalmente, do empoderamento. Seu projeto ainda contempla a participação de egressos que estão reinseridos atualmente e que superaram as condições do passado.

Saiba Mais

Yolanda Guerra, em seu livro A Instrumentalidade do Serviço Social, apresenta a comemoração à maioridade da instrumentalidade do serviço social. O primeiro texto foi escrito em 1995 e, 18 anos depois, a 10ª edição faz uma reflexão sobre o aspecto inacabado do discurso e a necessidade de mantê-lo dinâmico e renovável. Disponível na Biblioteca Virtual.

GUERRA, Y. A instrumentalidade do serviço social. São Paulo: Cortez, 2022. 

A partir de 1989, o capital busca se reestruturar. É a implantação do neoliberalismo no Brasil e suas investidas. Confira o livro O projeto ético-político do serviço social brasileiro: ruptura com o conservadorismo e aprofunde seu conhecimento. Disponível na Biblioteca Virtual.

ABRAMIDES, M. B. C. et al. O projeto ético-político profissional do serviço social brasileiro. São Paulo: Cortez, 2021.

Referências Bibliográficas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO E PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL. Diretrizes Gerais para o Curso de Serviço Social. Rio de Janeiro: ABEPSS, 1996. Disponível em: https://www.abepss.org.br/arquivos/textos/documento_201603311138166377210.pdf. Acesso em: 28 jul. 2023

ABRAMIDES, M. B. C. et al. O projeto ético-político profissional do serviço social brasileiro. São Paulo: Cortez, 2021. 

ATHAYDE, C.; BILL, MV. Falcão – Meninos do tráfico. Rio de Janeiro: Objetiva, 2006. 

CHIAVENATO, I. Planejamento estratégico. São Paulo: Elsevier Brasil, 2004. 

CHIAVENATO, I. Administração para todos: ingressando no mundo da gestão de negócios. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2021. 

GIOVANELLA, L. As origens e as correntes atuais do enfoque estratégico em planejamento de saúde na América Latina. Cad. Saúde Pública, v. 7, n. 1, p. 26-44, 1991. 

GUERRA, Y. A instrumentalidade do Serviço Social. São Paulo: Cortez, 2022. 

GURGEL, C.; SOUZA FILHO, R. de. Gestão democrática e serviço social: princípios e propostas para a intervenção crítica. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2016.  

IAMAMOTO, M. V. O Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 26. ed. São Paulo: Cortez, 2015. 

YAZBEK, M. C. A Assistência Social na cidade de São Paulo. São Paulo: Instituto Polis; PUCSP, 2004.

Aula 2

Planejamento participativo

Planejamento participativo

Começaremos, agora, mais uma videoaula! Ela tem a intenção de despertar em você o entendimento acerca da importância do uso das metodologias no planejamento da prática profissional do assistente social e de como se dá a participação da sociedade nos processos de ações direcionadas a ela.

Também, você conhecerá sobre a escuta no serviço social e sobre a ferramenta Árvore de Problemas, afinal, quanto mais você se apropria dos conhecimentos, mais poder de decisão você terá e maior será a assertividade de suas ações. Entretanto, não se esqueça de que a experiência é igualmente importante à teoria, e não é possível desconsiderar que os conhecimentos em administração e planejamento são imprescindíveis ao cotidiano em uma perspectiva da garantia de participação.

Assim, siga nos conhecimentos que validarão sua práxis!

Ponto de Partida

Esta videoaula apresenta o planejamento dentro do serviço social como o locus da garantia da participação da sociedade nos processos de construção dela mesma. Compreender as demandas de forma generalizada, como expressões das mais diversas, bem como conhecer a escuta enquanto método e técnica na atuação do assistente social fazem parte da percepção do conceito da participação na perspectiva do planejamento na atuação profissional do assistente social.

É preciso que você reconheça como a escuta auxilia na identificação da situação-problema trazida pelo usuário da ação do assistente social, assim como a análise pelo método da Árvore de Problemas promoverá o objetivo de identificar não só a raiz mas também os efeitos do problema em questão.

Se você está preparado, então vá ao conteúdo!

Vamos Começar!

O planejamento e os instrumentos metodológicos em serviço social precisam ser pensados de forma a envolver a sociedade. O seminário de Araxá (1967), em Teresópolis (1971), evidenciou a construção de um serviço social mais técnico, legitimando uma preocupação em não só executar políticas públicas mas também pensar no planejamento e na elaboração dessas políticas.

É importante destacar que os assistentes sociais atuam com as mais variadas expressões da questão social na vida cotidiana, seja na família, no trabalho ou na assistência. Para Iamamoto (2009), a questão social é desigualdade e rebeldia ao mesmo tempo, já que, apesar de vivenciar as dificuldades, ainda é possível lutar e se rebelar.

O uso das técnicas pelo assistente social é, de certa forma, manifestação também dessa rebeldia, e as configura como instrumentos e meio de trabalho na perspectiva tanto individual quanto do atendimento coletivo.

Na escolha do instrumento a ser utilizado pelo assistente social, é muito importante haver um planejamento, evitando improvisos ou esquecimentos. No caso de uma entrevista, por exemplo, é importante ter em mente qual é o objetivo enquanto profissional, qual é o objetivo da instituição vinculada e quais são as necessidades do usuário do serviço (Costa; Lavorati, 2016).

Um dos instrumentos mais utilizados para a identificação do problema é a escuta, a qual é realizada pelo profissional quase sempre no ato do acolhimento, que é o locus da exposição do problema. 

São vários os instrumentos e técnicas utilizadas para desenvolver as ações pertinentes ao cotidiano do Assistente Social entre elas são: prontuários, plantão social, planejamento, ficha de avaliação, visitas domiciliares, busca ativa, escuta qualificada, encaminhamento, entrevistas, organização sistemática, monitoramento, referenciamento e avaliação das ações dos serviços ofertados no CRAS/PAIF. (BRASIL, 2009, p. 29) 

Cabe acrescentar que nem toda escuta de fato diz respeito ao ato direto relacionado à fala, e que não existe uma percepção ou escuta despretensiosa, tendo em vista que toda ação profissional está imbricada da intencionalidade técnica do assistente social, independentemente da área de atuação. Isto posto, é válido destacar que esse assunto está direta e intrinsecamente relacionado à comunicação.

A imagem apresenta um cartaz com Dicas para uma comunicação assertiva na prática profissional do assistente social. Ela contém textos e ilustrações destinadas a orientar profissionais na comunicação assertiva. Abaixo está a descrição detalhada dos elementos visuais e textuais. Na parte superior da imagem, sobre um fundo marrom, está escrito: "4 dicas para Assistente Social Assertivo", em letras brancas e amarelas. Logo abaixo está escrito "Comunicação", em letras grandes e amarelas. Abaixo estão listadas quatro dicas sobre comunicação assertiva. Cada dica é numerada e descrita em texto branco: 1. Todo atendimento inicia antes da fala. 2. O que não é dito também deve ser escutado. 3. É preciso considerar que o outro tem suas próprias convicções. 4. O profissional é mediador no processo da garantia de direitos. Abaixo das dicas há algumas ilustrações Na parte inferior esquerda da imagem, há uma ilustração de duas pessoas sentadas em cadeiras coloridas: uma figura masculina à esquerda, de cabelos e barba azul, veste camisa branca e calça azul, falando e gesticulando. Uma figura feminina à direita, de cabelo azul claro preso, veste um jaleco branco, blusa azul e calça azul, segurando um caderno. À direita da imagem, há várias figuras pequenas, azuladas e estilizadas, que representam uma plateia ou audiência, olhando em direção às duas figuras sentadas. No canto superior direito há um balão de diálogo em cor vermelha com três círculos brancos dentro, simbolizando uma mensagem ou fala.
Figura 1 | Dicas para uma comunicação assertiva na prática profissional do assistente social.

É preciso acolher, ter empatia e intervir minimamente e sem julgamentos ou questionamentos sugestivos ou invasivos. A intervenção do assistente social durante a escuta deve se valer do fluxo de rede e sempre de forma articulada e planejada, realizando o encaminhamento correto dentro da rede de proteção.

Siga em Frente...

Considerando a comunicação como parte na escuta e determinante na participação dos sujeitos no que produzirá o processo de planejamento da ação profissional do assistente social, você precisa ver a Árvore de Problemas como um instrumento estratégico para a comunicação e para a realização de uma escuta qualificada e especializada.

A árvore “é um diagrama que tem como objetivo a organização, a explicação do problema identificando as suas raízes (determinantes), seu tronco (condicionantes) e seus galhos, folhas e frutos (fenômenos)” (Silveira, 2010, p. 2). Neste sentido, a escuta se materializa em metodologia da identificação do problema, cujo método é a Árvore de Problemas. No planejamento para a efetividade de uma metodologia, seja ela qual for, e isso inclui a escuta, é necessário que o profissional seja qualificado tecnicamente, teoricamente e emocionalmente.

A metodologia Árvore de Problemas auxilia no diagnóstico e possibilita separar os fatores que são causas e os fatores que são consequências, mas, em sequência, permite a construção de outro diagrama, que é a árvore da solução. Nesta, as raízes dão lugar aos objetivos específicos, ou seja, como executar uma ação em prol do objetivo geral, e os frutos são os resultados. Essa ferramenta permite transformar um problema em um mar de possibilidades, pensando em uma ou mais soluções. Elencar as possibilidades pode possibilitar um caminho mais assertivo na construção rumo à transformação.

Observe a sequência diagramal entre as figuras que determinará respectivamente a Árvore de Problemas e a Árvore de Soluções, em que o problema central passa a ser o objetivo geral, que é exatamente a solução para o problema central.

A imagem representa uma "Árvore de Problemas", uma ferramenta visual utilizada para análise de causas e consequências de um problema central. A árvore possui ramos e raízes desenhadas, com termos associados aos diferentes aspectos do problema. A imagem da "Árvore de Problemas" ilustra a relação entre um problema central (no tronco) e seus efeitos (na parte superior) bem como suas causas (na parte inferior). O título "Árvore de Problemas" está na parte superior esquerda da imagem em cor verde. Abaixo há o desenho de uma árvore com três partes principais, cada uma com rótulos específicos: Folhas e Ramos (Parte Superior), Tronco (centro) e Raiz (parte inferior). A árvore é de cor verde, destacando-se sobre um fundo claro com textura de folhas. As raízes são desenhadas como linhas finas, enquanto os ramos e folhas são mais detalhados e preenchidos. Nas folhas e ramos:  estão os Efeitos, posicionados em diferentes partes da folhagem, escrito várias vezes em cor verde. no tronco: está o Problema, escrito em cor vermelha, centralizado no tronco da árvore. Nas raízes: estão os Problemas, escrito várias vezes em cor verde ao longo das raízes.
Figura 2 | A Árvores dos Problemas
A imagem representa uma "Árvore de Soluções", uma ferramenta visual utilizada para análise de objetivos e resultados relacionados a uma solução. A árvore possui ramos e raízes desenhadas, com termos associados aos diferentes aspectos da solução. A imagem da "Árvore de Soluções" ilustra a relação entre objetivos principais (no tronco) e seus resultados (na parte superior) bem como suas bases ou fundamentos (na parte inferior). Utiliza cores distintas para destacar cada parte, ajudando na visualização das interconexões entre objetivos e resultados. O título "Árvore de Soluções" está na parte superior da imagem em cor verde. Abaixo há o desenho de um aárvore tem três partes principais, cada uma com rótulos específicos: Folhas e Ramos (Parte Superior), Tronco (Centro) e Raízes ( Parte inferior). A árvore é de cor verde, destacando-se sobre um fundo claro com textura de folhas. As raízes são desenhadas como linhas finas, enquanto os ramos e folhas são mais detalhados e preenchidos. Nas folhas e ramos: estão os Resultados, posicionados em diferentes partes da folhagem, escrito várias vezes em cor vermelha. No tronco: estão os Objetivos, escrito uma vez em cor vermelha, centralizado no tronco da árvore. Nas raízes: estão os Objetivos, escritos várias vezes em cor vermelha ao longo das raízes.
Figura 3 | A Árvore das Soluções.

Com o uso desse instrumento, você verá que as raízes darão lugar aos objetivos específicos, ou seja, como executar uma ação em prol do objetivo geral, e os frutos serão os resultados, para que, assim, você possa identificar meios para transformar um problema em possibilidades de resolução a partir de uma ou mais soluções, elencar as possibilidades para possibilitar um caminho mais assertivo na construção rumo à transformação e subsidiar o planejamento de suas ações.

Vamos Exercitar?

Imagine! Imaginar é viajar sem sair do lugar.

Nesta viagem, você é assistente social de uma unidade de saúde, que é um hospital-escola, vinculado a uma Instituição de Ensino Superior (IES) em São Luís, no Maranhão.

Você faz parte de um grupo de sete assistentes sociais que trabalham em regime de escala neste hospital em conjunto com uma equipe multidisciplinar. Note que “o Serviço Social não é exclusivo da saúde, qualifica o profissional a atuar com competência nas diferentes dimensões da questão social no âmbito das políticas sociais, inclusive a saúde” (CFESS, 1999, [s. p.]).

Há vários pacientes hospitalizados, e, por ser um hospital-escola, os leitos são visitados com frequência pela equipe médica, de psicólogos, fisioterapeutas, de nutrição e até mesmo de assistentes sociais.

Uma das ações desenvolvidas por você no hospital é a roda de conversa, que reúne os acompanhantes dos pacientes hospitalizadas. Neste momento, o serviço social se propõe a utilizar a escuta como instrumento metodológico. A técnica da roda de conversa tem um objetivo também pedagógico, com o intuito de orientar e informar o paciente em relação às rotinas hospitalares, aos direitos e às obrigações dos pacientes e familiares, além de possibilitar a identificação de outras demandas oriundas de possíveis situações de vulnerabilidade social e risco.

Neste sentido, a roda de conversa, em seu cunho pedagógico, visa captar, conforme Freire (1987, p. 40): 

o desafio como um problema em suas conexões com outros, num plano de totalidade e não como algo petrificado, a compreensão resultante tende a tornar-se crescentemente crítica [...] A ação educativa e política não pode prescindir do conhecimento crítico dessa situação, sob pena de se fazer ‘bancário’ ou de pregar no deserto. 

Durante o processo de escuta, é exposta uma grande queixa a respeito do tratamento desumano que está sendo dado pelo hospital. A queixa do familiar se dá pelo fato de o paciente estar sendo demasiadamente exposto com excesso de visitas beira-leito. Para dar continuidade em relação ao tratamento que será dado a esta fala, você precisará planejar e, para tanto, 

[...] inscrevem-se tanto os valores que a profissão determina, o conjunto das competências socioprofissionais e políticas quanto a direção político-profissional estratégica. Então, Lei de Regulamentação, Código de Ética e Diretrizes Curriculares da formação profissional não são apenas instrumentos jurídicos, contemplam também orientações técnico–operativa e ideopolíticas [...]. Traduzindo tais valores e princípios para as particularidades do exercício profissional, o projeto ético-político explicita-se na exigência de competência; a qual não depende somente de uma vontade política e da adesão de valores, mas da capacidade de torná-los concretos. (Guerra, 2014, p. 38)  

Você leva o problema para a sua supervisão, e esta encara a fala do familiar como absurda, uma vez que o paciente tem ciência que se trata de um hospital-escola. Você, contudo, pensa diferente e reflete de que maneira pode melhorar o processo. Recorda-se que, segundo Ayres (2005), há uma violência institucional muitas vezes velada, uma vez que não é esclarecido o direito do paciente à preservação da sua intimidade e a possibilidade de não se submeter a ações mais invasivas. A autonomia do sujeito fica reduzida se não lhe são prestadas as informações de forma completa; também, ela se estabelece à medida que se respeita a privacidade do paciente. Para Foucault (2010), os corpos são dóceis quando são alienados em relação à própria autonomia e acabam se submetendo às rotinas impostas pelas instituições.

Você, enquanto profissional, prefere se munir de conhecimento e, para isso, traz as falas de Foucault, por exemplo, e utiliza como ferramentas a Árvore de Problemas para identificar a raiz do problema, que é o excesso de visitas. Também, identifica os efeitos desses excessos, os quais são a imagem negativa do hospital, a impressão de um atendimento pouco humanizado, a irritabilidade e o constrangimento de alguns pacientes e familiares. Quanto às causas, você descobre que há pouca articulação entre as áreas, e é ausente a combinação de horários. Ainda, verifica ser possível a composição de visitas multidisciplinares, reduzindo, assim, o número de visitas e a importunação desnecessária, pois, neste caso em específico, você comprovou ser possível ter mais assertividade. Sua argumentação só foi possível mediante seu planejamento, o qual se mostrou eficaz, desta forma, a sua sugestão foi acolhida pelo hospital.

Saiba Mais

Você pode ler o livro Comunicação e a prática do/a assistente social: a consolidação do projeto ético-político, que faz uma construção da ação profissional considerando os pressupostos da formação e práxis voltados ao âmbito da comunicação, na perspectiva de amparo ao cotidiano técnico. Tendo em vista que toda e qualquer ação profissional do assistente social está pautada na promoção e na garantia do acesso ao direito, independentemente do locus de atuação, será necessário que sua competência em estabelecer e fortalecer o campo da comunicação seja evidente. Para acessar o livro, você deve consultar a Biblioteca Virtual ou buscar conforme referência:

SOARES, P. Comunicação e a prática do/a assistente social: a consolidação do projeto ético-político. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2022.

Referências Bibliográficas

ALVES, D. C.; VALE, E. S. do; CAMELO, R. A. (orgs.). Instrumentos e técnicas do serviço social: desafios cotidianos para uma instrumentalidade mediada. Fortaleza: Editora da UECE, 2021. 

ANDRADE FILHO, A. C. F.; ANDRADE, A. de M. Controle Social: ferramenta para o exercício da cidadania. Rev. Mult. Psic., v. 13, n. 44, p. 962- 977, 2019. 

BRASIL. Lei nº 8.662, de 7 de junho de 1993. Dispõe sobre a profissão de Assistente Social e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, [2024]. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8662.htm. Acesso em: 16 ago. 2024. 

BRASIL. Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, [2024]. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8742.htm. Acesso em: 16 ago. 2024. 

BRASIL. Lei nº 13.431, de 4 de abril de 2017. Estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência e altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). Brasília: Presidência da República, [2024]. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13431.htm. Acesso em: 16 ago. 2024. 

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social. Orientações Técnicas: Centro de Referência de Assistência Social – CRAS. 1. ed. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2009. 72 p. ISBN 978-85-60700-29-5. Disponível em: https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Cadernos/orientacoes_Cras.pdf. Acesso em: 27 out. 2024. 

BRASIL. Resolução nº 145, de 15 de outubro de 2004. Aprova a Política Nacional de Assistência Social. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, [2024]. Disponível em: https://www.mds.gov.br/webarquivos/legislacao/assistencia_social/resolucoes/2004/Resolucao%20CNAS%20no%20145-%20de%2015%20de%20outubro%20de%202004.pdf. Acesso em: 16 ago. 2024. 

BRIGHENTE, M. F.; MESQUIDA, P. Michel Foucault: corpos dóceis e disciplinados nas instituições escolares. In: CONGRESSO EDUCACIONAL DE EDUCAÇÃO, 10., 2011, Curitiba. Anais [...]. Curitiba: EDUCERE, 2011. 

CHIAVENATO, I. Administração para todos: ingressando no mundo da gestão de negócios. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2021. 

CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO E PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL. Serviço Social: direitos sociais e competências profissionais. Brasília: CFESS/ABEPSS, 2009. 

COSTA, D.; LAVORATTI, C. Instrumentos Técnico-Operativos no Serviço Social: um debate necessário. Ponta Grossa: Estúdio Texto, 2016. 

EUGENIO, A. V. S.; GONZAGA, M. L. de S. A atuação do Assistente Social no Centro de Referência da Assistencial Social-CRAS. Revista de Psicologia, v. 13, n. 44, p. 962-977, 2019. 

FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2010. 

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. 

GUERRA, Y. A instrumentalidade do Serviço Social. 3. ed. São Paulo: Cortez, 1995. 

IAMAMOTO, M. V. O Serviço Social na cena contemporânea. In: CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO E PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL. Serviço Social: direitos sociais e competências profissionais. Brasília: CFESS/ABEPSS, 2009. 

SILVEIRA, E. M. C. et al. Plantando a árvore de problemas e de objetivos na arquitetura da linha de cuidado no campo do adulto crítico. Porto Alegre: Rede Unida, 2010. 

SOARES, P. Comunicação e a prática do/a assistente social: a consolidação do projeto ético-político. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2022.  

Aula 3

Planejamento Social

Planejamento social

Olá, estudante!

Agora já avançado em estudos, você começará mais uma videoaula, então tenha os conteúdos anteriores em mente e prossiga na perspectiva de que o planejamento social na prática da atuação do assistente social está diretamente relacionado à escolha, ou à seleção de específicas ferramentas e técnicas metodológicas para pensar resolutividade os problemas reais do cotidiano.

A perspectiva de resolutividade associada à prática profissional do assistente social não está relacionada à intenção de suprimir com as expressões da questão social que se manifestam em problemas trazidos nas demandas dos usuários da ação técnica, mas em sobrepujar condições segundo possibilidades reais de ao menos driblar tais consequências do sistema socioeconômico capitalista.

Nessa intenção, coloque-se disponível a novos conhecimentos e a relacioná-los aos conhecimentos até aqui adquiridos.

Ponto de Partida

Esta aula tem a finalidade de permitir a você, caro estudante, a associação do conceito de território, que não deve ser percebido apenas no sentido de espaço, mas conforme os estudos e avanços conceituais do século XX. Está incorporado também às questões políticas, às relações sociais imbricadas e às questões de jogos de poder.

A proposta é que você construa uma intersecção que articulará o planejamento social e a atuação do assistente social nos territórios através dos instrumentos metodológicos desse profissional.

Se você está preparado, então avance para conhecer este novo conteúdo!

Vamos Começar!

O planejamento com a ideia de previsão saiu da esfera particular para surgir posteriormente na administração pública. Para Paim (2006), o planejamento social (PS) existe com o intuito de mobilizar e elevar a consciência dos envolvidos diretamente ao problema, com o poder de diminuir a alienação, oferecer um significado ao trabalhador e sair da superficialidade da vida cotidiana.

O socialismo soviético, em 1917, na Rússia, foi o grande responsável pela implementação do planejamento social. Seu viés autoritário e a sua imagem ligada ao seu caráter tido como centralizador dificultaram a sua consolidação no capitalismo. Mas, a partir da Segunda Guerra Mundial, o planejamento social começa a ser melhor aceito, uma vez que passa “[...] a ser visto como um instrumento para o desenvolvimento” (Difrieri apud Barbosa, 1991, p. 22). Os direitos sociais ganham assim mais expressão e força.

É no século XX que o planejamento se consolida com o fortalecimento do Estado-nação e dos direitos sociais, após anos de governo militar no Brasil e de um período de ditadura, o que permitiu a reorganização e até a legalização dos movimentos populares e o crescimento da participação popular, com a garantia de direitos presentes na Constituição Federal do Brasil de 1988. A gestão social, que é a gestão dos direitos sociais (Carvalho, 2015), faz alusão direta à atuação do profissional do serviço social.

O planejamento social é técnico, à medida que pressupõe a racionalidade, e político, já que se estabelece em uma arena de enfrentamento de interesses distintos; é um jogo de forças.

O quadro 1 a seguir serve para que você fixe a dualidade do planejamento estratégico e do estratégico situacional e planejamento participativo.

Planejamento estratégicoInstrumento de gerenciamento com um único propósito: tornar o trabalho de uma organização mais eficiente.
Planejamento estratégico intencionalMetodologia ágil de articulação entre gestão social e política de intervenção profissional.
Planejamento participativoDistribuição do poder e possibilidade de decidir.

Quadro 1 | Relação planejamento estratégico

 

Neste cenário, a proposta de atuação e planejamento de ação profissional está diretamente relacionada ao planejamento participativo, que fala de uma construção teórico-metodológica em que não somente o “como fazer” é partilhado e constituído com o sujeito da ação profissional mas também o “o que fazer” e o “para que fazer”, como pode ser visto em Gandin (2001).

Deste modo, é o território, o lugar das pessoas e de suas demandas, que passa a ser compreendido como o local de concepção e operacionalização da real ação do assistente social. Mas, se você está penando na densidade e na diversidade da realidade em detrimento da necessidade de definir as prioridades da ação técnica, é importante que considere uma forma de intervir no território a partir de planos, programas e projetos, conforme preconizado na Lei nº 8.662, de 7 de junho de 1993.

Tais formas de intervenção têm a finalidade de dar visibilidade a problemas territorializados que até então não tenham alcançado expressão, em especial, pelo fato de serem mantidos na obscuridade das realidades cotidianas.

O território é uma resultante de um agrupamento de situações reais sociais, culturais, ambientais e políticas capaz de forjar a construção de sujeitos históricos que estão inseridos neste território.

É neste contexto que ocorre a atuação do assistente social, dentro das realidades que, em suas individualidades, têm reflexos coletivos, à medida que as expressões da questão social se materializam na perspectiva social, e não individual. Assim sendo, é no território, cada um com sua peculiaridade, que se manifestam as degradações dos padrões de civilidade. Vale ressaltar que o território vai além do espaço geográfico, pois contemplam também os múltiplos espaços urbanos e intraurbanos.

Siga em Frente...

Hoje, estudante, em perspectiva de profissional de serviço social, você precisa compreender que há, no território, uma multiplicidade de demandas que requerem atuações não somente do assistente social e de uma política ou serviço. Nisso consiste a intersetorialidade de integração e articulação da rede.

Embora seja comum determinar para a política de assistência social e/ou para o profissional de serviço social as funções de gestão territorial, é importante destacar que não é possível que apenas esses dois atores deem respostas às necessidades que se apropriam na realidade dos sujeitos e nos territórios em que estas se materializam. No entanto, há, sim, como prerrogativa técnica do assistente social a competência de atuação em matéria do serviço social voltada à gestão. Logo, neste ponto, repousa também a interseção do planejamento com o serviço social.

Compreender a situação de cada território e dos espaços intraurbanos dentro de cada município é responsabilidade da União, do Distrito Federal, dos estados e dos municípios, assim como desenvolver, participar e apoiar pesquisas e estudos e diagnosticar em cada microrregião e território, a fim de subsidiar análises de vulnerabilidade e risco social.

Considere que, segundo previsão da tipificação nacional, o território será mapeado para que haja propostas de ofertas de serviços e resolutividade dos problemas e riscos de cada comunidade cuja participação desta se consolida à medida que 

[...] a consolidação e a democratização dos Conselhos e dos mecanismos de participação e controle social; a organização e apoio à representação dos usuários; a participação nos debates sobre o SUAS, a NOB, os CRAS, os CREAS; a elaboração de diagnóstico de vulnerabilidade dos municípios; o monitoramento e a avaliação da política; o estabelecimento de indicadores e padrões de qualidade e de custeio dos serviços; contribuindo para a construção de uma cultura democrática, do direito e da cidadania. (Yazbek, 2006, p. 132) 

Este é o território da atuação do assistente social: a construção de respostas assertivas para as demandas sociais. Isso dependerá, no entanto, da metodologia do processo interventivo do profissional, cujo exercício cotidiano deve estar apoiado em intencionalidade, que nega a possibilidade de neutralidade e se posiciona de forma a ir ao encontro do projeto ético-político da profissão.

Somente tendo em vista essas premissas e esses pressupostos se fará possível ir além do tarefismo e das rotinas institucionais.

O planejamento social deverá romper também com o engessamento do planejamento tradicional de otimização de resultados e redução de custo que maximiza a importância econômica, ainda que seja salutar e contributiva a gestão social baseada em eficiência, eficácia e efetividade, conforme a Figura 1.

A imagem é um diagrama hierárquico que representa a Gestão Social, trazendo o "Planejamento Social" e seus processos, divididos em três categorias: eficiência/custo, eficácia/resultado e efetividade/impacto. Cada categoria está descrita em blocos retangulares com bordas arrendondas conectados a um bloco principal por linhas pretas. O fundo é branco, proporcionando um contraste com os blocos em azul claro e o texto em preto. Centralizado na parte superior do diagrama, está o bloco principal de cor azul clara com o título Planejamento Social e a descrição Processos.   O bloco principal está conectado a três subtópicos, em blocos também de cor azul clara, que representam diferentes processos no planejamento social. À esquerda, está o primeiro bloco com o título: 1-Eficiência/Custo e a descrição: Otimizar recursos de forma econômica e racional. Eficácia/Resultado No centro, está o segundo bloco com o título: 2- Eficácia/resultado e a descrição: Capacidade de chegar ao efeito desejado. À direita está o terceiro bloco com o título 3-Efetividade/Impacto e a descrição: Relação entre resultado alcançado e produção de diferença.
Figura 1 | Gestão social

Na gestão social, efetiva-se o planejamento social, no qual a busca pela eficiência, eficácia e efetividade é o ponto-chave, contudo o agir profissional do assistente social deve manter o sentido crítico, político e intencionado, no qual a cultura deve ser voltada para a elaboração, o monitoramento e a avaliação, os quais são temas complementares, que você poderá aprofundar em outras videoaulas desta disciplina. 

Vamos Exercitar?

Venha exercitar seus conhecimentos!

Maria, 13 anos, estuda na Escola Estadual Felício dos Santos, no Ensino Fundamental II. A instituição atende muitos alunos provenientes da zona rural. A diretora percebe a ausência de Maria por um longo período e, apesar de várias tentativas, não obtém êxito em sua busca. Desta forma, decide entrar em contato com o CRAS da região para expor a situação da estudante.

Você recepciona a ligação do CRAS do Rio Preto e, como assistente social, poderá fazer uma busca ativa e verificar se a família de Maria está em risco social ou situação de vulnerabilidade. Mesmo após muitos anos de escrita e promulgada a Constituição Cidadã de 1988, é perceptível que, mesmo os direitos existindo, nem todos têm acesso a ela, sendo uma questão, portanto, de efetividade. 

Esta unidade pública do SUAS é referência para o desenvolvimento de todos os serviços socioassistenciais de proteção básica do Sistema Único de Assistência Social – SUAS, no seu território de abrangência. Estes serviços, de caráter preventivo, protetivo e proativo, podem ser ofertados diretamente no CRAS, desde que disponha de espaço físico e equipe compatível. Quando desenvolvidos no território do CRAS, por outra unidade pública ou entidade de assistência social privada sem fins lucrativos, devem ser obrigatoriamente a ele referenciados. (Brasil, 2009, p. 9) 

Maria mora na região de São Gonçalo do Rio Preto, a 25 minutos da escola. A busca ativa fez com que você identificasse que Joana, a mãe de Maria, é apanhadora de sempre-viva. Na residência, elas moram com a avó de Maria, Dona Aparecida, de 76 anos. O CRAS é a única unidade de proteção básica que tem a função de ofertar o Programa de Atenção Integral à Família - PAIF e de fazer a gestão da proteção básica no território de abrangência do CRAS (Brasil, 2009).

Ao analisarmos uma determinada comunidade, devemos ter o olhar das interseccionais, como gênero, raça, classe, geração e religião, pois: 

O CRAS materializa a presença do Estado no território, possibilitando a democratização do acesso aos direitos socioassistenciais e contribuindo para o fortalecimento da cidadania. Ao eleger a territorialização como eixo estruturante do SUAS, reconhece-se que a mobilização das forças no território e a integração de políticas públicas podem potencializar iniciativas e induzir processos de desenvolvimento social. A integração de políticas, por sua vez, é potencializada pela clareza de objetivos e pela definição de diretrizes governamentais. (Brasil, 2009, p. 13) 

Através da busca ativa, será possível oferecer os serviços do Programa de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF) e o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), conforme a Figura 2, investigando se há necessidade da utilização dos serviços:

  • Do benefício de prestação continuada (BPC).
  • Do benefício do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PET).
  • Do benefício do Bolsa Família.
A imagem é um diagrama que ilustra os componentes e processos do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS). O diagrama utiliza ícones dentro de círculos e setas para mostrar a relação entre diferentes elementos do CRAS.No topo da  No topo da imagem, centralizado e em negrito, de cor preta, está o texto central: CRAS, Centro de Referência de Assistência Social.  Representado pelo ícone de uma Casa, um círculo verde com o desenho de uma Casa branca dentro, localizado na parte superior central logo abaixo do texto. Dele saem duas setas curvas de cor rosa escuro conectando aos outros dois ícones. Ícone de uma Família, um círculo verde com os desenhos de uma mulher segurando um bebê, um homem e duas crianças na cor branca, localizado na parte inferior direita com a descrição abaixo do círculo: Oferta do Programa de Atenção Integral à Família - PAIF" Ícone de um Território, um círculo verde com o desenho de um mapa branco, localizado na parte inferior esquerda, com a desrição abaixo do círculo: Gestão da Proteção Social Básica no Território Entre o ícone do território e o ícone da família, há um conjunto de setas duplas cinza claro apontando em ambas as direções, indicando interação ou fluxo bidirecional.
Figura 2 | CRAS – Gestão da proteção social básica no território. Fonte: Brasil (2009, p. 19).

A visita domiciliar proporciona a identificação das vulnerabilidades e dos riscos sociais e possibilita conhecer o território e traçar um diagnóstico para identificar os possíveis serviços sociais a que a família ou alguns membros dela tem direito.

Joana, como é apanhadora de sempre-viva, faz parte da comunidade tradicional e entra na Lei nº 6.040/2007, a qual institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais.

Assim, foi possível ser resolutivo com a demanda originalmente não espontânea, mas bastante efetiva, na vida da família de Maria, Joana e Aparecida. Conhecer as peculiaridades da Serra do Espinhaço, conhecer a realidade da rede de assistência que demandou o serviço e, acima de tudo, ter conhecimento técnico-operativo e ético-político possibilitou o planejamento social e estratégico das ações, a fim de garantir os direitos dessa família, a identificação de potencialidades e a efetividade do atendimento. Certamente, seu atendimento fez a diferença para essa família, primando pela autonomia e pelo protagonismo da família e coerente com o projeto ético-político da categoria profissional. 

Saiba Mais

Você tem à sua disposição diversos conteúdos digitais em plataformas de formação e consulta que lhe permitem assimilar teorias cuja associação pode contribuir para sua formação. Neste ponto, você pode aprofundar a questão da territorialidade e seu debate no texto de Paul Little, intitulado Territórios socias e povos tradicionais no Brasil: por uma antropologia da territorialidade, cujo enfoque antropológico reconhece a importância da territorialidade na constituição de grupos sociais, à medida que analisa que esse tema está na marginalidade dentro da antropologia na atualidade. Consulte a obra.

LITTLE, P. E. Territórios socias e povos tradicionais no Brasil: por uma antropologia da territorialidade. Anuário Antropológico, v. 28, n. 1, p. 251-290, 2018. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6871/7327. Acesso em: 15 ago. 2024.

Referências Bibliográficas

ARREGUI, C.; KOGA, D. H. U.; DINIZ, R. A. Dinâmicas socioterritoriais e práticas profissionais: entre chãos e gestão. Revista de Políticas Públicas, v. 22, p. 1407-1430, 2018. 

BARBOSA, M. da C. Planejamento e serviço social. 4. ed. São Paulo: Cortez, 1991. 

BRASIL. Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, [2024]. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8742.htm#:~:text=LEI%20N%C2%BA%208.742%2C%20DE%207%20DE%20DEZEMBRO%20DE%201993&text=Disp%C3%B5e%20sobre%20a%20organiza%C3%A7%C3%A3o%20da%20Assist%C3%AAncia%20Social%20e%20d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias. Acesso em: 16 ago. 2024. 

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social. Orientações Técnicas: Centro de Referência de Assistência Social – CRAS. 1. ed. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2009. 72 p. ISBN 978-85-60700-29-5. Disponível em: https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Cadernos/orientacoes_Cras.pdf. Acesso em: 27 out. 2024.  

BRASIL. Norma Operacional Básica do SUAS. Brasília: MDS, 2012. 

CARVALHO, M. do C. B. Gestão social e trabalho social: desafios e percursos metodológicos. São Paulo: Cortez, 2015. 

CENTRO DE REFERÊNCIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL. Orientações Técnicas: Centro de Referência de Assistência Social. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2009. 

GANDIN, D. A posição do planejamento participativo entre as ferramentas de intervenção na realidade. Currículo sem Fronteiras, v. 1, n. 1, p. 81-95, 2001. 

IAMAMOTO, M. V. O Serviço Social na cena contemporânea. In: CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Serviço Social: direitos sociais e competências profissionais. Brasília: CFESS, 2009. p. 15-50. 

MANGINI, F. N. da R. Planejamento social. Santa Maria: UFSM; CTE, 2023. 

PAIM, J. S. Planejamento em saúde para não especialistas. In: CAMPOS, G. W. S. et al. (orgs.). Tratado de saúde coletiva. São Paulo: Hucitec; Rio de Janeiro: Fiocruz, 2006. p. 767-783. 

PFEIFER, P. Planejamento estratégico municipal no Brasil: uma nova abordagem. Brasília: ENAP, 2000. 

RAFFESTIN, C. Por uma geografia do poder. São Paulo: Ática, 1993. 

SANTOS, M. Território e sociedade. São Paulo: Perseu Abramo, 2000. 

SILVA, S. P. Políticas públicas e agricultura familiar: uma abordagem territorial do PRONAF no Médio Jequitinhonha. 2008. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Econômico e Políticas Públicas) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2008. 

SILVA, S. P. A abordagem territorial no planejamento de políticas públicas e os desafios para uma nova relação entre estado e sociedade no Brasil. Cadernos Gestão Pública e Cidadania, São Paulo, v. 17, n. 60, 2012. 

YAZBEK, M. C. A assistência social na prática profissional: história e perspectivas. Serviço Social e Sociedade, São Paulo, n. 85, ano XXVII, 2006.

Aula 4

Planejamento Social e planificação de processos

Planejamento Social e planificação de processos

Olá, estudante!

Você está prestes a iniciar mais uma videoaula. Neste ponto, você conclui mais uma etapa do processo de aprendizagem.

Você verá, neste momento, como se dá o processo de tomada de decisão no agir do assistente social. Será a oportunidade para analisar como a tomada de decisão pode se configurar enquanto resultado de um processo de participação social em que se consolida a distribuição de poder e, assim, compreender como o processo decisório é sistematizado e sua importância para a reflexão da prática profissional.

Siga o percurso do conhecimento e aventure-se neste aprofundamento de saberes.

Ponto de Partida

Você já ouviu falar na expressão “ninguém disse que seria fácil!”?

Possivelmente, você a ouvirá na realidade profissional e, talvez você já tenha ouvido nas experiências de convívio com profissionais de serviço social. Não diferente de outras profissões, os assistentes sociais, no dia a dia de ação, precisarão tomar muitas decisões, cujas responsabilidade e consequência estarão diretamente associadas a eles.

Isso quer dizer que, para o assistente social, essa é uma máxima mais que verdadeira. A tomada de decisão é inerente à atuação profissional e envolve consequências para si, para vários outros indivíduos e, por vezes, para várias famílias e até para toda uma comunidade.

Conhecer como se dá o processo de tomada de decisão no planejamento social e a sistematização deste na prática do assistente social é o objeto desta aula.

Sendo assim, siga em frente!

Vamos Começar!

Comece este momento refletindo: será que a tomada de decisão é parte apenas da ação profissional do assistente social que ocupa posição de gestão, ou a atuação técnica direta ao usuário é também uma posição de gestão profissional?

Neste ponto, você já sabe que a resposta a essa questão é que o assistente social realiza atos de processo de gestão em seu cotidiano. Entretanto, nem todo processo de gestão implica uma tomada de decisão direta, isso dependerá da sua área de atuação, pois alguns espaços sócio-ocupacionais demandarão um pouco mais da tomada de decisão do que outros. Note que, quanto mais se toma decisões, melhor preparado deve estar o profissional para novas decisões tomar. Para Klein (2017 apud Mota; Albuquerque, 2022), a experiência vai se acumulando ao longo do tempo, formando um conjunto de padrões reconhecidos, o que não significa que os conhecimento teóricos acessados no processo de formação podem ser desconsiderados, ainda mais porque eles subsidiarão os passos profissionais.

Se tomar uma decisão envolve um processo consciente de escolha entre duas ou mais alternativas de ação, você precisa se apropriar dos conceitos associados às dimensões formativas do serviço social, de modo que elas influenciem suas decisões de modo racional, distanciando sua prática de uma base intuitiva.

Historicamente, o serviço social utilizava-se do planejamento dentro de uma concepção tradicional, com uma visão que se vinculava ao funcionalismo, teoria sociológica dominante por um período no Brasil, período este coincidente com o serviço social tradicional e arcaico que reivindicava a harmonia e a adequação do indivíduo, primando pela estabilidade social.

Tanto no planejamento como na gestão, seja nas produções ou nos debates, dentro da categoria profissional do serviço social, as metodologias mais presentes são o planejamento estratégico e o planejamento participativo, e ambos mantêm o foco no materialismo histórico-dialético.

Um instrumento metodológico possível para Matus (1989) dentro do planejamento estratégico é o “programa direcional”, que consiste em simular operações partindo de uma situação inicial, para chegar a uma situação futura desejada, a fim de levantar eventuais falhas e estabelecer metas para o atingimento do objetivo. Veja que “a metodologia do planejamento estratégico possui afinidade com a bagagem formativa do assistente social” (Mangini; Silva, 2019, p. 116).

A participação social se dá também como uma estratégia. Para Gandin (2010), a participação social parte de uma preconcepção conceitual de que o mundo é injusto e, na sociedade, esta injustiça se manifesta de diversas e diferentes formas e níveis. “O planejamento participativo é um tipo de metodologia que demanda maior investimento de tempo e recursos, o que colide com a lógica neoliberal, a não ser que aconteça nos moldes de uma pseudoparticipação (...)” (Mangini; Silva, 2019, p. 121).

Retificar essa injustiça no seio da sociedade se daria, portanto, à medida que o poder fosse distribuído, ou melhor, que todos pudessem, de alguma forma, participar das decisões importantes que determinassem o rumo da nação.

Quem planeja tem a “batuta” (tipo de bastão utilizado por quem rege uma orquestra), ou seja, o poder de decidir. Governar, portanto, é definir os rumos sociais (Gandin, 2010) e gerir os meios para que sua administração perdure.

Uma nova ferramenta que se constitui na perspectiva da atualidade e com grande potencial são os estudos prospectivos, com o principal objetivo de fortalecer o planejamento para a categoria profissional. Conforme Gaston Berger (2004, p. 311), “a prospectiva é uma atitude”. Os estudos prospectivos vão da causa para os efeitos, enquanto os estudos retrospectivos partem dos efeitos para chegar às causas, conforme mostra a Figura 1.

A imagem é um diagrama comparativo que ilustra a diferença entre estudos prospectivos e retrospectivos, bem como a direção das suas análises de causa e efeito. A apresentação é feita usando caixas, setas e textos representativos. No topo da imagem está Título com um símbolo de diferente, grande e de cor cinza, seguido do texto: Estudos Prospectivos Escrito ao lado do símbolo, em negrito e de cor branca. O fundo da imagem é gradiente, misturando tons de verde e azul, o que realça os blocos ilustrativos e o texto. Abaixo do título há dois blocos brancos verticais lado a lado, cada um representando um tipo de estudo. Bloco Esquerdo com o título Prospectivos na parte superior, em negrito e de cor preta. Logo abaixo do título, estão os termos "causa" e "efeito", escritos em preto. Uma seta curva e preta sai de "causa" (parte superior) e aponta para "efeito" (parte inferior), indicando a direção do estudo: da causa para o efeito. Bloco Direito com o título Retrospectivos na parte superior, em negrito e de cor preta. Logo abaixo do título, estão os termos "causa" e "efeito", escritos em preto. Uma seta curva e preta sai de "efeito" (parte inferior) e aponta para "causa" (parte superior), indicando a direção do estudo: do efeito para a causa. Setas e Símbolos Adicionais Entre os dois blocos, há um "X" na cor rosa escuro que marca a diferença entre os dois tipos de estudos. Acima dos títulos dos blocos, há duas setas: A seta à esquerda é amarela com ponta para baixo, sobreposta por um marcador de círculo rosa escuro. A seta à direita também é amarela com ponta para baixo, sobreposta por um marcador de círculo rosa escuro.
Figura 1 | Estudos prospectivos.

Siga em Frente...

Para o pesquisador, todo o objeto de pesquisa deve ser considerado a partir de seu histórico (Lima; Mioto, 2007) e de suas disposições temporais e contextuais. Vale ressaltar que a sistematização da prática do serviço social, além de garantir a reunião de um compilado histórico, se constitui também como contribuição para a construção do conhecimento e possibilita a transformação da sociedade.

A pesquisa é precursora da ação, e pesquisar é aprender, refletir e até, talvez, gerar um novo fazer. Nesta perspectiva, a sistematização, ao mesmo tempo em que faz história, permite a ponderação sobre os fazeres e constrói a reflexão para o levantamento de alternativas que corroborarão para novos fazeres, mais criativos e resolutivos.

Para diversos autores, a tomada de decisão para o assistente social poderá ser realizada levando-se em consideração aspectos qualitativos e quantitativos. Além disso, a decisão poderá ser tomada individualmente ou coletivamente. Dentro dos aspectos qualitativos, estão o processo de decisão baseado em critérios, em valores, entre outros, como mostra a Figura 2.

A imagem apresenta um diagrama sobre os diversos fatores que influenciam a tomada de decisão. O layout é composto por uma série de blocos coloridos e ícones dispostos ao lado do título principal. O título Tomada de Decisão está escrito em letras maiúsculas e em negrito, localizado à esquerda. logo abaixo do título principal, em letras menores e sem negrito está o texto: Baseadas em:. Do lado direito, há cinco blocos horizontais, cada um com uma cor distinta e um texto que descreve diferentes bases para a tomada de decisão: Bloco Verde Claro, com o texto: Intuição, e com o ícone de um gráfico com três barras. Bloco Azul Claro, com o texto: Dados ou Evidências, e com o ícone de três setas apontando para a direita. Bloco Bege/Rosa Claro, com o texto: Crenças, e com o ícone de um globo. Bloco Marrom Claro: com o texto: Valores, e com o ícone de aperto de duas mãos . Bloco Amarelo Claro: com o texto: Experiência, e com o ícone de uma lâmpada. Cada um dos blocos coloridos é conectado a uma linha vertical central. A linha vertical divide os blocos e ícones do título principal.
Figura 2 | Fatores da tomada de decisão.

Toda tomada de decisão que aborda um fator de risco tem uma tendência a reduzir a possibilidade de racionalização (Oliveira, 2013). No nível de detalhe, a proposta metodológica do planejamento social dentro da atuação do assistente social deve contemplar a aproximação com o ideal participativo. Não perca, contudo, a preocupação quanto ao grau dessa participação, tendo em vista que devemos evitar que ela caia na superficialidade.

A metodologia do planejamento envolve a leitura da realidade e, enquanto ferramenta analítica, pressupõe: análise de coerência, factibilidade, viabilidade e relevância (Figura 3).

A imagem apresenta um infográfico sobre Ferramentas Analíticas do Planejamento. O layout é composto por texto numerado e seções destacadas contra um fundo marrom claro. Na parte superior da imagem, está o título 4 Ferramentas Analíticas do Planejamento, 4 em grande destaque e de cor marrom escura e Ferramentas analíticas do planejamento em letras maiúsculas e brancas, menor do que o número 4. Logo abaixo estão as seções numeradas, cada uma com um título e uma pequena descrição. As seções são dispostas verticalmente, com um fundo marrom escuro para os textos contrastarem. Seção: Análise de Coerência.  Número 1, dentro de um círculo bege à esquerda. Título: Análise de Coerência, em branco sobre um fundo marrom escuro. Descrição: Fase de verificação da lógica e se os objetivos guardam coerência entre si. Seção: Análise de Factibilidade. Número 2, dentro de um círculo bege à direita. Título: Análise de Factibilidade, em branco sobre um fundo marrom escuro. Descrição: Fase de averiguação quanto à real possibilidade de execução, se são ou não exequíveis. Seção: Análise de Viabilidade. Número 3, dentro de um círculo bege à esquerda. Título: Análise de Viabilidade, em branco sobre um fundo marrom escuro. Descrição: Momento de identificar as dificuldades e os obstáculos. Seção: Análise de Relevância. Número 4, dentro de um círculo bege à direita. Título: Análise de Relevância, em branco sobre um fundo marrom escuro. Descrição: Momento de confirmar o grau de impacto e possibilidades de transformações sociais que poderá gerar.
Figura 3 | Ferramentas analíticas do planejamento.

A participação pode ocorrer em três níveis: nível 1 – colaboração, nível 2 – decisão e nível 3 – participação ou construção conjunta. Quando há contribuições para o processo deliberativo ou decisório, podemos entender que está ocorrendo o nível de contribuição.

O nível 1 é o nível que, hoje, para Gandin (2010), é o mais utilizado, pois é nele que se estabelece quanto os agentes sociais são “autorizados”, mediante “convite”, para opinar sobre deliberações previamente definidas. Neste sentido, parece óbvio a limitação desse nível de participação, pois a tomada de decisão não parece ter se movido muito de mãos.

O nível 2 vai além da colaboração e possui um cunho bem mais democrático do que o nível anterior, mas ainda possui limitadores, tendo em vista que são decisões tomadas quase sempre em plenária de um determinado assunto.

No nível 3, entende-se que há de fato uma distribuição de poder com escolhas e deliberações das ações a serem tomadas.

O papel da participação no planejamento social inclui:

  • Garantir diversidade de perspectivas.
    Incluir diversos setores da sociedade no poder decisório.
  • Aumentar a eficácia das iniciativas sociais.
  •  Promover o senso de responsabilidade e de pertencimento aos atores sociais que participaram da tomada de decisão.

Desta forma, os benefícios da participação incluirão: maior coesão e união entre os membros da comunidade em torno de uma temática determinada, intervenções sociais mais adequadas, mais transparência e processos de tomada de decisão mais democráticos.

Mas, esse processo não é simples, pois existem muitas barreiras para a sua efetividade, e entre elas se destacam a fadiga e a incredulidade da população. Por esse motivo, torna-se especialmente imperativo a qualificação profissional para superação dessas barreiras e a inclusão dos segmentos da sociedade de forma consciente, inclusive da dialética desse processo e do ir e vir dos avanços e retrocessos.

É fundamental que o planejamento participativo aprofunde as deliberações de forma ainda mais democrática, distribuindo o poder no pensar e na resolução das demandas e finalidades sociais, sem perder o objetivo de propiciar processo de transformação social.

Fundamental ainda é que esse arsenal de decisões e práticas profissionais sejam sistematizados, gerando novo fazeres, resultantes da análise crítica da realidade e do seu desvelar.  Apesar de o assistente social utilizar vários instrumentos e ferramentas técnicas, os laudos e pareceres são os instrumentos mais utilizados quando se trata de sistematizar uma decisão do profissional (Figura 4). 

A imagem é um infográfico que apresenta os Principais Instrumentos de Registro das Decisões do Assistente Social. O layout consiste em caixas de texto coloridas conectadas por linhas e um título centralizado. Na parte superior central da imagem, escrito em letras maiúsculas e na cor preta sobre um fundo cinza claro o título: Principais Instrumentos de Registro das Decisões do Assistente Social. Abaixo do título, há três caixas de texto coloridas dispostas em formato retangular cada uma representando um instrumento de registro. Cada caixa de texto colorida é conectada ao título por linhas pretas finas, formando um triângulo. Caixa de cor verde claro, à esquerda, com o título: Relatório Social e a descrição: Tem como finalidade reunir os conhecimentos e interpretação de uma realidade nos seus aspectos econômicos, sociais e culturais, que irão basear o Estudo social. Caixa de cor amarela clara, à direita, com o título: Laudo e a descrição: É a síntese do estudo e do parecer social. Vai compor uma decisão judicial. Caixa de cor rosa claro, centralizada na parte inferior, com o título: Parecer e a descrição: Opinião do Assistente Social baseada em Estudos e observações.
Figura 4 | Principais instrumentos de registro e planificação de processos do assistente social

A sistematização da prática constitui-se como uma dimensão importante, e é assim entendida pelo Centro Latino-Americano de Trabalho Social (CELATS), conforme o Quadro 1.

CONCEITO

A sistematização constitui uma dimensão importante do trabalho profissional que favorece uma reflexão contínua de suas respostas socioinstitucionais em suas relações de determinação com a dinâmica do ser social.

FERRAMENTA

Trata-se de um recurso que permite imprimir ao cotidiano, assim como a empiria que dele emerge nos procedimentos típicos da ação profissional, a possibilidade de serem compreendidos a partir das relações sociais que lhes dão concretude e significado.

DIMENSÃO

A sistematização como dimensão atinge a condição de um movimento de apreensão da dinâmica social a partir de uma inserção real e efetiva e da necessidade de se construir alternativas profissionais.

Quadro 1 | A sistematização como uma dimensão importante. Fonte: adaptado de Almeida (1997, p. 8).

Por fim, fica uma importante reflexão sobre a dimensão interventiva do profissional do serviço social. É preciso discutir, refletir, debater, reformular e propor e, neste sentido, o planejamento social, em conjunto com a dimensão interventiva, necessita de maior visibilidade, a fim de continuar primando por excelência. Somente mediante uma devida qualificação teórico-metodológica será possível formular estratégias mais adequadas aos desafios impostos pela sociedade; desafios estes de desigualdade, cujo histórico é de alinhamento com as mais diversas expressões da questão social.

Por sua vez, o assistente social, ainda que esbarre em relações hierarquizadas e autoritárias que possam dificultar ações de resolutividade na perspectiva da promoção de transformações sociais, deve posicionar-se como mediador do acesso dos sujeitos sociais à participação nos processos que envolvam este cenário.

Vamos Exercitar?

Agora, exercite seus conhecimentos!

Patrícia e Carlos possuem uma filha de 12 anos. As brigas do casal sempre foram constantes. Patrícia, contudo, sempre justificava, na sua consciência, as atitudes do marido pelo gênio dele e por ser extremamente nervoso. Atribuía à personalidade dele. Por vezes, acreditava realmente que havia feito algo que o chateasse e que, se melhorasse como esposa, a agressividade diminuiria. Chegou a suspeitar que sofria de violência psicológica, quando assistiu a uma novela sobre o tema e se identificou com a personagem que era agredida, vendo-se nesse lugar. A partir de então, desconfiada, muniu-se de provas, gravando no celular os momentos mais ríspidos do esposo e as ameaças. Em várias dessas gravações, a voz da filha aparecia, ora pedindo socorro, ora chorando. Mas, em virtude, da dependência financeira e da crença de que o melhor para sua filha seria a convivência com o pai e a mãe no mesmo lar, seguiu adiante. Contudo, em um determinado momento, a violência tomou um novo rumo. Carlos, enfurecido por uma comida que ela havia salgado demais, mesmo sem querer, discutiu e a agrediu com um empurrão. Para Patrícia, foi a gota d’água, então e foi até a delegacia da mulher, procurou seus direitos e denunciou os maus-tratos de Carlos, o que gerou uma medida protetiva. Não bastasse isso, o que se sabe é que Carlos, no tempo em que convive com a filha, ainda comete alienação parental por falar muito mal de Patrícia, alegando que ela destruiu o lar. Em virtude do ocorrido, uma separação se estabeleceu como litigiosa. Assim sendo, o Juiz do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro solicitou a instrução probatória ampla e irrestrita. Conforme previsto na Lei nº 12.318/2010, havendo prática de alienação parental, o juiz poderá solicitar uma avaliação biopsicossocial: 

Artigo 5º — Havendo indício da prática de ato de alienação parental, em ação autônoma ou incidental, o juiz, se necessário, determinará perícia psicológica ou biopsicossocial.

§1º. O laudo pericial terá base em ampla avaliação psicológica ou biopsicossocial, conforme o caso, compreendendo, inclusive, entrevista pessoal com as partes, exame de documentos dos autos, histórico do relacionamento do casal e da separação, cronologia de incidentes, avaliação da personalidade dos envolvidos e exame da forma como a criança ou adolescente se manifesta acerca de eventual acusação contra genitor.

§2º. A perícia será realizada por profissional ou equipe multidisciplinar habilitados, exigido, em qualquer caso, aptidão comprovada por histórico profissional ou acadêmico para diagnosticar atos de alienação parental.
§3º. O perito ou equipe multidisciplinar designada para verificar a ocorrência de alienação parental terá prazo de 90 dias para apresentação do laudo, prorrogável exclusivamente por autorização judicial baseada em justificativa circunstanciada. (Brasil, 2010, [s. p.]) 

Você, como assistente social da Vara da Família, fará uma visita domiciliar e elaborará o estudo social, para que ele possa subsidiar seu parecer social. Este se constitui, portanto, um exemplo da sistematização do poder de decisão na prática do assistente social no cotidiano de sua atuação.

Para decidir com quem a criança deverá ficar, você deve analisar a procedência ou não das acusações feitas contra Carlos. Para isso, você se baseará em multifatores, como as evidências, a escuta, os relatos e a sua experiência. Sua intenção também é ouvir a criança, e isso será avaliado em conjunto com a psicóloga e a equipe multidisciplinar na análise do caso, mas, em virtude da idade, isso já se torna possível.

Saiba Mais

Há vários métodos quantitativos para a tomada de decisão, a qual é muito utilizada pelas indústrias, pela economia e até pelo serviço militar. No livro Princípios e Métodos para a Tomada de Decisão: enfoque multicritério, você compreenderá como utilizar os métodos matemáticos para identificar o problema e a restrição, especificar objetivos e até mesmo criar um modelo de simulação. Disponível na Biblioteca Virtual.

GOMES, L. F. A. M. Princípios e métodos para tomada de decisão: enfoque multicritério. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2019. 

O parecer social é analisado como um instrumento de viabilização de direitos no livro O Estudo Social em perícias, laudos e pareceres técnicos: debates atuais no judiciário, no penitenciário e na Previdência Social. Imperdível para quem quer se apropriar ainda mais da experiência como assistente social. Disponível na Biblioteca Virtual.

CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. O Estudo social em perícias, laudos e pareceres técnicos: debates atuais no judiciário, no penitenciário e na previdência social. São Paulo: Cortez, 2020.

Referências Bibliográficas

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BRASIL. Lei nº 12.318, de 26 de agosto de 2010. Dispõe sobre a alienação parental e altera o art. 236 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Brasília: Presidência da República, [2024]. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12318.htm. Acesso em: 21 ago. 2023. 

GANDIN, D. A prática do Planejamento Participativo. Petrópolis: Vozes, 2010. 

GOMES, L. F. A. M. Princípios e métodos para tomada de decisão: enfoque multicritério. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2019. 

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MATUS, C. Fundamentos da Planificação Situacional. In: RIVERA, F. J. (org.). Planejamento e Programação em Saúde: um enfoque estratégico. São Paulo: Cortez, 1989. 

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OLIVEIRA, L. F. F. Gestão de riscos estratégicos: Action Research numa empresa de tecnologias de informação. 2013. Dissertação (Mestrado em Gestão e Estratégia Industrial) – Universidade de Lisboa, Lisboa, 2013.

Encerramento da Unidade

Administração e Planejamento e a relação com o Serviço Social

Administração, planejamento e a relação com o serviço social

Olá, estudante!

Você chegou ao final de mais uma unidade de ensino! Este é o momento em que cada conhecimento adquirido na trajetória de seus estudos deve fazer sentido. Aqui, ocorre a fusão dos saberes, formatados em uma videoaula que deve condensar os conteúdos em administração e planejamento e sua relação com o serviço social.

Nesse sentido, você deve resgatar os conceitos de modo a formar uma espécie de escada, em que cada degrau representa uma porção de conhecimento e, ao adquirir esse saber, você avança um degrau e, por isso, estará sempre um passo à frente no processo de chegar ao topo, que é a conclusão da disciplina.

No que diz respeito à relação da administração e do planejamento com o serviço social, existem aplicabilidades teleológicas específicas, cujos conhecimentos metodológicos lhe capacitarão a compreender sua prática e a importância do reconhecimento do território e da garantia da participação nos processos do planejamento social.

Novas ideias e resgate de diversos saberes. Esse momento é para fixar conteúdos e refletir conceitos na perspectiva do aperfeiçoamento da aprendizagem.

Esta videoaula de encerramento é pensada para você, então, aproveite! 

Ponto de Chegada

Olá, estudante!

Para qualquer atividade que você se proponha a fazer, alguns cuidados e observações são necessários. Há etapas importantes entre a dimensão do querer e o resultado. Nesse processo, é importante que se estabeleçam critérios que identifiquem o alcance dos objetivos propostos. Esse processo faz parte da administração geral: planejar, gerir, executar e avaliar.

Por que, no serviço social, o termo conceitual “administração social” aparece sempre que se fala em administração? É possível afirmar que há uma máxima nesse sentido que não se faz necessária, tendo em vista que não é porque se trata da área social que as métricas devem ser abandonadas. O serviço social também necessita de análise, planejamento, gestão, indicadores, método e ciência.

O serviço social, após romper com o conservadorismo e o serviço caritativo ligado à benevolência, reafirmou seu compromisso com o projeto ético-político e com o projeto societário da categoria. Para o alcance dos seus objetivos sem perder de vista a mira nesses propósitos, faz-se necessário planejar, e pensar de forma planejada é prever, imaginar o que está por vir, pensar nos riscos e atuar de forma estratégica.

O planejamento estratégico nasce do entremeio da missão e da visão. Planejar consiste em se instrumentalizar. Mais do que a reunião de recursos técnicos e metodológicos, de ferramentas, documentos e arcabouço teórico, engloba a teleologia, doutrina que se preocupa com a intencionalidade. Além do exposto, a instrumentalidade guarda relação direta com a capacidade de desvelar o real, com a leitura crítica da realidade e com a capacidade de mediação e articulação.

O assistente social já não trabalha mais apenas no atendimento a questões imediatas. Na contemporaneidade, ele é gestor, planejador, articulador e mediador. Trabalha em prol da garantia de direitos e da elaboração e gestão de políticas públicas. Seu fazer manifesta-se como sua intencionalidade, como manifestação de rebeldia por lutar contra as injustiças sociais e trabalhar para a minimização dos efeitos da questão social.

A resolutividade no atendimento por equacionar as múltiplas expressões da questão social não é imposta, ouve-se a comunidade e abre-se espaço para a escuta e participação popular. Não qualquer escuta, e sim a escuta qualificada, e, por vezes, em determinados espaços sócio-ocupacionais da escuta especializada.

Os problemas da comunidade precisam ser identificados levando-se em consideração os territórios, suas especificidades, seu regionalismo, sua história, seus jogos de poder, as relações sociais estabelecidas, sua geografia e seu povo. Da raiz, causa do problema, ao problema central e à repercussão dos seus efeitos. Só com a identificação do problema real é possível criar uma árvore de possibilidades de soluções diversas.

É distribuição de poder participar da escolha do problema a ser resolvido. Como, onde, quando e por quê? Ser estratégico é passar pelo processo de refletir e passar pelo momento normativo, estratégico e operacional.

Tomar decisões acertadas é a combinação da intencionalidade, da instrumentalidade, de um bom planejamento e de uma boa estratégia de atingimento de resultados. Faz parte do dia a dia do profissional fazer escolhas e tomar decisões: se esse cidadão se enquadra ou não nos critérios do programa social ao qual se inscreveu; se esse aluno candidato deverá ou não ter direito à bolsa de estudos; se é necessário estabelecer denúncia; e assim por diante.

Em sua vida pessoal, você já precisou optar diversas vezes. A própria escolha por estudar, e estudar serviço social e, ainda, a decisão de avançar em seus estudos e, assim, chegar até aqui. São muitas decisões que você precisará tomar ao longo da vida e, claro, no decorrer da sua carreira e prática profissional. Os riscos são muitos, mas poderão ser minimizados através da sua qualificação. Portanto, siga se qualificando sempre!

É Hora de Praticar!

Agora, você conhecerá um estudo de caso baseado em fatos reais.

Lembre-se: para um melhor aproveitamento é importante ler atentamente, refletir, discutir e correlacionar com os conhecimentos adquiridos durante a unidade. Articule os conhecimentos, volte à parte teórica, planeje e, acima de tudo, proponha uma boa resolução. Mãos à obra!

Você é assistente social da em uma instituição de ensino superior de uma das capitais brasileiras. A equipe de assistentes sociais é composta por dez profissionais, já que há vários projetos em andamento no campus, por exemplo, o projeto de bolsas de estudo para alunos carentes. Você foi convidada para ser gestora de um projeto que se tornará campo de estágio para os alunos de Serviço Social a partir do 6º semestre.     

A vice-reitoria para assuntos comunitários tem o intuito de cuidar de temas que envolvam a comunidade interna do campus, ou seja, alunos, servidores, terceirizados, docentes, dirigentes e a comunidade externa, que pode ser entendida como os moradores do entorno da comunidade que são impactados pela presença da instituição no seu território.         

A instituição propôs a ampliação do quadro de assistentes sociais com a inclusão de novos projetos. Você deixará de atuar no programa de bolsas de estudo, no qual você ficava responsável pelas visitas domiciliares, pelas entrevistas, pela avaliação das condições socioeconômicas, pelo estudo social e pela definição do seu parecer, contemplando ou não a bolsa auxílio para o aluno, previamente solicitada. Agora, você estará com a gestão deste novo projeto.

A reitoria almeja que o projeto seja construído a quatro mãos e, por isso, solicitou que você o planejasse. Ela quer, primeiramente, te ouvir. Entretanto, gostaria que, neste prospecto, você contemplasse um escopo, um esquema pré-definido. A ideia é que você contemple algumas premissas, como:

  • A garantia da participação social.
  • A questão da territorialidade como uma temática de fundo.
  • O projeto poderia envolver a comunidade interna e a comunidade externa.
  • A multidisciplinariedade – aqui representada pela inclusão de estagiários de outros cursos, como as licenciaturas (Português, Matemática, Ciências, Geografia, Letras, entre outras) e os bacharelados (Nutrição e Psicologia).

O que você planejaria? Por onde começaria? Já parece uma grande decisão a tomar? O que faz sentido para esta comunidade? O que faz sentido para os alunos de Serviço Social? Qual projeto tem a relevância para a formação destes alunos ao passo que traz benefícios tangíveis para a comunidade?

Reflita

Agora, considere os seguintes questionamentos como forma de reflexão à prática profissional:

  • Você já havia considerado que, em se tratando do conhecimento científico, algumas vezes não é possível associá-lo ao cotidiano, no entanto, no dia a dia da prática profissional do assistente social, este se deparará justamente com situações que, por vezes, pode ter vivenciado?
  • Você já considerou que a participação do sujeito objeto do seu atendimento no processo de planejamento das ações e perspectivas de resolutividade do problema ou da dificuldade apresentada pode garantir efetividade à sua ação, não por uma atribuição técnica, mas por uma competência profissional desenvolvida pela associação das diversas teorias e dos saberes adquiridos, que, no momento em que são administrados na práxis, representam sucesso?

Resolução do estudo de caso

Estudante, você já sabe, mas é sempre bom lembrar que há mais de uma forma de resolver este e qualquer outro desafio. Na prática profissional, você deve contar, inclusive, com demais colegas de profissão ou de outras categorias profissionais para pensar soluções.

Dito isso, uma das possibilidades de integrar os conceitos obtidos ao longo desta unidade é a roda de conversa. Você, como assistente social da vice-reitoria para assuntos comunitários, proporá como projeto a roda de conversa com os servidores da instituição, terceirizados ou não. São auxiliares administrativos, estagiários, docentes, agentes de portaria e limpeza. Sua proposição contemplará dois horários: um no turno da manhã e outro no turno pela tarde. A ideia é fazer um cadastro desses funcionários e traçar um perfil sociodemográfico, econômico e cultura da população.

A roda de conversa é “um exercício constante de observação e escuta do outro e si próprio” (ARBEX, 2019, p. 52). No planejamento por você elaborado, foi identificado que a maior parte dos servidores terceirizados na instituição são da comunidade do entorno e são pessoas que não concluíram o nível fundamental.

Neste primeiro momento, a roda de conversa pode:

  • Permitir uma escuta qualificada.
  • Possibilitar a identificação de situação de risco e vulnerabilidade social entre os servidores e seus familiares.
  • Permitir o encaminhamento em rede das situações nas quais não for possível a imediata resolução.
  • Garantir um espaço de fala e escuta de questões e temáticas na esfera do desejo dos indivíduos.
  • Possibilitar a discussão de temáticas que envolvam a organização e as relações de poder nela existente. Para citar alguns exemplos: assédio moral, segurança no trabalho, carreira, educação, violência psicológica, violência doméstica, invisibilidade, reconhecimento, depressão, direitos, legislações, mídias sociais, entre outros.
  • Permitir pensar sobre a questão territorial, identificando, por exemplo, como se estabelece a questão econômica, cultural e política da localidade.

A roda de conversa é uma ferramenta metodológica importante para o assistente social e, ainda, possibilitará o fortalecimento de vínculos, a promoção do respeito na convivência da diversidade.

Para envolver as demais graduações e licenciaturas, é possível desdobrar esse projeto, por exemplo, com a educação de jovens e adultos (EJA) e utilizar o espaço de sala de aula para os estagiários dessas licenciaturas e ministrar a formação da educação regular fundamental 1 e 2. Para os estagiários de Serviço Social, além da roda de conversa, há a possibilidade do desenvolvimento de projetos de intervenção social para o atendimento de demandas reais levantadas pela própria comunidade, como: projetos que envolvam a geração de renda, em parceria com o departamento de Nutrição da faculdade, oportunizando cursos rápidos de brownie, doce caseiro de banana, marmitas fitness, entre outras opções. Os projetos de geração de renda na comunidade podem envolver a participação social e a questão da territorialidade para contemplar o desejo e as aspirações da sociedade, para que seja um tema que traga mudanças concretas. Para além da atividade fim, com a técnica da elaboração da receita, é possível abordar, ainda, o empreendedorismo e a gestão financeira e administrativa de um negócio. Pode parecer pouco, mas essas questões podem de fato mudar a vida de uma ou mais famílias, envolvendo a garantia de direitos, o acesso à informação, a socialização de saberes e a geração de receita.

É também possível estabelecer parceria com a graduação de Psicologia para o atendimento psicológico de funcionários e familiares após atendimento pelo serviço social quando e se identificada a questão da impossibilidade de investimento particular.

Você, ainda, garantirá, em parceria com o curso de Letras, a sistematização de toda essa prática para que gere relatórios, construindo novos saberes, criando história do fazer dessa Instituição de Nível Superior (IES) e garantindo a reflexão para novas práticas ainda mais resolutivas.

Dê o play!

Assimile

Participação social é uma oportunidade ou um oportunismo? Essa reflexão é sempre muito importante quando pensamos a participação da comunidade em planos, programas e projetos. É imprescindível ter em mente que toda ação deve ser refletida e ter uma intencionalidade, e uma questão deve ser feita sempre: em que isto muda ou melhora? Se for possível identificar na prática como o seu planejamento alterará significativamente a vida do indivíduo ou de sua família, então será possível afirmar que o caminho traçado está correto e ruma ao sucesso.

Caso contrário, sem perceber, as pessoas são usadas apenas para justificar o fazer profissional e passam a ser meio e instrumento quando deve ser o contrário. Se o projeto societário é a construção de uma nova ordem social, o que se almeja é uma grande mudança na ordem social. Então o objeto de estudo do serviço social é a questão social e suas manifestações, e a sua instrumentalidade em todas as dimensões é o meio e a forma de realizar seu trabalho!

A imagem é um infográfico que destaca três pontos importantes relacionados à participação social e ao papel do assistente social. O layout combina texto e uma ilustração, utilizando cores vivas e elementos gráficos para chamar a atenção. O fundo da imagem é verde escuro, proporcionando um contraste com o texto e os elementos em amarelo claro e branco. As caixas de texto são arredondadas, ajudando a organizar a informação de forma clara e legível. O título: Merece Destaque, está localizado na parte superior da imagem, escrito em letras maiúsculas e de cor amarela. Logo abaixo está o Ponto 1, com o número 1 escrito dentro de um círculo amarelo claro, à esquerda do texto. Escrito em verde, dentro de uma caixa de texto branca arredondada, situada no topo direito está o texto: Participação social é uma oportunidade, e sendo assim é imprescindível ter em mente que toda ação tem uma intencionalidade. O Ponto 2, com o número 2 escrito dentro de um círculo amarelo claro, à esquerda do texto. Escrito em verde, dentro de uma caixa de texto branca arredondada, situada no meio direito está o texto:O projeto societário é o desenvolvimento de uma nova ordem social, logo o que você planeja e põe em prática precisa alterar significativamente a vida dos sujeitos e suas famílias. O Ponto 3, com o número 3 escrito dentro de um círculo amarelo claro, à esquerda do texto. Escrito em verde, dentro de uma caixa de texto branca arredondada, situada na parte inferior direita está o texto: O objeto de atuação do assistente social é a questão social, logo o planejamento estratégico é um instrumento em suas mãos. À esquerda dos pontos há uma ilustração grande e centralizada: a figura de uma Criança, com uma criança de pele clara e cabelos castanhos, vestindo uma roupa branca e calças laranjas. A criança está sentada, segurando um livro aberto em seu colo e sorrindo.
Figura 1 | Participação social.

Referências

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