Elementos da Linguagem Visual
Aula 1
Ponto, Linha e Forma
Ponto, linha e forma
Olá, estudante!
Nesta videoaula vamos explorar alguns elementos da composição visual: ponto, linha e forma, para compreender seus usos e potencialidades. Com isso, o profissional que trabalha com imagem conseguirá produzir seus trabalhos de maneira mais consciente e clara, assim como realizar análise de obras, críticas, curadorias etc.
Esteja atento aos elementos a serem estudados e busque notá-los em seu dia a dia, nas imagens que consome e que produz.
Vamos lá?
Ponto de Partida
Vamos iniciar nossa jornada de conhecimento? Na disciplina de Composição Visual vamos estudar elementos que ajudarão na qualificação do profissional que trabalha na área de cultura. Para isso, abordaremos, na primeira unidade, elementos da linguagem visual, com foco no ponto, na linha e na forma. Elucidando os conceitos desses tópicos, você conseguirá interpretar melhor e produzir obras artísticas baseando-se nesses elementos, junto com os outros conhecimentos que já possui.
Com esse conteúdo absorvido, a disciplina continuará explorando outros elementos presentes na composição visual, formando profissionais com conhecimentos multifacetados, ampliando as áreas de atuação devido à sua excelência. Ao compreender o potencial expressivo que o ponto, a linha e as formas podem ter, os artistas podem ampliar suas possibilidades criativas e explorar novas formas de expressão visual.
E você, em suas produções, consegue notar os diferentes resultados que um mesmo elemento gera? Faça sua reflexão e prepare-se para este estudo, que nos ajudará a alcançar o futuro de um profissional cada vez mais qualificado!
Uma dica: estude esta disciplina pensando que os elementos visuais são como as palavras de um texto, que podem ser alteradas para obter significados diversos!
Vamos lá?
Vamos Começar!
Composição visual
Para compreendermos quais são os elementos da linguagem visual, precisamos entender sua importância em uma disciplina que se chama Composição Visual. A composição visual é um dos pilares fundamentais das artes visuais, sendo fundamental na organização e na expressão das obras de arte. Iremos explorar seus fundamentos, analisando sua importância e diversas aplicações dentro do contexto artístico.
Em sua essência, composição visual refere-se à maneira como os elementos visuais (ponto, linha, forma etc.) são organizados dentro de uma obra visual, podendo ser utilizada como ferramenta para criar uma composição harmoniosa e significativa. Existem diversos elementos, como textura, cor, dimensão etc., mas começaremos pelo menor de todos: o ponto, para, então, seguirmos para a linha e como esses dois se relacionam na criação de formas.
O pensamento que parte dos princípios da composição visual não considera seus elementos apenas como algo que é apresentado livremente em um espaço, mas sim conectados com os princípios do equilíbrio, da proporção, do ritmo, do contraste e da unidade. O artista pensa no impacto visual que quer causar e que quer transmitir com a obra, utilizando esses ideais para guiar o olhar do espectador. Nos próximos parágrafos, entenderemos como isso é possível.
Nas artes visuais, o conhecimento e a aplicação dos conceitos da composição visual ajudam o artista a passar a mensagem que sua obra intenciona, tornando-a mais expressiva e memorável. Pode ser utilizada para guiar e atrair a atenção do espectador, influenciando até a forma como o público se sente, transmitindo emoções, ideias e narrativas.
Ajudando no processo criativo, o artista que emprega princípios de composição visual tende a criar obras que possuem uma estética atrativa com harmonia visual. Esses princípios podem ser aplicados em uma variedade de mídias artísticas, como a pintura, escultura, fotografia, o design gráfico e as artes digitais. Ao dominarem essa linguagem visual, os artistas podem elevar suas práticas artísticas e expandir sua expressão criativa.
Ponto como elemento visual
Agora iremos focar no elemento ponto e sua importância. Mesmo sendo o menor elemento visual, o ponto ajuda na organização e na interpretação das obras visuais. É utilizado para criar formas, estruturas e padrões em uma obra. Também pode transmitir ritmo, movimento e direção, alterando a fluidez e a dinâmica da composição. Possibilita a criação de ilusões de profundidade, perspectiva e volume, transmitindo uma leitura de tridimensionalidade na obra.
O pontilhismo foi um movimento artístico europeu do século XIX, em que os artistas utilizavam apenas o ponto para toda a composição visual. Os artistas também partiam de estudos das cores, pensando em contrastes e focos.
No entanto, ao se observar um ponto solitário em uma área vazia, o sentimento de solidão ou isolamento pode estar presente. Porém, um conjunto de pontos, um perto do outro, pode causar a sensação de comunidade ou conexão. Podemos considerar, então, que existem conotações diversas dependendo do contexto visual e da intenção do artista. Adicionando camadas na complexidade da obra, o ponto também pode ser interpretado com base em sua cor, tamanho e textura.
O ponto é amplamente explorado como um elemento expressivo e versátil, tanto na prática artística como no design, deliberando a ênfase, o contraste ou o equilíbrio dentro da composição. Por exemplo, um ponto de cor intensa em meio a uma paleta de tons neutros pode atrair imediatamente a tenção do observador, funcionando como ponto focal. Da mesma forma, a repetição de pontos pode gerar padrões visuais interessantes, adicionando complexidade à obra.
O ponto pode conversar com outros elementos visuais, como a linha e a forma. Essa interação pode gerar contrastes visuais interessantes e estimular a percepção do espectador. Caso o produtor deseje criar uma sensação de tensão ou movimento, é válido considerar a sobreposição de pontos e linhas, enquanto a variação de tamanho e espaçamento dos pontos pode gerar uma sensação de profundidade e volume. Sua presença pode influenciar a interpretação do espectador e comunicar mensagens complexas dentro de uma composição. Ao compreender o potencial expressivo do ponto e suas aplicações na composição visual, os artistas e designers podem ampliar suas possibilidades criativas e explorar novas formas de expressão visual.
O ponto pode ser utilizado para denotar início, fim ou uma pausa dentro de um arranjo visual. Ele também pode indicar um ponto focal dentro de uma composição, atraindo o olhar do observador e estabelecendo hierarquia entre os elementos visuais. Ao explorar a cor, um ponto grande e vermelho pode evocar uma sensação de urgência ou importância, enquanto um ponto pequeno e azul pode sugerir serenidade ou calma. Em linguagens visuais mais abstratas, o ponto pode adquirir significados subjetivos e emocionais, dependendo do contexto cultural e individual do espectador.
Linha como elemento visual
Assim como o ponto, a linha é um dos elementos mais básicos, mas que desempenha um papel importante na composição de obras de arte e na comunicação visual. Percorrendo o espaço visual, a linha pode variar em comprimento, espessura, direção, curvatura e estilo. Cada uma dessas características contribui para sua função e significado dentro da composição visual.
Pode ser utilizada para delinear formas e contornos, definir espaços negativos, criar padrões e texturas, estabelecer ritmo e movimento, guiando o olhar do espectador pela obra. Quando interagem com outros elementos dentro do espaço visual, podem gerar uma variedade de sensações e emoções, influenciando a interpretação da obra pelo observador.
Também é interessante pensar nos significados simbólicos e expressivos que as linhas podem carregar. Por exemplo, uma linha reta e rígida pode transmitir uma sensação de estabilidade e ordem, enquanto uma linha curva e fluida pode evocar movimento e dinamismo. O artista pode extravasar sua personalidade em sua intenção artística por meio do estilo da linha.
Como a linha é explorada por ser um elemento expressivo e versátil, ela pode ser utilizada de maneira deliberada para criar ênfase, contraste, equilíbrio ou tensão dentro da composição. Por exemplo, linhas diagonais podem gerar uma sensação de dinamismo e instabilidade, enquanto linhas verticais podem transmitir uma sensação de solidez e verticalidade.
Além disso, as composições se tornam mais complexas ao combinarem as linhas com outros elementos visuais, como forma, cor e textura, gerando contrastes visuais interessantes que estimulam a percepção do espectador. Estudaremos isso no próximo conteúdo, que explora a forma.
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Forma como elemento visual
Para que a forma exista, é necessária a definição de uma área circunscrita por uma linha ou contorno, criando, assim, uma figura distinta e reconhecível.
Além da bidimensionalidade, a forma também pode ser tridimensional, como uma escultura.
A forma desempenha várias funções na composição visual, definindo objetos e elementos na obra de arte. A originalidade e imaginação do artista o faz criar representações visuais de figuras, sejam elas humanas, objetos inanimados, paisagens e até abstrações, contribuindo com a organização espacial da composição, com profundidade, proporção e perspectiva.
Formas geométricas simples, como círculos, quadrados e triângulos podem evocar uma sensação de ordem, estabilidade e racionalidade. Entre as diversas mensagens e emoções possíveis, as formas orgânicas e irregulares podem sugerir movimento, vida e emoção.
O artista pode utilizar a forma como ferramenta para criar uma gama infinita de expressões e significados, explorando a interação entre as formas positivas (aquelas que ocupam espaço) e as formas negativas (aquelas que são delineadas pela ausência de formas positivas) para criar contrastes visuais e equilibrar a composição.
Caso seja o desejo do artista, a forma pode ser manipulada e distorcida para criar efeitos expressivos e abstratos. Os artistas podem experimentar proporções, escalas e composições não convencionais para desafiar as expectativas do observador e transmitir suas intenções artísticas de maneira única.
Elementos visuais
Quando o observador entende o estímulo que o artista quis repassar, a manipulação influencia profundamente sua percepção e interpretação de uma obra de arte. A imaginação do espectador transmite significados complexos que estimulam sua imaginação. Os artistas podem ampliar suas possibilidades criativas e explorar novas formas de expressão visual.
Na composição visual, elementos básicos como ponto, linha e forma desempenham papéis interligados e complementares. Esses três elementos não existem isoladamente na composição visual, pois estão interconectados, causando influência mútua. Ao se estender o ponto, são criadas linhas, que, consequentemente, podem definir e delimitar figuras e formas. Um agrupamento de pontos e linhas pode definir uma área específica dentro da composição visual. Assim, o artista consegue criar uma infinita variedade de composições com identidades e significados únicos.
Mesmo que o ponto, a linha e a forma estejam intrinsicamente ligados, eles podem desempenhar funções distintas. Como falamos, o ponto pode atrair o foco do espectador para um local específico, organizando o espaço visual. Já a linha guia o olhar do observador, criando ritmo e movimento. Por fim, a forma consegue comunicar significados e emoções adaptados para cada obra.
Para transmitir sua intenção seguindo os princípios dos elementos visuais, o artista deve levar em consideração a combinação e a interação desses elementos de modo a possibilitar uma experiência estética significativa para o espectador. Vamos reforçar essa ideia pensando em mais dois exemplos: uma composição que utiliza linhas suaves e formas orgânicas pode transmitir uma sensação de fluidez e harmonia, enquanto uma composição que emprega linhas angulares e formas geométricas pode sugerir ordem e racionalidade.
Diferentes arranjos, proporções, escalas e texturas ampliam as possibilidades criativas, ajudando o artista alcançar os efeitos desejados em suas obras de arte. Ao compreender a relação entre esses elementos, o profissional que trabalha com arte pode ampliar suas possibilidades criativas e explorar novas formas de expressão visual. Outro ponto importantíssimo é que qualquer um pode estudar os princípios da composição visual e saber interpretar de forma crítica as obras vistas.
Vamos Exercitar?
Iniciamos a disciplina estudando os elementos visuais presentes na composição visual: ponto, linha e forma. Ao examiná-los, podemos perceber que esses elementos são fundamentais, possuindo funções, significados e aplicações.
Foram citados muitas vezes os artistas que utilizam esses princípios na criação de suas obras, mas e os artistas que não possuem interesse nesse estudo?
O artista tem liberdade em suas produções e é livre para escolher se deseja seguir o conceito desses elementos visuais ou não. Mas, caso deseje, estes elucidam a compreensão das possibilidades visuais como ferramenta para a criação de obras significativas e expressivas, que transmitem mensagens específicas e estudadas com objetivos específicos.
Por outro lado, alguns artistas não possuem interesse em seguir tais aplicações como se fossem regras, valorizando a espontaneidade e o acaso, mostrando, dessa forma, as potências de suas emoções extravasadas livremente.
De qualquer maneira, o profissional que trabalha com arte, estando constantemente em contato com obras, aprende tais princípios vistos na prática, refletindo em suas análises críticas e seus possíveis trabalhos como curadores ou diretores de galerias.
Saiba Mais
Que tal aprender mais? O artista Wassily Kandinsky também trabalhava bastante com pontos e linhas em suas obras. Ele chegou a lançar um livro sobre elementos visuais chamado Ponto e linha sobre plano, de 1926, tendo como objetivo criar uma ciência da arte abstrata, técnica que utilizava em suas obras.
Um recurso interativo e de criação é o Adobe Spark. O site é disponibilizado gratuitamente e conta com diversas formas de criação de conteúdo e obra, elementos visuais vistos nesta aula e outros mais. Disponível em: spark.adobe.com.
Vamos pensar para além das artes visuais e design? O artigo A composição visual no teatro, de Yaska Antunes, aborda a ideia de que o público que está assistindo a alguma produção teatral se depara com a “imagem teatral”, formando sua composição visual específica.
Referências Bibliográficas
COMPOSIÇÕES com elementos básicos da linguagem visual. Revista IFSC. Disponível em: https://revista.palhoca.ifsc.edu.br/edicao6/elementos-da-linguagem-visual/. Acesso em: mar. 2024.
LINHA. Linguagem Visual. Disponível em: https://www.linguagemvisual.com.br/linha.php. Acesso em: mar. 2024.
NEGATIVO. Linguagem Visual. Disponível em: https://www.linguagemvisual.com.br/negativo.php. Acesso em: mar. 2024.
OSBORNE, H. Estética e teoria da arte. São Paulo: Cultrix, 1993.
PONTO. Grupo Evolução. Disponível em: https://grupoevolucao.com.br/livro/Old/ponto.html. Acesso em: mar. 2024.
PONTO. Linguagem Visual. Disponível em: https://www.linguagemvisual.com.br/ponto.php. Acesso em: mar. 2024.
TARDE de domingo na ilha de Grande Jatte. Wikiart. Disponível em: https://www.wikiart.org/pt/georges-seurat/tarde-de-domingo-na-ilha-de-grande-jatte-1886. Acesso em: mar. 2024.
WONG, W. Princípios de forma e desenho. 2. ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 1998.
Aula 2
Direção e Textura
Direção e textura
Olá, estudante! Seja bem-vindo a mais uma aula!
Nesta segunda aula da unidade, vamos nos debruçar sobre dois elementos da composição visual artística: a direção e a textura. Esse conteúdo é de extrema importância para uma capacitação completa e técnica em todas as áreas que envolvem direta ou indiretamente a arte visual. É a partir do estudo dos elementos da composição visual que você terá uma noção técnica da construção de uma obra de arte.
Pronto para esta aula? Vamos lá!
Ponto de Partida
Vamos avançar aula falando de dois elementos muito importantes nos estudos da composição visual, para aprimorarmos cada vez mais nossa formação na área. Nesta aula, você verá como uma obra de arte pode ser analisada com base em dois elementos: a direção e a textura. Além de compreendemos a sua definição, você também terá exemplos práticos das diversas formas de aplicação em obras de diferentes categorias.
]A partir desta aula, você poderá realizar o exercício de refletir sobre esses elementos em outras obras que você se deparar no dia a dia. Analisar os elementos da composição visual de uma obra é desvendar as estratégias e técnicas pensadas pelo artista durante sua construção. Além disso, é interessante o exercício de voltar o olhar para as suas sensações e percepções causadas pela própria obra diante dos seus olhos ou do seu toque.
São inúmeras as possibilidades quando conhecemos os elementos visuais. Podemos ir muito mais longe em nossas análises!
Vamos Começar!
Direção
A direção é um elemento da linguagem visual diretamente ligado às formas. Podemos interpretar as formas básicas a partir das direções que elas expressam. Um quadrado, por exemplo, expressa direções básicas: horizontal e vertical; um triângulo, a diagonal; e um círculo, a curva. De forma geral, a direção se trata da sensação que a imagem nos traz, que ela segue e direciona para a horizontal, vertical, diagonal ou para as curvas.
Isso significa que ao observarmos uma composição artística, nosso olhar é capaz de capturar uma direção que a composição e suas formas apresentam.
As formas básicas a seguir exemplificam bem o esquema de funcionamento desse elemento visual.
Para observarmos como a direção funciona em uma obra artística visual, vamos refletir sobre a pintura a seguir, de Brett Whiteley:
Na obra de Whiteley, artista australiano do século XX, observamos a presença de formas básicas. Além das cores marcantes, linhas e círculos são elementos de destaque na pintura. Os círculos inseridos próximos aos pontos de luz nos trazem a sensação de curvas, representando a claridade da luz.
Já as linhas nos mostram uma sensação de profundidade, como se um elemento estivesse disposto em cena do fundo em direção à frente ou também ao contrário.
O estilo gótico na arquitetura é também um exemplo bem representativo para analisarmos as direções. Na imagem a seguir, observamos, na Catedral de Milão, um dos prédios mais famosos do estilo gótico na Europa, a presença de formas que remetem a direções verticais. As igrejas góticas possuem suas próprias características do estilo, em que o direcionamento vertical, indicando o alto, está ligado a uma ideia da crença religiosa cristã de valorização do céu como símbolo do divino. A observação das direções nos ajudam a compreender essa sensação.
Siga em Frente...
Textura
Quando falamos de textura, estamos nos referindo à percepção das qualidades das superfícies nas artes. Qualquer que seja sua forma, a representação pode apresentar uma imposição ao tato e ao visual, que compreendemos como textura. Dentre as várias classificações que podemos encontrar sobre o estudo desse elemento visual, temos a textura natural (encontrada na natureza) e artificial (provocada pelo indivíduo). A textura pode nos passar a impressão de que objetos ou formas representados possam ser macios, duros, ásperos, feitos de madeira, papel, plástico, metal, entre outros materiais e sensações.
Chamamos de textura óptica quando a percepção que a imagem passa não corresponde ao sentido tátil dela, ou seja, quando tocamos sua superfície e percebemos que a textura era apenas uma ilusão, que o material utilizado pelo artista é diferente da sensação que a representação da imagem nos passou.
O outro tipo de textura que podemos classificar é a tátil. Quando é possível tocá-la, sentimos a mesma textura que a percepção visual capta. Geralmente, nos casos de textura tátil, o mesmo material utilizado para a construção da obra é representado nela.
Um dos exemplos mais marcantes da textura óptica são as esculturas europeias em mármore. Na imagem a seguir, vemos a obra A virgem velada, de
Giovanni Strazza, de 1860. Podemos observar a impressionante técnica de Strazza em transformar mármore de Carrara (material utilizado) no rosto da Virgem Maria coberto por um fino, delicado e transparente tecido. Imaginar um material duro e bruto como o mármore sendo transformado na leveza de um tecido translúcido parece ser um desafio. Entretanto, a técnica de Strazza atrás da textura óptica nos permite estabelecer essa percepção. Ao tocar a peça notamos, então, que, de fato, se trata de um material duro e imaleável.
As obras de Jeff Koons, artista contemporâneo, apresentam referências à cultura pop e ao consumo de massa. Devido a isso, entre suas obras mais famosas estão objetos que aparentam ser feitos de bexiga. Entretanto, o artista nos desafia a pensar o que esperamos desses objetos, tanto em questão de materialidade quanto de tamanho. Suas artes, apesar de aparentarem ser de materiais flexíveis e maleáveis, são feitas de alumínio policromado ou porcelana, o que significa que possuem uma rigidez que não aparentam ter. Eles também possuem tamanhos que não condizem com os objetos de inspiração. Observe os dois próximos exemplos:
Retornando ao bidimensional, vemos as gravuras dos cordéis brasileiros, nas quais podemos perceber suas linhas bem delimitadas e suas formas simples. A sensação de uma textura dura e unidimensional é constatada quando tocamos uma gravura realizada por meio da técnica de xilogravura. Temos um exemplo da textura tátil, em que a sensação que nos passa é a mesma da sensação tátil.
Vamos Exercitar?
Nesta aula você pôde enriquecer ainda mais sua capacidade técnica de análise da composição visual. Com as ideias postas aqui, podemos refletir sobre inúmeras questões envolvendo o processo criativo de um artista e a recepção que suas obras causam ao público.
Em posse do conhecimento da direção e da textura na composição de uma obra, você também pode usá-lo como parte da criação de uma obra própria.
Quais direções você usaria em uma obra de arte? E texturas? Você preferiria utilizar uma textura óptica ou tátil? Quais materiais você se sente inclinado a utilizar como matéria-prima?
E ao observarmos uma obra de arte? Experimente o exercício de análise da composição visual de uma obra! Se possível, visite uma exposição, um museu ou um instituto artístico e reflita sobre as possibilidades de direções e texturas trazidas pelos autores.
Saiba Mais
Que tal conhecer um pouco mais o artista xilógrafo José Francisco Borges, mencionado na nesta aula? O canal JC TV contou um pouco sobre sua obra e seu impacto no mundo hoje. Vamos pesquisar nas plataformas digitais e aprender?
Tem curiosidade de saber como funciona a técnica de xilogravura? O Centro Português de Serigrafia produziu uma animação demonstrando como o processo é realizado. Procure o vídeo nas plataformas digitais!
Você se interessou pelas obras e pela temática que Jeff Koons aborda? A dissertação de mestrado chamada A estética da banalidade: a obra de Jeff
Koons entre a arte e a mercadoria, de autoria, de Pedro Pinheiro Neves, aborda diversas questões sobre o artista, servindo de complemento ao que estudamos nesta aula.
Referências Bibliográficas
A HISTÓRIA da xilogravura de cordel: o papel da técnica na essência da arte. Agência Papoca, 2019. Disponível em: https://laart.art.br/blog/xilogravura-de-cordel/. Acesso em: mar. 2024.
ABREU, K. C. K.; SANTOS, A. P dos. Linguagem visual aplicada a anúncios publicitários. Disponível em: http://www.bocc.ubi.pt/pag/abreu-karen-santos-marilene-alinguagem%20visualaplicada.pdf. Acesso em: mar. 2024.
CAPTURING a feeling of creation: Jeff Koons on Play-Doh. Cristie’s, 2018. Disponível em: https://www.christies.com/en/stories/play-doh-by-jeff-koons-bc47b01d171d4f80bf174aac8cb12e5a. Acesso em: mar. 2024.
DONDIS, D. A. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 2019.
DUOMO di Milano e o estilo gótico. Mayresse. Disponível em: https://mayresse.com.br/duomo-de-milano-e-o-estilo-gotico/. Acesso em: mar. 2024.
EXTRAORDINÁRIA: você acredita que até o véu desta escultura é de mármore? Aleteia. Disponível em: https://pt.aleteia.org/2018/12/29/extraordinaria-voce-acredita-que-ate-o-veu-desta-escultura-e-de-marmore/. Acesso em: mar. 2024.
KOONS, J. Balloon dog. Jeff Koons. Disponível em: https://jeffkoons.com/artwork/celebration/balloon-dog-0. Acesso em: mar. 2024
THE NIGHT café. NSW Art Gallery. Disponível em: https://www.artgallery.nsw.gov.au/collection/works/357.1998/. Acesso em: mar. 2024.
WONG, W. Princípios de forma e desenho. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
Aula 3
Escala, Dimensão, Volume e Movimento
Escala, dimensão, volume e movimento
Olá, estudante! Nesta videoaula iremos ver quatro elementos visuais importantes: a escala, a dimensão, o volume e o movimento.
Esses elementos foram usados em diversos momentos e formas na história da arte, então temos um amplo campo de estudo, que reflete diretamente na prática diária do profissional que trabalha com arte.
Vamos lá?
Ponto de Partida
Sabemos que durante o curso de artes visuais estudantes tendem a produzir várias obras usando técnicas e suportes diferentes. Nesta seção, estudaremos mais quatro elementos da linguagem visual: a escala, a dimensão, o volume e o movimento. Temos como objetivo adquirir conhecimento para saber usar e diferenciar essas linguagens, elucidando seu uso ao profissional que trabalha com arte.
Mais especificamente, entender o papel desses elementos para a linguagem visual, dentro da composição, aplicando-os na comunicação visual, bidimensional ou tridimensional.
Vamos compreender como esses elementos se relacionam de forma expressiva na produção artística? Pense em como você usaria todos os elementos vistos até então.
Bons estudos!
Vamos Começar!
Iniciaremos a disciplina apresentando quatro elementos visuais das composições visuais: escala, dimensão, volume e movimento.
Escala
A escala pode ser usada em diferentes contextos e em diferentes áreas do conhecimento, tendo, em alguns casos, significados e valores diferentes em cada uma dessas áreas. Ela se refere à proporção entre as medidas de um objeto e sua reprodução no contexto em que estão inseridos. Na teoria musical, por exemplo, a escala diz respeito a uma sequência de notas ordenadas, mas que, mesmo assim, não são universais. Temos a escala maior, a escala menor, entre outras. Já na arquitetura, a escala refere-se à relação entre dimensões de um projeto. Em uma situação, podemos ter um projeto arquitetônico no qual cada centímetro apontado será equivalente a um metro na reprodução desse projeto. Ou até mesmo antigamente, quando motoristas usavam os mapas impressos a cada centímetro no mapa físico. O condutor se deslocava um quilômetro ou até mesmo dez quilômetros, dependendo da escala. Essas relações estabelecem uma relação direta entre o que é grande e o que é pequeno. A partir disso, sabemos que:
Todos os elementos visuais são capazes de se modificar e se definir uns aos outros. Em outras palavras, o grande não pode existir sem o pequeno. Porém, mesmo quando se estabelece o grande através do pequeno, a escala toda pode ser modificada pela introdução de outra modificação visual. A escala pode ser estabelecida não só através do tamanho relativo das pistas visuais, mas também através das relações com o campo ou com o ambiente. Em termos de escala, os resultados visuais são fluidos, e não absolutos, pois estão sujeitos a muitas variáveis modificadoras (Dondis, 2007, p. 72).
Mas, e nas artes visuais?
Nas artes visuais, a escala também tem vários significados e especificidades. Diz respeito ao tamanho da obra em relação ao ambiente e em relação a outras obras, influencia a percepção, bem como a interpretação do espectador, sendo uma ferramenta poderosa para criar impactos visuais. Vale lembrar que, desse modo, a escala é intrínseca ao espaço.
Dessa forma, existem algumas predefinições dos usos de escalas. A escala íntima, por exemplo, é quando a obra é muito menor que o espaço que está inserida, assim convida o espectador a uma relação de intimidade, aproximando-se e olhando com atenção o conteúdo da obra. Já a escala monumental cria ilusões de grandiosidade, como uma tela exposta em uma parede muito pequena, contrapondo-se à escala íntima. Escolher o espaço no qual a obra está ou será exibida não é um trabalho fácil, pois é preciso entender o que ela está pedindo. Por isso, é comum as escalas de uma exposição serem variadas.
A escala ainda pode fazer com que um único objeto seja grande e pequeno ao mesmo tempo, dependendo do que se insere do lado dela. Se colocarmos um objeto muito pequeno do lado de um maior, ele vai desempenhar a função de um objeto pequeno. Agora, se esse mesmo objeto é colocado ao lado de um menor que ele, então irá desempenhar o papel de um objeto grande. Podemos entender vendo a imagem a seguir:
Dimensão
Dimensão é um conceito muito usado na geometria, tendo como definição, segundo o dicionário Michaelis (2016), “Extensão [...] em qualquer sentido; tamanho, medida, volume”. As medidas mais conhecidas e essenciais são profundidade, largura e altura, para objetos tridimensionais, e, para objetos bidimensionais, a largura e a altura.
Nas artes visuais, diferentemente da geometria, a dimensão engloba tanto medidas físicas quanto aspectos conceituais e perceptivos da obra de arte. Por exemplo, um desenho em uma folha de papel pode simular uma profundidade a partir da disposição das linhas. Ou ainda, uma pintura em que os elementos visuais, como cor, sombra e perspectiva dão dimensões à obra, como no exemplo a seguir:
Entretanto, a dimensão não diz respeito somente às sentenças vistas anteriormente. Vamos explorar esse tema mais um pouco:
Na filosofia e na metafísica, a dimensão diz respeito às características menos concretas, mais abstratas, com questões sobre natureza, existência e realidade. Por exemplo: Quais são as dimensões perceptíveis ao ser humano? Na física, a dimensão é usada para medir as propriedades do espaço, tendo quatro dimensões: comprimento, altura, largura e tempo. Assim, podemos considerar que:
A representação da dimensão em formatos visuais bidimensionais também depende da ilusão. A dimensão existe no mundo real. Não só podemos senti-la, mas também vê-la, com o auxílio de nossa visão estereóptica e binocular. Mas em nenhuma das representações bidimensionais da realidade, como o desenho, a pintura, a fotografia, o cinema e a televisão, existe uma dimensão real; ela é apenas implícita. A ilusão pode ser reforçada de muitas maneiras, mas o principal artifício para simulá-la é a convenção técnica da perspectiva. Os efeitos produzidos pela perspectiva podem ser intensificados pela manipulação tonal, através do claro-escuro, a dramática enfatização de luz e sombra (Dondis, 2007, p. 75).
Volume
O volume diz respeito a uma medida tridimensional, indicando o espaço que um objeto ou uma substância ocupa, sendo fundamental na física e na geometria. De outro modo, o volume é o espaço que um objeto ocupa no espaço, ou ainda, se temos um recipiente, a quantidade de líquido ou matéria que cabe dentro desse recipiente também é chamada de espaço. Pode ser medido em centímetros, mililitros, polegadas etc.
Já nas artes visuais, quando se trata de esculturas, cerâmicas e instalações, os objetos têm altura, largura e profundidade reais, o que significa que essas obras preservam as características ditas anteriormente. Os artistas trabalham os materiais para criar volumes e movimentos que, quando a luz se insere sob as obras, a sombra altera ainda mais a sensação de volume.
Podemos observar essas características na imagem a seguir:
O volume também pode ser reproduzido nas artes bidimensionais. Isso significa que há uma falsa sensação de volume, porque este é intrínseco a objetos tridimensionais. Na pintura e no desenho, o sombreamento é a técnica mais utilizada para expressar o volume. A perspectiva também desempenha um papel fundamental, dando a sensação de profundidade e tridimensionalidade.
Com o avanço da tecnologia, artistas digitais começam a criar artes 3D em softwares, que podem ser visualizadas de diversos ângulos nas telas. A modelagem 3D, como ficou conhecida, permite que a iluminação seja criada, possibilitando a exploração de volume e da modelagem.
Siga em Frente...
Movimento
O movimento é um conceito fundamental das artes visuais. Refere-se ao deslocamento de objetos físicos no espaço, ou na ilusão de um movimento criado através de elementos visuais. Podemos dizer que o movimento é um elemento que aparece muito mais como sugestão nas composições visuais do que é efetivamente explicitado. No entanto, é o mais dominante em nosso cotidiano e aparece de forma plena no cinema, na televisão e em algumas obras tridimensionais.
Desse modo, temos alguns tipos de arte que valem a pena serem vistas. A arte cinética, por exemplo, é uma forma de expressão artística que utiliza do movimento real ou aparente em suas obras, envolvendo o espectador, fazendo com que este interaja com a obra. O movimento real pode ser alcançado por meio de engenharias e elementos mecânicos para que a escultura, por exemplo, tenha movimento, como partes que se movem ou giram. Alexander Calder foi um artista revolucionário ao fazer as primeiras esculturas móveis: os móbiles.
O movimento na arte não é só o movimento literal, pode ser também a sensação em que se exploram a energia e o ritmo. Essa fruição de movimentos ilusórios pode fazer com que o desenho ou a tela tenham sensação de dinamismo. Por exemplo, para dar sensação de movimento em um cabelo, geralmente, faz-se várias linhas sobrepostas direcionadas ao sentido que o vento estaria levando, sugerindo, então, o movimento e a profundidade do objeto. Pode também ser usado o efeito borrado, com técnicas de esfumado.
Nesta seção, apresentamos quatro elementos importantes para a percepção e criação de obras. Você pode colocar em prática esses conceitos de obras bidimensionais ou tridimensionais, considerando que a escala, a dimensão, o volume e o movimento podem andar juntos, não apenas em produções artísticas próprias, como também na análise de outras, como espectador e como profissional de arte, que pode estar na organização de exposições ou seleção de obras.
Vamos Exercitar?
Vamos imaginar que um artista está planejando uma escultura humana em tamanho real para colocar em um espaço público. Para a realização dessa obra, o artista deve calcular a escala para saber as dimensões corretas para a reprodução de seu projeto. Quais fatores o escultor deve considerar para fazer com que essa escultura tenha o tamanho exato de uma pessoa real? Quais relações de escala, dimensão, volume e movimento o artista deverá considerar?
Nessa situação, o escultor deverá considerar a escala entre o tamanho da pessoa que será representada e o modelo. Deverá considerar o volume da escultura no ambiente onde vai ser inserida, bem como o movimento, que diz respeito a como estará a pose das estátuas.
A relação de escala, dimensão e volume que deverá ser considerada é aquela que tem tamanhos reais e certos para a devida proposta.
Saiba Mais
Considerando o elemento movimento, é interessante ver obras pessoalmente ou por meio de vídeos digitais. Dito isso, fica o convite para que você exerça sua curiosidade e autonomia, tão importante ao profissional de arte, e busque vídeos de obras que trabalham com movimento, para que fique mais fácil a compreensão de como funcionam. Que tal iniciar com o artista Alexander Calder, que já apresentamos nesta aula? Uma fonte de pesquisa confiável para as nossas aulas é o Google Arts & Culture, pois nele é possível pesquisar sobre a maioria das obras e obter informações verídicas sobre elas.
O Canva Design School é um recurso que o site de edição e criação de trabalhos visuais Canva disponibiliza. Nele, existem cursos gratuitos e de fácil compreensão, abrangendo todos os elementos abordados nesta aula, com recursos em que podem ser usados, sendo uma boa ferramenta para colocar em prática os conceitos aprendidos aqui, sem precisar de materiais físicos.
O artigo Obras tridimensionais feitas por artistas mulheres premiadas nas edições dos panoramas da arte brasileira do MAM São Paulo (1969-2019), de Tatiana Sampaio Ferraz, analisa o conjunto dessas obras, considerando o crescimento dos estudos feministas que buscam dar maior visibilidade para mulheres artistas.
Referências Bibliográficas
CALDER’S Circus. Whitney Museum of American Art. Disponível em: https://whitney.org/collection/series/5488. Acesso em: mar. 2024.
DEMILLY, C. Arte em movimento. São Paulo: Cosac & Naify. 2015.
DESVALLÉES, A.; MAIRESSE, F. Conceitos-chave de museologia. São Paulo: Icom, 2013.
DICIONÁRIO Michaelis de Língua Portuguesa on-line. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2016. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=dimens%C3%A3o. Acesso em: mar. 2024.
DONDIS, D. A. Sintaxe da linguagem visual. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
FIDELIS, G. Da escultura à instalação: núcleo contemporâneo. Porto Alegre: Fundação Bienal do Mercosul, 2005.
FORTUNATTO, M. Técnica luz e sombra. Maurício Desenhos Realistas. Disponível em: https://mauriciodesenhosrealistas.blogspot.com/p/luz-e-sombra-estrutura-da-luz-e-sombra_4812.html. Acesso em: mar. 2024.
MOREIRA, E. A história da fascinante escultura ‘David’ significa muito mais que uma bela escultura de Michelangelo. Aventuras na História, 2023. Disponível em: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-da-fascinante-escultura-de-david-de-michelangelo.phtml. Acesso em: mar. 2024.
PEREIRA, M. Guia de expografia: o que levar em conta ao montar uma exposição. ArchDaily, 2018. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/894949/guia-de-expografia-o-que-levar-em-conta-ao-montar-uma-exposicao. Acesso em: mar. 2024.
Aula 4
Luz, Sombra e Contraste
Luz, sombra e contraste
Olá, estudante! Nesta videoaula apresentaremos os três últimos elementos a serem estudados na disciplina: luz, sombra e contraste. Atente-se, pois esta aula apresenta questões importantíssimas na composição de obras de arte e também na disposição dos elementos em uma galeria, afetando diretamente o trabalho do curador de arte.
Precisamos acrescentar as últimas peças desta unidade. Vamos lá!?
Ponto de Partida
Esta é nossa última aula da primeira unidade da disciplina de composição visual!
Nesta quarta seção aprofundaremos nossos conhecimentos em outros três elementos da linguagem visual: luz, sombra e contrastes. Eles são muito importantes para construir composições, pois criam volumes. São incríveis ferramentas para a pintura e fotografia.
Conseguimos entender que o estudo da composição visual fornece subsídios para o desenvolvimento e aprofundamento nesse tipo de pesquisa, fechando com chave de ouro as capacitações que você aprendeu!
Bons estudos!
Vamos Começar!
Finalizando a disciplina, estudaremos os três últimos elementos visuais na seguinte ordem: luz e sombra, contraste.
Luz e sombra
Considerando os diversos níveis de visão que os seres humanos possuem, seja ela baixa ou não, só somos capazes de enxergar o mundo devido à luz. A partir da reflexão da luz que atinge os objetos, as imagens vão se formando em nossa retina. A luz está ligada a todos os elementos que vimos até agora.
A reflexão da luz no objeto cria volume, contraste, sombra, dimensão etc. Sendo assim,
A luz circunda as coisas, é refletida por superfícies brilhantes, incide sobre objetos que têm, eles próprios, claridade ou obscuridade relativa. As variações de luz ou de tom são os meios pelos quais distinguimos oticamente a complexidade da informação visual do ambiente. Em outras palavras, vemos o que é escuro porque está próximo ou se superpõe ao claro, e vice-versa (Dondis, 2007, p. 61).
Pensando na composição visual de uma obra em que a iluminação tem papel fundamental para expressar e se comunicar, passando pelo sentimento que se quer criar, podemos considerar que:
Uma distribuição de luz criteriosa serve para dar unidade e ordem não apenas à configuração de objetos isolados, mas igualmente à de um conjunto inteiro. A totalidade dos objetos que aparecem dentro da moldura de uma pintura ou num palco pode ser tratada como um ou vários objetos grandes, dos quais todos os elementos menores são partes. A luz lateral intensa usada por pintores como Caravaggio simplifica e coordena a organização espacial do quadro (Arnheim, 1997, p. 303).
Com base nessa citação, vamos observar a seguinte imagem:
Na pintura de Caravaggio, percebemos como nosso olhar é atraído para as áreas luminosas da imagem e que as áreas de sombras são notadas apenas depois. O artista utilizou a técnica do chiaroscuro, que em italiano significa claro-escuro, sendo uma técnica para representar a interação entre luz e sombra. Essa variação entre claro e escuro (luz e sombra) e a variação entre o tom das cores cria uma sensação de tridimensionalidade para a obra. Além disso, o contraste atrai o espectador devido à dramaticidade, que resulta em uma intimidade. Podemos interpretar a obra como a enfatização de uma luta entre o bem e o mal, a força da juventude e a coragem diante dos desafios. Quando pensamos nessa luta entre dois polos opostos, o jogo de luz e sombra é elucidado para que esse sentimento seja transmitido.
Muitos artistas fazem estudos de luz e sombra para entender como a luz se comporta em diferentes objetos e superfícies, consistindo em um jogo de observação minuciosa em busca da compreensão. Assim, aprimoram-se suas habilidades para representações tridimensionais, fazendo com que as obras sejam mais realistas, caso esse seja seu objetivo como artista. Observe este estudo de Michelangelo:
A sombra, nesse estudo, também proporciona o movimento do corpo, cria profundidade e dimensão, como estudado na aula anterior. Considerando o renome do artista Michelangelo, podemos entender melhor como a observação da luz e sombra foi importante, principalmente no Renascimento.
Siga em Frente...
Contraste
O contraste é formado por opostos, que se complementam ou não. Refere-se a uma diferença entre elementos adjacentes de uma obra de arte, como, por exemplo, uma relação entre duas cores distintas, a tonalidade, a forma, a textura ou o tamanho. O contraste tem por fundamento a diferenciação. Esta, pode ser de profundidade, a fim de transmitir sensações específicas. Desse modo, “No processo de articulação visual, o contraste é uma força vital para a criação de um todo coerente. Em todas as artes, o contraste é um poderoso instrumento de expressão, o meio para intensificar o significado, e, portanto, simplificar a comunicação” (Dondis, 2007, p. 108). Esse contraste cria interesse, focaliza a atenção e adiciona dinamismo à obra visual.
Na comunicação visual temos alguns tipos de contraste:
O contraste de cores complementares, como o nome já diz, enfatiza duas cores opostas. Para exemplificar, a cor complementar do amarelo é o roxo, do azul é o laranja e do vermelho é o verde. Isso significa que em cada uma das cores secundárias não há nenhum traço da cor complementar dela em sua produção. Essas cores são opostas no círculo cromático, criando uma sensação de energia e tornando os elementos do contraste mais relevantes na composição.
Já o contraste de cores análogas é usado de forma sutil, gerando uma harmonia na obra. As cores análogas são aquelas que estão ao lado da cor em questão. Por exemplo: as cores análogas do vermelho alaranjado são o laranja e o vermelho.
O contraste de tom se utiliza da relação entre claro/escuro, luz/sombra, tanto nas composições policromáticas, ou seja, que utilizam várias cores, como nas monocromáticas, que são as que utilizam apenas variações do tom de uma única cor. É possível ver logo a seguir a gravura de Rembrandt, que possui contrastes intensos. A intensidade dessa relação determina o grau de contraste presente na imagem.
O contraste de forma pode ser alcançado ao se posicionar formas geométricas simples em contraste com formas orgânicas mais complexas, podendo elevar o impacto e a eficácia de uma produção artística. O contraste da forma também pode acontecer por meio do tamanho, da proporção e da direção das formas da composição visual. É possível ver, nas obras do artista Wassily Kandinsky, elementos visuais em oposição, como linhas retas e formas geométricas simples. Por fim, o contraste de tamanho, também observável nas obras de Kandinsky, cria uma hierarquia visual, indicando a relevância dos diferentes elementos.
O contraste pode ser usado como uma ferramenta poderosa, que consegue adicionar profundidade, interesse e dinamismo em produções que está presente. Além de chamar a atenção do espectador, transmite mensagens de forma eficaz, através da organização dos elementos.
Vamos Exercitar?
Com o encerramento da primeira unidade da disciplina Composição Visual, vamos pensar em mais um caso para refletirmos:
Imagine um artista está trabalhando em uma escultura abstrata. Ele quer criar uma peça que explore elementos da linguagem visual, mas seu desafio é utilizar, de maneira inteligente, a luz, a sombra e o contraste, para que sua obra possa ter movimento e dinamismo. Como ele poderia usar a iluminação para conseguir o que deseja transmitir com a sua obra? Como equilibrar áreas iluminadas para gerar sombras e volume?
O escultor pode usar a iluminação de várias maneiras criativas para representar os sentimentos que ele quer passar e equilibrar volumes. É possível destacar o uso de luz artificial e luz natural. Podem incidir pontos de luz sobre a obra de modo que suas sombras se estendam no chão ou na parede, fazendo com que se crie uma ilusão em que ela aparente ser maior. As possibilidades são infinitas e os artistas plurais.
E que tal desta vez você colocar a mão na massa de forma quase literal? Crie uma obra usando, pelo menos, três elementos da composição visual abordados nesta unidade. Pode ser uma obra bidimensional ou tridimensional, com os materiais e cunho que você quiser.
Boa produção!
Saiba Mais
O filme O Labirinto do Fauno, de 2006, dirigido por Guillermo del Toro, utiliza o contraste como elemento visual. Para além da composição visual, a obra também contrasta fantasia e realidade. Em cada universo, utiliza uma paleta de cores e contraste entre luz e sombra, cria atmosferas com sensação de opressão e perigo. O filme está disponível em plataformas digitais.
No artigo Explorando as dimensões visuais: a importância da luz e sombra na criação artística, são trabalhadas questões muito parecidas com as que estudamos nesta aula, por isso vale a pena a leitura para aprimorar seus conhecimentos!
Referências Bibliográficas
ARNHEIM, R. Arte e percepção visual: uma psicologia da visão criadora. 11. ed. São Paulo: Pioneira, Editora Universidade de São Paulo, 1997.
CORES análogas na moda: saiba quais são e como combiná-las! Predilect’s Plus, 2022. Disponível em: https://blog.predilectsplus.com.br/cores-analogas-na-moda-como-combinar/ Acesso em: mar. 2024.
DAVI e Golias. Wikiart. Disponível em: https://www.wikiart.org/pt/caravaggio/davi-e-golias-1599. Acesso em: mar. 2024.
DEMILLY, C. Arte em movimento. São Paulo: Cosac & Naify. 2015.
DESVALLÉES, A.; MAIRESSE, F. Conceitos-chave de museologia. São Paulo: Icom, 2013.
DICIONÁRIO Michaelis de Língua Portuguesa on-line. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2016. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=dimens%C3%A3o. Acesso em: mar. 2024.
DONDIS, D. A. Sintaxe da linguagem visual. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
LEITE, A. Design shots: os 7 contrastes de cor. InfoPortugal, 2018. Disponível em: https://infoportugal.pt/2018/06/29/teoria-7-contrastes-de-cor/. Acesso em: mar. 2024.
MICHELANGELO: estudo para o Adão da Capela Sistina. Wikipedia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo#/media/Ficheiro:Adam_study_-_Michelangelo.jpg. Acesso em: mar. 2024.
REMBRANDT the three crosses. Wikipedia. Disponível em: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Rembrandt_The_Three_Crosses_1653.jpg.Acesso em: mar. 2024.
SABIONI, A. Cores complementares. InfoEscola. Disponível em: https://www.infoescola.com/artes/cores-complementares/. Acesso em: mar. 2024.
SWINGING Wassily Kandinsky. Tate. Disponível em: https://www.tate.org.uk/art/artworks/kandinsky-swinging-t02344. Acesso em: mar. 2024.
Encerramento da Unidade
Elementos da Linguagem Visual
Videoaula de Encerramento
Olá, estudante!
Nesta videoaula você irá rever os elementos da composição visual: ponto, linha e forma; direção e textura; escala, dimensão, volume e movimento; luz, sombra e contraste.
Este conteúdo é importante para sua prática profissional, pois desempenha um papel de capacitar o artista a criar obras visualmente impactantes, comunicar efetivamente ideias e emoções, e estabelecer sua identidade artística no mercado.
Prepare-se para mais uma assimilação de conhecimento!
Vamos lá?
Ponto de Chegada
Para desenvolver a competência desta unidade você deverá primeiramente conhecer os conceitos fundamentais que regem a composição visual. A composição visual é a organização de elementos visuais em uma obra de arte, fotografia, design gráfico ou cena cinematográfica, buscando transmitir uma mensagem ou provocar uma emoção no espectador.
A percepção visual é fundamental nesse processo. Ela refere-se à capacidade do ser humano de interpretar e compreender o mundo ao seu redor por meio da visão.
Os principais elementos da composição visual são o ponto, a linha e a forma. O ponto é a unidade mínima na composição. Um ponto isolado pode atrair o olhar e criar foco em uma área específica da imagem. A linha, por sua vez, pode ser reta, curva, diagonal ou irregular, e é fundamental para direcionar o olhar do espectador e criar movimento na composição. Já a forma refere-se às figuras que os objetos criam no espaço, podendo ser geométrica ou orgânica, simples ou complexa.
Além desses elementos básicos, outros fatores, como direção e textura, desempenham um papel importante na composição visual. A direção pode ser utilizada para guiar o olhar do espectador através da imagem, enquanto a textura adiciona profundidade e interesse visual, tornando a obra mais tátil e envolvente.
Escala, dimensão, volume e movimento são elementos que contribuem para a percepção de espaço e profundidade em uma composição visual. A escala refere-se ao tamanho relativo dos objetos dentro da imagem, enquanto a dimensão e o volume acrescentam tridimensionalidade e solidez aos elementos representados. O movimento, por sua vez, pode ser sugerido através de linhas dinâmicas, gestos dos personagens ou efeitos visuais.
A luz, a sombra e o contraste são aspectos essenciais da composição visual, pois influenciam a atmosfera, a forma e a profundidade da imagem. A luz pode destacar áreas específicas, criar sombras dramáticas e modelar formas, enquanto o contraste entre luz e sombra pode acentuar detalhes e criar impacto visual.
No contexto da fotografia, a composição visual desempenha um papel crucial na criação de imagens cativantes e expressivas. Fotógrafos utilizam os elementos da composição para contar histórias, transmitir emoções e capturar a atenção do espectador. Da mesma forma, no cinema, a composição visual é fundamental para a narrativa cinematográfica, contribuindo para a construção de atmosfera, a focalização da atenção e a comunicação de ideias.
É Hora de Praticar!
Você é um artista visual independente especializado em pintura abstrata. Recentemente, foi contratado por uma galeria de arte contemporânea para criar uma série de obras que explorem os elementos da linguagem visual de maneira inovadora e expressiva. A galeria deseja apresentar uma exposição que desafie as convenções tradicionais da arte e provoque reflexões sobre a percepção visual e a interpretação da forma.
Como você pode utilizar os elementos da linguagem visual de forma não convencional para criar obras de arte abstrata que transmitam emoções e provoquem reflexões sobre a percepção visual?
De que maneira você pode explorar a direção, a textura e o movimento em suas pinturas para criar uma experiência visual dinâmica e envolvente para o espectador?
Como você pode manipular a luz, a sombra e o contraste para criar profundidade e atmosfera em suas obras, mesmo em um contexto abstrato?
Reflita
Ao compreender os fundamentos da composição visual e seus principais elementos, você será capaz de criar imagens mais impactantes, comunicativas e expressivas.
Perguntas para reflexão:
- A linguagem visual transcende as barreiras culturais e linguísticas, permitindo a comunicação de ideias e emoções de forma universal e imediata. Como essa capacidade de comunicação instantânea influencia a compreensão do mundo ao nosso redor?
- Como os elementos da composição visual podem ser utilizados para guiar o olhar do espectador através de uma cena?
- Os elementos da linguagem visual são utilizados não apenas para transmitir informações, mas também para evocar sensações e provocar respostas emocionais no espectador. Como a percepção subjetiva desses elementos contribui para a interpretação individual de uma obra visual?
Resolução do estudo de caso
Para atender às demandas da galeria de arte, você decide explorar os elementos da linguagem visual de forma ousada e experimental em suas pinturas abstratas.
Começando com um estudo aprofundado dos elementos da composição visual, como ponto, linha e forma, você se inspira para criar obras que desafiem as expectativas tradicionais da arte e explorem novas formas de expressão. Utilizando pincéis e técnicas variadas, você experimenta a forma e a cor, criando composições abstratas que sugerem movimento e ritmo.
Ao pintar, você se concentra em explorar a direção e a textura em suas obras, utilizando gestos espontâneos e camadas de tinta para criar uma sensação de dinamismo e profundidade. Por meio de linhas sinuosas e texturas variadas, você guia o olhar do espectador através da tela, criando uma experiência visual envolvente e imersiva.
Além disso, você presta muita atenção à luz, à sombra e ao contraste, utilizando tons e matizes contrastantes para criar uma sensação de profundidade e atmosfera em suas pinturas. Ao manipular a luz e a sombra de maneira sutil e expressiva, você cria obras que provocam uma variedade de emoções e interpretações no espectador.
Ao apresentar sua série de pinturas abstratas na exposição da galeria de arte, você percebe que suas obras não apenas desafiam as convenções tradicionais da arte, mas também provocam reflexões sobre a natureza da percepção visual e da interpretação da forma. Ao explorar e aplicar profissionalmente os elementos da linguagem visual em suas pinturas abstratas, você foi capaz de criar uma série de obras que cativam e inspiram o público.
Este estudo de caso destaca a importância de explorar e compreender os elementos da linguagem visual de maneira criativa e expressiva. Ao experimentar os conceitos de ponto, linha, forma, direção, textura, escala, dimensão, volume, movimento, luz, sombra e contraste, você foi capaz de criar obras de arte abstratas que desafiam as expectativas tradicionais da arte e provocam reflexões a respeito da natureza da percepção visual e da interpretação da forma.
Além disso, o estudo de caso ressalta a importância de colocar em prática profissionalmente os elementos da linguagem visual como um artista visual independente. Ao desenvolver sua habilidade de aplicar os princípios da composição visual em suas pinturas abstratas, você foi capaz de criar uma série de obras que não apenas desafiam as convenções tradicionais da arte, mas também provocam reflexões acerca de questões mais amplas relacionadas à percepção visual e à interpretação da forma.
Dê o play!
Assimile
Este objeto de aprendizagem visa proporcionar uma experiência visualmente estimulante e enriquecedora, capacitando o estudante a explorar e compreender de forma integrada e significativa os conceitos fundamentais relacionados a elementos da linguagem visual, sendo eles ponto, linha, forma, direção, textura, escala, dimensão, volume, movimento, luz, sombra e contraste. Vamos promover uma compreensão abrangente e integrada das linguagens visuais, estimulando a criatividade e a prática da composição visual.
Referências
CUNHA, A. S. T. Caminhos em poéticas visuais bidimensionais. 1. ed. Curitiba: InterSaber, 2017.
PACHECO, B. de A.; CONCILIO, I. de A. S.; PESSOA FILHO, J. Desenho técnico. 1. ed. Curitiba: Intersaberes, 2017.
Arte, Individuo y Sociedad. Madrid. [ProQuest]. Disponível em: https://revistas.ucm.es/index.php/ARIS. Acesso em: 19 jul. 2024.
SCHNEIDER, S. Composição visual: fundamentos gerais. 1. ed. Curitiba, PR: Intersaberes, 2022.