Corpo e Movimento na Prática Escolar
Aula 1
Práticas Corporais e a BNCC
Práticas Corporais e a BNCC
Olá, estudante! Nesta videoaula, você aprenderá sobre as unidades temáticas da Educação Física na escola, compreendendo suas características principais, a fim de materializar sua utilização no cotidiano da prática docente. Com isso, você poderá conhecer melhor os seis grupos temáticos da Educação Física que estruturam seus conteúdos e objetivos escolares, possibilitando o desenvolvimento do papel de pedagogo e de docente na realidade escolar.
Vamos lá!
Ponto de Partida
A Educação Física é, historicamente, um dos componentes curriculares da Educação básica. Seja atuando na condição de pedagogo, na gestão escolar e coordenação pedagógica, ou até mesmo como docente nos anos iniciais do Ensino Fundamental, esse componente curricular se fará presente de diferentes formas e com diferentes desafios na atuação docente do profissional da educação formado em Pedagogia.
Para guiar nossa aula, vamos pensar na seguinte situação problematizadora: Viviane é professora da turma de 3º ano dos anos iniciais do Ensino Fundamental em uma escola particular. Na escola em que a professora Viviane atua, são as próprias professoras das turmas que ministram os conteúdos de Educação Física.
Em sua turma, há um aluno novo que veio de uma escola que possui professor de Educação Física para trabalhar com esse componente curricular. Os pais estranharam essa prática na escola da professora Viviane e solicitaram esclarecimento da escola. Portanto, uma reunião foi marcada entre direção, a professora Viviane e os pais dos alunos. Como podemos colaborar com esses esclarecimentos, principalmente na demonstração dos aspectos de saberes que sustentam a Educação Física na escola?
Boa aula!
Vamos Começar!
No âmbito da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a Educação Física é o componente curricular que tematiza as práticas corporais em suas diversas formas de codificação e significação social, compreendidas como manifestações das possibilidades expressivas dos sujeitos e do patrimônio cultural da humanidade. Portanto, o movimento humano está sempre inserido no âmbito da cultura e não se limita a um deslocamento espaço-temporal de um segmento corporal ou de um corpo todo. Assim, as práticas corporais são consideradas textos culturais passíveis de leitura e produção. Esse é um fator significativo para a Educação Física estar presente na área de Linguagens (BRASIL, 2018). De acordo com a BNCC (BRASIL, 2018, p. 171), a Educação Física
oferece uma série de possibilidades para enriquecer a experiência das crianças, jovens e adultos na Educação Básica, permitindo o acesso a um vasto universo cultural. Esse universo compreende saberes corporais, experiências estéticas, emotivas, lúdicas e agonistas, que se inscrevem, mas não se restringem, à racionalidade típica dos saberes científicos que, comumente, orienta as práticas pedagógicas na escola. Experimentar e analisar as diferentes formas de expressão que não se alicerçam apenas nessa racionalidade é uma das potencialidades desse componente na Educação Básica.
Na BNCC, as práticas corporais são tematizadas, e estão estruturadas em seis unidades temáticas abordadas ao longo do Ensino Fundamental.
Brincadeiras e jogos
Desde que nasce, a criança já brinca para conhecer seu corpo e suas possibilidades, e com isso perceber o mundo ao seu redor. A partir de reproduções e situações imaginárias, é possível simular o mundo real para aprender por meio de processos de imitação e experiências práticas da realidade.
Alguns estudiosos definem a brincadeira e os jogos, porém não há um consenso com relação a esses conceitos. O que se apresenta por diferenciação é em relação às brincadeiras apresentarem um caráter mais flexível em suas regras (quando elas existem) e, na maioria das vezes, não há um vencedor.
O jogo favorece o desenvolvimento de vínculos afetivos e sociais positivos. Huizinga (1980) traz o jogo como característica essencial da cultura, afirmando que as civilizações surgem e se desenvolvem por meio dele. O autor também o apresenta como um fenômeno cultural, em uma perspectiva histórica, trazendo diversos elementos sociais construídos pelos jogos e, ao mesmo tempo, que fazem parte da sua construção.
Uma característica que prevalece nos jogos e nas brincadeiras são as emoções e os sentimentos envolvidos. A vivência proporciona, além dos momentos de prazer, situações que propiciam diversas manifestações de sentimentos. Vale ressaltar que algo que favorece essa exteriorização de sentimentos é o fato de que a participação nessas atividades lúdicas é voluntária, o que também oportuniza a iniciativa dos participantes.
Entre os principais atributos dos jogos e das brincadeiras, podem ser destacados a expressão de sentimentos e ideias; a sensação de prazer e diversão, facilitados pelo caráter lúdico e não sério; a imaginação e o faz de conta; a flexibilidade das regras; e a espontaneidade na participação. Essas peculiaridades precisam ser levadas em conta durante o planejamento de qualquer atividade na área.
Enquanto unidade temática da Educação Física na BNCC, as brincadeiras e os jogos buscam explorar as atividades voluntárias exercidas dentro de determinados limites de tempo e espaço, tendo como caracterização a criação e alteração de regras, o respeito pelos combinados e acordado de modo coletivo, assim como a vivência e apreciação do ato de brincar em si.
As práticas do jogar e do brincar não apresentam um conjunto estável e rígido de regras, o que potencializa o conhecimento e a vivência de jogos similares em diferentes épocas e partes do mundo, que podem ser recriados e adaptados constantemente no processo educacional e pedagógico.
Um dos pontos de destaque é a cultura popular, pois os jogos e as brincadeiras também constituem uma rede de sociabilidade informal, que estão presentes de diferentes formas no tecido social, o que permite denominá-los populares, sendo um importante papel da Educação Física escolar.
A BNCC ainda aborda um aspecto muito importante entre o jogo e a brincadeira: quando são conteúdo e quando são estratégias de ensino? É comum na área escolar e educacional a utilização de jogos e brincadeiras com o objetivo de provocar interações sociais, meios específicos para aprender e fixar determinados conhecimentos. Assim, o jogo seria uma estratégia de ensino. O jogo e a brincadeira, como objeto e campo de estudo, caracterizam-se como conteúdo em si, como saber a ser apreendido e democratizado, e precisam ser organizados para serem estudados em aula.
Siga em Frente...
Esporte
O esporte é considerado uma das principais e maiores invenções do ser humano na sociedade moderna. Fruto da lógica da sociedade industrial, os jogos populares passaram por um processo de institucionalização, com a criação de regras, instituições e valores típicos da sociedade moderna, como a competição, a busca por resultados, a dimensão da técnica, a cientifização de sua prática e outros aspectos. Importante destacar que ele configura um dos direitos garantidos pela Constituição e se apresenta com diferentes formas e significados em diferentes contextos sociais.
Assim, dentro da escola, como uma das unidades temáticas, o esporte abrange as manifestações mais formais dessa prática e as suas derivadas. O esporte possui uma grande presença na sociedade, sendo uma das práticas corporais mais conhecidas da contemporaneidade, principalmente por sua forte presença nos meios de comunicação. Como caracterização dessa prática, podemos destacar a comparação de um determinado desempenho entre indivíduos ou grupos (adversários). Ele é uma prática que é regida por um conjunto de regras formais, institucionalizadas por organizações esportivas (associações, federações e confederações esportivas) que possuem o papel de definir as normas de disputa, promover e difundir o desenvolvimento das modalidades em todos os níveis de competição.
Importante destacar, estudante, que o esporte não possui um único sentido e um único significado. Pode ser realizado no contexto escolar com objetivos educacionais, como prática social voltada para o lazer, como significado da saúde, como competição, como espetáculo e como negócio.
Danças
Dançar é realizar movimentos ritmados, na maioria das vezes acompanhados por música. Esses movimentos podem ser livremente improvisados, ou pré-definidos conforme o estilo da música, ou ainda contar com coreografias completas ensaiadas previamente. A dança pode ser realizada individualmente ou acompanhada de uma ou de diversas pessoas. Ela é uma forma de expressão através do corpo, podendo ser realizada como uma manifestação artística (performática), um cerimonial ritualístico ou simplesmente por diversão. Desde a Antiguidade, percebe-se a utilização da dança para diversas finalidades.
Como uma unidade temática, as danças exploram todo um conjunto das práticas corporais caracterizadas por movimentos rítmicos, que são organizados em passos e evoluções específicas, os quais podem ser livres ou integrados à coreografias. As danças podem ser realizadas de forma individual, em duplas ou em grupos, sendo essas duas últimas as formas mais comuns. Na área escolar, muitas podem ser as possibilidades das manifestações das práticas corporais rítmico-expressivas, apreendendo sobre outras culturas, sobre a cultura local e a identidade regional, adaptando e construindo uma cultura corporal (BRASIL, 2018).
Ginásticas
A ginástica é o mais tradicional conteúdo da Educação Física escolar. Importante destacar que, no Brasil, a partir dos anos de 1850, a ginástica, sendo a própria Educação Física, passa a integrar os conteúdos escolares com diferentes objetivos educacionais e sociais. Foi a partir da ginástica que a Educação Física se institucionalizou como uma disciplina escolar.
Dentro da unidade temática das ginásticas, estão presentes propostas práticas de organização desse conteúdo a partir das diferentes manifestações e possibilidades: (a) ginástica geral; (b) ginásticas de condicionamento físico; e (c) ginásticas de conscientização corporal (BRASIL, 2018). A ginástica geral é conhecida como ginástica para todos e reúne as práticas corporais que têm como elemento organizador a exploração das possibilidades acrobáticas e expressivas do corpo, a interação social, o compartilhamento do aprendizado e a não competitividade. São exemplos: exercícios no solo, no ar (saltos), em aparelhos (trapézio, corda, fita elástica), de maneira individual ou coletiva. Essas práticas combinam um conjunto bem variado de piruetas, rolamentos, paradas de mão, pontes, pirâmides humanas etc. Integram também essa prática os denominados jogos de malabar ou malabarismo (BRASIL, 2018). Já as ginásticas de condicionamento físico são caracterizadas por seus significados orientados ao rendimento, à aquisição e à manutenção da condição física individual ou modificação da composição corporal. Por fim, as ginásticas de conscientização corporal são práticas que envolvem movimentos suaves e lentos, evidenciando a postura ou a conscientização de exercícios respiratórios voltados para a obtenção de uma melhor percepção sobre o próprio corpo, com destaque para as práticas orientais e milenares.
Lutas
De acordo com a BNCC, a unidade temática Lutas tem como foco as disputas corporais, nas quais os participantes empregam técnicas, táticas e estratégias específicas para imobilizar, desequilibrar, atingir ou excluir o oponente de determinado espaço, combinando ações de ataque e defesa dirigidas ao corpo do adversário (BRASIL, 2018). Assim, as lutas podem ser organizadas a partir do contexto comunitário e regional, e podem também ser categorizadas por lutas brasileiras, como a capoeira, huka-huka, luta marajoara, e como lutas no mundo, como o judô, aikido, jiu-jítsu, muay thai, esgrima, entre outros.
Práticas corporais de aventura
As práticas corporais de aventura são os mais novos conteúdos dentro da Educação Física escolar. Há um significativo crescimento dessa prática na sociedade, na busca pela aventura, pelo contato com a natureza e pela própria ressignificação no meio urbano.
Nas práticas corporais de aventura, conforme posto na BNCC (BRASIL, 2018), devem explorar as experimentações corporais centradas as perícias e proezas provocadas pelas situações de imprevisibilidade que se apresentam ao praticante quando este interage com um ambiente desafiador. Algumas dessas práticas costumam receber outras denominações, como esportes de risco, esportes alternativos e esportes extremos.
Assim como as demais práticas corporais e unidades temáticas, possuem diferentes classificações. Na BNCC encontra-se a diferenciação a partir do ambiente em que é realizada: práticas de aventura na natureza e urbanas. Portanto, as práticas de aventura na natureza são caracterizadas pelas dimensões das incertezas que o ambiente físico cria para o praticante na geração da vertigem e do risco controlado (corrida orientada, corrida de aventura, mountain bike, rapel, tirolesa, arborismo). Nas práticas de aventura urbanas, explora-se a chamada paisagem de cimento para produzir as situações de vertigem e risco controlado, como o parkour, skate, patins, bike.
Vamos Exercitar?
Estudante, na situação apresentada como norteadora de nossa aula, a professora Viviane, da turma do 3º ano dos anos iniciais do Ensino fundamental, que trabalha em uma escola particular, recebeu um aluno novo, vindo de outra escola. Aluno e pais estranharam que é a própria professora da sala que desenvolve o conteúdo de Educação Física, e agora a escola precisa explicar essa realidade, que é possível e legalmente aceita, aos pais.
No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394/96, estabelece as bases da educação nacional e define que a Educação Física é um componente curricular obrigatório em todas as etapas da Educação básica, incluindo os anos iniciais do Ensino Fundamental. Com isso, também ficou estabelecido que:
Art. 31: Do 1º ao 5º aos componentes curriculares Educação Física e Artes poderão estar a cargo do professor de referência da turma, aquele com o qual os alunos permaneçam a maior parte do período escolar, ou de professores licenciados nos respectivos components. (BRASIL, 2010, p. 8)
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estabelece as aprendizagens essenciais que todos os alunos brasileiros têm o direito de desenvolver ao longo da Educação básica, incluindo os componentes curriculares de Educação Física. A BNCC define habilidades e competências que os alunos devem adquirir, sem necessariamente especificar quem deve ministrar esses conteúdos. Portanto, a professora Viviane, como educadora capacitada e conhecedora da BNCC, está apta a desenvolver os conteúdos de Educação Física, garantindo que os alunos alcancem as competências previstas.
É importante ressaltar aos pais que a formação pedagógica proporciona às professoras, como Viviane, habilidades para planejar, desenvolver e avaliar atividades educacionais em diversas áreas do conhecimento, incluindo a Educação Física. Além disso, a escola pode oferecer capacitações específicas em Educação Física para garantir a qualidade do ensino nessa área. Assim, a atuação da professora Viviane na condução das aulas de Educação Física está respaldada pela legislação educacional brasileira e pelo seu conhecimento dos componentes curriculares presentes na BNCC.Parte superior do formulário.
Saiba Mais
O artigo O olhar do pedagogo sobre a educação física nos anos iniciais do ensino fundamental coloca você diante do olhar do pedagogo em sua formação sobre a Educação Física nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Esses saberes ajudam a preparar para as situações e os desafios na profissão.
Referências Bibliográficas
BRASIL. Ministério da Educação. Resolução CNE/CEB n. 7, de 14 de dezembro de 2010. Fixa Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb007_10.pdf. Acesso em: 22 abr. 2024.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/#/site/inicio. Acesso em: 20 abr. 2024.
Aula 2
Educação Física na Educação Infantil
Educação Física na Educação Infantil
Olá, estudante! Nesta videoaula, você aprenderá sobre as dimensões legais que orientam a prática pedagógica docente em relação à Educação infantil, tendo o corpo, o movimento e, principalmente, o brincar como foco da Educação infantil. A garantia do brincar nas bases norteadoras educacionais somente ratifica seu potencial formativo das crianças, cabendo ao professor a materialidade dessa prática cotidiana.
Vamos lá!
Ponto de Partida
Para guiar nossa aula, vamos pensar na seguinte situação problematizadora: em uma escola de Educação infantil, a professora Fernanda percebe que muitas crianças estão tendo dificuldades de integração e socialização. Ela observa que os alunos têm dificuldade em se comunicar, compartilhar e resolver conflitos. Além disso, nota-se um baixo engajamento das crianças nas atividades propostas, resultando em um ambiente de aprendizagem pouco estimulante. Como a professora Fernanda, após analisar essa situação, pode estabelecer e implementar estratégias básicas na brincadeira como ação pedagógica para promover o desenvolvimento socioemocional e cognitivo das crianças?
Boa aula!
Vamos Começar!
Você já parou para pensar o quanto é difícil a separação dos pais/responsáveis dos seus filhos e que, na grande maioria dos casos, a entrada nas creches e pré-escolas significa esse primeiro momento? Esse momento envolve todos de forma intensa, como os pais, a criança e os professores, que vão iniciando um processo de construção de novas relações afetivas e de confiança.
As creches e pré-escolas acabam acolhendo as crianças e também seus saberes que estão sendo construídos no âmbito familiar e social. E esses espaços vão ampliando as bases de vivências a partir das propostas pedagógicas, construindo habilidades, conhecimentos, rotinas e experiências educacionais extremamente significativas.
Tomando como referência as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI), a criança é definida como “sujeito histórico e de direitos, que interage, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura” (BRASIL, 2010, [s. p.]). Como você pode perceber, todas essas dimensões podem ser potencializadas a partir do corpo e do movimento no contexto educacional intencional.
Essas ações anteriormente descritas enquanto direito das crianças são garantidas a partir de dois eixos temáticos: interações e brincadeiras, como determinado pelas DCNEI (BRASIL, 2010), em seu Artigo 9º. A partir de interações e brincadeiras, as crianças potencialmente constroem saberes, conhecimentos, habilidades, valores, se desenvolvem e socializam. E, claro, o corpo em ação é fundamental para esse processo pedagógico e essa etapa de ensino.
Siga em Frente...
Na Educação infantil, a brincadeira possui o papel de construção da linguagem corporal, por isso é fundamental a compreensão de preceitos conceituais e metodológicos da educação e da Educação Física em relação ao brincar. O brincar, e seus mais distintos papéis e funções, é destaque nessa etapa educacional, na medida que as crianças, a partir do brincar, constroem suas relações com o mundo, com a família, com a comunidade escolar e com elas mesmas.
Conforme exposto nas DCNEI, os eixos interações e brincadeiras possibilitam a garantia de experiências que promovam o conhecimento de si e do mundo por meio da ampliação de experiências sensoriais, expressivas e corporais, com a expressão da individualidade e do respeito pelos ritmos e desejos da criança (BRASIL, 2010).
Sobre esse tema, as DCNEI estabelecem que o movimento corporal deve ser trabalhado na perspectiva de movimento amplo, para que se desenvolvam e possam expandir experiências corporais, desenvolver habilidades motoras e capacidades físicas a partir da interação pedagógica do brincar. Portanto, o cotidiano educacional nessa etapa da Educação infantil deve dar espaço especial às brincadeiras para que as crianças possam se apropriar de diferentes saberes e conteúdos, até mesmo como forma de aprendizado da linguagem, do letramento, das regras e normas das rotinas escolares.
Importante destacar que esses eixos norteadores das DCNEI também estão presentes como base orientadora na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A BNCC estabelece seis direitos de aprendizagem das crianças: conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se.
Sobre o eixo específico do brincar, a BNCC indica o seguinte:
Brincar de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), de forma a ampliar e diversificar suas possibilidades de acesso a produções culturais. A participação e as transformações introduzidas pelas crianças nas brincadeiras devem ser valorizadas, tendo em vista o estímulo ao desenvolvimento de seus conhecimentos, sua imaginação, criatividade, experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais. (BRASIL, 2018, p. 34)
Importante destacar que o brincar, mesmo sendo um eixo específico, ainda ocupa papel fundamental em demais eixos, como você pode observar no eixo participar:
Participar ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do planejamento da gestão da escola e das atividades propostas pelo educador quanto da realização das atividades da vida cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos materiais e dos ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo e se posicionando. (BRASIL, 2018, p. 34)
A BNCC, além dos eixos apresentados, também estabelece os campos de experiências, que norteiam e estruturam o trabalho docente na etapa da educação infantil. Quando pensamos as dimensões do corpo e do movimento, ainda relacionado ao eixo do brincar, é fundamental destacar o campo corpo, gestos e movimento. Esse campo coloca o corpo em destaque, como uma ferramenta que possui potencial de explorar e apreender o mundo, os espaços e os objetos, como forma de expressão e interação entre as crianças (BRASIL, 2018).
Conforme destacado na BNCC:
Corpo, gestos e movimentos – Com o corpo (por meio dos sentidos, gestos, movimentos impulsivos ou intencionais, coordenados ou espontâneos), as crianças, desde cedo, exploram o mundo, o espaço e os objetos do seu entorno, estabelecem relações, expressam-se, brincam e produzem conhecimentos sobre si, sobre o outro, sobre o universo social e cultural, tornando-se, progressivamente, conscientes dessa corporeidade. Por meio das diferentes linguagens, como a música, a dança, o teatro, as brincadeiras de faz de conta, elas se comunicam e se expressam no entrelaçamento entre corpo, emoção e linguagem. As crianças conhecem e reconhecem com o corpo suas sensações, funções corporais e, nos seus gestos e movimentos, identificam suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo, ao mesmo tempo, a consciência sobre o que é seguro e o que pode ser um risco à sua integridade física. Na Educação Infantil, o corpo das crianças ganha centralidade, pois ele é o partícipe privilegiado das práticas pedagógicas de cuidado físico, orientadas para a emancipação e a liberdade, e não para a submissão. Assim, a instituição escolar precisa promover oportunidades ricas para que as crianças possam, sempre animadas pelo espírito lúdico e na interação com seus pares, explorar e vivenciar
um amplo repertório de movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas com o corpo, para descobrir variados modos de ocupação e uso do espaço com o corpo (tais como sentar com apoio, rastejar, engatinhar, escorregar, caminhar apoiando-se em berços, mesas e cordas, saltar, escalar, equilibrar-se, correr, dar cambalhotas, alongar-se etc.). (BRASIL, 2018, pp.36-37)
Para além da perspectiva legal descrita, é importante destacar o brincar. O movimentar-se deve ser uma dimensão pedagógica conceitual e procedimental constante nos planejamentos e no trabalho docente na Educação infantil. As bases teóricas e conceituais no campo da educação e da Educação física possibilitam uma base sólida sobre o corpo em suas diferentes perspectivas, sobre o brincar e o movimento humano dentro do contexto escolar, dentro dos processos educacionais intencionais. Portanto, deve constituir o cotidiano escolar para as crianças.
Em relação ao papel do professor, é fundamental destacar a relevância dos saberes relacionados ao corpo e ao movimento, pois são essas ações que materializam o brincar. A Educação infantil constituiu um período em que, em muitos casos, as crianças passam bastante tempo dentro do ambiente escolar. Portanto, o brincar deve ocupar espaço significativo no planejamento das ações pedagógicas para o atendimento das crianças.
Um aspecto fundamental sobre o brincar é justamente sua natureza prazerosa, o que potencializa os aprendizados. Brincar de esconde-esconde pode introduzir e familiarizar conteúdos numéricos, tomadas de decisão, autonomia, relação espaço e coordenação motora. Podemos destacar, ainda, agilidade, imaginação e compreensão das regras do brincar, do se sentir participante, socializando e aprendendo sobre si, sobre a sociedade e sobre os outros.
Assim, o papel do professor é ser um mediador, propondo a exploração de diferentes aspectos corporais, saberes e dimensões relacionais. Lembrando que o brincar deve possuir uma dimensão de intencionalidade pedagógica, assim como toda atividade deve possuir seus objetivos dentro das propostas construídas coletivamente, envolvendo também as crianças nesse processo democrático de construção escolar.
Como afirma Munarim (2009, p. 7), “é se movimentando que as crianças produzem sentido das situações observadas em seus cotidianos, experimentam diferentes formas de interpretar o que acontece em seus mundos” e é justamente nesse contexto que o brincar, o movimento, torna-se um conteúdo e instrumento pedagógico essencial na infância. Cabe ao professor a construção, principalmente, do movimento intencional, enfatizando as relações e os valores sociais a partir da ludicidade e do prazer da ação do brincar. Conforme destaca Kishimoto (1998, p. 36),
o aluno do nível pré-escolar possui um aprendizado intuitivo, reagindo naturalmente nas interações com o meio e o outro. A ludicidade pode envolver o as pessoas integralmente, afetivamente e cognitivamente quando faz uso do corpo nas interações sociais, e os brinquedos desempenham uma função importante.
Vamos Exercitar?
A professora Fernanda reconhece a importância do brincar como uma ferramenta poderosa para estimular a aprendizagem e o desenvolvimento integral dos alunos, de acordo com os princípios das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI), de 2010.
Para isso, ela começa a planejar atividades lúdicas que permitam às crianças exercer diferentes papéis, expressar suas emoções, resolver problemas e interagir de forma cooperativa. Ela cria espaços na sala de aula onde as crianças podem se envolver em brincadeiras livres e dirigidas, utilizando materiais variados e adequados para faixa etária.
Além disso, trabalha no desenvolvimento de suas próprias competências docentes para o trabalho com o brincar na Educação infantil. Ela participa de formações específicas sobre o papel do brincar no desenvolvimento infantil, aprende novas estratégias de mediação de conflitos e aprimora suas habilidades de observação e escuta ativa para entender as necessidades individuais de cada criança.
Com o passar do tempo, Fernanda percebe melhorias significativas no comportamento e no desempenho acadêmico de seus alunos. As crianças se tornam mais engajadas, confiantes e colaborativas, demonstrando maior facilidade em se comunicar, resolver problemas e interagir de forma positiva com os colegas.
Assim, por meio da integração da brincadeira como ação pedagógica, do desenvolvimento das competências docentes e da aplicação dos princípios das DCNEI de 2010, a professora consegue transformar o ambiente de aprendizagem em sua sala de aula, proporcionando às crianças experiências ricas e significativas de aprendizagem na Educação infantil.
Saiba Mais
O artigo Brincar, corpo e movimento como eixos de formação de professores de crianças pequenas, destaca de modo amplo os eixos corpo e o movimento como conteúdo e papel na formação docente.
Referências Bibliográficas
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, MEC: 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/#/site/inicio. Acesso em: 23 abr. 20124.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília: MEC, SEB, 2010. Disponível em: http://portal. mec.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=9769&Itemid. Acesso em: 23 abr. 2024.
KISHIMOTO, T. M. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez, 1998.
MUNARIM, I. Crianças, Mídias e Cultura de movimento: Contrastes entre mundos vividos nas escolas do campo e da cidade. Anais XVI Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte e III Congresso Internacional de Ciências do Esporte. Salvador-Bahia-Brasil, 20-25 set. 2009.
Aula 3
Educação Física no Ensino Fundamental
Educação Física no Ensino Fundamental
Olá, estudante! Nesta videoaula, você aprenderá sobre a atuação do profissional da educação formado em pedagogia em relação ao componente curricular de Educação Física. Seja como professor responsável pelo desenvolvimento desse componente, especificamente nos anos iniciais do Ensino Fundamental, ou na função de coordenação pedagógica e gestão escolar, o pedagogo deve se apropriar dos saberes fundantes da Educação Física dentro da Educação básica e de seus objetivos na educação formal.
Vamos lá!
Ponto de Partida
Para guiar nossa aula, vamos pensar na seguinte situação problematizadora: Viviane, pedagoga de uma escola pública de anos finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano), e Eduardo, professor de Educação Física, estão enfrentando um desafio na organização do currículo da disciplina de Educação Física para os anos finais do Ensino Fundamental, de acordo com as diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Eles perceberam que os alunos estão mostrando pouco interesse nas aulas e que há uma desconexão entre os conteúdos trabalhados e as habilidades propostas pela BNCC. Além disso, notaram que a prática esportiva está sendo privilegiada em detrimento de outras dimensões da Educação Física, como a dimensão cultural, social e afetiva. Como você pode ajudá-los nessa situação?
Boa aula!
Vamos Começar!
Algum dos papéis fundamentais da atuação do profissional de pedagogia no campo escolar é o de coordenação pedagógica, de atuação como pedagogo, além, claro o da função docente. Nessa dimensão significativa da atuação de gestão pedagógica, principalmente nas fases da Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos, encontra-se a função de atuar de modo direto no auxílio, na colaboração e na supervisão do currículo escolar de todas os componentes curriculares, e a Educação Física está entre eles. Portanto, é fundamental conhecer os objetivos e a estrutura da organização curricular de Educação Física na Educação básica como um todo.
Mas você já conheceu a BNCC? Já olhou com atenção a organização das unidades temáticas? Percebeu como até parece uma organização curricular pronta? Então, esse é um grande equívoco que muitas vezes ocorre: será que a BNCC é o currículo? Ou seja, o professor de Educação Física somente reproduz o que está e como está posto na Base?
Primeiramente, vamos destacar o objetivo da BNCC. De acordo como o próprio documento (BRASIL, 2018), o objetivo da BNCC é o de elevar a qualidade do ensino em todo o Brasil, apontando com clareza o que se almeja que os estudantes aprendam na Educação básica. Também destaca a promoção da equidade nos sistemas de ensino, ou seja, garantir o direito de aprendizagem da totalidade dos estudantes de todas as unidades da federação, de escolas públicas e privadas, urbanas ou rurais.
Portanto, cabe destacar um ponto fundamental: a diferença entre BNCC e currículo. A BNCC é um documento oficial que determina uma referência nacional obrigatória. Mas a BNCC não é o currículo. A função da BNCC é o de orientar a construção dos currículos nos Estados, Municípios, em escolas públicas e escolas privadas.
Assim, o grande destaque da BNCC é o de estabelecer os objetivos que se espera que os estudantes alcancem. Já o currículo define como alcançar esses objetivos. Ou seja, a BNCC determina o alvo, o ideal a ser alcançado, e o currículo constrói os caminhos para se chegar aos objetivos estabelecidos.
No entanto, é fundamental ressaltar que as redes de ensino possuem autonomia para elaborar e adequar os seus currículos, ressaltando suas regionalidades, especificidades, assim, contextualizando-os e adaptando-os em seus projetos políticos pedagógicos (BRASIL, 2018).
Na atuação como profissional da pedagogia, essas realidades distintas apresentam-se como desafios a serem compreendidos e enfrentados, pois cada realidades escolar é única. Esse princípio coloca a educação formal, seus professores e gestores das escolas diante de desafios cotidianos frente aos processos de ensino e aprendizagem. A organização curricular, desde a sua idealização e materialização, possibilita o planejamento da estruturação dos conteúdos, objetivos e princípios pedagógicos para a concretização dos processos de ensino e aprendizados.
Siga em Frente...
Na organização da fase do Ensino Fundamental, encontram-se os anos iniciais (1º ao 5º ano) e os anos finais (6º ao 9º ano).
É relevante destacar, estudante, que, na fase dos anos iniciais, em muitas realidades é o docente responsável pela turma, professor regente que atua com o componente curricular de Educação Física. Assim, em caso de atuação dentro dessa fase, de acordo com a realidade imediata, há a possibilidade de exercício junto ao componente curricular de Educação Física. Ou seja, em realidades escolares que oferecem os anos iniciais do Ensino Fundamental, a atuação do profissional formado em pedagogia, em relação à Educação Física, pode ser desde o docente responsável por esse componente junto à sua turma, até a coordenação pedagógica e gestão educacional. Cada função específica irá exigir conhecimentos e práticas distintas, no entanto, um ponto fundamental a todas é o conhecimento sobre a Educação Física na Educação básica. Quando tratamos dos anos finais do Ensino Fundamental, a atuação frente ao componente curricular de Educação Física deve ocorrer por meio de um profissional licenciado na área de formação específica de Educação Física. Assim, a atuação do pedagogo estará mais direcionada aos campos da gestão escolar e da coordenação pedagógica.
Como posto na BNCC,
A Educação Física é o componente curricular que tematiza as práticas corporais em suas diversas formas de codificação e significação social, entendidas como manifestações das possibilidades expressivas dos sujeitos e patrimônio cultural da humanidade. Nessa concepção, o movimento humano está sempre inserido no âmbito da cultura e não se limita a um deslocamento espaço-temporal de um segmento corporal ou de um corpo todo. Logo, as práticas corporais são textos culturais passíveis de leitura e produção. (BRASIL, 2018, p. 171)
A própria BNCC, na articulação com os documentos oficiais, destacando a Educação Física na área de Linguagens e resguardando a singularidade de cada um dos seus componentes, reafirma o respeito e articulação com as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de Nove Anos (BRASIL, 2010).
Como especificado na BNCC, há três elementos fundamentais comuns às práticas corporais: a) movimento corporal como elemento essencial; b) organização interna (de maior ou menor grau), pautada por uma lógica específica; c) produto cultural vinculado com o lazer/entretenimento e/ou o cuidado com o corpo e a saúde (BRASIL, 2018).
Nessa compreensão, as práticas corporais são aquelas distintas de significados e objetivos que são realizadas nas obrigações laborais, domésticas, higiênicas e religiosas. As práticas corporais, na Educação Física, devem propiciar aos alunos o acesso a uma dimensão de experiências, conhecimentos, competências e habilidades nas quais ele não teria de outro modo (BRASIL, 2018). Assim,
A vivência da prática é uma forma de gerar um tipo de conhecimento muito particular e insubstituível e, para que ela seja significativa, é preciso problematizar, desnaturalizar e evidenciar a multiplicidade de sentidos e significados que os grupos sociais conferem às diferentes manifestações da cultura corporal de movimento. (BRASIL, 2018, p. 172)
Na organização do Ensino Fundamental, é importante destacar que na BNCC as práticas corporais são tematizadas e compõem cada uma das seis unidades temáticas abordadas ao longo do Ensino Fundamental. Essa categorização apresentada pela BNCC não tem pretensões de universalidade, pois se trata de um entendimento possível, entre outros, sobre as denominações das manifestações culturais tematizadas na Educação Física escolar. E quais são as unidades temáticas da Educação Física? Brincadeiras e jogos; Esportes; ginásticas; danças; lutas; e práticas corporais de aventura.
Em princípio, as seis práticas corporais que estruturam o componente curricular de Educação Física podem ser objeto do trabalho pedagógico em qualquer etapa e modalidade de ensino. O que deve ser objeto de cuidado por parte do docente são os critérios de progressão do conhecimento que devem ser atendidos, “tais como os elementos específicos das diferentes práticas corporais, as características dos sujeitos e os contextos de atuação, sinalizando tendências de organização dos conhecimentos” (BRASIL, 2018, p. 177). Como destaca a BNCC (2018, p. 177),
as práticas corporais na escola devem ser reconstruídas com base em sua função social e suas possibilidades materiais. Isso significa dizer que as mesmas podem ser transformadas no interior da escola. Por exemplo, as práticas corporais de aventura devem ser adaptadas às condições da escola, ocorrendo de maneira simulada, tomando-se como referência o cenário de cada contexto escolar.
Como um princípio fundante que deve atravessar todas as práticas corporais no contexto escolar, a base destaca a ludicidade. Nesse sentido, a organização das unidades temáticas deve ser baseada na compreensão de que o caráter lúdico está presente em todas as práticas corporais, mesmo que essa não seja a finalidade da Educação Física na escola. Assim, no brincar, dançar, jogar e praticar esportes, ginásticas ou atividades de aventura, para além da ludicidade, os “estudantes se apropriam das lógicas intrínsecas (regras, códigos, rituais, sistemáticas de funcionamento, organização, táticas etc.) a essas manifestações, assim como trocam entre si e com a sociedade as representações e os significados que lhes são atribuídos” (BRASIL, 2018, p. 177). Para dar materialidade, a delimitação das habilidades privilegia oito dimensões de conhecimento, conforme quadro a seguir:
Quadro 1| Dimensões de conhecimento
Experimentação | Dimensão do conhecimento que se origina pela vivência das práticas corporais, pelo envolvimento corporal na realização das mesmas. São conhecimentos que não podem ser acessados sem passar pela vivência corporal, sem que sejam efetivamente experimentados. [...] |
Uso e apropriação | Refere-se ao conhecimento que possibilita ao estudante ter condições de realizar de forma autônoma uma determinada prática corporal. Trata-se do mesmo tipo de conhecimento gerado pela experimentação (saber fazer), mas dele se diferencia por possibilitar ao estudante a competência necessária para potencializar o seu envolvimento com práticas corporais no lazer ou para a saúde. [...] |
Fruição | Implica na apreciação estética das experiências sensíveis geradas pelas vivências corporais, bem como das diferentes práticas corporais oriundas das mais diversas épocas, lugares e grupos. [...] |
Reflexão sobre a ação | Refere-se aos conhecimentos originados na observação e análise das próprias vivências corporais e daquelas realizadas por outros. Vai além da reflexão espontânea, gerada em toda experiência corporal. [...] |
Construção de valores | Vincula-se aos conhecimentos originados em discussões e vivências no contexto da tematização das práticas corporais, que possibilitam a aprendizagem de valores e normas voltadas ao exercício da cidadania em prol de uma sociedade democrática. [...] |
Análise | Está associada aos conceitos necessários para entender as características e funcionamento das práticas corporais (saber sobre). Essa dimensão reúne conhecimentos como a classificação dos esportes, os sistemas táticos de uma modalidade, o efeito de determinado exercício físico no desenvolvimento de uma capacidade física, entre outros. |
Compreensão | Está também associada ao conhecimento conceitual, mas, diferentemente da dimensão anterior, refere-se ao esclarecimento do processo de inserção das práticas corporais no contexto sociocultural, reunindo saberes que possibilitam compreender o lugar das práticas corporais no mundo. [...] |
Protagonismo comunitário | Refere-se às atitudes/ações e conhecimentos necessários para os estudantes participarem de forma confiante e autoral em decisões e ações orientadas a democratizar o acesso das pessoas às práticas corporais, tomando como referência valores favoráveis à convivência social. [...] |
Fonte: BNCC (2018, pp. 220-222).
A organização curricular, tendo como referência a BNCC, deve considerar as características dos conhecimentos e das experiências próprias da Educação Física, para que cada uma das dimensões possa ser abordada de modo integrado com as outras, levando em conta sua natureza vivencial, experiencial e subjetiva. Ou seja, as dimensões não podem ser concebidas de forma isolada ou sobreposta, devendo, também, estar articuladas com as competências gerais da BNCC e com as competências específicas da área de Linguagens e cabendo ao componente curricular de Educação Física a garantia aos alunos do desenvolvimento das 11 competências específicas previstas para o Ensino Fundamental.
Vamos Exercitar?
Estudante, a revisão do currículo do componente de Educação Física com a BNCC é fundamental. Assim, Viviane e Eduardo devem revisar a matriz curricular da disciplina de Educação Física, em conformidade com as competências e habilidades propostas pela BNCC. Eles devem identificar quais competências estão sendo menos trabalhadas e integrá-las de forma mais efetiva no currículo, garantindo um equilíbrio entre as diferentes dimensões da disciplina.
Outro ponto é a diversificação das atividades. Eduardo pode diversificar as atividades propostas em suas aulas, incluindo não apenas práticas esportivas, mas também jogos, danças, atividades rítmicas, expressão corporal, entre outras. Isso pode despertar o interesse dos alunos e proporcionar uma experiência mais completa em relação à Educação Física.
A integração interdisciplinar também merece atenção no processo pedagógico. Viviane e Eduardo podem trabalhar em conjunto com outros professores para promover a integração interdisciplinar, relacionando os conteúdos da Educação Física com outros componentes, como História, Geografia, Ciências e Matemática. Isso pode enriquecer as aulas e demonstrar aos alunos a relevância e a aplicabilidade dos conhecimentos adquiridos.
Quando pensamos em processo de ensino, a avaliação é um ponto fundamental, e a avaliação formativa e participativa deve ter um grande espaço nesse processo. Ao invés de focar apenas em avaliações somativas, Viviane e Eduardo podem adotar estratégias de avaliação formativa e participativa que envolvam os alunos de forma ativa no processo de aprendizagem e forneçam feedback contínuo sobre seu desempenho. Isso pode incentivar a autoavaliação, a reflexão e o desenvolvimento constante dos alunos.
A área da Educação Física, e até mesmo a função de coordenação pedagógica, são dinâmicas. Assim, deve-se pensar em uma formação continuada. Para isso, Viviane e Eduardo devem buscar oportunidades de formação participando de cursos, palestras e workshops relacionados à Educação Física e à implementação da BNCC. Isso pode atualizá-los sobre novas abordagens, metodologias e recursos pedagógicos, contribuindo para a melhoria da qualidade do ensino oferecido na escola.Estudante, a revisão do currículo do componente de Educação Física com a BNCC é fundamental. Assim, Viviane e Eduardo devem revisar a matriz curricular da disciplina de Educação Física, em conformidade com as competências e habilidades propostas pela BNCC. Eles devem identificar quais competências estão sendo menos trabalhadas e integrá-las de forma mais efetiva no currículo, garantindo um equilíbrio entre as diferentes dimensões da disciplina.
Outro ponto é a diversificação das atividades. Eduardo pode diversificar as atividades propostas em suas aulas, incluindo não apenas práticas esportivas, mas também jogos, danças, atividades rítmicas, expressão corporal, entre outras. Isso pode despertar o interesse dos alunos e proporcionar uma experiência mais completa em relação à Educação Física.
A integração interdisciplinar também merece atenção no processo pedagógico. Viviane e Eduardo podem trabalhar em conjunto com outros professores para promover a integração interdisciplinar, relacionando os conteúdos da Educação Física com outros componentes, como História, Geografia, Ciências e Matemática. Isso pode enriquecer as aulas e demonstrar aos alunos a relevância e a aplicabilidade dos conhecimentos adquiridos.
Quando pensamos em processo de ensino, a avaliação é um ponto fundamental, e a avaliação formativa e participativa deve ter um grande espaço nesse processo. Ao invés de focar apenas em avaliações somativas, Viviane e Eduardo podem adotar estratégias de avaliação formativa e participativa que envolvam os alunos de forma ativa no processo de aprendizagem e forneçam feedback contínuo sobre seu desempenho. Isso pode incentivar a autoavaliação, a reflexão e o desenvolvimento constante dos alunos.
A área da Educação Física, e até mesmo a função de coordenação pedagógica, são dinâmicas. Assim, deve-se pensar em uma formação continuada. Para isso, Viviane e Eduardo devem buscar oportunidades de formação participando de cursos, palestras e workshops relacionados à Educação Física e à implementação da BNCC. Isso pode atualizá-los sobre novas abordagens, metodologias e recursos pedagógicos, contribuindo para a melhoria da qualidade do ensino oferecido na escola.
Saiba Mais
A Educação Física na BNCC é repleta de debates, considerando diversos pontos que podem significar avanços e retrocesso. Sobre esse debate, leia o artigo A educação física escolar na BNCC: avanços e desafios.
Referências Bibliográficas
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, MEC: 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/#/site/inicio. Acesso em: 23 abr. 20124.
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CEB n. 7, de 14 de dezembro de 2010. Fixa Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb007_10.pdf. Acesso em: 25 abr. 2024.
Aula 4
Educação Física no Ensino Médio
Educação Física no Ensino Médio
Olá, estudante! Nesta videoaula, você aprenderá sobre a Educação Física na construção do currículo do Ensino Médio, destacando as legais e procedimentais desse componente curricular. A atuação do profissional pedagogo é fundamental para orientar e conduzir o planejamento curricular de uma educação física crítica, que faça sentido para os alunos e para o contexto escolar.
Vamos lá!
Ponto de Partida
A atuação do pedagogo no Ensino Médio é realmente um desafio, seja pelas determinações legais que necessitam serem cumpridas, seja pelos próprios desafios inerentes à escola e à atuação nessa etapa de ensino. Para guiar nossa aula, vamos analisar a seguinte situação: Alice é uma professora de Educação Física apaixonada por promover a saúde e o bem-estar entre os estudantes do Ensino Médio em uma escola pública. Ela reconhece a importância de abordar esses temas de forma abrangente e democrática, considerando as necessidades e os interesses variados dos alunos. Para isso, ela deseja criar um itinerário formativo que seja participativo e envolvente, incentivando os alunos a se engajarem ativamente na promoção de um estilo de vida saudável.
Porém, Alice sabe que precisa da orientação e apoio de Viviane, a pedagoga da escola, para garantir que o planejamento e a implementação da proposta sejam eficazes e inclusivos. Viviane tem experiência em facilitar processos participativos e valoriza a voz dos alunos no processo educacional. Como você pode refletir sobre essa situação?
Boa aula!
Vamos Começar!
Será que o cenário da Educação Física no Ensino Médio é o mesmo que o do Ensino Fundamental? Infelizmente, não, estudante. A Educação Física possui um significativo papel relacionado ao desenvolvimento do ser humano e ao conhecimento da cultura corporal, do aspecto psicomotor, cognitivo e social.
A contribuição do componente curricular de Educação Física é, sem dúvida, indispensável para o processo formativo do aluno. Ela contribui para a construção e transformação de valores a partir da cultura corporal e o debate crítico sobre suas mais distintas manifestações da cultura corporal, ainda mais quando nos referimos ao Ensino Médio, com o grau de autonomia, criticidade e participação ativa na construção da sociedade dos jovens inseridos nessa última etapa da Educação básica brasileira.
Já inserida na escola por mais de um século, a Educação Física possui histórica e sólida justificativa na escola. Por exemplo, é a única prática pedagógica que se ocupa, enquanto campo de conhecimento, com a cultura corporal do movimento humano, expressa de diferentes formas na sociedade.
Importante destacar, estudante, infelizmente, que durante o Ensino Médio esse componente curricular vem sofrendo uma gradativa exclusão, perdendo espaço dentro da escola e da Educação básica enquanto componente curricular obrigatório durante toda essa etapa de ensino. As mudanças na própria concepção sobre o Ensino Médio, que privilegia a formação profissional e técnica para o trabalho, tem fragilizado e diminuído a presença da Educação Física nessa etapa.
Tanto a BNCC quanto as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio de 2018 abordam a presença da Educação Física escolar como “estudos e práticas”, possuindo caráter facultativo aos estudantes somente nos casos previstos em lei, devendo ser tratados de forma contextualizada e interdisciplinar e podendo ser desenvolvidos por projetos, oficinas, laboratórios, entre outras estratégias de ensino-aprendizagem que rompam com o trabalho isolado apenas em disciplinas (BRASIL, 2018).
No ano de 2022, a partir de cronograma de implementação estabelecido pelo Ministério da Educação (MEC), o Novo Ensino Médio (NEM) passou a vigorar em todo o território nacional. Entre as principais mudanças está a própria estrutura do NEM, que estabelece uma organização curricular baseada nas áreas do conhecimento e por competências e habilidades, incluindo as aprendizagens essenciais socioemocionais e tendo como referência organização e planejamento inter e transdisciplinar, bem como a própria BNCC (BRASIL, 2018).
Com a reforma educacional proposta na concepção da BNCC, foi inserido no artigo 36 da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), quando reformulada pela Lei n. 13.415/2017, que o currículo do Ensino Médio no Brasil seja estruturado em duas partes: a primeira, de formação geral básica, vinculada ao documento da BNCC (BRASIL, 2018); e a segunda, considerada diversificada, composta por Itinerários Formativos
Na perspectiva do NEM, há então um conjunto de unidades curriculares, denominadas Itinerários Formativos, que as escolas devem ofertar para o aprofundamento de conhecimentos e a preparação dos alunos. Dessa forma, os itinerários dão a possibilidade do estudante se aprofundar nos temas de sua preferência com objetivos pessoais ou de preparação para o mercado de trabalho.
Portanto, os Itinerários Formativos são o conjunto de disciplinas, projetos, oficinas, núcleos de estudo, entre outras situações de trabalho, que os estudantes poderão escolher durante o Ensino Médio. Os Itinerários Formativos podem se aprofundar nos conhecimentos de uma área do conhecimento, sendo elas: Matemática e suas Tecnologias; Linguagens e suas Tecnologias; Ciências da Natureza e suas Tecnologias; Ciências Humanas e Sociais Aplicadas; e também sobre a formação técnica e profissional (FTP) ou nos conhecimentos de duas ou mais áreas e da FTP. Destacamos que a Educação Física faz parte da área de Linguagens e suas Tecnologias, juntamente com Língua Portuguesa, Arte e Língua Inglesa.
Cabe destacar, estudante, que as redes de ensino terão autonomia para definir quais Itinerários Formativos irão ofertar, considerando um processo que envolva a participação de toda a comunidade escolar e os contextos locais e regionais. Nesse sentido, você poderá atuar em escolas que possuam realidades diferentes e, mesmo na etapa do Ensino Médio, apresentar Itinerários Formativos distintos.
Siga em Frente...
A Lei que cria o NEM dispõe sobre o desenvolvimento de projetos de vida dos estudantes, sendo esse o momento que se deve desencadear a reflexão sobre o que o aluno deseja conhecer e conhecer as possibilidades que o NEM irá lhe proporcionar. Cabe à escola a criação de espaços de diálogos e formativos com os estudantes, para expor e mostrar suas possibilidades de escolha, avaliando seus interesses e, consequentemente, orientando-os nessas escolhas.
O conjunto de habilidades essenciais para todas ou cada uma das áreas de Itinerários Formativos está organizado em quatro eixos estruturantes: investigação científica; processos criativos; mediação e intervenção sociocultural; e empreendedorismo.
No eixo estruturante investigação científica, o foco é a ampliação da capacidade de investigação e compreensão crítica do estudante ao aplicar o conhecimento sistematizado através de práticas e produções científicas. No eixo processos criativos, os alunos são envolvidos na elaboração de projetos com foco na criatividade, que incluem a utilização de diferentes manifestações linguísticas, culturais e científicas. No eixo mediação e intervenção cultural, a proposta é que a escola ofereça ferramentas necessárias para promoverem transformações positivas na comunidade a partir do contato com projetos de mobilização e intervenções culturais e ambientais. E, por fim, no eixo empreendedorismo, busca-se o desenvolvimento de projetos pessoais na medida em que os estudantes possam identificar desafios a serem vencidos, com planejamento e aprimoramento da ideia inicial.
Para a Educação Física, o grande desafio é a práxis dos seus conteúdos. Ou seja, não descaracterizando a potência da dimensão conceitual dos conteúdos, mas também compreendendo a potência da vivência, da prática, da relação crítica com a realidade. Assim, especificamente sobre a Educação Física, pela sua própria natureza enquanto componente curricular, é um grande desafio pensar no que consiste o conhecimento que possa estar presente nos projetos de vida, englobando a cultura corporal de movimento e sendo tematizadas em jogos, esportes, exercício físico, atividade física, lutas, ginásticas, danças, entre outros.
Como podemos pensar a dimensão da atuação da Educação Física no Ensino Médio? Primeiramente, cabe destacar que, segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96, a Educação Física deve estar integrada à proposta pedagógica da instituição de ensino. Pensando para além da dimensão legal, a Educação Física também necessita formular objetivos educacionais articulados com as intencionalidades educacionais da escola, fazendo com que esse componente curricular possa continuar justificando e contribuindo com os processos formativos estabelecidos pela base legal que rege a Educação básica nacional.
Para alcançar seus objetivos, é fundamental a superação esportiva e tecnicista da Educação Física, que muitas vezes ainda impera na sua prática educacional, e isso deve ser um princípio orientador da Educação Física escolar, principalmente na etapa do Ensino Médio. Esse viés crítico da atuação profissional na área possibilita a visão biológica, higienista e esportivista, possibilitando, assim, reflexão crítica, protagonismo e participação efetiva em relação aos saberes da Educação Física. Dessa forma, a Educação Física possui todo o potencial para cumprir seu papel educacional, determinando seus objetivos, conteúdos e conhecimentos, assim como os seus processos didáticos de construção de conhecimentos e de tematização da cultura corporal de movimento, identificando e produzindo significados das manifestações da cultura corporal de movimento e desnaturalizando essas práticas a partir da crítica constante, fundamentada e planejada nos processos educacionais formais.
Como exemplo, podemos destacar o potencial educacional das equipes esportivas escolares, dos grupos de danças, das organizações de competições e jogos dentro das escolas, da tematização da saúde, do corpo e da corporeidade, da atividade física e do exercício físico, assim como a abordagem da obesidade e do sedentarismo, a criação de podcast para democratização e ampliação dos debates, e o acesso aos conhecimentos por toda a comunidade escolar. São possibilidades pedagógicas que podem ser desenvolvidas em projetos, seminários e aulas envolvendo os demais componentes curriculares da área de Linguagens e suas Tecnologias de forma inter e transdisciplinar.
Pensando cada realidade, é função do profissional de pedagogia, na coordenação pedagógica e na gestão escolar, estimular e garantir a materialidade do projeto político pedagógico com uma educação física potencialmente transformadora, que possibilite a compreensão reflexiva sobre os sentidos e significados da cultura corporal de movimento materializados no âmbito das ações pedagógicas.
Vamos Exercitar?
Entre os desafios que podem ser elencados para a resolução da situação apresentada anteriormente, podemos destacar:
- Diversidade de interesses e necessidades: os alunos têm diferentes níveis de interesse e conhecimento sobre saúde e bem-estar, o que pode tornar desafiador desenvolver um itinerário formativo que atenda a todos.
- Participação democrática: garantir que todos os alunos se sintam incluídos e tenham voz ativa na construção do itinerário formativo pode ser um desafio, especialmente considerando possíveis barreiras de comunicação ou hesitação em participar.
- Integração de conteúdos: integrar conteúdos relevantes de Educação Física com outras áreas do conhecimento, como ciências da saúde, nutrição e psicologia, de forma coesa e interdisciplinar, pode ser complexo.
Assim, é possível pensar como um possível caminho o mapeamento de interesses. Alice e Viviane podem realizar uma pesquisa inicial para identificar os interesses e as necessidades dos alunos em relação à saúde e ao bem-estar. Isso pode ser feito por meio de questionários, entrevistas individuais ou grupos focais.
Elas podem propor uma plataforma de colaboração, utilizando um modelo online ou presencial para promover a participação ativa dos alunos na construção do itinerário formativo, permitindo que expressem suas ideias, sugestões e preocupações.
Além disso, elas podem sugerir reuniões participativas com os alunos para discutir e revisar o progresso do itinerário formativo, garantindo que suas vozes sejam ouvidas e que possam contribuir com novas ideias e feedbacks. Também podem realizar a integração interdisciplinar, colaborando com outros professores e profissionais da escola, como nutricionistas, psicólogos e enfermeiros, para englobar diferentes perspectivas e conteúdos relacionados à saúde e ao bem-estar.
Com essas estratégias, Alice e Viviane podem criar um itinerário formativo inclusivo e participativo, capacitando os alunos a adotarem hábitos saudáveis e promovendo uma cultura de bem-estar dentro da escola.
Saiba Mais
A Educação Física na BNCC é repleta de debates, considerando diversos pontos que podem significar avanços e retrocesso. Sobre esse debate, leia o artigo A educação física no ensino médio integrado a partir dos marcos legais: da negação às possibilidades.
Referências Bibliográficas
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Básica, MEC: 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/#/site/inicio. Acesso em: 23 abr. 20124.
BRASIL. Diretrizes Curriculares Gerais Nacionais para a Educação Básica. Brasília: Ministério da Educação; Secretaria de Educação Básica; Diretoria de Currículos e Educação Integral – MEC; SEB; Dicei, 2013.
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional De Educação. Conselho Pleno (CP). Resolução CNE/CP n. 4, de 17 de dezembro de 2018. Institui a Base Nacional Comum Curricular na Etapa do Ensino Médio (BNCC-EM). Diário Oficial da União, Brasília, 18 dez. 2018. pp. 120-122. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2018-pdf/104101-rcp004-18/file. Acesso em: 24 abr. 2024.
Encerramento da Unidade
Corpo e Movimento na Prática Escolar
Videoaula de Encerramento
Olá, estudante! Nesta videoaula, você irá aprender sobre o componente curricular de Educação Física e as possibilidades de atuações e funções frente a ele, sendo capaz de identificar o corpo e o movimento como elementos estruturantes do contexto escolar para elaborar propostas que busquem estabelecer relação com o currículo, a inclusão, o cuidado com a saúde e os documentos norteadores da prática pedagógica e organização curricular escolar.
Prepare-se, seja como professor regente nos anos iniciais do Educação Fundamental ou nas funções diversas de coordenação pedagógica e gestão escolar, para os desafios e as potencialidades frente ao componente curricular de Educação Física na Educação básica, que são diversos.
Vamos lá!
Ponto de Chegada
Estudante, a Educação Física, conforme definida pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), aborda as práticas corporais como expressões culturais e elementos de patrimônio humano. Dentro dessa perspectiva, as atividades físicas são consideradas textos culturais passíveis de leitura e produção, ressaltando sua importância como parte do universo cultural acessível aos alunos. A BNCC reconhece que a Educação Física oferece uma ampla gama de experiências que enriquecem a vida dos alunos na Educação básica, indo além do conhecimento científico típico das práticas pedagógicas tradicionais.
No contexto da BNCC, a Educação Física está inserida na área de Linguagens, refletindo a compreensão de que as práticas corporais são formas de expressão cultural. Assim, as atividades físicas são uma forma de comunicação e representação do corpo e da cultura.
As práticas corporais são estruturadas em seis unidades temáticas ao longo do Ensino Fundamental, buscando abordar a diversidade cultural e as diferentes manifestações das atividades físicas. No entanto, é importante destacar que a BNCC não busca a universalidade, mas sim um entendimento possível sobre as manifestações culturais tematizadas na Educação Física escolar.
Uma das unidades temáticas abordadas na BNCC são as brincadeiras e os jogos, que permitem às crianças explorar seu corpo e o mundo ao seu redor por meio da imitação e da experiência prática. Os jogos e as brincadeiras promovem vínculos afetivos e sociais positivos, além de proporcionarem momentos de prazer e diversão. Outra unidade temática é o esporte, considerado uma das maiores invenções da sociedade moderna. O esporte pode ser praticado com diferentes objetivos, como educação, lazer, saúde e competição, refletindo a diversidade de significados atribuídos a essa prática.
As danças são exploradas como manifestações artísticas e rituais que permitem a expressão do corpo por meio do movimento. Elas podem ser realizadas de forma individual ou em grupo, abrangendo uma variedade de estilos e tradições culturais. A ginástica, por sua vez, é o conteúdo mais tradicional da Educação Física escolar, envolvendo diferentes manifestações, como a ginástica geral, as ginásticas de condicionamento físico e as ginásticas de conscientização corporal. As lutas são tematizadas como disputas corporais que envolvem técnicas, táticas e estratégias específicas. Elas podem ser categorizadas de acordo com o contexto cultural e regional, incluindo tanto as lutas brasileiras quanto as lutas internacionais.
Por fim, as práticas corporais de aventura são exploradas como formas de experimentação corporal em ambientes desafiadores, tanto na natureza quanto no meio urbano. Essas atividades proporcionam situações de vertigem e risco controlado, permitindo aos praticantes vivenciar experiências emocionantes e enriquecedoras. Assim, a BNCC estabelece diretrizes para a Educação Física que valorizam a diversidade cultural e promovem a participação ativa dos alunos em diferentes práticas corporais, contribuindo para o desenvolvimento integral dos estudantes ao longo da Educação básica.
Na perspectiva da fase da Educação infantil, deve-se tomar como base a importância do brincar e do movimento, conforme definido pelas DCNEI (2010) e pela BNCC (2018). Esses dois eixos temáticos, interações e brincadeiras, são fundamentais para o desenvolvimento das crianças, permitindo a construção de saberes, conhecimentos, habilidades e valores, além de facilitar a socialização. A compreensão dos preceitos conceituais e metodológicos da Educação Física é essencial, pois o corpo em ação desempenha um papel central nesse processo.
Na Educação infantil, o brincar assume múltiplos papéis, permitindo que as crianças construam suas relações com o mundo, a família, a comunidade escolar e consigo mesmas. As experiências e brincadeiras garantem o conhecimento de si e do mundo, promovendo a ampliação das experiências sensoriais, expressivas e corporais, e respeitando os ritmos e desejos das crianças.
A BNCC estabelece seis direitos de aprendizagem das crianças na Educação infantil, sendo o brincar um dos destaques. O documento enfatiza a importância de brincar de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, valorizando as transformações introduzidas pelas crianças nas brincadeiras e estimulando o desenvolvimento de seus conhecimentos, imaginação, criatividade e habilidades sociais, emocionais e cognitivas.
O brincar também está presente em outros eixos da BNCC, como o eixo de participação, em que as crianças têm papel ativo no planejamento das atividades escolares e na escolha de brincadeiras, materiais e ambientes. Além disso, a BNCC estabelece os campos de experiências, que incluem o campo corpo, gestos e movimento, reconhecendo o corpo como uma ferramenta para explorar e compreender o mundo.
O professor desempenha um papel fundamental como mediador, propondo a exploração de diferentes aspectos corporais e promovendo uma abordagem intencional do brincar. É importante que o brincar seja planejado com objetivos pedagógicos claros, envolvendo as crianças no processo de construção das atividades escolares.
Em relação à fase do Ensino Fundamental, devemos destacar o papel do profissional de pedagogia, especialmente em sua função de coordenação pedagógica, na gestão do currículo escolar, incluindo a Educação Física. Destaca-se a necessidade de compreender a diferença entre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o currículo escolar, pois a BNCC estabelece objetivos gerais, enquanto o currículo define como alcançá-los.
A BNCC tem como objetivo elevar a qualidade do ensino em todo o Brasil, promovendo equidade nos sistemas de ensino e orientando a construção dos currículos em diferentes contextos escolares. É essencial entender que a BNCC não é o currículo, mas sim um documento de referência nacional obrigatório.
Os profissionais de pedagogia enfrentam desafios ao lidar com as realidades distintas de cada escola, o que exige compreensão e adaptação. Na organização curricular do Ensino Fundamental, a Educação Física é tematizada em seis unidades: brincadeiras e jogos, esportes, ginásticas, danças, lutas e práticas corporais de aventura. Essas práticas devem ser reconstruídas com base em sua função social e nas possibilidades materiais de cada contexto escolar.
A ludicidade é um princípio fundamental que permeia todas as práticas corporais na escola, e as unidades temáticas devem ser organizadas levando em conta essa perspectiva. O brincar, dançar, jogar e praticar esportes não apenas proporcionam diversão, mas também permitem que os estudantes se apropriem das lógicas intrínsecas a essas atividades e troquem representações e significados com a sociedade.
Assim, os profissionais de pedagogia têm um papel importante na implementação da Educação Física na escola, seja como docentes responsáveis pelo componente curricular nos anos iniciais do Ensino Fundamental ou como gestores e coordenadores pedagógicos. Independentemente da função específica, é necessário entender os objetivos e a estrutura da organização curricular da Educação Física na Educação básica, adaptando-os às necessidades e características de cada contexto escolar.
No Ensino Médio, o pedagogo deve reconhecer a importância da Educação Física e como essa disciplina tem enfrentado desafios e mudanças significativas nessa etapa educacional. Destaca-se que a Educação Física desempenha um papel crucial no desenvolvimento do aluno, contribuindo para a formação de valores por meio da cultura corporal e do debate crítico sobre suas diferentes manifestações.
No entanto, a Educação Física vem sofrendo uma progressiva exclusão durante o Ensino Médio, perdendo espaço no currículo devido a mudanças na concepção educacional que priorizam a formação profissional e técnica. Embora a BNCC e as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio reconheçam a importância da Educação Física, sua presença tornou-se facultativa em alguns casos, resultando em uma diminuição de sua oferta.
Com a implementação do Novo Ensino Médio (NEM), baseado em áreas do conhecimento e competências, as escolas devem oferecer Itinerários Formativos que permitam aos estudantes aprofundar conhecimentos em áreas de interesse ou preparação para o mercado de trabalho. A Educação Física é uma das áreas contempladas por esses Itinerários, podendo oferecer oportunidades de aprendizado em diversos temas relacionados à cultura corporal de movimento.
É fundamental que a Educação Física no Ensino Médio supere uma abordagem esportiva e tecnicista, promovendo uma reflexão crítica sobre os saberes dessa disciplina e sua relevância educacional. Os profissionais de pedagogia, na coordenação pedagógica e gestão escolar, têm o papel de garantir que o projeto político pedagógico da escola inclua uma Educação Física transformadora, capaz de promover a compreensão reflexiva sobre a cultura corporal de movimento e seus significados.
É Hora de Praticar!
Ivete é uma pedagoga que atua na coordenação pedagógica de uma escola pública e está preocupada com a qualidade do planejamento curricular de Educação Física nos anos finais do Ensino Fundamental. Ao analisar os documentos oficiais, como a Base Nacional Comum Curricular e as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental, Ivete percebe que o planejamento curricular da disciplina na escola não está alinhado com esses preceitos.
Ela observa que o conteúdo ministrado nas aulas de Educação Física é predominantemente voltado para atividades esportivas tradicionais, sem contemplar a diversidade de práticas corporais e manifestações culturais previstas na BNCC. Além disso, Ivete nota que há uma falta de integração entre a Educação Física e as outras disciplinas, perdendo a oportunidade de promover uma abordagem interdisciplinar e contextualizada.
Reflita
- Qual é a importância dos conhecimentos sobre o corpo e o movimento para a atuação na Educação Infantil?
- Como estão organizadas as possibilidades de atuação do pedagogo nos anos iniciais do Ensino Fundamental, principalmente em relação à sua atuação frente ao componente curricular de Educação Física?
- Como os conhecimentos gerais sobre a Educação Física, seus objetivos e preceitos normativos são fundamentais para atuação do pedagogo na gestão escolar e coordenação pedagógica, em toda a Educação básica?
Resolução do estudo de caso
Diante dessa situação, Ivete precisa agir para garantir que o planejamento curricular de Educação Física seja revisto e adequado aos preceitos da BNCC e das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental. Ela sabe que isso exigirá um trabalho colaborativo com os professores da disciplina, bem como uma sensibilização da equipe gestora e do corpo docente sobre a importância de uma abordagem mais ampla e inclusiva da Educação Física.
Para resolver essa situação problema, Ivete pode seguir os seguintes passos:
- Análise detalhada dos documentos oficiais: Ivete deve realizar uma revisão minuciosa da BNCC e das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental, identificando os objetivos, as competências e as habilidades previstas para a Educação Física nos anos finais.
- Diagnóstico da situação atual: ela precisa reunir-se com os professores de educação física para analisar o planejamento curricular atual da disciplina. Isso inclui revisar os conteúdos das aulas, os métodos de ensino utilizados e a integração da disciplina com outras áreas do conhecimento.
- Estabelecimento de objetivos claros: com base na análise dos documentos oficiais e do planejamento curricular atual, Ivete deve definir objetivos claros e específicos para a revisão do planejamento curricular de Educação Física. Isso inclui garantir a diversidade de práticas corporais e a integração interdisciplinar.
- Engajamento da equipe: Ivete precisa envolver os professores de Educação Física em todo o processo de revisão do planejamento curricular. Isso pode ser feito por meio de reuniões regulares, workshops ou grupos de trabalho focados na elaboração de um novo plano de ensino.
- Sensibilização da equipe gestora e do corpo docente: Ivete deve promover uma conscientização sobre a importância de uma abordagem mais ampla e inclusiva da Educação Física. Isso pode envolver a realização de palestras, seminários ou apresentações sobre os benefícios de uma educação física que atenda aos preceitos da BNCC.
- Desenvolvimento do novo plano de ensino: com base nos objetivos estabelecidos, Ivete e a equipe de professores devem trabalhar juntos para desenvolver um novo plano de ensino para a Educação Física nos anos finais do Ensino Fundamental. Esse plano deve contemplar uma variedade de práticas corporais e atividades interdisciplinares.
- Implementação e monitoramento: uma vez desenvolvido o novo plano de ensino, Ivete deve acompanhar de perto sua implementação, monitorando o progresso e fazendo ajustes conforme necessário. Isso pode incluir observações em sala de aula, feedback dos alunos e avaliações periódicas do plano de ensino.
Ao seguir esses passos, Ivete poderá garantir que o planejamento curricular de Educação Física nos anos finais do Ensino Fundamental esteja alinhado com os preceitos da BNCC e das Diretrizes Curriculares Nacionais, promovendo uma educação física mais inclusiva e contextualizada para os alunos da escola pública em que atua.
E você, como encaminharia essa situação?
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Referências
BRASIL. Resolução nº 7, de 14 de dezembro de 2010. Fixa Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb007_10.pdf. Acesso em: 22 abr. 2024.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, MEC: 2018. Disponível em: https://observatoriodoensinomedio.ufpr.br/wp-content/uploads/2017/04/BNCC-Documento-Final.pdf. Acesso em: 20 abr. 2024.
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional De Educação. Conselho Pleno (CP). Resolução CNE/CP n. 4, de 17 de dezembro de 2018. Institui a Base Nacional Comum Curricular na Etapa do Ensino Médio (BNCC-EM). Diário Oficial da União, Brasília, 18 dez. 2018. pp. 120-122. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2018-pdf/104101-rcp004-18/file. Acesso em: 24 abr. 2024.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, 2010. Brasília: MEC, SEB, 2010. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=9769&Itemid. Acesso em: 23 abr. 2024.