Anatomia e Fisiologia do Sistema Circulatório
Aula 1
Anatomia do Sistema Circulatório
Anatomia do sistema circulatório
Olá, estudante! Nesta videoaula, você conhecerá sobre a anatomia e fisiologia do sistema circulatório, explorando os conteúdos das estruturas anatômicas do coração e dos vasos sanguíneos, das circulações sistêmica e pulmonar e do ciclo cardíaco e desvendaremos a dinâmica cardiovascular. Esses conhecimentos não apenas ampliarão sua compreensão, mas também fornecerão as bases essenciais para aprimorar sua atuação na área da saúde. Não perca a chance de aprofundar seus saberes!
Ponto de Partida
Considere a seguinte situação: um grupo de pessoas iniciará um programa de atividades físicas orientados por profissionais de uma equipe multidisciplinar de uma unidade básica de saúde, em um programa de condicionamento físico com práticas corporais ao ar livre, como yoga, calistenia, exercícios funcionais, caminhada e corrida. Estas pessoas estão entusiasmadas para iniciar o programa. Aos profissionais responsáveis pelo planejamento e pela orientação do programa de condicionamento físico, recai uma grande responsabilidade, pois tais atividades irão exigir um bom funcionamento do sistema cardiovascular e circulatório, mas também, proporcionar melhora do seu funcionamento. Nesse cenário, qual é a importância de se conhecer a anatomia do sistema circulatório?
Para que possamos responder a esse questionamento, nesta aula, aprenderemos sobre a histologia do coração e dos vasos sanguíneos, a anatomia do coração e dos vasos sanguíneos, a circulação sistêmica e pulmonar e o ciclo cardíaco.
Bons estudos!
Vamos Começar!
O sistema circulatório apresenta duas divisões: sistema cardiovascular, constituído de coração, sangue e vasos sanguíneos, e o sistema linfático, constituído de órgãos linfáticos, linfa e vasos linfáticos. As principais funções desse sistema envolvem transportar e proteger, sendo esse sistema o principal local de transporte dos gases respiratórios e das substâncias produzidas e absorvidas pelo nosso corpo, além de ter a função de proteger, por conter células de defesa circulando nos vasos sanguíneos e linfáticos. A seguir, vamos conhecer a histologia e a anatomia desse sistema e como é o seu funcionamento.
Histologia do coração e dos vasos
Em termos histológicos, o coração possui três camadas que formam suas paredes: a camada mais externa é denominada epicárdio, constituída de tecido conjuntivo; a camada média é denominada miocárdio e é constituída de músculo estriado cardíaco; e a camada mais interna é denominada epicárdio, que é constituída de células epiteliais, é contínua com o epitélio dos vasos sanguíneos e recobre as válvulas contidas dentro do coração.
Além disso, o coração é envolvido por um saco membranoso chamado pericárdio. O pericárdio possui duas partes: o pericárdio fibroso, sendo a lâmina externa com função de proteger e manter o coração no lugar, e o pericárdio seroso, que é a lâmina interna constituída de duas camadas, a lâmina parietal e visceral. A lâmina parietal do pericárdio seroso é mais externa e fica aderida no pericárdio fibroso, e a lâmina visceral do pericárdio seroso é mais interna e fica ancorada ao coração, e entre essas duas lâminas percorre o líquido pericárdico, que tem a função de diminuir o atrito entre as lâminas durante os batimentos cardíacos.
O coração é composto por músculo estriado cardíaco, por esse motivo, a prática regular de exercícios físicos pode levar à hipertrofia cardíaca, que ocorre devido a alterações hemodinâmicas que modificam as condições de sobrecarga cardíaca durante as sessões de treinamento, melhorando, assim, o desempenho do coração.
A parede dos vasos sanguíneos varia de tamanho e espessura, e isso ocorre devido às ramificações que esses vasos sofrem, alterando o seu calibre. Sendo assim, os vasos sanguíneos são modificados progressivamente, passando de vasos de grande calibre a vasos microscópicos e a vasos de grande calibre novamente. Além disso, há cinco tipos de vasos: artérias, arteríolas, capilares, vênulas e veias.
Nesse sentido, a parede dos vasos sanguíneos possui três túnicas: externa, média e interna. A túnica externa ou adventícia é formada de tecido conjuntivo frouxo, sendo constituída de fibras elásticas e colágena; já a túnica média é constituída de músculo liso e fibras elásticas; por fim, a túnica interna é constituída de endotélio (epitélio pavimentoso simples), membrana basal e tecido elástico. De fato, o que difere os vasos sanguíneos é a presença ou ausência de uma ou mais túnica.
O sangue possui componentes que participam do processo de transporte de moléculas pelos vasos sanguíneos, participa de mecanismos imunológicos e de coagulação. O coração bombeia o sangue por meio dos vasos sanguíneos, sendo que o sangue possui um pH de 7,35 a 7,45 e uma viscosidade de 4,5.
Os componentes do sangue são divididos em parte celular e parte líquida. A parte celular é denominada elementos figurados, que são formados pelos eritrócitos, pelos leucócitos e pelas plaquetas, e constituem cerca de 45% do volume total do sangue; já a parte líquida é denominada plasma sanguíneo, que contém 91,5% de água, 7% de proteínas e 1,5% de solutos não proteicos, constituindo 55% do volume restante do sangue.
Anatomia do coração
O coração fica localizado entre os pulmões, em uma região denominada mediastino. Em um indivíduo adulto, o tamanho do coração equivale a uma mão fechada, apresenta um formato parecido com um cone, com sua base voltada para cima, local em que recebe os grandes vasos que o penetram, e o ápice, que tem uma forma arredondada voltada para parte inferior, apoiando-se no músculo diafragma, sendo formado pela ponta do ventrículo esquerdo. Para receber e ejetar o sangue, o coração possui quatro câmaras em seu interior, valvas que direcionam o fluxo sanguíneo pelas câmaras e impedem o refluxo, e vasos sanguíneos que conduzem o sangue para dentro e para fora do coração.
As quatro câmaras do coração são divididas em duas câmaras menores localizadas em sua porção superior e chamadas de átrios direito e esquerdo, e duas câmaras maiores na porção inferior, chamadas de ventrículos direito e esquerdo. Na parede dos átrios, encontram-se os músculos pectíneos, que, quando contraem, impulsionam o sangue para os ventrículos, e cada átrio possui uma estrutura em forma de bolsa enrugada denominada aurícula. Além disso, entre o átrio direito e esquerdo, há uma parede de músculo cardíaco denominada septo interatrial, e entre os ventrículos também existe uma camada de músculo cardíaco que os separa, denominada septo interventricular, e a função desses septos é separar as câmaras, impedindo que o sangue do lado direito se misture com o sangue do lado esquerdo. Os ventrículos recebem o sangue dos átrios, em que o ventrículo direito ejeta o sangue para os pulmões e o ventrículo esquerdo ejeta o sangue para ser distribuído por todo o nosso corpo. Entre os átrios e ventrículos encontram-se as valvas atrioventriculares (direita e esquerda), que direcionam o fluxo sanguíneo dos átrios para os ventrículos, e entre os ventrículos e os grandes vasos que saem do coração, encontram-se as valvas semilunares, chamadas de valva do tronco pulmonar e valva da aorta.
A contração dos átrios direito e esquerdo acontece simultaneamente, ocasionado o seu esvaziamento, e após receber o sangue dos átrios, os ventrículos direito e esquerdo também se contraem ao mesmo tempo, ejetando o sangue para as artérias pulmonares ou aorta. As câmaras do lado direito do coração, o átrio direito e o ventrículo direito, recebem o sangue proveniente do metabolismo do corpo, ou seja, um sangue rico em gás carbônico (CO2), e conduz esse sangue até os pulmões, onde ocorre as trocas gasosas. Logo, as câmaras do lado esquerdo do coração, o átrio esquerdo e o ventrículo esquerdo, recebem o sangue vindo dos pulmões e rico em oxigênio (O2) e, então, ejetam esse sangue em uma grande circulação para ser distribuído pelos tecidos do corpo.
O átrio direito recebe o sangue rico em CO2 por duas grandes veias: a veia cava superior, que drena o sangue da cabeça e dos membros superiores, e a veia cava inferior, que drena o sangue dos membros inferiores e abdome. Com a contração do átrio direito, o sangue passa para o ventrículo direito através da valva atrioventricular direita ou valva tricúspide, que se mantém aberta pela contração dos músculos papilares localizados na parede dos ventrículos, e ancorado a eles estão as cordas tendíneas, que puxam as três cúspides que formam a valva atrioventricular direita. Então, o ventrículo direito contrai, levando ao fechamento da valva atrioventricular direita e à abertura da valva do tronco pulmonar, e o sangue é conduzido para o tronco pulmonar, que se divide em artérias pulmonares direita e esquerda, conduzindo o sangue para os pulmões.
Assim sendo, após acontecer a troca dos gases entre os capilares pulmonares e alvéolos pulmonares, o sangue rico O2 retorna para o átrio esquerdo através de duas veias pulmonares direitas e duas veias pulmonares esquerdas; o átrio esquerdo, então, contrai, enviando o sangue oxigenado para o ventrículo esquerdo, que passa através da valva atrioventricular esquerda, também conhecida como valva bicúspide ou valva mitral, que se mantém aberta também pela contração dos músculos papilares que sustentam as cordas tendíneas que puxam as duas cúspides que formam a valva atrioventricular esquerda. Por fim, o ventrículo esquerdo contrai, levando ao fechamento da valva atrioventricular esquerda e à abertura da valva da aorta, e o sangue é conduzido para a artéria aorta, que sofre diversas ramificações para regiões superiores e inferiores do nosso corpo, a fim de distribuir o sangue oxigenado para todos os órgãos e tecidos do nosso corpo.
Siga em Frente...
Anatomia dos vasos sanguíneos
Os vasos sanguíneos são um circuito fechado, permitindo, assim, que o sangue circule do coração para todos os tecidos do nosso corpo e retorne ao coração. Porém, existe uma diferença histológica de cada vaso sanguíneo, e isso ajuda a controlar a pressão do sangue nos vasos sanguíneos.
Assim sendo, o sangue, ao sair do coração, passa primeiro por vasos de grande e médio calibre, chamados de artérias, e, assim, progressivamente, os diâmetros vão se tornando cada vez menores, chamados de arteríolas e capilares. As artérias de grande calibre possuem as três túnicas, e entre os músculos lisos existe uma grande quantidade de fibras elásticas, por esse motivo, essas artérias conseguem suportar uma grande pressão do sangue ejetado pelo ventrículo, pois têm a capacidade de se expandir e, logo em seguida, retrair-se. Já as artérias de médio calibre e arteríolas são menos elásticas, possuem a espessura da túnica externa menor, sendo que seu diâmetro se destaca pela espessura da túnica média composta de músculo liso, além disso, esses vasos são considerados vasos de resistência.
No entanto, os capilares são os vasos sanguíneos mais estreitos e conectam as arteríolas às vênulas, sendo considerados os vasos que realizam as trocas, pois é o local em que ocorrem as trocas entre os tecidos do nosso corpo e o sangue, realizando as trocas de nutrientes, resíduos e gases. São vasos revestido apenas pelo endotélio e apresentam três tipo: contínuo, descontínuo e fenestrado. Os capilares contínuos são quando as células endoteliais são contínuas, encontradas em músculos, pulmões, tecido adiposo e sistema nervoso central; já os capilares descontínuos são quando o endotélio se desconecta, são encontrados no fígado, na medula óssea e no baço; e os capilares fenestrados possuem poros, são encontrados nos rins, nas glândulas endócrinas e nos intestinos.
Então, os capilares se juntam e levam o sangue às vênulas, que drenam o sangue para as veias que transportam o sangue de volta para o coração. As vênulas mais próximas dos capilares são mais finas, pois possuem apenas duas túnicas: o endotélio (túnica interna) é revestido com a túnica externa muito fina, e à medida que as vênulas se afastam dos capilares, apresentam-se envolvidas pela túnica média, composta de algumas fibras de músculo liso.
As veias possuem as três túnicas, como as artérias, porém, com características diferentes, sendo que a túnica externa das veias é mais espessa, formando a maior parte da sua parede. Além disso, as veias possuem o lúmen maior do que as artérias.
Contudo, as veias dos membros inferiores apresentam válvulas, que são pregas formadas a partir da túnica íntima. Essas válvulas têm por finalidade auxiliar no retorno do sangue ao coração, pois, devido à ação da gravidade, o sangue encontra dificuldade de retorno, a depender da contração dos músculos esqueléticos que circundam o vaso.
Circulação pulmonar
A circulação pulmonar ou pequena circulação consiste na circulação coração-pulmão-coração, em que, a partir da contração do ventrículo direito, ocorre a abertura da valva tronco pulmonar e o sangue é ejetado através do tronco pulmonar, que se divide em artérias pulmonares direita e esquerda, por onde o sangue rico em gás carbônico passa para chegar até os pulmões. Nos pulmões, ocorrem as trocas gasosas pelo contato dos alvéolos e capilares pulmonares, assim, o sangue, que agora é rico em oxigênio, volta para o coração através das veias pulmonares direita e esquerda, e então, o sangue chega ao átrio esquerdo, onde termina a circulação pulmonar.
Circulação sistêmica
A circulação sistêmica ou grande circulação compreende a circulação que ocorre entre o coração e todos os tecidos no nosso corpo. Ela se inicia com a contração do ventrículo esquerdo, que, com a abertura da valva da aorta, permite que o sangue oxigenado seja ejetado através da artéria aorta, que distribui o sangue por todos os tecidos do corpo. Assim, após a entrega de todo o sangue oxigenado, os tecidos entregam para as veias o produto do metabolismo celular, o gás carbônico, que é transportado de volta para o coração. Por fim, as veias cavas superior e inferior drenam o sangue rico em gás carbônico no átrio direito, onde finaliza a circulação sistêmica.
Ciclo cardíaco
O ciclo cardíaco é o processo que envolve o enchimento e o esvaziamento das câmaras cardíacas, e cada ciclo apresenta duas fases: diástole e sístole. A diástole é o período do ciclo em que ocorre o enchimento dos ventrículos durante o relaxamento do músculo cardíaco; já a sístole é o período do esvaziamento dos ventrículos durante a contração do músculo cardíaco.
O coração, antes de iniciar um ciclo cardíaco, passa por um breve momento de repouso, em que tanto os átrios como os ventrículos apresentam-se relaxados. Nesse momento, os átrios recebem o sangue proveniente das veias e iniciam o processo de enchimento, bem como a fase de diástole, em que os ventrículos começam a relaxar, causando a abertura da valvas atrioventriculares (direita e esquerda), e o sangue começa a fluir dos átrios para os ventrículos, levando ao fechamento das valvas semilunares (tronco pulmonar e da aorta) até que ocorra a contração dos átrios, que empurram o restante do sangue para dentro dos ventrículos, completando o seu enchimento.
Logo após os ventrículos se encherem, começa a fase de sístole, em que os ventrículos iniciam sua contração pelo ápice do coração, empurrando o sangue em direção à base, provocando o fechamento das valvas atrioventriculares (direita e esquerda), evitando, desse modo, que ocorra refluxo sanguíneo para os átrios. No entanto, com o início da contração ventricular, os átrios encontram-se relaxados e começam a receber o sangue proveniente das veias, e então, com a pressão gerada pela contração dos ventrículos, as valvas semilunares (tronco pulmonar e da aorta) se abrem e o sague passa através das artérias. E assim, os ventrículos iniciam o processo de relaxamento, e um novo ciclo cardíaco está para recomeçar.
Por fim, nesta seção, abordamos os aspectos principalmente estruturais do coração e vasos sanguíneos, bem como conhecemos os tipos de circulação sanguínea presentes em nosso corpo e o ciclo do esvaziamento e enchimento cardíaco. Dessa maneira, a partir de todos esses temas descritos aqui, pudemos iniciar o estudo do sistema circulatório, que, junto com o sistema respiratório, desempenha um papel essencial para nossa sobrevivência.
Vamos Exercitar?
A situação descrita no início da aula busca entender a importância de se conhecer a anatomia do sistema circulatório para o planejamento e a orientação de um programa de condicionamento físico. Ao compreender a complexidade das estruturas do coração e dos vasos sanguíneos, os profissionais envolvidos ganham conteúdos e informações valiosas sobre a entrega eficiente de oxigênio e nutrientes aos músculos em atividade.
O coração é apresentado não apenas como um órgão, mas como a fonte essencial que impulsiona cada movimento no programa de atividades físicas proposto. A circulação sistêmica e pulmonar, muitas vezes esquecidas enquanto corremos ou levantamos pesos, são ressaltadas como protagonistas fundamentais nesse processo, garantindo a oxigenação e redistribuição eficientes do sangue.
A sincronização complexa de contrações e relaxamentos no ciclo cardíaco é destacada como ponto-chave na relação entre prática esportiva e fisiologia. O entendimento profundo desse ciclo não apenas melhora o desempenho durante esforços intensos, mas também influencia a recuperação pós-esforço e permite ajustes precisos no treinamento, adaptando-se às necessidades específicas do corpo.
A anatomia do sistema circulatório é apresentada como mais do que um conteúdo teórico, sendo descrita como um elemento catalisador que promove uma abordagem consciente e saudável à prática esportiva. A integração desse conhecimento à prática educacional capacita os profissionais não apenas a exercerem suas funções, mas também a compreenderem e respeitarem os limites e potenciais do corpo humano.
Em última análise, a anatomia do sistema circulatório não é apenas um fundamento teórico, mas uma ferramenta essencial que orienta uma abordagem mais consciente e saudável ao movimento físico, evidenciando que o coração não é apenas um órgão que bombeia sangue, mas a bússola que guia o corpo em busca da vitalidade em movimento.
Saiba Mais
Aprofunde mais seus conhecimentos, realizando uma leitura para aquisição de novos conteúdos relacionados ao tema da aula: capítulo Sistema Circulatório: Coração do livro Princípios de Anatomia e Fisiologia dos autores Tortora e Derrickson (2023).
Referências Bibliográficas
BRUM, P. C. et al. Adaptações agudas e crônicas do exercício físico no sistema cardiovascular. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, v. 18, p. 21-31, ago. 2004.
SANTOS, N. C. M. Anatomia e fisiologia humana. São Paulo: Editora Érica, Grupo Saraiva, 2014.
SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana. Porto Alegre: Grupo A, 2017.
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2023.
Aula 2
Fisiologia e Mecanismos de Controle do Sistema Cardiovascular
Fisiologia e mecanismos de controle do sistema cardiovascular
Olá, estudante! Nesta videoaula, iremos estudar aspectos da fisiologia e mecanismos de controle do sistema cardiovascular. Serão abordados temas como pressão arterial, débito cardíaco e resistência periférica, compreendendo seus significados fisiológicos. O controle da frequência cardíaca, volume sistólico e pressão arterial, também serão aprofundados e são essenciais para o desempenho cardiovascular. Além disso, iremos avançar sobre os aspectos eletrofisiológicos do coração e como interpretar um eletrocardiograma. Vamos juntos!
Ponto de Partida
A pressão arterial, frequentemente mal interpretada como uma condição de saúde, será o ponto de partida, revelando-se como um fenômeno fisiológico essencial. Em um conceito fisiológico muitas vezes associado erroneamente à doença, é, na verdade, uma manifestação natural do sangue sendo bombeado do coração para as artérias, gerando uma pressão nas paredes desses vasos. Este fenômeno, longe de ser exclusivo de pessoas com pressão alterada, é intrínseco ao funcionamento do sistema circulatório.
Nesta aula, exploraremos variáveis hemodinâmicas, como a pressão arterial, o débito cardíaco, a resistência vascular periférica e a frequência cardíaca. Estes são elementos fundamentais para entender os ajustes que ocorrem no corpo em diversas situações cotidianas.
Aprofundaremos nossa compreensão dos mecanismos de controle do sistema cardiovascular e do potencial de ação cardíaco, fornecendo as bases para uma análise mais refinada dos ajustes fisiológicos associados à atividade física.
Em uma situação hipotética para ilustrar como o coração e os vasos sanguíneos são vitais, imagine um bombeiro aposentado, que, após uma isquemia miocárdica, redefiniu seu estilo de vida. Ao abandonar a vida agitada, optando por uma rotina mais tranquila e sedentária, ele desencadeou uma série de mudanças em seu sistema cardiovascular. Essa narrativa nos convida a refletir sobre o impacto das escolhas de estilo de vida na saúde cardíaca e no funcionamento geral do corpo.
Entenderemos o que é isquemia miocárdica e como as decisões do bombeiro afetaram seu coração. Ao final desta aula, espera-se uma compreensão sólida do sistema cardiovascular, preparando-se para atuar no mercado de trabalho de forma abrangente, tratando cada indivíduo com eficiência e respeito à sua particularidade. O conhecimento é a chave para desbloquear o potencial que reside dentro de nós, capacitando-nos a superar desafios e mostrar o melhor de nossa capacidade. Estude sempre, mantenha-se à frente das novidades e busque incessantemente aprimorar seus conhecimentos. Afinal, a cada momento, surgem novas doenças e protocolos no mercado, e estar atualizado é a chave para o sucesso.
Vamos Começar!
Pressão arterial, débito cardíaco e resistência periférica
A pressão arterial (PA) é um processo fisiológico que consiste na pressão que o sangue exerce na parede das artérias. Quando o coração contrai, gera uma grande pressão que empurra o sangue em direção a um circuito fechado constituído por vasos sanguíneos; à medida que o sangue flui pelos vasos sanguíneos, a pressão se torna cada vez menor, devido ao atrito do sangue com as paredes dos vasos e à diminuição do calibre desses vasos sanguíneos. Por esse motivo, a pressão é mais alta na artéria aorta, por ser uma artéria de grande calibre, e em artérias sistêmicas, que recebem o sangue proveniente do ventrículo esquerdo. No entanto, a pressão nos capilares, vênulas e em veias de médio e grande calibre é mais baixa, como ocorre nas veias cavas, que possuem um fluxo lento e de baixa pressão, responsáveis por drenar o sangue até o átrio direito.
A pressão arterial é determinada pelo volume de sangue nas artérias e de sua complacência arterial, que é a capacidade de um vaso de acomodar um grande volume de sangue em alta pressão. Além disso, vários fatores podem influenciar na alteração da pressão arterial, como o débito cardíaco (DC) e a resistência vascular periférica (RVP), pois a pressão arterial é produto do débito cardíaco e da resistência vascular periférica:
PA = DC x RVP
O débito cardíaco é a quantidade de sangue ejetado pelos ventrículos por minuto, sendo determinado pelo produto da frequência cardíaca (FC) e volume sistólico (VS):
DC = FC x VS
A frequência cardíaca é a quantidade de vezes que o nosso coração bate por minuto (bpm), já o volume sistólico consiste no volume de sangue ejetado pelo ventrículo esquerdo durante cada contração. Assim, um indivíduo adulto em repouso apresenta um volume sistólico de aproximadamente 70 ml e uma frequência cardíaca em torno de 75 bpm. Por meio desses números, podemos calcular qual o débito cardíaco desse indivíduo e ter como resultado 5.250 ml/min. Porém, durante a atividade física, devido ao aumento do aporte sanguíneo para os músculos, o coração bate mais vezes e mais rápido, causando um aumento na frequência cardíaca e no débito cardíaco diretamente.
A resistência vascular periférica é a resistência dos vasos sanguíneos que deve ser superada para empurrar o sangue através desses vasos e gerar um fluxo contínuo. Quando o sangue é ejetado pelo ventrículo esquerdo por meio da artéria aorta, as artérias sistêmicas se expandem para poder acomodar o fluxo sanguíneo, e logo após o relaxamento do ventrículo esquerdo, ocorre o fechamento da valva da aorta, ocasionando a contração das paredes das artérias de grande calibre e o direcionamento do sangue para fluir de modo contínuo para as artérias de médio e pequeno calibre até as arteríolas. Por esse motivo, quando a resistência aumenta, consequentemente, o fluxo diminui, e quando a resistência diminui, logo, o fluxo aumenta.
Mecanismos fisiológicos e controle da frequência cardíaca, volume sistólico e pressão arterial
A pressão arterial pode ser medida por um aparelho denominado esfigmomanômetro, que possui um manguito insuflador que fica acoplado por um tubo de borracha a um manômetro e a uma pera que contém uma válvula de controle. O manguito é colocado no braço do indivíduo e insuflado; então, coloca-se o estetoscópio sobre a artéria braquial, que é comprimida pelo manguito contra o úmero, assim, quando o sangue pulsa pela artéria braquial, pode-se observar a pressão indicada pelo esfigmomanômetro. A pressão arterial considerada normal está em torno de 120/80 mmHg, e essa medida está relacionada com a pressão sistólica e diastólica. Assim, a pressão sistólica consiste na contração do ventrículo esquerdo, gerando uma pressão alta na artéria aorta de 120 mmHg; já a pressão diastólica consiste no relaxamento do ventrículo esquerdo, o que leva a uma queda constante da pressão nos vasos sanguíneos, chegando a 80 mmHg. A diminuição não chega a zero, pois as paredes dos vasos sanguíneos possuem a capacidade de capturar e armazenar energia, a fim de manter uma pequena pressão diastólica.
Controle do sistema cardiovascular
O sistema cardiovascular pode ser controlado por mecanismos intrínsecos e extrínsecos. O controle extrínseco do coração ocorre por meio do sistema nervoso autônomo e em resposta às alterações fisiológicas. Já o controle intrínseco ocorre devido a potenciais elétricos que são gerados por meio de um marca-passo que dita o ritmo dos batimentos cardíacos.
O centro cardiovascular de controle do sistema nervoso está localizado no bulbo, e essa é uma região do tronco encefálico que recebe informações de receptores sensitivos, do sistema límbico e do córtex cerebral. Assim, o sistema nervoso autônomo é dividido em sistema nervoso simpático e parassimpático – dois sistemas que inervam os nós sinoatrial e atrioventricular. O sistema nervoso simpático, quando acionado, aumenta a frequência cardíaca e dilata as artérias, já o sistema nervoso parassimpático diminui a frequência cardíaca.
Os neurônios simpáticos surgem do centro cardiovascular do bulbo e, por meio das fibras que saem dos gânglios cervicais e torácicos superiores, formam os nervos aceleradores cardíacos que chegam até o complexo estimulante do coração e liberam noradrenalina, que causa o aumento da frequência cardíaca. Contudo, os neurônios parassimpáticos também surgem do centro cardiovascular e chegam até o complexo estimulante do coração pelo nervo vago (X par de nervos cranianos), que libera acetilcolina que desacelera a atividade do marca-passo do coração, diminuindo, assim, a frequência cardíaca
Além das alterações motoras enviadas pelo centro cardiovascular através do sistema nervoso autônomo, existe também receptores sensitivos que levam informações sobre o volume sistólico e pressão arterial para o centro cardiovascular, denominados barorreceptores, quimiorreceptores e proprioceptores. Os barorreceptores são receptores sensitivos que respondem à alteração da pressão arterial, ficam localizados no arco da artéria aorta e nas artérias carótidas internas e enviam, constantemente, sinais para o centro cardiovascular, mantendo a homeostase da pressão sanguínea. Por esse motivo, quando ocorre um aumento da pressão arterial, os barorreceptores são acionados e emitem impulso nervoso através do nervo glossofaríngeo (IX par de nervos cranianos) e do nervo vago (X par de nervos cranianos) para o centro cardiovascular, que respondem enviando impulso nervoso parassimpático, diminuindo a frequência cardíaca, que terá como resultado a diminuição do débito cardíaco e, consequentemente, a diminuição da pressão arterial.
Os quimiorreceptores estão localizados nos glomos caróticos, que ficam nas artérias carótidas comuns, e nos glomos para-aórticos, que ficam no arco da artéria aorta, e são receptores sensitivos que respondem a alterações químicas no sangue, assim, quando os níveis de oxigênio, gás carbônico e hidrogênio estão alterados, acionam o centro cardiovascular, que emite impulso nervoso simpático nas arteríolas e veias, gerando vasoconstrição e o aumento da pressão sanguínea. Já os proprioceptores, localizados nos músculos e nas articulações, são receptores sensíveis aos movimentos e fornecem informações ao centro cardiovascular durante o exercício físico, levando ao aumento da frequência cardíaca logo no início do exercício.
Siga em Frente...
Aspectos eletrofisiológicos do coração e leitura por eletrocardiograma
A frequência cardíaca (FC), como vimos, é regulada pelo centro cardiovascular. Existem fatores de regulação química que influenciam a FC, como hormônios e íons. Durante o momento de exercício e estresse, ocorre a ativação de hormônios presentes na medula da glândula suprarrenal (adrenalina e noradrenalina) e de hormônios da glândula tireoide, que aumentam a FC e a força de contração do coração. Além disso, os níveis elevados de potássio e sódio no sangue diminuem a FC e a força de contração do coração.
Potencial de ação cardíaco
O músculo cardíaco possui uma ritmicidade de controle intrínseco, gerando potenciais de ação que são conduzidos por todo o coração repetidas vezes. O complexo estimulante do coração é constituído por células autoexcitáveis distribuídas pelo coração e que geram o impulso elétrico, que controla as fases de enchimento e esvaziamento das câmaras cardíacas. Além disso, o músculo estriado cardíaco possui filamentos de interconexão, denominados junções comunicantes dos discos intercalares, que servem para conduzir esse potencial de ação por todo o coração. Assim, o complexo estimulante do coração é composto pelo nó sinoatrial (nó SA), nó atrioventricular (nó AV), fascículo atrioventricular ou feixe de His e ramos subendocárdicos ou fibras de Purkinje (Figura 3).
O potencial de ação tem início no nó sinoatrial, conhecido como marca-passo do coração (uma vez que determina a frequência dos batimentos), que fica localizado na parede posterior do átrio direito, em que se fixa à veia cava superior. Assim, um potencial de ação manifesta-se de modo espontâneo no nó SA e é conduzido, através das junções comunicantes, para os dois átrios, que contraem simultaneamente. Então, o potencial de ação é conduzido pelas fibras dos músculos atriais, alcançando o nó AV, que fica localizado na parte inferior do septo interatrial, e, nesse momento, o potencial de ação começa a desacelerar, a fim de que os átrios possam ter tempo de empurrar o sangue através dos ventrículos e iniciar o relaxamento.
Logo, o potencial de ação chega no fascículo atrioventricular, que fica localizado no septo interventricular, sendo responsável por conduzir o impulso elétrico dos átrios para os ventrículos. Por fim, o potencial de ação alcança os ramos direito e esquerdo do fascículo atrioventricular, que passam ao longo do septo interventricular em direção ao ápice do coração, alcançando os ramos subendocárdicos do fascículo atrioventricular, que conduzem o impulso para o ápice lateral e a todo o restante do miocárdio ventricular. Essa despolarização leva à contração dos ventrículos e a ejeção do sangue para o pulmão e para todos os sistemas.
Eletrocardiograma
O eletrocardiograma (ECG) é um aparelho capaz de registrar o potencial de ação gerado pelo marca-passo do coração por meio de eletrodos colocados na pele. Para a análise do ECG, devemos entender seus dois componentes principais: as ondas e os segmentos. As ondas são deflexões para cima ou para baixo da linha base, já os segmentos são partes da linha de base entre duas ondas. Além disso, existem os intervalos, que são as combinações entre as ondas e os segmentos.
As três ondas produzidas pelos batimentos cardíacos e captadas pelo aparelho são denominadas onda P, complexo QRS e onda T. Além disso, qualquer alteração pode significar sintomas de alguma doença cardíaca.
A onda P é caracterizada por uma pequena deflexão ascendente e é proveniente da despolarização das fibras atriais do nó SA, em que os átrios se contraem e os ventrículos apresentam-se relaxados. A alteração na onda P significa um funcionamento anormal do nó SA. Entre a onda P e o complexo QRS existe o intervalo P-R, que consiste no tempo de início da onda P até o início do complexo QRS, sendo importante por demonstrar o tempo que a despolarização do SA leva para alcançar os ventrículos. Quando esse intervalo se encontra muito prolongado, é sinal de problema na condução.
O complexo QRS tem início com uma pequena deflexão descendente Q, que continua com uma onda grande e ascendente R e termina com uma deflexão descendente S. Esse complexo indica a contração dos ventrículos, e as alterações nesse complexo indicam problemas cardíacos nos ventrículos.
O segmento S-T representa o intervalo da despolarização ventricular e a repolarização atrial. Um aumento desse segmento é indício de infarto agudo do miocárdio. Por fim, a onda T consiste numa pequena deflexão ascendente e é produzida pela repolarização ventricular.
Frente a isso, o traçado apresentado no ECG mostra um registro extracelular que representa a soma de vários potenciais elétricos (potencial de ação) gerados em todas as células do coração.
O coração emite um som que pode ser escutado ao colocar o ouvido no peito de uma pessoa ou por meio de um estetoscópio. O ato de escutar ruídos internos do nosso organismo recebe o nome de ausculta. Esses sons são provenientes do fechamento das valvas (atrioventriculares e semilunares), sendo denominados bulhas cardíacas. A primeira bulha cardíaca é gerada a partir do fechamento das valvas atrioventriculares (direita e esquerda) e refere-se à contração dos ventrículos no início da sístole, apresentando um som longo e crescente. Já a segunda bulha cardíaca é gerada pelo fechamento das valvas do tronco pulmonar e da aorta e refere-se ao relaxamento dos ventrículos no início da diástole, apresentando um som curto e agudo. Além disso, existe uma pausa durante o relaxamento ventricular, por isso, o ciclo cardíaco é ouvido como: “TUM-TÁ”, pausa, “TUM-TÁ”, pausa, “TUM-TÁ”. A detecção dos sons cardíacos faz parte do exame clínico cardiológico, pois qualquer alteração na ausculta pode estar relacionado a problemas cardíacos.
Chegamos ao fim do estudo do sistema cardiovascular. Nesta seção, falamos dos aspectos da pressão arterial, da influência do débito cardíaco, do volume sistólico e da frequência cardíaca na pressão arterial; vimos como ocorrem os controles intrínseco e extrínseco desse sistema e finalizamos falando um pouco sobre o significado de cada onda do eletrocardiograma. Dessa maneira, ao longo das duas primeiras seções desta unidade, pudemos conhecer, detalhadamente, o sistema cardiovascular.
Vamos Exercitar?
A aula sobre pressão arterial e variáveis hemodinâmicas destaca a importância de compreender esses fenômenos fisiológicos essenciais, frequentemente mal interpretados como condições de saúde. A pressão arterial é apresentada como uma manifestação natural do bombeamento de sangue do coração para as artérias, crucial para o funcionamento do sistema circulatório, indo além da associação equivocada com doenças.
Explorando variáveis como pressão arterial, débito cardíaco, resistência vascular periférica e frequência cardíaca, a aula busca fornecer bases para compreender os ajustes fisiológicos em diferentes situações cotidianas. Mecanismos de controle do sistema cardiovascular e potencial de ação cardíaco são aprofundados, preparando você para uma análise refinada dos ajustes associados à atividade física.
A narrativa hipotética do bombeiro aposentado, que redefiniu seu estilo de vida após uma isquemia miocárdica, destaca o impacto das escolhas de vida no sistema cardiovascular. A isquemia miocárdica é introduzida como ponto de discussão, enfatizando como as decisões do bombeiro afetaram seu coração.
Ao concluir a aula, espera-se que tenha obtido uma compreensão sólida do sistema cardiovascular, capacitando-o para atuar no mercado de trabalho de forma abrangente e eficiente, tratando cada indivíduo respeitando suas particularidades. Reforço, ainda, a importância contínua do estudo, atualização e aprimoramento de conhecimentos diante das evoluções no campo da saúde, ressaltando que estar atualizado é a chave para o sucesso profissional.
Saiba Mais
Aprofunde mais seus conhecimentos, realizando a leitura para aquisição de novos conteúdos relacionados ao sistema cardiovascular, no capítulo Sistema Circulatório: Vasos Sanguíneos e Hemodinâmica do livro Princípios de Anatomia e Fisiologia dos autores Tortora e Derrickson (2023), disponível na sua biblioteca virtual.
Referências Bibliográficas
SANTOS, N. C. M. Anatomia e fisiologia humana. São Paulo: Editora Érica, Grupo Saraiva, 2014.
SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana. Porto Alegre: Grupo A, 2017.
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2023.
Aula 3
Anatomia e Fisiologia do Sistema Linfático
Anatomia e fisiologia do sistema linfático
Olá, estudante. Nesta videoaula você conhecerá a anatomia e fisiologia do sistema linfático, que compõem o sistema circulatório. Exploraremos suas estruturas e o papel fundamental desempenhado na manutenção diária da homeostase corporal por meio dos conteúdos, que seguem: anatomia e estrutura dos órgãos linfoides: linfonodos, baço, amígdalas; fisiologia do sistema linfático, e; funções do sistema linfático na defesa imunológica. O estudo aprofundado dos tecidos que constituem esse sistema será enfatizado. Venha aprimorar seus conhecimentos. Vamos lá?
Ponto de Partida
Nesta aula iremos aprofundar os estudos sobre o sistema linfático, compreendendo estruturas, tecidos e funcionamento. Para compreender o sistema linfático, é essencial contextualizar nosso sistema imunológico. Agentes infecciosos, conhecidos como patógenos, constantemente nos cercam, sendo vírus, bactérias, fungos, protozoários ou parasitas multicelulares. Quando esses invasores penetram em nosso organismo, desencadeamos respostas imunitárias para proteger o corpo desses agentes causadores de desordens funcionais.
Considere um caso hipotético em que um homem apresenta sintomas como desconforto abdominal, calafrios, fadiga e outros, e procurou atendimento médico. Os resultados dos exames revelaram sinais de sepse, caracterizada por uma resposta descontrolada do organismo a uma infecção, levando a disfunções orgânicas graves. O aumento na contagem de leucócitos indicou uma resposta inflamatória generalizada. Qual a relação do aumento da contagem de leucócitos e o papel do sistema linfático nessa condição que se apresenta?
Entender esse desfecho envolve compreender os desafios enfrentados pelo sistema linfático e a gravidade da sepse, evidenciando como a saúde do sistema circulatório é crucial. Ao finalizar este estudo, dedique-se ao conhecimento profundo do sistema que sustenta sua saúde diária. Continue sempre estudando e aprendendo, pois assim, você terá excelência em sua profissão futura.
Vamos Começar!
O nosso sistema imunológico é o que nos mantém saudáveis no dia a dia. Qualquer desorganização desse sistema causa danos ao nosso organismo que podem alterar temporariamente ou permanentemente o funcionamento do corpo humano. Assim, vamos entender como funciona o processo imunológico do nosso corpo. Para isso, precisamos compreender quais estruturas e órgãos são responsáveis por manter esse processo ativo e o corpo livre de determinado patógeno.
Anatomia e estrutura dos órgãos linfoides: linfonodos, baço, amígdalas
O sistema linfático é formado por tecido reticular, também conhecido como tecido linfoide, que é um tipo de tecido conjuntivo que possui células reticulares e células de defesa, sendo constituído por linfócitos, plasmócitos e macrófagos. Essas células reticulares produzem fibras reticulares que se unem para suportar as células de defesa.
O tecido linfoide é um tipo de tecido conjuntivo modificado contendo muitos linfócitos e macrófagos, por isso, ele fica organizado em regiões em que pode acontecer alguma invasão de patógenos e de microrganismos. Ele é encontrado em vias de entrada do nosso corpo, estando associado a mucosas presentes no tecido conjuntivo das vias respiratórias, do tubo digestório e do trato urogenital. Além disso, existe o tecido linfoide nodular, que é constituído por nódulos linfáticos que ficam distribuídos pelo organismo, e o tecido linfoide difuso, distribuído pelo tecido conjuntivo do íleo (intestino delgado). As tonsilas que ficam sob o epitélio estratificado pavimentoso da cavidade oral e da faringe são encapsuladas por tecido conjuntivo e apresentam, ao seu redor, o tecido linfoide nodular.
O sistema linfático possui órgãos linfáticos especializados em manter nosso organismo em homeostase, mantendo-nos saudáveis, e constituídos pelos linfonodos, pelo baço e pelo timo.
Os linfonodos ficam distribuídos ao longo do trajeto dos vasos linfáticos, são envolvidos por uma cápsula de tecido conjuntivo denso não modelado e possuem três zonas: (1) a zona cortical é a parte mais externa e contém tecido linfoide nodular e tecido linfoide difuso. Ao redor da cápsula e ao redor das trabéculas, há cavidades por onde a linfa percorre, denominadas seios subcapsulares e seios peritrabeculares; (2) já a zona paracortical é a parte intermediária, formada por tecido linfoide difuso. Nesse local, observa-se vênulas pós-capilares com epitélio simples cúbico, onde acontece a recirculação dos linfócitos; (3) e a zona medular é a parte mais interna, em que há cordões medulares de tecido linfoide difuso e seios medulares, por onde passa a linfa.
O baço é envolvido por uma cápsula de tecido conjuntivo denso não modelado e apresenta uma região denominada hilo, por onde passam artérias, veias, nervos e vasos linfáticos. Nele, encontra-se a polpa esplênica, que constitui o seu parênquima e divide-se em polpa branca (onde estão os nódulos linfáticos, contendo macrófagos e linfócitos) e polpa vermelha (constituída de tecido linfoide e seios esplênicos, contendo hemácias, macrófagos, linfócitos, plasmócitos e leucócitos granulares).
Por fim, o timo também possui uma cápsula de tecido conjuntivo denso não modelado, de onde se originam trabéculas que se dividem em vários lóbulos no interior do timo. Cada lóbulo possui uma zona cortical, que fica na periferia do timo, e uma zona medular, que fica no centro do timo, onde há uma grande quantidade de linfócitos T. Nessas zonas, encontra-se um tipo diferente de células reticulares epiteliais que não produzem fibras reticulares, e foram identificados seis tipos de células reticulares epiteliais no timo, três no córtex e três na medula, e esse tipo de célula reticular epitelial secreta substâncias que participam da regulação da proliferação, da diferenciação e da maturação dos linfócitos T.
Fisiologia do sistema linfático
O sistema linfático é uma das divisões do sistema circulatório que apresenta uma rede de vasos linfáticos que drenam o excesso de líquido intersticial para o sistema cardiovascular. Esse sistema é composto de uma grande quantidade de capilares e vasos linfáticos, além de órgãos linfoides, como linfonodos, baço e timo.
Capilares e vasos linfáticos
Os capilares linfáticos possuem uma parede bastante fina, assim, o líquido intersticial presente entre as células passa por essa parede com facilidade, e ao entrar nos vasos do sistema linfático, recebe o nome de linfa. A linfa é composta de água, eletrólitos e proteínas plasmáticas, composição muito parecida com o plasma sanguíneo, pois é exatamente o líquido proveniente dos capilares sanguíneos que é deixado entre as células, e cabe ao sistema linfático evitar o acúmulo excessivo desse líquido nos espaços intercelulares. Além disso, os capilares linfáticos não possuem comunicação com outros vasos, por esse motivo, apresentam sua extremidade fechada, sendo denominados vasos de fundo cego. O fato é que os capilares apresentam somente uma direção, a de retornar o líquido intersticial para os vasos sanguíneos. As paredes dos capilares linfáticos são constituídas de endotélio, que apresentam válvulas em sentido único, e é a pressão do líquido intersticial que empurra esse líquido para dentro dos capilares, e, devido ao fechamento das válvulas, o líquido é impedido de sair.
Logo, os capilares linfáticos se juntam e formam vasos linfáticos maiores (vasos coletores), conhecidos também como ductos linfáticos, apresentando paredes semelhantes às das veias, contendo as três túnicas mais finas, e válvulas para evitar o refluxo da linfa. Os vasos linfáticos se interligam e desembocam em dois vasos principais: ducto torácico e ducto linfático direito. O ducto torácico é o principal e maior ducto coletor de linfa; ele drena a linfa dos membros inferiores, do abdome, do lado esquerdo da cabeça, do pescoço e do membro superior. Assim, o tronco principal desse ducto sobe pela coluna vertebral e desemboca na veia subclávia esquerda. Na parte abdominal, encontra-se a cisterna do quilo, um local de dilatação do ducto torácico que recolhe a linfa proveniente dos membros inferiores e do intestino. Já o ducto linfático direito drena a linfa do lado direito da cabeça, do pescoço e do membro superior e desemboca na veia subclávia direita.
Existem capilares linfáticos especiais, denominados vasos lácteos, que se localizam nas vilosidades intestinais. São esses capilares que participam da absorção da gordura dos intestinos e fazem o transporte de um líquido leitoso chamado quilo, levando-o até os vasos sanguíneos.
Linfonodos
Os linfonodos possuem um formato de feijão e são pequenos órgãos que se agrupam e ficam intercalados ao longo dos vasos linfáticos. A linfa é filtrada pelo tecido reticular de centenas de linfonodos, pois contém macrófagos (células fagocíticas), linfócitos e plasmócitos (produzem anticorpos), que ajudam a purificar a linfa de agentes patogênicos. Os linfonodos dispõem trabéculas compostas de tecido conjuntivo que o dividem em septos, assim, através desses septos, corre a linfa que chega nos linfonodos pelos vasos linfáticos aferentes após o processo de purificação da linfa, que deixa os linfonodos pelos vasos linfáticos eferentes.
Além disso, os linfonodos apresentam-se agrupados e distribuídos pelo corpo, concentrados junto às glândulas mamárias, na região poplítea, inguinal (virilha), lombar, axilar, torácica e pescoço (cervical).
No interior de alguns linfonodos, encontram-se os nódulos linfáticos, que são massas de tecido linfático abundantes no tecido conjuntivo das mucosas que revestem as vias respiratórias, o trato gastrintestinal e a urogenital. Esses nódulos são importantes para a resposta imune do corpo, pois são locais de produção de linfócitos.
Por isso, existem cinco tonsilas que ficam na junção da cavidade nasal, cavidade oral e faringe – pontos estratégicos para uma resposta de defesa contra partículas estranhas inaladas ou ingeridas. Além disso, esses nódulos estão espalhados pelo intestino delgado, sendo chamados de placas mesentéricas (placas de Peyer), bem como são encontrados no apêndice vermiforme.
Baço
O baço está localizado do lado esquerdo da cavidade abdominal, entre o estômago e o músculo diafragma. Apesar de não ser um órgão vital, auxilia os outros órgãos linfáticos na produção de linfócitos, na filtração do sangue e na destruição de eritrócitos.
O fluxo sanguíneo chega ao baço pela artéria esplênica e entra na polpa branca, que tem a função de produzir linfócitos que efetuam as respostas imunes. Já os macrófagos ali presentes fagocitam os patógenos, destruindo-os, e a polpa vermelha é responsável por funções relacionada às células sanguíneas: em adultos, remove as células defeituosas e velhas e armazena plaquetas, e durante a vida fetal, produz as células sanguíneas. E assim, o sangue deixa o baço pela veia esplênica.
Timo
O timo está localizado no tórax anterior, posterior ao manúbrio do osso esterno e superior ao coração, é um órgão que tem seu tamanho diminuído na adolescência, sendo assim, é maior em crianças; apresenta-se recoberto por uma cápsula de tecido conjuntivo que o subdivide em dois pequenos lóbulos; e possui uma grande quantidade de células T, células epiteliais e macrófagos. A medula óssea vermelha produz as células T imaturas, que migram para o timo, tornando-se maduras, assim, elas deixam o timo pelos vasos sanguíneos e são transportadas para os linfonodos, o baço e outros tecidos linfáticos.
Você sabe por que ocorre o edema? O edema é o inchaço do tecido devido ao acúmulo de líquido intersticial que não foi drenado suficientemente para os capilares linfáticos. Geralmente, essa condição ocorre quando há um trauma no tecido, produzindo um extravasamento sanguíneo, aumentando o conteúdo do líquido intersticial. Porém, dentro de alguns dias, a drenagem feita pelos capilares linfáticos normalizam a situação. Além disso, quando acumulamos líquidos por sedentarismo, sentimos os membros inferiores pesados, e isso acontece pois, com a falta de contração muscular dos membros inferiores, os vasos linfáticos encontram dificuldade para realizar a drenagem, visto que esses vasos dependem da contração dos músculos para a realização da drenagem. E é exatamente por isso que a atividade física diminui a prevalência de membros edemaciados.
Siga em Frente...
Funções do sistema linfático na defesa imunológica
O sistema linfático é extremamente importante para manter nosso corpo saudável, assim, ele apresenta três funções principais: (1) drenagem linfática, (2) absorção de gorduras e (3) respostas imunes.
A drenagem linfática é uma das principais funções do sistema linfático, em que os vasos linfáticos drenam para dentro dos vasos linfáticos o excesso de líquido intersticial e algumas proteínas encontradas nos espaços entre as células, devolvendo-as para os vasos sanguíneos. Com isso, mantém o balanço hídrico do corpo e impede a perda de proteínas plasmáticas deixadas para trás durante as trocas de nutrientes e gasosa.
A absorção de gorduras acontece devido aos vasos linfáticos transportarem lipídeos e vitaminas lipossolúveis que foram absorvidas no intestino de volta para os vasos sanguíneos.
Por fim, o tecido linfático é especializado em desenvolver uma resposta imune na presença de bactérias ou substâncias estranhas que penetram nosso corpo, produzindo anticorpos que atacam e destroem essas substâncias.
A imunidade desempenha um papel crucial na manutenção da homeostasia do corpo, oferecendo uma defesa contínua contra agentes nocivos presentes tanto no meio interno quanto externo. Mesmo diante da constante exposição a diversos agentes patógenos, como bactérias e vírus, a maioria das pessoas consegue manter a saúde. O corpo possui uma série de mecanismos de autodefesa que atuam contra cortes, impactos, exposição a raios ultravioleta, toxinas químicas e queimaduras leves.
A imunidade, ou resistência, é a capacidade do organismo de evitar danos e afastar doenças mediante suas defesas. A falta de resistência é chamada de suscetibilidade. Existem dois tipos gerais de imunidade: a inata e a adaptativa. A imunidade inata é presente desde o nascimento e não envolve o reconhecimento específico de microrganismos, agindo da mesma forma contra todos os patógenos. Inclui barreiras físicas e químicas, como a pele e as túnicas mucosas, e a segunda linha de defesa, composta por substâncias antimicrobianas, células natural killer, fagócitos, inflamação e febre. Essas respostas representam o sistema de alerta inicial da imunidade.
A imunidade adaptativa, por sua vez, refere-se às defesas que reconhecem especificamente um microrganismo após ele violar as defesas inatas. Baseia-se em respostas específicas a microrganismos específicos e envolve os linfócitos T e B, que são tipos de leucócitos. O sistema linfático, intimamente associado ao sistema circulatório e colaborativo com o sistema digestório na absorção de alimentos gordurosos, é responsável por esse tipo de imunidade.
O entendimento desses processos é essencial para compreender como nosso organismo responde e se adapta ao desafio constante de manter a integridade e a saúde.
Vamos Exercitar?
Durante a aula, foram apresentados os estudos do sistema linfático, compreendendo suas estruturas, seus tecidos e seu funcionamento, especialmente em relação ao sistema imunológico. O contexto é estabelecido ao considerar a constante presença de agentes infecciosos, patógenos como vírus, bactérias, fungos, protozoários ou parasitas, que desencadeiam respostas imunitárias para proteger o organismo.
A aula traz um caso hipotético de um homem com sintomas como desconforto abdominal, calafrios e fadiga, diagnosticado com sepse, uma resposta descontrolada do organismo a uma infecção, resultando em disfunções orgânicas graves. O aumento na contagem de leucócitos, indicando uma resposta inflamatória generalizada, é destacado, levando à questão sobre a relação desse aumento com o papel do sistema linfático nessa condição.
Como já sabemos, o entendimento do desfecho do caso requer uma compreensão dos desafios enfrentados pelo sistema linfático diante da sepse e ressalta a importância da saúde do sistema circulatório. Há ainda a necessidade de dedicar-se ao conhecimento profundo desse sistema para sustentar a saúde diária, na busca contínua por aprendizado e estudo para alcançar a excelência na futura profissão.
Saiba Mais
Aprofunde mais seus conhecimentos, realizando a leitura para aquisição de novos conteúdos relacionados ao sistema cardiovascular, no capítulo Sistema Linfático e Imunidade do livro Princípios de Anatomia e Fisiologia dos autores Tortora e Derrickson (2023), disponível na sua biblioteca virtual.
Referências Bibliográficas
SANTOS, N. C. M. Anatomia e fisiologia humana. São Paulo: Editora Érica, Grupo Saraiva, 2014.
SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana. Porto Alegre: Grupo A, 2017.
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2023.
Aula 4
Patologias relacionadas aos sistemas circulatório e linfático
Patologias relacionadas aos sistemas circulatório e linfático
Olá, estudante! Nesta videoaula você conhecerá algumas patologias relacionadas aos sistemas circulatório e linfático. Dentre elas, as patologias cardiovasculares, como hipertensão arterial e doença arterial coronariana, compreendendo suas características, sintomas e aspectos preventivos, clínicos e possíveis estratégias de intervenção. Além disso serão apresentadas algumas doenças do sistema linfático, oferecendo uma visão abrangente para sua atuação profissional. Este conhecimento será de grande valia em sua formação acadêmica. Vamos juntos estudar e aprender!
Ponto de Partida
Nesta última aula da unidade de ensino sobre anatomia e fisiologia do sistema circulatório, iremos abordar as principais doenças relacionadas ao sistema circulatório, como doenças relacionadas aos sistemas cardiovascular e linfático.
O sistema cardiovascular, composto pelo coração, vasos sanguíneos e sangue, desempenha um papel crucial na manutenção da homeostase. Porém, diversas patologias desafiam esse equilíbrio. A hipertensão arterial, uma condição caracterizada pelo aumento persistente da pressão sanguínea nas artérias, será apresentada, com suas causas, implicações fisiológicas, compreendendo como essa condição impacta o funcionamento global do organismo. A doença arterial coronariana, uma afecção que compromete o suprimento sanguíneo ao músculo cardíaco, e os fatores de risco e abordagens terapêuticas, destacando a importância do conhecimento profundo para orientar práticas clínicas eficazes, serão aqui apresentados.
O sistema linfático, muitas vezes menosprezado por parte dos profissionais que atuam na área, desempenha um papel crucial na defesa imunológica e na manutenção do equilíbrio hídrico. Nesta aula, exploraremos doenças que afetam esse sistema.
Espera-se, com isso, proporcionar uma compreensão abrangente das patologias relacionadas aos sistemas circulatório e linfático. Este conhecimento fornecerá uma base para práticas clínicas informadas e estratégias de promoção da saúde. Espero que este conteúdo possa ajudar você a enfrentar os desafios clínicos quanto a essas complexidades anatômicas e fisiológicas do corpo humano.
Vamos Começar!
O sistema circulatório e linfático desempenha um papel crucial no funcionamento do corpo humano, garantindo a distribuição de nutrientes, oxigênio e a remoção de resíduos. No entanto, como em qualquer sistema complexo, podem surgir patologias que impactam sua eficiência. Neste texto, exploraremos de maneira objetiva e acessível algumas das principais patologias e dos distúrbios homeostáticos relacionadas aos sistemas circulatório e linfático.
Patologias relacionadas ao sistema cardiovascular
Aterosclerose
A aterosclerose é caracterizada pelo acúmulo de placas de gordura nas paredes das artérias, restringindo o fluxo sanguíneo. Essas placas podem endurecer com o tempo, tornando-se uma fonte de preocupação significativa. A prevenção, por meio de uma dieta saudável e exercícios, é fundamental. Em casos avançados, procedimentos como angioplastia ou cirurgia podem ser necessários.
Insuficiência cardíaca
A insuficiência cardíaca ocorre quando o coração não consegue bombear sangue de maneira eficaz. Pode ser resultado de condições como hipertensão, doença coronariana ou valvular. Os sintomas incluem falta de ar, fadiga e inchaço nas pernas. O tratamento pode envolver medicamentos, mudanças na dieta e, em casos graves, transplante cardíaco.
Aneurisma
O aneurisma ocorre devido à parede da artéria ou veia possuir uma porção fina e enfraquecida, ocasionando um alargamento no vaso sanguíneo. As causas mais comuns são aterosclerose, sífilis, defeitos congênitos dos vasos sanguíneos e traumatismos. Quando não tratada cirurgicamente, a parede do vaso sanguíneo se torna cada vez mais fina, e devido ao alargamento acentuado do vaso sanguíneo, ele pode se romper, gerando uma grande hemorragia ou, a depender de onde este aneurisma estiver localizado, causar danos irreparáveis e até a morte.
Choque
O choque acontece quando o sistema cardiovascular apresenta uma falha em distribuir oxigênio e nutrientes suficientes para o funcionamento dos órgãos do nosso corpo. Geralmente, acontece quando há perda de líquidos corporais, desidratação, queimaduras, vômito excessivo, diarreia e sudorese exagerada. Quando o choque é persistente, ocorre dano celular, podendo levar o indivíduo à morte. Os sintomas mais comuns incluem pressão arterial sistólica inferior a 90 mmHg, frequência cardíaca em repouso aumentada, pulsação rápida e fraca, pele fria e palidez cutânea, sudorese, redução da produção de urina, estado mental confuso, sede e náuseas.
Hipertensão arterial e doença arterial coronariana
A hipertensão arterial caracteriza-se por apresentar a pressão arterial aumentada, podendo estar associada a um estilo de vida inadequado, ao excesso de álcool, à obesidade, ao sedentarismo, à ingestão exagerada de sódio, ao fumo e a fatores psiquiátricos, como depressão, ansiedade e estresse. De modo geral, a pressão arterial elevada não apresenta sintomas, mas com o passar dos anos, se não tratada, pode causar doenças cardíacas e acidente vascular encefálico. O tratamento para esse tipo de doença é medicamentoso, bem como prevê uma mudança no estilo de vida.
A doença coronariana, também conhecida como doença arterial coronariana (DAC) ou aterosclerose coronariana, é uma condição que afeta as artérias coronárias, responsáveis por fornecer sangue ao músculo cardíaco. Essa condição, muitas vezes é associada à formação e ao acúmulo gradual de placas de gordura, colesterol e outras substâncias nas paredes das artérias coronárias. Essas placas, conhecidas como ateromas, podem obstruir o fluxo sanguíneo e reduzir a quantidade de oxigênio que chega ao músculo cardíaco. É uma das principais causas de doenças cardíacas em todo o mundo. A doença coronariana pode levar a diversas complicações, incluindo angina (dor no peito), infarto do miocárdio e insuficiência cardíaca.
Diversos fatores aumentam o risco de desenvolver doença coronariana. Entre eles, destacam-se:
- Hábitos alimentares: dietas ricas em gorduras saturadas, colesterol e sódio contribuem para o desenvolvimento da aterosclerose.
- Inatividade física: a falta de atividade física regular está associada ao aumento do risco de doenças cardíacas.
- Tabagismo: o tabaco é um dos principais fatores de risco para a doença coronariana, pois danifica as artérias e promove a formação de placas.
- Hipertensão arterial: a pressão arterial elevada exerce uma pressão adicional nas paredes das artérias, aumentando o risco de aterosclerose.
- Diabetes: pacientes diabéticos têm maior propensão a desenvolver doença coronariana devido a alterações no metabolismo e ao aumento dos níveis de glicose no sangue.
Siga em Frente...
Doenças relacionadas ao sistema linfático
Mononucleose infecciosa
É uma doença causada pelo vírus Epstein-Barr (EBV), conhecida como “doença do beijo”, pois é transmitida via contato oral. O vírus EBV se reproduz nos tecidos linfáticos e chega ao sangue disseminando o vírus pelos tecidos do corpo. Suas células multiplicadas são chamadas de células B e possuem uma aparência semelhante aos monócitos. A contagem de glóbulos brancos é elevada devido ao quadro infeccioso generalizado, apresentando como sintomas: fadiga, dor de cabeça, tontura, dor de garganta, febre e linfonodos aumentados e sensíveis. Não existe tratamento para a mononucleose infecciosa, mas, em poucas semanas, o corpo consegue restabelecer a homeostase e combater por completo a doença.
Linfomas
Os linfomas são cânceres do sistema linfático que atacam especialmente os linfonodos. Existem dois tipos principais de linfomas: doença de Hodgkin e linfoma não Hodgkin.
A doença de Hodgkin tem como característica o aumento indolor de um ou mais linfonodos, muito comum acontecer no pescoço, no tórax e nas axilas. Afeta principalmente pessoas dos 15 aos 35 anos de idade e homens acima de 60 anos. Se diagnosticada precocemente, tem probabilidade de 90% de cura.
O linfoma não Hodgkin ocorre em qualquer faixa etária, sendo o tipo mais comum. Tem início parecido com a doença de Hodgkin, mas inclui baço aumentado, anemia e mal-estar geral.
Como tratamento de ambas as doenças, temos a radioterapia, a quimioterapia e o transplante de medula óssea vermelha.
Lúpus eritematoso sistêmico
O lúpus é uma doença autoimune crônica que afeta vários sistemas do nosso corpo, sendo mais comum em mulheres de 15 a 25 anos de idade. Fatores genéticos e ambientais contribuem para o desenvolvimento da doença, e os sintomas incluem dor articular, febre baixa, fadiga, úlceras na boca, perda de peso, baço e linfonodos aumentados, sensibilidade à luz, queda capilar, erupção cutânea no dorso do nariz e nas bochechas e dano renal (causando a insuficiência dos rins).
E assim, com o estudo da histologia, anatomia e fisiologia do sistema linfático, concluímos a segunda unidade deste livro. Ao longo desta seção, abordamos os tipos de tecidos e as estruturas que fazem parte do sistema linfático, vimos como esse sistema funciona e como é vital para nossa sobrevivência, bem como discutimos algumas doenças que fazem parte do sistema circulatório.
Síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS)
A síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) é uma condição resultante da destruição progressiva das células do sistema imune pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). Representando o estágio final da infecção por HIV, a AIDS se manifesta por meio de uma variedade de infecções. Apesar de um indivíduo infectado pelo HIV poder permanecer assintomático durante muitos anos, o vírus ataca ativamente o sistema imune.
A transmissão do HIV ocorre mais efetivamente por práticas que envolvem a troca de sangue ou líquidos corporais, como relação sexual desprotegida, compartilhamento de agulhas intravenosas ou transmissão de uma mãe infectada para o feto durante o parto ou a amamentação. A probabilidade de transmissão durante o sexo pode ser reduzida pelo uso de preservativos de látex. Programas de saúde pública e medicamentos para gestantes reduzem o risco de transmissão.
O HIV, classificado como retrovírus, possui RNA de dupla fita, enzimas virais (transcriptase reversa, integrase e protease), capsídio (revestimento proteico) e envelope de membrana. Incapaz de se replicar fora de uma célula hospedeira, o vírus utiliza as enzimas e ribossomos dessa célula para produzir cópias de si mesmo. A infecção inicia-se com a ligação das glicoproteínas do HIV aos receptores na membrana da célula hospedeira, seguida pela endocitose mediada por receptor. O RNA viral converte-se em DNA pela transcriptase reversa, integrando-se ao DNA da célula hospedeira pela integrase. O DNA viral duplica-se durante a divisão celular, iniciando a produção de cópias do vírus. Por fim, novas cópias brotam da membrana da célula para infectar outras células. A fragilidade do vírus fora do corpo humano impede sua transmissão por picadas de insetos ou contato casual, e a exposição ao calor ou desinfetantes comuns pode eliminá-lo de objetos.
Vamos Exercitar?
Ao estudarmos algumas das patologias dos sistemas circulatório e linfático, percebemos o quão vital é esse conhecimento. Agora, ao falarmos sobre resolver questões relacionadas à saúde cardiovascular e linfática, queremos ressaltar o impacto positivo que isso pode ter no cuidado com as pessoas.
Imagine entender profundamente as razões por trás de problemas como pressão alta e doença arterial coronariana e poder impactar positivamente na vida destas pessoas. Isso não apenas nos dá ferramentas para tratar essas condições, mas também nos permite aconselhar e guiar as pessoas de maneira mais eficaz. Pode significar a diferença entre simplesmente lidar com sintomas e realmente abordar a raiz do problema.
E quanto ao sistema linfático, muitas vezes ignorado? Conhecê-lo é como compreender algo impactante para a promoção da saúde. Doenças que o afetam não são mais mistérios, e podemos agir de maneira mais certeira para ajudar as pessoas a se sentirem melhor. O grande exemplo, são os tratamentos que podem oferecer uma maior qualidade e expectativa de vida para pessoas com AIDS.
Então, a resolução aqui é simples: use esse conhecimento! Ao aplicá-lo, não somente fazemos nosso trabalho melhor, mas também contribuímos para comunidades mais saudáveis. Manter-se atualizado é uma parte crucial disso, garantindo que possamos oferecer as melhores soluções baseadas em evidências para as pessoas que confiam em nós.
Em resumo, ao entender e aplicar o que aprendemos sobre o sistema circulatório, estamos construindo um caminho para uma prática mais eficaz e uma sociedade mais saudável.
Saiba Mais
Aprofunde ainda mais seus conhecimentos, continuando sua leitura para aquisição de novos conteúdos relacionados ao sistema cardiovascular, no capítulo Sistema Linfático e Imunidade do livro Princípios de Anatomia e Fisiologia dos autores Tortora e Derrickson (2023), disponível na sua biblioteca virtual.
Referências Bibliográficas
SANTOS, N. C. M. Anatomia e fisiologia humana. São Paulo: Editora Érica, Grupo Saraiva, 2014.
SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana. Porto Alegre: Grupo A, 2017.
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2023.
VAN DE GRAAFF, K. M. Anatomia humana. Barueri: Editora Manole, 2003.
Encerramento da Unidade
Anatomia e Fisiologia do Sistema Circulatório
Videoaula de Encerramento
Olá, estudante! Em nossa unidade estudamos sobre a anatomia e fisiologia do sistema circulatório. Os estudos se iniciaram nos temas da anatomia do sistema circulatório e seus componentes essenciais. Em seguida, adentramos nos mecanismos fisiológicos e no controle do sistema cardiovascular, bem como na análise detalhada da anatomia e fisiologia do sistema linfático, proporcionando uma visão abrangente para a compreensão do funcionamento das respostas cardiovasculares e da imunidade. Todos esses temas e conteúdos são fundamentais para todos os futuros profissionais da saúde. Confira o vídeo a seguir para reforçar seu aprendizado!
Ponto de Chegada
O desenvolvimento da competência desta Unidade, que é conhecer as estruturas anatômicas e os aspectos fisiológicos do corpo humano referentes ao sistema circulatório, visa primeiramente explorar os conceitos fundamentais da anatomia do sistema circulatório.
É importante compreender a complexidade do sistema circulatório, com seus vasos, artérias, veias e capilares. Além disso, é preciso conhecer a anatomia detalhada do coração, compreendendo suas câmaras, válvulas e a rota do fluxo sanguíneo. Ao internalizar esses aspectos, você está no caminho certo para atingir a competência almejada.
Em seguida, é essencial estudar sobre a fisiologia e os mecanismos de controle do sistema cardiovascular e compreender como o coração funciona como uma bomba eficiente, impulsionando o sangue através do corpo. O complexo mecanismo de regulação da pressão arterial e da frequência cardíaca são temas de grande aplicabilidade no campo profissional e científico em diversas áreas. Ao dominar esses conceitos, você está apto a conectar a anatomia estudada anteriormente com os processos dinâmicos que ocorrem no interior do organismo.
Também é válido avançar para a anatomia e fisiologia do sistema linfático, descobrindo como os vasos linfáticos e os gânglios linfáticos desempenham papéis cruciais na manutenção do equilíbrio hídrico e na defesa do corpo contra patógenos e entendendo as linhas de defesa do organismo, como a linfa percorre seu caminho, auxiliando na remoção de substâncias indesejadas e fortalecendo as defesas imunológicas.
Por fim, é importante explorar as patologias relacionadas aos sistemas circulatório e linfático. Condições como a hipertensão, a aterosclerose e as doenças linfáticas podem impactar o funcionamento normal desses sistemas e do corpo humano. Ao compreender as alterações patológicas, você está mais preparado para identificar sinais, sintomas e complicações associadas a essas condições.
Reflita Agora, algumas reflexões para consolidar seu aprendizado:
Ao refletir sobre essas questões, você estará solidificando os conhecimentos adquiridos nesta Unidade e preparando-se para atingir plenamente a competência proposta. |
É Hora de Praticar!
Imagine um paciente, de meia idade, o senhor Silva, que procura assistência médica com queixas de dores no peito, falta de ar e inchaço nas pernas. Ele possui histórico familiar de problemas cardíacos e é fumante há muitos anos. Ao realizar uma avaliação inicial, o médico suspeita de possíveis complicações no sistema circulatório e linfático.
Reflita
As questões norteadoras para esse caso são:
- Quais aspectos da anatomia do sistema circulatório podem estar relacionados às dores no peito?
- Como a fisiologia do sistema cardiovascular pode influenciar na falta de ar relatada pelo paciente?
- O inchaço nas pernas pode ter alguma relação com o sistema linfático? Se sim, de que maneira?
- Quais patologias do sistema circulatório e linfático podem ser consideradas diante do histórico do paciente?
Resolução do estudo de caso
Ao investigar o caso desse paciente é importante considerar os conhecimentos adquiridos na Unidade sobre anatomia, fisiologia e patologias do sistema circulatório. Inicialmente, suspeitamos de possíveis problemas cardíacos devido às dores no peito, considerando o histórico familiar e o tabagismo do paciente.
Realizando exames mais aprofundados, foi identificado uma obstrução nas artérias coronárias, comprometendo o fluxo sanguíneo para o coração. Essa condição, conhecida como aterosclerose, explicaria as dores no peito e a falta de ar, uma vez que o coração não está recebendo oxigênio suficiente.
O inchaço nas pernas, por sua vez, pode ser atribuído a uma insuficiência cardíaca congestiva, uma consequência da aterosclerose. A incapacidade do coração bombear eficientemente leva à acumulação de fluido nos tecidos, resultando no inchaço observado.
Considerando o sistema linfático, é importante avaliar se há alguma interação entre as condições cardíacas e possíveis impactos no sistema imunológico do paciente.
Reflita
Ao refletir sobre essas questões, você estará consolidando os conhecimentos e as habilidades desenvolvidos nesta Unidade, demonstrando a compreensão profunda das estruturas anatômicas e dos aspectos fisiológicos do sistema circulatório. O estudo de caso proporciona uma oportunidade de aplicar teoria à prática, capacitando-o a enfrentar desafios clínicos complexos. |
Dê o play!
Assimile
A seguir, relembre quais foram os temas desta unidade.
Referências
BRUM, P. C. et al. Adaptações agudas e crônicas do exercício físico no sistema cardiovascular. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, v. 18, p. 21-31, ago. 2004.
SANTOS, N. C. M. Anatomia e fisiologia humana. São Paulo: Editora Érica, Grupo Saraiva, 2014.
SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana. Porto Alegre: Grupo A, 2017.
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2023.
VAN DE GRAAFF, K. M. Anatomia humana. Barueri: Editora Manole, 2003.